You are on page 1of 20

Richie C.G. e B.C.

Gonçalves

SELADA

uma paródia de The House of Night


1 - Marcada
Para nossa incrível mãe, Maria E.R.,
que disse as três palavras mágicas:
'Vão catar coquinho.'
Nós amamos você!
email para contato com os autores:
richelidiggory@gmail.com

twitter: @RichieC_G ou @brupadalecki


1

Bem quando eu achei que meu maldito dia não podia ficar pior, eu vi o cara
morto se espremendo e arriando na frente do meu armário. Keyla estava
fofocando sem parar, como ela sempre fazia, e como sendo a tapada que ela era,
não notou aquele homem. De primeira. Mas agora que eu penso sobre isto,
ninguém percebeu que ele estava ali até que ele falasse que é, tragicamente,
outra prova da minha inutilidade de me ajustar.
“Não, mas Xoey, eu juro pelas minhas calcinhas furadas que o Rith não pegou
a vadia da Janete depois que o seu padrasto Jok, aquele ogro, apareceu lá e
levou você a força da boate com aquele crucifixo”
“É, acredito.” eu falei distraída por um morcego que voou pela janela ao lado.
Pus a mão na frente da boca antes de tocir, eu estava me sentido mal. Eu não
deveria ter feito aqueles exercíos kamasútricos ontem a noite, meu corpo todo
doía.
Se eu morresse, eu poderia deixar de fazer o meu teste prático de reprodução
humana amanhã? O professor era o senhor White, ele tinha tipo, uns oitenta
anos. Considerei a opção da morte mais amplamente.
“Xoey, cara, o que houve? Tá me ouvindo? Eu vi a Janete mostrando uma
camisinha usada para uns garotos na festa, tipo assim, nojento. Mas, eu cuidei
do Rith para você, só tomamos umas sete, talvez oito cervejas, mas foi porque
ele queria esquecer do que o Jok disse para ele.”
Olhei para ela que retribuiu o olhar, ela viu a raiva suicida nos meus olhos
sobre tudo o que meu padastro perdedor tinha dito para Rith, só porque a mãe
dele era uma garota de programa, (ok, talvez 'garota' não seja o termo, tá mais
para reumática de programa), mas isso não quer dizer que seu filho vai se
tornar um cafetão!
Eu suspirei e K continuou falando sobre como Janete esfregara a tal camisinha
usada no rosto de um cara bêbado.
“...e além do mais estávamos comemorendo, nós ganhamos o jogo, não? Seu
namorado foi realmente útil quanto a isto.” K falou pegando um espelho da
bolsa e retocando o batom.
“Meu quase namorado.” eu corrigi ela, tentando não tossir em um novo
ataque, mas quando resisti, gotas de ranho mucosa nasal e lágrimas voaram para
o lado oposto ao de Keyla.
“Tanto faz, fazia quase um milênio, isto são tipo assim, sete décadas eu acho,
que a B. Arrow não ganhava do University.
“Um milênio são sete séculos, não décadas” retruquei pois a matemática dela
me assustava.
“Ah, Xoey tanto faz. O negócio é que ele está alegre. Você deveria dar crédito
a ele”
“O ponto é que ele ficou bêbado as oito noites só na semana passada, sinto
muito, mas eu não quero continuar com um cara que a maior preocupação na
vida mudou de tentar jogar futebol na faculdade a tentar beber dois engradados
de cerveja sem vomitar, imagina como vai ficar o corpo dele!”
Eu tive que pausar um pouco para tossir, a minha mão que estava cobrindo o
nariz ficou encharcada do líquido que saltou de minhas narinas. K não notou
enquanto eu dei um abraço nela e esfreguei minha mão nas suas costas,
limpando-a.
“Hum, Rith gordo! Não é um visual que merecemos.”
Encostei minha nuca nos ombros de Keyla, deixando os últimos restos de
mucosa no moleton verde escuro dela, que disfarçava perfeitamente o ranho.
