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Jornal de Piracicaba
50 anos
Uma luta coletiva
Página E-1
Quarta-feira,
4 de julho de 2007 Faculdade de Odontologia de Piracicaba
Liberalli,
Zeferino
Vaz e
Plinio
Alves de
Moraes,
responsá-
vel por
conseguir Alunos da
a verba e primeira
pela turma da
doação do FOP, em
terreno do 1957,
atual aprendem
prédio da o ofício na
FOP prática
Faculdade já formou 4.594 profissionais
E-2 QUARTA-FEIRA, 4 DE JULHO DE 2007 FOP 50 anos JORNAL DE PIRACICABA
LEANDRO CARDOSO material de apoio aos trabalhos temos uma forte capacidade de
leandroc@jpjornal.com.br de estudo e pesquisa. captação de recursos externos.
O corpo docente da FOP é Visitamos outras universida-
F O P formado por 84 professores des e vemos que a maioria não
A (Facul- doutores, dos quais 32, ou 38% tem esse perfil”, afirmou o pro-
dade do total, possuem pós-doutora- fessor Marcelo de Castro Mene-
d e do no exterior. O elevado grau ghim, diretor associado.
Odon- de especialização dos professo- Além do orçamento esta-
tologia de Piracicaba), criada res se traduz em referência na dual, a FOP conta com recursos
no dia 20 de janeiro de 1955, co- qualidade do ensino. Na área decorrentes dos cursos de espe-
meçou a funcionar em 4 de julho de pós-graduação, três dos qua- cialização e de financiamentos
de 1957, sendo incorporada à tro programas considerados de de pesquisas. Os valores oriun-
Unicamp (Universidade Esta- excelência em odontologia no dos do pagamento de mensali-
dual de Campinas) dez anos de- Brasil pela Capes (Coordena- dades dos programas de espe-
pois, no dia 31 de janeiro de 1967. ção de Aperfeiçoamento de Pes- cialização e atua-
Em 50 anos de história, a FOP soal de Nível Superior) são da lização ajudam Orçamento da
formou 2.960 alunos no curso de faculdade piracicabana: os cur- no custeio da es- FOP para este
graduação em odontologia e sos de clínica odontológica, de cola, conforme ano é de
1.634 nos oito programas de pós- estomatopatologia e de odonto- Francisco Haiter R$ 31,1
graduação (mestrado e doutora- logia. Prova da importância da Neto, diretor da milhões:
do) que oferece. Nos 21 cursos de pós é o fato de a FOP figurar, co- faculdade. “Parte insuficiente
especialização e atualização dis- mo unidade isolada, no ranking desses recursos fi- para
das 20 universidades brasilei- ca para a institui- investimentos
ponibilizados à comunidade
ras com a maior produção de ção somar na ma-
acadêmica, 3.228 alunos já se
artigos científicos sobre saúde nutenção”, afir-
formaram. A faculdade coorde- apresenta um projeto de pes- rias e Serviços) do Estado. “A de vizinha, a 39 quilômetros de
e biologia ente 2001 e 2003. mou. Apenas estes cursos são pa-
na ainda o Colégio Técnico de quisa, os avaliadores analisam Unicamp como um todo recebe Piracicaba, a intenção é abrir
Para 2007, o orçamento da gos, uma vez que os de graduação
Prótese, no qual atualmente 60 se é preciso solicitar a compra 2,1% disso e a nossa parte, neste 1.000 vagas em cursos tecnológi-
faculdade é de R$ 31,1 milhões, e pós-graduação são gratuitos. A
estudantes estão matriculados. de equipamentos, de material ano, é R$ 31,1 milhões. Não tem cos. Apesar do aumento ainda
montante repassado à institui- previsão é que neste ano estes re-
O campus da FOP em Pira- cursos extras somem R$ 250 mil. de consumo e de produtos im- como aumentar”, falou. Em não ter sido aprovado, o gover-
ção de ensino pelo governo es-
cicaba tem uma área total de 85 Entre 2005 e 2006, estudan- portados. E isso gera benefício 2006, as universidades pediram no estadual direcionou R$ 20
tadual. A maior parte do recur-
mil metros quadrados, dos so, cerca de 90%, é empregada tes da FOP conseguiram R$ 2 à faculdade, já que esses equi- que o índice de repasse aumen- milhões para a etapa inicial das
