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CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROJETO DE GRADUAÇÃO
VITÓRIA – ES
DEZEMBRO/2008
LOERCYO GUISSO ZORZAL
VITÓRIA – ES
DEZEMBRO/2008
LOERCYO GUISSO ZORZAL
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________
Prof. Dr. Wilson Correia Pinto de Aragão
Filho.
Orientador
___________________________________
Prof. Dr. Domingos Sávio Lyrio
Simonetti.
Examinador
___________________________________
Prof. Getúlio Vargas Loureiro, Ph. D.
Examinador
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que me deu orientação, força e saúde no decorrer desses seis
anos, fazendo com que eu alcançasse esse objetivo final que é a graduação.
Agradeço aos meus pais, Jurandi Zorzal e Renilza Guisso Zorzal pelo, sempre
presente, apoio aos meus estudos desde o jardim de infância.
Agradeço minha irmã Lorrayne Guisso Zorzal, pelo incentivo, apoio e
orientação em todos esses anos.
Agradeço a Nelice José Soares, uma pessoa muito importante na minha vida e
na vida da minha família.
Ao Prof. Wilson Correia Pinto de Aragão Filho, pela orientação.
A Waldyr Silveira Filho, Edson Rosetti e Marcos Meneghim, companheiros da
VALE, pela oportunidade de aprendizado e de crescimento profissional.
Aos meus amigos e familiares que direta ou indiretamente contribuíram para
que esse trabalho fosse realizado.
ii
LISTA DE FIGURAS
iii
Figura 26 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada
e livre, com interposição de superfície de separação física adequada........................68
Figura 27 - Malha de terra em subestação predial.....................................................70
Figura 28 - Dispersão de corrente por eletrodo.........................................................71
Figura 29 - Tensão de passo por raio........................................................................71
Figura 30 - Exemplo de Tensão de Referência. ........................................................72
Figura 31 - Campus de Goiabeiras da UFES. ...........................................................73
Figura 32 - Subestação do CT da UFES. ..................................................................74
Figura 33 - Porta Corta Fogo....................................................................................77
Figura 34 - Luminária de emergência modelo Aureolux da Aureon. ........................78
Figura 35 - Placa de Sinalização...............................................................................79
Figura 36 - Caixa Coletora de Óleo. ........................................................................80
iv
LISTA DE QUADROS
v
GLOSSÁRIO
Área Classificada – Região Explosiva.
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho.
CTTP - Comissão Tripartite Permanente.
FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e
Medicina do Trabalho.
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego.
NR – Norma Regulamentadora.
NBR – Norma Brasileira.
OIT – Organização Internacional do Trabalho.
SE’s – Subestação.
SEP – Sistema Elétrico de Potência.
Cobei – Comitê Brasileiro de Eletricidade.
Abracopel - Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da
Eletricidade.
Abradee – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.
Fundação COGE – Fundação Comitê de Gestão Empresarial.
ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A
GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho.
EPI - Equipamento de Proteção Individual.
EPC - Equipamento de Proteção Coletiva.
APT – Análise Preliminar de Tarefa.
PTE – Permissão para Trabalhos Especiais.
AT – Alta Tensão.
CT – Centro Tecnológico.
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo.
QQP – Quadro de Quantitativo e Preço.
Prontuário - sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de
informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.