“E beijar ele é como beijar o Zeca Pag...” tossi novamente, senti alívio quando
nada saiu das minhas narinas.
“Realmente nojento, mas ele é totalmete gostoso.” Me afastei dela rompendo o
abraço, olhei para frente, para o corredor. Estávamos chegando perto do homem
morto parado a frente do meu armário, para onde eu ia.
“...está doente. De qualquer forma, Rith estava tão triste quando você saiu, eu
quase deixei o Padalecki e fui confortá-lo. Ele não podia nem mesmo...” eu mal
escutava a tagarelice de K, mas uma parte de mim percebeu algo sobre ela ter
dito que teria deixado o seu namorado e confortar o meu quase-namorado.
Então eu percebi o que o morto era. Ok, ele não estava morto, mas estava
morto vivo, algo como um zumbi. Não tinha erro sobre a raça dele, aquela... eu
não me atrevia a pensar na palavra, aquilo na sua testa brilhava em um azul-
safira.
Eles eram conhecidos por todo mundo, os wampiros. O Selo (a palavra que me
dava calafrios) estava lá, em sua fronte, uma lua minguante no meio da testa,
com traços em azul, adornada de várias tatuagens que emolduravam o rosto
dele. Parecia uma dreag queen para falar a verdade.
Ela era um Wampiro Rastreador, merda.
Ele estava perto do meu armário, isto só poderia significar uma coisa... eu tentei
ignorar, decidi passar reto por ele. Keyla parou enquanto eu continuava
andando, passando pelo wampiro.
“Você não iria pegar seus absorventes no seu armário?” K falou berrando,
“Sua irmã está MENSTRUADA, esqueceu?” eu dei um passo para trás e peguei
o braço dela, a puxando.
“Vamos”
“Xoey Hardcore-my” a voz pareceu ecoar pelo corredor vaziu. Eu olhei para o
wampiro que falara, Keyla pareceu notar ele agora. Demos dois passos para trás
juntas, eu percebi que ele pegava algo de dentro do seu sobretudo negro, uma
arma talvez?
“Sou eu.” eu falei tentando reprimir uma tosse, funcionou.
“A noite te escolheu, teu nascimento será a tua morte. Venha que a égua te
chama. Escuta a Deusa, tua vida agora é na The Horse of Night.” ele então se
preparou para tirar o que escondia no bolso interno do seu sobretudo.
“Corre!” eu gritei para Keyla e eu me virei com um pique, que eu nunca teria
em uma aula de educação física, e com um estrondo, dei de cara em um armário
de metal.
“Whoa!” gritei com a dor que o metal causara na minha testa. Senti uma mão
pesada me virando, e vi com horror que era o wampiro.
“Você agora foi Selada” ele tirou o objeto que escondia, não era uma arma,
nem uma faca, era algo pior: um selo de cartas gigante feito de madeira!
“AAAAAAAAA”
“ Só um segundo.”o wampiro falou arrumando selador, deve ser essa a palavra,
então parei de gritar.
“Todo.” eu respondi esperando.
“Xoey, não pode ser verdade!” os choramingos de Keyla ficaram como um
ruído ao fundo.
Quanto ele achou que já tinha arrumado o selador, olhou para mim.
“Deu?” eu perguntei sem me mover.
“Deu.” então eu comecei a gritar novamente e tentei fugir dele, foi preciso
apenas um braço dele para me imobilizar. Minha cabeça ainda estava latejando
pela batida no armário. Com a mão direita ele segurou o selador de cartas e
então, em um baque forte, o pressionou contra minha testa por menos de um
segundo. Foi como levar um soco.
Então eu e Keyla estávamos sozinhas no corredor, me senti um pouco tonta.
“Nossa Xoey, isto na sua testa!” ela chorava desesperada.
“Eu sei o Selo...”
“Não! O galo que ficou quando você bateu no armário está enorme! Meu
Deus, como você vai sobreviver agora?”