quais 19 mil metros quadrados na folha de pagamento de pro- milhões para o financiamento pamentos usados nas pesquisas tasse para 10% do ICMS, mas o obras do prédio de Limeira, cu-
de área construída. Os prédios fessores e funcionários. O res- de pesquisas junto à Fapesp são doados aos laboratórios da projeto não passou na Assem- jo custo total é estimado em R$
abrigam, além de alas adminis- tante do dinheiro, pouco mais (Fundação de Amparo à Pes- instituição”, explicou Haiter. bléia Legislativa. Agora, a Uni- 80 milhões. O 0,05 ponto percen-
trativas e salas de aula, sete de- de R$ 3 milhões, é direcionado quisa do Estado de São Paulo). Aumentar a verba estadual camp tenta aumentar em 0,05 tual a mais representaria cerca
partamentos e 35 laboratórios, para gastos de custeio (manu- Recursos da Capes chegaram a direcionada à FOP é pratica- ponto percentual a sua partici- de R$ 20 milhões por ano, valor
conforme informações da as- tenção e material de consumo) aproximadamente R$ 600 mil mente impossível, segundo o pação no bolo do imposto para que seria usado inicialmente
sessoria de comunicação da fa- e para o pagamento de contra- no período, mesmo valor dire- diretor. As três universidades que seja construído um segun- para a edificação do novo cam-
culdade. A biblioteca da unida- tos de fornecimento de água, cionado pelo CNPq (Conselho públicas paulistas (Unicamp, do campus da universidade em pus e posteriormente incorpo-
de ocupa uma área de 1.000 me- energia elétrica e telefone. Nacional de Desenvolvimento USP e Unesp) recebem 9,57% da Limeira. A proposta ainda está rado ao orçamento geral da Uni-
tros quadrados, onde estão ca- “Não sobra nada para fazer in- Científico e Tecnológico) a pes- arrecadação de ICMS (Imposto em tramitação na Assembléia. camp para a manutenção dos
talogados 11.710 volumes com
Unicamp
surgiu em 1966 rinta e oito dos 50 anos da
T
FOP (Faculdade de Odon-
riada por lei em 1962, a Unicamp
C
tologia de Piracicaba) fo-
(Universidade Estadual de Campi- ram acompanhados de
nas) –– à qual a FOP (Faculdade de perto pelo professor José
Odontologia de Piracicaba) per- Ranali, 58, ex-diretor da instituição
tence –– foi instalada no dia de 5 de que há dois anos é chefe de gabinete
outubro de 1966, data do lançamento da pe- da reitoria da Unicamp (Universida-
dra fundamental de seu campus central. de de Campinas). Desde que iniciou
Nascida de um plano-piloto idealizado por a graduação, em 1969, não deixou
Zeferino Vaz, seu fundador, a Unicamp esca- mais a faculdade. Tornou-se profes-
pou à tradição brasileira da formação de sor em 1973, cursou mestrado e dou-
universidades pela simples justaposição de torado em farmacologia na FOP e foi
cursos e áreas ao longo do tempo; a diferen- diretor entre 1994 e 1998. Nestes 38
ça é que sua existência foi precedida por um anos, conta ele, os novos conheci-
projeto. No ano passado a universidade com- mentos e descobertas tecnológicas
pletou 40 anos. na área da saúde permitiram avan-
O projeto de instalação da Unicamp veio ços significativos nos meios de diag-
responder à crescente demanda por pessoal nóstico, formas de tratamento e no
qualificado numa região do país, o Estado de uso de materiais na odontologia. Pa-
São Paulo, que já na década de 60 detinha 40% ra os próximos 30 anos, Ranali vis-
da capacidade industrial brasileira e 24% de lumbra uma guinada ainda mais ra-
sua população economicamente ativa. Antes dical: a nova odontolo-
mesmo de se iniciar sua instalação, a Unicamp gia vai incorporar ele- Para Ranali,
já havia atraído para seus quadros mais de 200 mentos da engenharia a prevenção
professores estrangeiros das diferentes áreas genética e possibilitar será cada vez
do conhecimento e cerca de 180 vindos das me- mudanças no controle mais precoce
lhores universidades brasileiras. de doenças.