vi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA....................................................................................................... I
AGRADECIMENTOS............................................................................................II
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... III
LISTA DE QUADROS ........................................................................................... V
GLOSSÁRIO......................................................................................................... VI
SUMÁRIO............................................................................................................VII
RESUMO................................................................................................................. X
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................11
2 NR 10 ...........................................................................................................12
2.1 Histórico Geral ..............................................................................................12
2.2 Ministério do Trabalho e Emprego ................................................................13
2.3 Conceito ........................................................................................................15
2.3.1 Considerações Iniciais ..........................................................................15
2.3.2 História da NR 10.................................................................................15
2.3.3 Objetivos que Nortearam a Atualização da NR 10................................16
2.3.4 Como foi a elaboração da Nova NR 10.................................................16
2.3.5 Como é o processo de revisão da Nova NR 10 .....................................16
2.3.6 Principais Aspectos da Nova NR 10 .....................................................17
2.3.6.1 Diretrizes Gerais......................................................................17
2.3.6.2 Diretrizes Relacionadas aos Projetos Elétricos.........................18
2.3.6.3 Diretrizes para Autorização de Trabalhadores em Eletricidade 18
2.3.6.4 Diretrizes ao Prontuário das Instalações Elétricas [9]...............20
2.4 Impactos e Contribuições...............................................................................21
2.5 Conclusões ....................................................................................................25
3 SUBESTAÇÕES .........................................................................................26
3.1 Definição.......................................................................................................26
3.2 Sistema Elétrico de Potência..........................................................................28
3.3 Subestações prediais ......................................................................................28
3.3.1 NBR 14039 ..........................................................................................29
vii
3.3.1.1 Histórico..................................................................................29
3.3.1.2 A norma “tampão”...................................................................30
3.3.2 Características ......................................................................................31
3.4 Conclusões ....................................................................................................34
4 CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA ............................................35
4.1 Choque Cultural ............................................................................................35
4.2 Adequação lenta ............................................................................................36
4.3 Choque elétrico .............................................................................................37
4.3.1 Choque por contato com circuito energizado ........................................38
4.3.2 Choque por contato com corpo eletrizado.............................................38
4.3.3 Choque por Descarga Atmosférica (raio)..............................................39
4.3.4 Limiar ..................................................................................................40
4.4 Estatísticas.....................................................................................................43
4.4.1 Introdução ............................................................................................43
4.4.2 Dados ...................................................................................................44
4.4.3 Fatos ....................................................................................................50
4.5 EPI e EPC......................................................................................................51
4.5.1 Das obrigações do empregador.............................................................52
4.5.2 Das obrigações do empregado ..............................................................52
4.5.3 Exemplos .............................................................................................54
4.5.3.1 EPC .........................................................................................54
4.5.3.2 EPI ..........................................................................................56
4.6 Conclusões ....................................................................................................57
5 NR 10 E SUBESTAÇÕES ..........................................................................58
5.1 Introdução .....................................................................................................58
5.2 Medidas de Controle......................................................................................59
5.2.1 Medidas de Controle de Risco Elétrico.................................................59
5.2.1.1 Instalações Energizadas ...........................................................59
5.2.1.2 Instalações Que Podem Vir a Ser Energizadas .........................60
5.3 Regras de Ouro..............................................................................................61
viii
5.3.1 Seis Regras de Ouro .............................................................................62
5.3.2 Cinco Regras de Ouro ..........................................................................62
5.4 Seccionamento ..............................................................................................63
5.4.1 Efeitos do Arco Elétrico .......................................................................63
5.4.2 Fatores que Influenciam a Formação do Arco Elétrico .........................64
5.4.3 Causas do Arco Elétrico .......................................................................65
5.5 Zona de Risco e Zona Controlada ..................................................................65
5.6 Aterramento...................................................................................................68
5.6.1 Tensão de Toque e de Passo .................................................................70
5.7 Conclusões ....................................................................................................72
6 ESTUDO DE CASO....................................................................................73
6.1 Setor de Estudo..............................................................................................73
6.2 Situação Atual ...............................................................................................74
6.3 Proposta de Melhoria.....................................................................................76
6.4 Custo .............................................................................................................80
6.5 Documentação Sugerida ................................................................................82
6.6 Conclusão do Estudo de Caso........................................................................82
7 CONCLUSÃO.............................................................................................83
APÊNDICE A.........................................................................................................84
APÊNDICE B.........................................................................................................86
APÊNDICE C.........................................................................................................87
APÊNDICE D.........................................................................................................89
APÊNDICE E.........................................................................................................91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................92
ix
RESUMO
x
11
1 INTRODUÇÃO
2 NR 10
2.3 Conceito
Como se pode observar, as Normas Regulamentadoras foram criadas em 1978;
ao longo dos anos algumas foram atualizadas e outras foram criadas. Hoje temos trinta
e cinco Normas Regulamentadoras mais cinco Normas Regulamentadoras Rurais.
Entre essas normas a Norma Regulamentadora de n° 10 (NR 10), é a norma que trata
de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
2.3.2 História da NR 10
No Final da década de noventa, o Governo, na figura do Ministério do
Trabalho e Emprego queria crescer com a imagem do Brasil frente ao mundo
globalizado, pretendendo passar a imagem de um país em desenvolvimento não só
econômico e tecnológico, mas também resguardando o capital humano. Por meio de
índices de acidentes no mercado de trabalho em específico: Geração de energia,
Siderurgia, Metalurgia, Distribuição de energia e Construção civil, foi evidenciado que
era o setor que mais vitimava pessoas e profissionais. Foi então estabelecida em 1998
uma meta para o governo na redução de acidentes elétricos em 40% até 2002. Muitas
ações emergenciais foram realizadas naquele momento. Eram ações de bloqueios
imediatos e de fiscalizações sem um aprofundamento mais técnico. Foi então que em
16
(CUT, CGT, SDS, Força Sindical); Representantes dos Empregadores (CNI, CNC,
CNT, CNA e CNB). [10]
Entrevista
Figura 2 - Joaquim Gomes Pereira, Engenheiro Eletricista e de Segurança no Trabalho, Auditor Fiscal do
Ministério do Trabalho e Emprego Coordenador do GTT-10 de atualização da NR 10.