“Está brincando comigo.” eu falei, isto não poderia estar acontecendo, eu tinha
um galo na testa! Pelo menos eu queria que o Selo o cobrisse.
Ah é, o Selo.
Eu tossi, com medo que outra enxurada de ranho saísse do meu nariz, eu pus a
mão nele. Nada. Eu sentia minha testa latejando novamente, não saberia dizer
se era o Selo ou o galo da batida que eu tive.
“Xoey!” K falava entre soluços. “E se isto não sair, você não poderá ir ao baile
com o Rith, e eu não irei com o Padalecki por que meu vestido tem que
combinar com o seu e...”
“Por favor, cala a boca. Eu odeio quando as pessoas choram”
Eu fui para a frente para abraça-lá, mas ela se afastou.
Como. Assim.
“O que houve?” eu quase gritei.
“N-nada, não houve nada.” eu vi o nojo nos olhos dela, eu sabia o quanto ela
não gostava de machucados, por mais que estivessem sem sangue. Isto me
magoou.
“E aliás, você vai para a The Horse of Night?”
“Como assim 'aliás' se eu não ir eu vou morrer, estudamos isto em biologia.”
Me senti doente, a tontura diminuindo um pouco.
“Então tá, eu descobro sozinha o que fazer, o que fazer enseguida.” eu mal
conseguia pronunciar as palavras. “Eu vou ficar bem” menti.
Então me ocorreu que tudo era culpa da minha irmã parecida com a Barbie
que estava precisando de absorventes e me fez voltar para pegar um para ela.
Mas se ser Selada significava que eu não precisava mais me preocupar com a
prova prática de reprodução com o professor White amanhã, então eu estava
feita! Uma fagulha de felicidade passou por mim.
Por causa da minha irmã, culpa dela, se eu não tivesse voltado, ele não teria
me batido no armário e estaria com a testa linda e sem galos agora mesmo. Ou,
o wampiro teria me encontrado na frente de todo mundo no pátio da escola e lá
eu teria tentado fugir dele e acabaria me machucando na testa.
É... melhor que fosse neste corredor vaziu.
Planejei ir até o meu carro Chevy 53, vermelho e importado das reservas
indígenas de Forks, é claro.
Olhei para o alto quando alguém virou no corredor, era um garoto de camisa
pólo que estava por baixo das calças socias caqui. Um nerd, ou cdf, como
chamamos.
O garoto me encarou e saiu correndo pelo lado oposto.
“Não! Ele me viu com este machucado horrível na testa!” eu quase chorei,
coloquei o cabelo em uma franja emo por cima do lado 'modificado' da minha
testa.
Eu tossi, mais forte e dolorosamente, e eu sabia que agora sendo uma
wampira, isto era um problema. Se eu não estivesse na presença de adultos,
meu corpo não passaria pela Transformação necessária e eu morreria em poucas
horas.
Será que existem wampiros com hemofobia? Eles poderiam se transformar
em morcegos? E quanto aquele que eu vi mais cedo pela janela? O Edward não
podia, então presumi que os wampiros também não.
Minha cabeça girava, tantas perguntas.
“Xoey, está bem?” Keyla deu um passo para trás, pelo seus olhos percebi que
ela estava assustada.
Então senti raiva de K, não era como se eu tivesse me batido no armário e
feito aquele galo por nada. Ou tinha? O olhar dela doeu em mim, ela me olhava
como se eu fosse um monstro.
“Sou eu vadia, a Xoey, não um Strigoi malvado!” eu lembrei o termo do
último livro que tinha lido. “Isso não muda quem eu sou aqui dentro.”
Então ela foi salva pelo gongo, seu celular tocou e pelo o seu rosto quem
estava ligando era Padalecki, seu namorado.
“Vai sua inteiressera, vai se encontrar com ele.” ela demostrou alívio que eu a
tinha mandado embora. “Vadia” sussurrei só para mim quando ela se foi.