“Em 30 anos, podemos esperar acordo com Ranali, deverá ter condi- mas neste foco serão necessários ao quem mais acessíveis”. A populariza-
CONTEMPORANEIDADE – Hoje a Uni- uma mudança radical no enfoque do ções de proporcionar a reconstitui- menos dez ou 20 anos para que che- ção dos procedimentos que ainda es-
camp é uma das principais universidades bra- tratamento. O dentista do futuro te- ção biológica do tecido dental perdi- gue ao clínico de maneira sistemáti- tão por vir, conforme o professor, não
sileiras e da América Latina. É conhecida tanto rá que ter uma formação profissio- do, abolindo a necessidade de obtura- ca e regular”. depende apenas do avanço da tecnolo-
pela excelência de seu ensino quanto pela reali- nal muito forte nas áreas de micro- ção ou restauração dos moldes Cirurgicamente, ressalta o pro- gia. “No Brasil, temos que atender às
zação de pesquisas avançadas nas áreas em que biologia, fisiopatologia da dor e em atuais. “Hoje já temos tentativas de fessor, a odontologia já utiliza méto- pessoas com tratamento curativo e ao
informática para saber trabalhar da- construção de órgãos a partir de cé- dos com resultados mais positivos mesmo tempo mudar essa cultura de
atua: as ciências exatas, tecnológicas, biológi-
dos e analisar o paciente como um lulas-tronco, que podem ser direcio- na correção de deformidades faciais, prevenção, que não se dá apenas com
cas, humanas e as artes. A Unicamp responde
todo, além de também estar prepara- nadas à reconstrução de um dente. como a artroscopia (técnica menos tratamento preventivo. É necessário
sozinha por cerca de 15% de toda a pesquisa
do para ajudar em sistemas de auto- Ainda não há um domínio total sobre invasiva usada em articulações que haja o desenvolvimento econômi-
universitária brasileira e por 10% da produção
mação para a construção de próte- esta área, mas é um avanço que pode- orais e mandibulares). Os avanços co do país para tirar as pessoas da li-
de teses de pós-graduação no país.
ses”, afirma. A aposta na engenha- mos esperar nos próximos anos”, mais significativos, porém, diz ele, nha da miséria e dar educação, que é
Seus campi estão em Campinas, Piracicaba ria genética é pela sua capacidade de afirma Ranali. A nanotecnologia, ocorreram na seara dos implantes. a principal ferramenta para melho-
e Limeira e seus 34 mil alunos estão distribuí- possibilitar o mapeamento do pa- acredita o professor, também deve se Novas técnicas, incorporadas às rar questões de saúde”, opina.