2.5 Conclusões
Neste capítulo apresentou-se um breve histórico da NR 10, destacando fatos e
acontecimentos, partes integrantes, princípios, aplicações, contribuições e impactos,
além de uma entrevista feita ao Eng. Joaquim Gomes Pereira, um dos responsáveis
pela atualização da NR 10.
26
3 SUBESTAÇÕES
3.1 Definição
Uma Subestação é uma instalação elétrica de alta potência, contendo
equipamentos para transmissão, distribuição, proteção e controle de energia elétrica.
Funciona como ponto de controle e transferência em um sistema de
transmissão elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os
níveis de tensão e funcionando como pontos de entrega para consumidores industriais.
Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por
diversas subestações, onde os transformadores aumentam ou diminuem a sua tensão.
Ao elevar a tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda
excessiva de energia ao longo do caminho e faz com que o sistema possa transmitir
uma maior quantidade de energia. Já ao rebaixarem a tensão elétrica perto dos centros
urbanos, permitem a distribuição da energia por toda a cidade.
Apesar de mais baixa, a tensão utilizada nas redes de distribuição primária
ainda não está adequada para o consumo residencial imediato. A instalação de
transformadores menores reduz ainda mais a tensão da energia que vai diretamente
para as residências, comércios e outros locais de consumo. [11]
Têm-se no Brasil diversos modelos de subestações, sejam elas elevadoras ou
abaixadoras de tensão. Podem ser desprotegidas ao tempo, chamadas de subestação
desabrigada, conforme figura 3. Podem ser protegidas do tempo, chamadas de
subestações abrigadas, em alvenaria ou no interior de cubículo metálico (invólucro
metálico), conforme figura 4, ou até mesmo constituídas apenas, por um transformador
instalado no topo do poste, conforme figura 5. Para que se possa melhor entender, tem-
se a seguir uma breve descrição do SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) do
país.
27
3.3.1.1 Histórico
No Brasil, as instalações elétricas de média tensão, permaneceram durante
décadas com a mesma norma, sem nenhuma revisão. A história da norma de média
tensão começa com a NB 79 – Execução de instalações elétricas de alta tensão de 0,6 a
15 kV, publicada em 1967. Contudo, essa norma foi elaborada com os conhecimentos
da década de 60 e tendo como pano de fundo um Brasil isolado do resto do mundo, do
ponto de vista tecnológico. A norma refletia a necessidade do país na época, de
padronizar a execução de instalações de 0,6 a 15 kV. A NB 79 não contemplava, em
nenhuma parte de seu texto, a atividade de projeto.
Essa norma foi utilizada por todas as concessionárias de energia elétrica para
balizar seus padrões de postos de entrada em distribuição primária. Sem revisões que
lhe permitissem adequar-se às novas tecnologias dos equipamentos e incluir a
atividade de projeto em seu escopo, a NB 79 deixou de ser consultada pelos
profissionais de instalações elétricas de média tensão. Assim, os padrões das
concessionárias passaram a balizar de fato, e não de direito, quase todos os projetos de
instalações de média tensão no Brasil, com exceção dos projetos feitos pelas grandes
empresas de engenharia, que tinham acesso a normas estrangeiras.
Por essa razão, a NB 79 foi cancelada em janeiro de 1996. Mas como esse
cancelamento se deu sem substituição, isto é, sem que uma nova versão ocupasse o
lugar da norma cancelada, criou-se assim um vácuo legal. Havia os padrões das
concessionárias, mas eles não têm valor para assegurar a qualidade mínima exigida,
deixando os projetistas e instaladores sem respaldo legal no desempenho de suas
30
funções. Portanto, tornava-se necessário elaborar uma nova norma de média tensão.
[12]
3.3.2 Características
Tem-se como o objetivo principal deste trabalho, a segurança. No entanto para
que se possa obter um mínimo de segurança desejado para as pessoas envolvidas com
eletricidade, e que precisam, de alguma forma, acessar uma subestação é necessário
um conjunto de regras na construção dessas subestações.