Vi ela andando para o seu carro, ou o 'prostíbulo móvel' como dizíamos, ela
falava alegremente contando a nova fofoca sobre mim para o namorado. Ela
não poderia tornar disto algo público, como eu iria lidar com todo mundo
sabendo sobre o galo em minha testa?
E sobre, o Selo eu tinha apenas duas opções.
Opção número A: Eu viro uma wampira, o que é como um mostro horrível na
opinião dos humanos.
Opção letra 2: Meu corpo acaba rejeitando a Transformação e eu morro. Pelo
resto da minha vida.
Então a boa notícia é que não vou fazer mesmo o teste prático de reprodução
humana totalmente sexuada amanhã!
A má notícia, é que eu vou ter que morar na The Horse of Night, um internato
aqui em Culsa, ou a 'Escola Particular dos Chupadores – de sangue é claro' e lá
eu teria que ficar pelos próximos quatro anos, esperando meu corpo passar
biologicamente, conscientemente, pornograficamente e obcenamente por
mudanças extremamentes bizarras. Assim, mudaria completamente minha vida,
e isso tudo se meu corpo não fosse fraco o bastante para rejeitar a
Transformação.
Perfeito, só o que me faltava.
Eu só queria poder ser normal e descolada, apesar dos meus pais religiosos
fanáticos e rígidos (eu era tratada que nem a Carry aquela do filme que mata
todo mundo na formatura), assim, as rédeas em mim eram curtas enquanto eles
deixavam a minha irmã Barbie fazer orgias em praças públicas o que ela bem
entendesse.
Queria me concentrar em coisas normais como: passar em reprodução humana
sem fazer a prática, esperar ansiosamente até um gatinho qualquer passar por
mim, limpar o nariz com o canudo do refrigerante e depois dar para a Keyla
tomar com ele...
E eu queria me enturmar, nem que neja neste escroto que chamamos de escola.
Minha casa era mais um centro de orações do que lar, então tudo o que eu
tinha? Meus amigos e minha reputação de inteligente no colégio. Traduzindo:
nada.
E tudo isto estava sendo arrancado de mim, esfreguei minha testa com aquele
terrível calombo, baixei a cabeça e andei para fora da escola. Para o
estacionamento.
Então vi Rith parado próximo ao meu Chevy, Janete Benson estava perto
dele, estava a balançar o seu macio e lustroso cabelo loiro enquanto 'sem querer'
o fazia roçar no rosto de Rith. Me enchi de raiva.
Então a raiva foi embora como voltou, rapidamente. Eu não teria ciúmes do
Rith, ultimamente ele nem sóbrio estava a maior parte do tempo, eu iria termiar
o que quer que fosse que tínhamos. Janete em uma girada de cabelo, que a fez
parecer uma stripper rebolando em um polidance, me viu. ela sorriu e se
abraçou em Rith, que estava em cima da moto de um outro cara, e ainda nem
dera pela minha presença.
Isto não ia dar certo, me preparei para ir até o meu carro, onde Janete estava
dando em cima do meu quase-namorado a menos de um metro e meio dali. Me
assustei novamente, como iria deixar eles veram a enorme deformação na
minha testa? Preparei minha franja emo novamente, quem diria que me seria
útil afinal.
Então percebi que nunca mais poderia vir a escola novamente, ver aqueles
mesmos rostos dia a dia. Tive que me segurar para não sair dançando o
rebolation de tanta felicidade.
Eu já sabia o que tinha que fazer. Eu ainda lembrava do último garoto que um
Wampiro Rastreador tinha Selado na escola.
Foi no ano passado, o wampiro tinha chego antes das aulas começarem e
enquanto nos dirigíamos para a primeira aula do dia, no meio do corredor
principal. O garoto foi pego de surpresa e saiu chorando quando foi selado com
uma grande tatuagem na testa dele, a lua minguante brilhando azul-safira.