dos entre 58 cursos de graduação e 127 progra- ciente desde o início da vida, proce- aliar à odontologia num futuro pró- clínicas nos últimos anos, revolucio- A Faculdade de Odontologia de
mas de pós-graduação. A qualidade da forma- dimento que estabelecerá o poten- ximo, principalmente na administra- naram o tratamento reabilitador, de Piracicaba, segundo José Ranali, vai
ção oferecida pela Unicamp tem relação direta cial de cada um à ação dos microor- ção de medicamentos de ação contra acordo com Ranali. “Hoje não se fala contribuir na formação do novo pro-
com a estreita relação que mantém entre ensi- ganismos que causam cáries, doen- dores e inflamações crônicas, sinto- mais em dentadura. Temos técnicas fissional da área, papel que já desem-
no e pesquisa, mas também com o fato de que ças periodontais e que podem levar à mas típicos da doença periodontal. de implante muito mais apuradas. penha atualmente ao oferecer condi-
87% de seus professores atuam em regime de perda do dente. “A prevenção será A relação atual entre odontolo- Certamente elas ainda não chega- ções para que estudantes e professo-
dedicação exclusiva e 96% têm titulação míni- ainda mais precoce”, diz o professor. gia e engenharia genética, especial- ram a toda população, mas isso ocor- res se dediquem à elaboração de pes-
ma de doutor. Nos casos em que a prevenção mente no seu uso clínico, ainda é tí- re de forma consistente. Os mate- quisas de qualidade em diferentes
A Unicamp é uma instituição que mantém não for suficiente para evitar os pro- mida na avaliação do ex-diretor da riais ainda têm um custo relativa- áreas de atuação profissional e aca-
fortes vínculos com a sociedade por meio de blemas, a engenharia genética, de FOP. “Alguns avanços já existem, mente alto, mas a tendência é que fi- dêmica. (Leandro Cardoso)
N
engenharias atraiu para o seu entorno vários que viram nascer a FOP tura Luiz de Queiroz), devido à sua nada. Era melhor do que sair e mon- lheu a odontologia pelo seu aspecto
outros centros de pesquisa, além de um impor- (Faculdade de Odonto- infância na fazenda. Mas com a no- tar consultório”, conta ele, que de- humano, principalmente pela pos-
tante parque empresarial nas áreas de teleco- logia de Piracicaba) que tícia de que a FOP iria fazer o pri- pois foi monitor de prótese e em se- sibilidade de levar o bem às pes-
municações, biotecnologia e tecnologia da in- se orgulham de um dia meiro vestibular, não pensou duas guida assistente voluntário nessa soas. Por outro lado, na coordena-
formação. (Marcela Benvegnu) ter passado por ali, mas também vezes em agarrar a oportunidade. área. O próximo passo foi sua atua- ção do setor de graduação da insti-
aqueles que ingressam em suas tur- Em meio a 90 candidatos e 20 vagas, ção como como professor de prótese. tuição, ele descobriu a paixão pela
mas em outras épocas. E há aqueles foi classificado em 19º lugar. Depois Da FOP, Mazzonetto só saiu quan- área científica, levando o conheci-
Expediente que se sentem honrados de ao invés
de seguir na carreira clínica, ajuda-
disso, dedicou toda a sua carreira
profissional à instituição.
do decidiu se aposentar, fato adiado
em dois anos, porque os alunos fize-
mento aos milhares de alunos que
passam por ali, colaborando para a
ram no funcionamento da institui- Com o diploma na mão, em 1960, ram um abaixo-assinado solicitando complementação do conhecimento
Editora responsável: Rosemary Bars ção, vivenciando o seu dia-a-dia. Faz Mazzonetto foi convidado a fazer sua permanência até 1992. “Não me em sala de aula. “A FOP é uma insti-
Editora-adjunta: Simone Toledo Leme Cândido parte dessa leva Sérgio Francisco parte do quadro de funcionários, na lembro de ter inimigos nesse tempo tuição que ocupa posição de desta-
Edição: Cristiane Sanches Mazzoneto, 70, que atuou por 40 anos área de materiais dentários. Ele diz todo. Eu não saia de lá. A turma era que. Na área científica, é uma das
Editor de fotografia: Bolly Vieira na área de prótese dentária, e Enil- que nesse período o trabalho era pequena, a amizade era muito gran- que mais produz. E sempre foi pio-
Diagramação: Altair Barbeiro son Antônio Sallum, 38, atualmente sem remuneração, devido à fase de de. Peguei amor por aquilo. Almoça- neira no currículo de graduação”,
Tratamento de imagens: Cristiano Prata coordenador da área de graduação. reestruturação da FOP. “Faltava va e jantava aquilo”, completa. diz ele, que viu na profissão algo a
Gerente comercial: Wilson Tietz Mazzonetto se recorda que ti- material humano e eu estava em Pertencente a uma outra gera- mais que o talento para curar e ti-
Gerente-geral: Nobumitsu Chinen nha tudo para cursar agronomia na contato com o que havia de mais ção de formados pela FOP, Enilson rar a dor das pessoas.