Uma subestação particular abrigada e que não faz parte integrante da
edificação, deve seguir as seguintes condições definidas pela ESCELSA.
a) ser construída com paredes de alvenaria, com teto e piso em concreto armado, para
qualquer potência de transformador, até o limite previsto nesta Norma e apresentar
características definitivas de construção;
b) ter porta metálica e abrir para fora, conforme figuras 6 e 7;
c) ter o teto impermeabilizado e inclinação mínima de 2% de modo a evitar o
escoamento de água sobre os condutores de 15 KV;
d) possuir sistema de iluminação artificial;
e) como medida de segurança, recomenda-se prever sistema de proteção contra
incêndio;
32
Fonte: NOR-TEC-01
33
Fonte: NOR-TEC-01
3.4 Conclusões
No presente capítulo destaca-se que uma subestação é um conjunto de
condutores, aparelhos e equipamentos destinados a modificar as características da
energia elétrica, permitindo a sua distribuição aos pontos de consumo em níveis
adequados de utilização. A subestação denominada particular é aquela construída em
propriedade particular suprida através de alimentadores de distribuição primários, que
atendem os pontos finais de consumo.
35
do País. Mais de três anos depois da segunda revisão da Norma e um ano após a
expiração do prazo para adequação, muitas empresas ainda caminham a passos lentos
para a adaptação à NR 10. [13]
A eletricidade tem grande potencialidade para causar danos de gravidade
elevada, desde uma simples contração muscular, seqüelas graves, queimaduras
profundas, parada cardíaca e até óbito, conforme item 4.3 deste trabalho.
Fonte: http://oquesefaz.files.wordpress.com/2008/02/raio_cristo_redentor.jpg
[Capturado em setembro de 2008]
40
4.3.4 Limiar
O corpo humano começa a perceber a passagem de corrente elétrica a partir de
1 mA. Essa sensação de percepção é chamada de Limiar de Sensação da corrente. No
entanto quando se toca um objeto energizado, o cérebro emite sinais elétricos para a
mão para que ela solte esse objeto, isso se dá de forma rápida e instantânea. Contudo, a
corrente alternada entre 9 e 23 mA para os homens e 6 a 14 mA para as mulheres,
excita os nervos, provocando contrações musculares permanentes, e impede que a
pessoa possa se soltar do circuito. A esse processo dá-se o nome de Limiar de Não
Largar.
Para valores acima de 100 mA, ocorre o Limiar de Fibrilação Ventricular,
podendo causar:
• Queimaduras;
• Parada respiratória;
• Fibrilação ventricular;
• Morte cerebral;
Sensação cada
vez mais
desagradável à
medida que a
1a9 Normal Desnecessário Normal
intensidade
aumenta.
Contrações
Musculares
41
Sensação
dolorosa.
Contrações Respiração
9 a 20 Morte aparente Restabelecimento
violentas; artificial
perturbações
circulatórias.
Sensação
insuportável;
contrações
violentas; asfixia;
Respiração Restabelecimento ou
20 a 100 perturbações Morte aparente
artificial morte.
circulatórias
graves, inclusive
fibrilação
ventricular.
Asfixia imediata;
Acima de 100 fibrilação Morte aparente Muito difícil Morte
ventricular.
Asfixia imediata;
Morte aparente Praticamente
Vários ampéres queimaduras Morte
ou imediata impossível
graves.
Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.
Característica
Código da pele Classificação Aplicações e exemplos
da pele
Circunstâncias nas quais a
BB1 Elevada Condições Secas pele está seca (nenhuma
umidade inclusive suor)
Passagem da corrente
elétrica de uma mão à
outra ou a um pé, com a
Condições pele úmida (suor) e a
BB2 Normal
úmidas superfície de contato sendo
significativa (exemplo, um
condutor está seguro
dentro da mão).
Passagem da corrente
elétrica entre duas mãos e
dois pés, estando as
Condições
BB3 Fraca pessoas com os pés
Molhadas
molhados a ponto de se
poder desprezar a
resistência da pele dos pés.
Pessoas imersas na água,
Condições
BB4 Muito fraca por exemplo, em banheiras
imersas
ou piscinas.
Fonte: Mazza, Instituição. Apostila NR 10 Comentada, 2008.
Quadro 4 - Chances de salvamento.
4.4 Estatísticas
4.4.1 Introdução
Estimulada por negligência ou ignorância, a falta de segurança alimenta as
estatísticas sobre acidentes, mortes e explosões causados por energia elétrica no Brasil.