O emo deixou cair seus lápis-de-olho, rímel, giletes (para o caso de haver uma
emergência e precisar usá-las em seus pulsos, sabe como é) e CDs do Nx
Menos Um, Presno, Çíne e Re-Select. Todos se afastaram enquanto ele fugia,
por conta dos CDs de bandam horríveis que caiam de lugares inomináveis do
seu corpo.
Ao invés de ir pro meu carro, fui pro banheiro mais perto, era um banheiro
masculino. De uma das cabines eu escutava claramente explosões continuas,
alguém deve ter comido repolho com ovo ontem a noite.
Fui direto para a pia, onde estavam pendurados espelhos na qual me olhei.
Minha franja cobria quase todo o galo e deixava metade do Selo a mostra. Eu
teria que escolher entre cobrir totalmente um dos dois com a franja. Como você
deve ter imaginado, cobri o galo, deixando o Selo a mostra.
Olhei para o meu rosto, minha pele morena, meus olhos negros e imensos
emoldurados por cílios curvinílios e meu cabelo extremamente brilhante e bem
cuidado. Mas é lógico que o que eu estava vendo era um cartaz de uma mulher
insinuante colada no espelho.
Tirei a foto da modelo da playboy (agora fui perceber a parte de baixo do
cartaz), da frente, e atrás estava, agora sim, um espelho.
Olhei para a tatuagem azul em minha testa. Ela me deixava exótica, caótica,
neurótica, erótica. Contrastando totalmente com a minha aparência de óbvia
descendência paraguaia, uma ótima combinação.
A partir deste dia minha vida mudaria para sempre, o Selo me levaria até o
colégio The Horse of Night, onde eu aprenderia a ser uma wampira ou
aconteceria algo pior ainda: talvez o galo na minha testa nunca sumisse e eu
fosse excluída totalmente da sociedade.
2
Fiquei olhando o meu relógio, quando o ponteiro que andava mais rápido dos
três, o único vermelho, fez uma volta inteira, eu percebi que já passara uma
hora, talvez todo mundo já tivesse ido embora do colégio... Somente alguns
góticos estavam do lado de fora do banheiro, brincando de vampiros, ou seja,
vendo se brilhavam na luz do sol. Corri para o estacionamento, louca para
chegar ao meu Chevy 53.
Enquanto eu corria, o sol tocava a minha pele, fazendo-a doer. Talvez devesse
comprar um protetor fator 100... comprimi os olhos com força até doer, meus
olhos ficaram cheios de lágrimas.
“Ei, Xo! Recebeu o meu meu email?”
Ahhh, que po... era Rith.
Olhei para ele, que estava encima da moto de um cara todo vestido de couro,
com um boné onde estava desenhado um arco-íris e a frase 'Liberte-se'
embaixo. A mão do tal cara estava sobre a coxa de Rith, e ele não parecia ter
percebido, pois estava com uma Ice numa mão, e só isto bastava.
“Rith, você enviou para mim só pornografia no email! Eu não estou interessada
nas fotos ilegais do gueixasmexicanas.com”
“Óh, então eu mandei pro Denn as minhas fotos, umas que tirei ontem, do
mesmo jeito que vim ao mundo...” ele fez cara de preocupado “...e pra você o
link do site que ele havia pedido...”
Me esqueci completamente do Selo e do galo em minha cabeça.“Eu não
acredito no que estou vendo Rith.”
Ele olhou para o Ice que segurava e voltou a me olhar pedindo desculpas.
“O que você está fazendo na moto desse aí?”
“Ele é legal, nós nos conhecemos ontem e hoje ele quer me dar uma carona até
em casa, ele até me convidou pra fazer uma tal de parada.”
“Rith, provavelmente ele vai te levar para uma parada gay isso sim.”
“Que isso Xo, ele não é gay não.” Enquanto ele falava isto a mão do cara
começou a esfregar a coxa do Rith.
“Me poupe.” Falei virando de costas e seguindo atá o meu Chevy 53, tirei a
chave e tentei virar ela na fechadura da porta, sem sucesso.