Produção científica é intensa
JORNAL DE PIRACICABA FOP 50 anos QUARTA-FEIRA, 4 DE JULHO DE 2007
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MURILO BIAGIOLI de e biologia, conforme dados Cury faz parte do departamento dores do CNPq, mostrando coe-
murilo@jpjornal.com.br da revista especializada Braz J de ciências fisiológicas da FOP e rência e correspondência dos
Med Biol Res –– no país foram é o atual coordenador do CA-O- indicadores”, falou.
F O P 4.404. O quadro fez com que a dontologia do CNPq (Conselho De acordo com o professor,
A (Facul- instituição fosse a única facul- Nacional de Desenvolvimento o incentivo às pesquisas sem-
dade de dade isolada no ranking das 20 Científico e Tecnológico). pre partiu dos próprios cientis-
Odonto- universidades mais produtivas Para ele, uma das diferen- tas, dispostos e dedicados, e ao
logia de do Brasil, estando em 18º lugar. ciações foi o fato de as universi- ambiente de tra-
Piracicaba) da Unicamp (Uni- O professor doutor Jaime dades, principalmente a odonto- balho. Uma cultu- Cury:
versidade Estadual de Campi- Aparecido Cury, na FOP desde 21 logia brasileira, passarem a ra adquirida dos incentivo à
nas) aparece como referência de março de 1974, disse que a fa- adotar na Capes (Coordenação primeiros “fopia- pesquisa sem-
da odontologia brasileira, prin- culdade sempre se destacou em de Aperfeiçoamento de Pessoal nos”, que tinham pre partiu dos
cipalmente quando se fala em ciência, até pelo fato de ter sido de Nível Superior) e no CNPq há 40 anos publi- professores
produção científica. As princi- fundada por pesquisadores. No critérios internacionais de ava- cações reconheci-
pais descobertas desse ramo da entanto, de acordo com ele, os úl- liação da produção científica das e citadas por
medicina no país são feitas pela timos três anos foram ainda mais dos docentes. Com isso, desen- pesquisadores do exterior. tes em regime integral (77), sen- financiamento o nível cairá”, de-
instituição, que concentra 23% importantes para a odontologia volveram planos de metas, espe- A qualidade da FOP, confor- do que 38% deles possuem pós- clarou.
dos artigos científicos do Brasil brasileira, que produziu mais do cialmente para a publicação de me Cury, está ainda no sistema doutorado no exterior (34). Além dos financiamentos a
na área publicados nos bancos que todo o século passado. artigos científicos em revistas da Unicamp em avaliar os pro- O professor considerou ain- pesquisas, outra preocupação
de dados internacionais e que “Houve mudanças nos crité- de alto nível, o que exige tam- fessores a cada três anos. “Os da que a tendência da FOP é con- do educador é a manutenção
servem de parâmetros para o rios de avaliação dos cursos de bém mais investimentos e pro- docentes são obrigados a entre- tinuar crescendo, mas desde que dos recursos humanos, ou seja,
desenvolvimento da atividade. pós-graduação, que ficaram fissionais qualificados. gar relatórios de atividades com o país mantenha sua linha de fi- a necessidade de uma política
Entre 1998 e 2003, foram pu- mais claros a partir de 1998, fi- “Um dos indicadores disso é ensino e produção científica, o nanciamento de pesquisas que, de renovação para manter pro-
blicados 1.013 estudos da FOP zeram a odontologia se destacar que hoje a FOP é referência e, que mantém o nível sempre al- segundo Cury, são caras e depen- fessores e pesquisadores e ga-
em bancos de dados da literatu- e possibilitou um salto de quali- sozinha, concentra na área to”. A faculdade possui ainda dem de materiais importados. rantir o futuro do ensino e das
ra internacional na área de saú- dade significativo”, afirmou. odontológica 25% dos pesquisa- 86% de seus cerca de 90 docen- “Caso contrário, sem dinheiro de inovações científicas.