Escutei Rith saindo da moto do cara e indo pro meu lado, ele pegou a chave
da minha mão com falsa irritação.
“Por isso que o nome é fecha-dura não pode ser mole com ela.”
“Isso não teve graça, e afinal você não deveria tar jogando ou algo assim?”
Rith começou a socar a porta do meu Chevy para ela se abrir, e após um
segundo ela realmente abriu.
“Nós ganhamos o jogo, não sabia? Tamos de folga hoje.”
“Rith, eu estava preocupada demais para prestar atenção nas notícias de um
jogo de futebol estúpido, ainda mais que eu tenho que estudar pra prova de
reprodução humana, sabe qual é, a prática com o Sr. White.”
O cara da moto que estivera massageando a perna do meu semi-namorado
virou a cabeça para ouvir nossa conversa.
“Ah, eu sei qual é! Eu também tenho ela amanhã! Xo, já sei! Nós podemos
treinar para a prova juntas lá em casa, o que acha?”
Eu estava tentando não olhar muito para ele, para que ele não visse o Selo
que minha testa mostrava, felizmente a franja estava escondendo o galo enorme
do outro lado da testa.
“Não Rith, eu tenho que ir embora.”
“Eu posso te ajudar com este estudo” o cara da moto disse para Rith com um
sorriso e quando Rith virou o rosto na minha direção, o cara mandou um beijo
no ar para ele.
“Tá braba porque a Keyla disse o que aconteceu na festa, né?”
“O quê?” eu falei confusa, então tentei pesacar algo. “É meio por isso, mas o
que foi que você fez mesmo? Só pra mim me lembrar...”
“Eu só passei a língua naquela camisinha usada que a Janete tinha encontrado
perto de um mendigo no centro, pelo lado de dentro, antes de te dar um beijo de
despedida, mas foi só por causa da pressão que eles tavam fazendo”
“Argh, eu achei que você tivesse comendo leite condensado quando me beijou,
e passou um pouco daquilo pra minha boca, fiquei remoendo aquele líquido na
língua até chegar em casa pensando no beijo... Rith, quer saber, vai estudar com
aquele cara, ok? Eu tô de saída. Divirtam-se!”
Eu estava feliz por que ele não notar nada de diferente em meu rosto, comecei a
entrar no Chevy mas o braço dele me impediu quando segurou meu cutuvelo e
me virou para ele.
“Xo, o que é isso na sua testa!”ele parecia horrorizado com o que via.
“Cala a boca!”eu gritei mas alto que ele, e continuei berrando. “Ninguém pode
saber do meu Selo!”
Olhei em volta, os poucos alunos que estavam no estacionamento estavão me
encarando, então Janete chegou perto de mim.
“Um agora ela é mais esquisita do que antes Rith, você merece algo melhor do
que uma wampirinha, quer dizer, wampiranha, hahaha!”
Então pela primeira vez, eu gostei de ter tossido.
Parecia que todo o muco e certos líquidos estavam sendo guardados dentro
de mim para aquela hora específica, quando tossi, algo que fez minhas costas
inteiras doerem, todo aquele meio litro de ranho e catarro saltou na vagaba
seachol, o que a fez fechar os olhos enquando aqueles espessos líquidos caíam
sobre ela.
“Sua..!” ela ficou apenas no começo da frase quando viu minha testa de perto,
pensei que ela estivesse olhando para o Selo, mas quando percebi que o espirro
tinha feito minha franja sair do lugar, entrei em choque, Rith fez uma careta
para o que viu.
“A testa dela é deformada! AAAAA!” Janete gritou, assim como vários outros
alunos, e saiu correndo como se daquilo valesse sua vida.
“Rith, venha, vamos ficar longe dela, ele não é mais uma de nós!” o amigo de
Rith, Denn gritou para ele do caminhão com faço frete escrito em uma
plaquinha.