m 1957, há exatos 50
ESPECIALIZAÇÃO
da como das melhores universi- dade que fez todos os seus cur-
dades do país. Meus planos aca- sos de especialização, os quais,
baram não dando certo porque segundo ele, foram necessários
me transferi para a USP (Uni- Outra carreira, marcada pe- e indispensáveis para sua atua-
versidade de São Paulo) e depois lo sucesso e pelos ensinamentos ção. “Foi a base de tudo. Apren-
para a Faculdade de Odontolo- da FOP, é a de Angelo Seco, 39, di até conceitos administrati-
gia de Bauru.” que se divide como profissional vos, pois participei como repre-
Lopes afirma que mesmo em seu consultório odontológi- sentante dos alunos no conselho
sem poder voltar à faculdade – co em Piracicaba e como coorde- universitário da FOP”, conta o
seja como aluno dos cursos de nador do curso de odontologia dentista, que hoje ministra cur-
mestrado ou doutorado e mes- da Unip, de Campinas. Seco se sos na Associação dos Cirur-
mo como professor – esteve na formou na Universidade Fede- giões Dentistas de Campinas e
instituição inúmeras vezes de- ral de Porto Alegre, em 1992, e dá aulas de prótese e implante.
pois de graduado. “Tenho mui- logo entrou no mestrado da FOP. (Marcela Benvegnu)
P sor-titu-
lar da
área de
radiolo-
gia, Francisco Haiter Neto,
43, assumiu a direção da FOP
(Faculdade de Odontologia
estão em contato direto com a
população, aumenta e muito o
nível do atendimento. O impac-
to positivo é revertido em bene-
fício direto para a população.
Temos também os cursos técni-
cos profissionalizantes no pré-
de Piracicaba) em 29 de agos- dio do Centro. Gratuitamente,
to de 2006 para quatro anos 30 pessoas são formadas por
de mandato. Natural de Le- ano na área de próteses odonto-
me, Haiter se graduou nas lógicas. Agora estamos nos
Faculdades Integradas de reestruturando para voltar a
Uberaba (MG) e tem pós-dou- oferecer o curso de THD (Técni-
torado pela Universidade de co em Higiene Dental), que fun-
Washington. Fez mestrado na cionou até 2003. Queremos ex-
FOP e foi contratado como pandir o ensino técnico na cida-
professor da instituição em de, dando subsídio para toda a
1989. Os 50 anos de fundação região na formação das equipes
da faculdade, de acordo com de saúde bucal, ainda deficitá-
o diretor, devem ser marcados rias, dentro das unidades de
por uma aproximação ainda PSF (Programa Saúde da Famí-
maior da instituição de ensi- lia). A idéia é retomar o curso
no com a sociedade. “A FOP em 2008, com 30 vagas.
tem a função e o objetivo de
atender à comunidade. A for-
JP – Desde que o senhor
mação do profissional tem que
está à frente da direção da
estar focada no atendimento à
FOP, quais têm sido as deci-
população”, disse. Uma das
sões internas para melhorar
principais metas neste sentido
o funcionamento do campus?
é a construção do
Centro Clínico Haiter – Buscamos viabili-
Haiter: zar recursos dentro do orça-
Multidisciplinar, ‘Desafio é
cujo funciona- mento anual da FOP, que é de R$
ampliar as 31,1 milhões em 2007, para refor-
mento aumenta- instalações e
rá em 40% o nú- manter o nível mar alguns laboratórios e exe-
mero de atendi- de excelência cutar melhorias em nossa infra-
mentos prestados estrutura. Num futuro breve,
em ensino e com recursos da reitoria, va-
pela FOP. pesquisa’ mos asfaltar o estacionamento
Jornal de Pi- que fica na parte frontal do ter-
racicaba – Qual é a atual si- especializando na faculdade. Irá às UBSs para ter acesso aos Saúde). O recurso é de R$ 1,1 mi- Haiter – Não podemos es- reno da faculdade. Temos ainda
tuação do projeto do novo Nossa meta é aproveitar esta atendimentos básicos de promo- lhão para três anos de funciona- quecer que a FOP participa em como prioridades a reforma do
prédio? mão-de-obra que já temos e que ção de saúde bucal. E no prédio mento e prevê todo o processo: várias áreas de atuação social biotério e do laboratório de ana-
Francisco Haiter Neto – não oferece um grande atendi- da FOP localizado no centro de implantação, equipamentos, junto à comunidade, como por tomia, além da construção de
Apresentamos o projeto do Cen- mento direto à população. Nos Piracicaba teremos mais 20 material de consumo e gastos exemplo nos serviços de medi- um local específico para guar-
tro Clínico Multidisciplinar pa- cursos de pós, os estudantes au- equipamentos para os atendi- de adaptação das instalações. A ção de flúor na água, que são fei- dar produtos químicos adequa-
xiliam os professores no ensino mentos mais complexos, que FOP apresentou o projeto e foi tos pela área de bioquímica; o
ra as autoridades municipais, damente. Outros projetos não
da graduação, mas eles pode- também serão realizados por uma das 17 faculdades de odon- atendimento às gestantes e be-
estaduais e federais para conse- envolvem modificações, mas a
riam também fazer o atendi- alunos de graduação. No prédio tologia do Brasil, entre as 172 bês, o serviço de radiologia e o
guirmos a verba necessária. Es- parte de currículo dos alunos.
do Centro também teremos sa- existentes, que conseguiram de dor orofacial. A inserção da
tamos na fase final de elabora- mento direto à população e ter Temos as adequações dentro da
las de capacitação dos dentistas ser contempladas. FOP na sociedade tem duas vias:
ção da proposta que será levada um horário reservado para isso, Lei de Diretrizes Curriculares
da rede públi- atender a população e servir co-
com o apoio do prefeito Barjas já que são profissionais forma- ca. Oferecer ao para inserir as disciplinas do
JP – Há
Número de
Negri aos ministérios da Saúde, dos que poderiam nos ajudar a mo referência para assessorar
profissional da Pró-Saúde e a reestruturação
Educação e da Ciência e Tecno- aumentar o número de atendi- outros pro- Piracicaba e cidades da região
rede pública das áreas de pré-clínica.
jetos desen- em questões e assuntos para os
atendimentos
logia com o objetivo de viabili- mentos à comunidade em geral, uma atualiza-
zar a construção desse prédio, principalmente a parcela mais volvidos quais está altamente capacitada.
ção de conhe- JP – Quais são os desafios
já que temos a contrapartida de carente. por meio de
deve crescer
cimentos se da FOP para os próximos
R$ 1 milhão da Unicamp para a parcerias JP – Como se dá essa atua-
traduz na ca- anos?
obra. A construção custaria, no JP – O acesso da população pacitação des- na cidade? ção regional da FOP?
novo prédio
também o meio de convênios e pelo papel talações e manter o nível de ex-
remos de mais dinheiro para fi- to na maioria das cidades? JP –
Sempre Sor- da universidade na comunida- celência em ensino e pesquisa.
nalizar a instalação dos equipa- Haiter – De uma maneira Quando o
rindo, que de. Recebemos visitas de coor- Cada vez mais os laboratórios
mentos, mas para isso também geral, as cidades estão procu- projeto come-
funciona denadores da área de odontolo- precisam receber equipamen-
estamos trabalhando em busca rando, por meio dos seus cen- ça a funcio-
desde 2000 em parceira entre a gia de outras cidades que co- tos e não temos área para isso.