“Eu tô falando com a Xo!” ele berrou, então olhou para mim. “Isso não muda o
jeito de como eu gosto de você”
“Isso é bom Rith, porque eu vou ter que ir pra The Horse of Night, ou a
Chapada da Noite, sabe”
“Eu não tava falando do seu Selo e da sua escola de chupadores, eu tava falando
da sua deformidade.”
Essa doeu.
“Rith, eu não acredito que você disse isso” no mesmo instante que a palavra
isto saiu da minha boca, o caminhão sujo de Denn passou e um dos amigos de
Rith colocou um braço para fora e puxou meu quase-namorado para dentro do
caminhão, brabo, Rith conseguiu se desvencilhar e vimos o caminhão partir.
“Rith, você está cheirando muito bem!” eu exclamei sem pensar, na verdade, eu
fazia tudo sem pensar.
“Eu soltei um peido faz pouco, minha mãe sempre disse que os meus gases
sempre cheiram bem”
“Não é isso” eu falei, então vi o sangue.
O dedo de Rith estava sangrando, eu não sei o nome do dedo, mas sei que é
aquele que agente usa com frequencia para mostrar aos outros, sabe qual é,
aquele mesmo que muita gente usa no banho para fins frenéticos, então, esse
dedo tinha uma gotinha de sangue escorrendo.
Tremi, um tremor que vinha de baixo da minha cintura enquanto eu observava o
sangue, só depois percebi que meu celular tava vibrando. Peguei ele e desliguei
o alarme.
“Xoey, você está babando”
“Humm?” o ohei abobadada, eu estava excitada, e não era pela presença do meu
quase-ex-atual-futuro-preste-pretéritomaisqueperfeito namorado, não, odiei
admitir que estava daquele estado por conta do sangue que saia do dedo dele.
Rith percebeu o meu olhar, ele levou a mão a frente, o dedo a quase dez
centímetros do meu rosto.
“Não!” eu falei entrando no meu carro e o ligando, uma nuvem preta de CU²
(sabe aquele elemento químico, então, é para fumaça, eu acho) subio para o
céu.
“Eu vou chegar em casa, eu vou” e dizendo isto, acelerei o máximo que pude, o
que fez o Chevy andar a 7 km por hora.
Duas horas e dez mais tarde, eu estacionei na frente da minha casa, a casa
estava silenciosa. Abri a porta da sala e esperei não ver Jok Stefler, meu
padrasto idiota ali, mas ele não estava a vista.
“Eu não sou uma wampira, minha testa não está deformada” como um protesto,
mais ranho saiu pelas minhas narinas, eu iria morrer se não estivesse logo na
Chapada da Noite, eu sabia.
Então minha irmã apareceu, ela estava escondida atrás da porta e me segurou
por trás, aquela vadia era forte.
“Eu não consegui te encontrar para entregar o absorvente, se é por isso que
você está me dando uma chave de braço” eu disse quase sem ar.
“Não é por isso, o Padalecki me ligou, ele disse que agora você era um wampira
e ainda por cima uma deformada.”
“Mana, eu sou uma wampira, ok? Agora me solta eu preciso falar com a
mamãe.”
“Continue segurando ela Britney, sua mãe está aqui mocinha, ela vai me ajudar
a tirar isto do seu corpo.”
Consegui olhar para cima o suficiente para ver Jok ao lado da minha mãe,
ambos seguravam crucifixos enormes de madeira.
“Mãe, me ajuda!”
“Você precisa ser exorcizada, Xoey, é importante.” Ela disse.
“Me passa a água benta Ugly” Jok falou para minha mãe que fez o que ele
pediu.
“Mãe eu tô morrendo!”
“Nenhum cirurgião vai poder consertar isso ai em sua testa, querida, mas você
não vai morrer. Nós vamos cuidar de você, manter você amarrada a cama se
possível”
“Eu não tô endemoniada, mãe! Eu só fui Selada e bati a cabeça, por favor, não
me trate como a Carrie, a estranha”
Então Jok começou a jogar a água benta em mim, ela cheirava mal, como se
estivesse misturada a suor, ovo podre e mijo. Eu comecei a me contorcer,
tentando fazer Britney me largar do seu aperto. Minha mãe começou a rezar e
colocar o crucifixo na minha cara.