de recursos. A previsão é de que tros de odontologia especializa- nar?
até o final deste ano tenhamos FOP, a prefeitura e empresa Bel- nhecem como fazemos o plane- Aumentar o espaço físico é um
da, aumentar esse atendimento, Haiter – O Pró-Saúde está
alguma resposta positiva sobre em fase de implantação. 2007 é o go. Crianças de sete a dez anos jamento para atendimento e le- grande desafio, juntamente com
mas ainda existe a limitação da
a liberação dos recursos. O pro- primeiro ano, quando estão sen- da rede municipal de ensino são vam os modelos para os seus a construção do Centro Clínico
mão-de-obra. Por isso estamos
jeto executivo prevê 90 consul- do comprados todos os equipa- atendidas de graça no nosso pré- municípios. Os pacientes de ci- Multidisciplinar. Outro desafio
colocando profissionais já qua-
tórios, salas e laboratórios de mentos e reestruturada a grade dio do Centro. São em torno de dades vizinhas que apresen- é manter nosso nível de excelên-
lificados, que estão se qualifi-
apoio, além de um anfiteatro. curricular do curso de gradua- 3.000 por ano. A prefeitura dis- tam problemas mais graves cia. Chegar ao topo tem um cus-
cando ainda mais, para reforçar
ção para que as atividades do ponibiliza o transporte, a Belgo vêm ser atendidos aqui. Além to, mas se manter nele o custo é
esse atendimento, completando
JP – A FOP atende hoje projeto sejam inseridas. A par- custeia o atendimento e a FOP disso, a FOP forma profissio- ainda maior. Mas isso eu confio
a estrutura de saúde da cidade.
cerca de 38 mil pacientes por tir de 2008, os alunos irão às entra com os equipamentos, re- nais em graduação, pós e espe- aos nossos professores pesqui-
ano entre as clínicas de gra- UBSs fazer atividades de pro- cursos humanos e a orientação cialização de todo o Brasil. Na sadores. É um desafio que va-
JP – O projeto Pró-Saúde
duação e especialização e em moção de saúde bucal, ensinan- aos alunos. As crianças saem graduação, menos de 5% dos mos conseguir alcançar por
também é parte deste reforço?
outros departamentos e ser- do a educação para a saúde. durante o horário de aula, são alunos são de Piracicaba. Te- causa da qualidade e da dedica-
Haiter – Certamente. O Pró-
viços. Com o novo prédio, Saúde vai equipar com todos os Com todos os equipamentos, atendidas e voltam para a esco- mos estudantes de todos os Es- ção do nosso corpo docente. Só
qual deve o ser o aumento no recursos necessários sete UBS alunos de terceiro e quarto anos la. Os recursos da Belgo também tados, inclusive os que vêm de quatro cursos de pós-graduação
número de atendimentos? (Unidades Básicas de Saúde) da já vão começar a atender esses custeiam o atendimento das outros países. no Brasil são considerados de
Haiter – Com o prédio, este rede municipal de Piracicaba e pacientes no prédio do Centro e crianças que precisam de trata- excelência. Três são da FOP: os
número aumentaria em 40%. O levar até elas alunos de gradua- nas unidades. O Pró-Saúde é de- mentos de maior complexidade. JP – A faculdade também de clínica odontológica, de esto-
novo prédio terá o objetivo de ção, orientados por professores, senvolvido em parceira entre a disponibiliza cursos de capa- matopatologia e de odontologia.
trabalhar com os alunos de pós- para atenderem a população em FOP e a Prefeitura de Piracica- JP – Quais outros servi- citação profissional? Ser de excelência significa ser
graduação, que são profissio- seu local de origem. O paciente ba e custeado com verba da ços oferecidos pela FOP à co- Haiter – No ano passado já comparado a qualquer curso in-
nais já formados que estão se não se deslocará à faculdade. OMS (Organização Mundial da munidade? tivemos e nesse ano teremos de ternacional.