“...Te expulso Satanás de dentro desse imundo corpo, ela pode ser mundana e
profana mas saia dela!...Queeeeeima!...” ele jogava a água em mim com a ajuda
de uma mangueira, meu corpo já tava ensopado. “Sai desse corpo que não te
pertence, SAI!SSSSSSSSSAI!”
Jok colocou a mão na minha cabeça e começou a me balançar, a cada
“SSSSSSSSSSSAI” que ele dizia, ele afastava a mão da minha nuca e colocava
ela lá de novo repetindo o seu rito.
Como eu estava molhada, os braços de Britney escorregaram do meu pescoço
e eu corri para a porta, minha irmã caiu de bunda no chão e só de ouvir o
quebrei a unha! Dela, eu sabia que ele não estava mais na briga. Jok pulou e
segurou meu pé direito me fazendo cair no batente da porta.
Com o pé esquerdo comecei a chutar a cara dele, mas ele continuava me
prendendo.
“Faça alguma coisa Ugly!” ele gritou para minha mãe.
Antes que minha mãe pudesse fazer alguma coisa, além de ficar nos olhando
assustada, peguei um dos crucifixos de madeira que estava no chão, um que
pesava 2 quilos, e joguei na cara de Jok, ele me soltou no mesmo instante.
Corri para fora, entrei no meu carro e dei ré, quando estava virando a
esquina, encharcada, vi pelo retrovisor meu padrasto olhando para mim,
coloquei a mão para fora da janela e mostrei a ele o dedo do meio, sabe o para
fins frenéticos, e segui para a casa da minha avó.
Vovó Redbitch vivia mendigando no centro da cidade, ela morava em um
barraco onde lavandas cresciam selvagemente em torno e até dentro do barraco
de lata. Ela adorava lavanda, eu também adorava o odor que exalava dela.
Então, quando eu tava dirigindo, eu fui magicamente trasportada para um
outro lugar, o interior de um bordel vazio, mas a música pornoauditiva ainda
vibrava fortemente. Nele havia uma mulher bonita, toda de vermelho que se
aproximou de mim.
“Olá Xoey Redbitch, eu sou Myx, Deusa da Égua Notorna”
“Deusa dos chupad.. quer dizer, dos wampiros?”
“Sim filha”
“Que legal mãe”
Ela me olhou com um sorriso.
“Xoey, seu caminho ainda será muito árduo e penoso...”
“Penoso? Vomo em ter pena de alguém?”
“Não, bobinha, como em ter penas, pois vão aparecer muitas galinhas na sua
vida, inclusive o galo da sua testa, hahaha”
“Isso não teve graça, prossiga.”
“Desculpe, não pude perder a oportunidade,” ele sorriu“só lembre-se, nem
sempre do bom mau benóvolo vem o mau bom malévolo.”
“O quê? Não entendi merda nenhuma”
“Nem sempre da luz vem a bondade, Xoey.”
“Ah, ta.”
“Você é especial, filha”
“Sou, mãe? Mas e esse galo na minha testa?”
Myx chegou mais perto, ela deu um beijo na minha testa. Eu senti na hora o
galo desaparecendo, me senti muitíssimo feliz, então senti algo a mais, Myx
estava desendo o beijo pelo meu nariz.
“Já curou, não precisa mais disso.”
“Oh, não tinha percebido” ele sorriu graciosamente“Quando você voltar ao seu
corpo, seu Selo estará incrementado, maior, por que você é especial, agora volte
fiha.”
“Tchauzinho, mãe.”
E assim ela se foi e eu retornei ao meu corpo.
3

Estarei postando mais capítulos em breve!

You might also like