O coordenador geral da área de segurança envolvendo eletricidade do MTE,
Joaquim Gomes Pereira, se baseia em estatísticas do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) em paralelo com dados de acidentes em outros países, para obter um
número mínimo de ocorrências com eletricidade no Brasil.
A última estatística divulgada pelo INSS, referente ao fechamento de 2006,
relata 2718 mortes em todo o território nacional, provocadas por acidentes de trabalho.
“Com base nas estatísticas de outros países, em que a energia elétrica envolve de 18%
a 20% desses acidentes de trabalho, podemos dizer que cerca de 550 mortes foram
causadas por energia elétrica”, estima Pereira.
Na verdade esse número na prática é ainda maior, visto que o cálculo
considera apenas o número de profissionais registrados no INSS, que hoje representam
apenas 38% da massa trabalhadora nacional - 62% não participam da estimativa de
Pereira. A partir de 1990, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
(Abradee) e a Fundação COGE iniciaram a implementação de uma coleta de dados de
acidentes da população, relacionadas com a rede elétrica das concessionárias. A última
análise divulgada, referente ao período de 2001 a 2006, mostra uma média anual de
986 pessoas acidentadas, sendo 324 fatais.
Mas segundo o presidente da Abracopel, o engenheiro eletricista Edson
Martinho, a maior porcentagem das estatísticas não apresenta a fonte especificada,
visto que nos hospitais brasileiros não se identifica o fator causador do óbito, apenas o
que aquela causa determinou ao indivíduo. “Se a pessoa estava tomando banho e
recebeu um choque elétrico (a causa) e, por isso, teve uma parada cardíaca
(conseqüência da causa) e morreu, em seu atestado de óbito aparecerá morte por
parada cardíaca. É por isso que os números registrados, com certeza, devem ser
dezenas de vezes maior”, explica. [13]
44
4.4.2 Dados
As Centrais Elétricas Brasileiras S.A – ELETROBRÁS, em prol dos seus
trabalhadores, dos contratados, usuários, acionistas e da população em geral, mantêm
uma parceria com a Fundação COGE, com o objetivo de consolidar um Relatório
Anual de Estatísticas de Acidentes no Setor de Energia Elétrica. Este importante
documento, destinado à utilização pelas empresas do Grupo ELETROBRÁS e demais
empresas do setor, constitui-se numa importante ferramenta de segurança e da saúde
no trabalho, possibilitando o estabelecimento de prioridades nas ações efetivas para a
prevenção de acidentes e de doenças trabalhistas.
A Fundação COGE vem sendo contratada desde julho de 2000 pela Eletrobrás,
para dar continuidade às atividades inerentes às Estatísticas de Acidentes do Trabalho
no Setor Elétrico Brasileiro, sucedendo o GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão
de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, nessa área.
Têm-se no quadro 5 dados divulgados em junho do presente ano (2008),
relativo ao ano de 2007. O índice de acidentes típicos refere-se a acidentes causados
nas próprias empresas responsáveis pela geração ou distribuição da energia. O índice
de trajeto refere-se aos acidentes ocorridos durante o transporte ao local do serviço. O
índice das contratadas apresenta o número de acidentes ocorridos com as empresas
terceiras e o índice população refere-se à população em geral, ou seja, pessoas que não
pertencem à área técnica, mas que foram vítimas de acidentes. Para exemplificar
houve 3 acidentes com contratadas do setor de Geração e Transmissão e 56 acidentes
com contratadas do setor de Distribuição, totalizando, no ano de 2007, 59 acidentes
fatais com contratadas no setor de energia.
45
Quadro 5 - Índice de Acidentes Fatais de 2007.
Devido a esses e outros estudos feitos no decorrer dos anos a Fundação COGE
elaborou uma pirâmide do Setor Elétrico Brasileiro, conforme mostra o quadro 9.
Observa-se que para cada acidente fatal ocorreram 36.300 atos e/ou condições
inseguras. Tais acidentes podem ser evitados com o cumprimento de procedimentos
técnicos de trabalho, como: planejamento, supervisão, descrição da atividade de
execução, que será apresentado com maiores detalhes no capítulo 5 deste trabalho.
4.4.3 Fatos
É lamentável abrir o jornal e ler mais uma notícia envolvendo acidente com
eletricidade, mas o fato ocorre. Para conhecimento, o quadro 10 mostra um exemplo
de como é feita a análise do acidente por parte das empresas e o quadro 11 uma
reportagem jornalística divulgada recentemente.
Quadro 10 - Exemplo de análise de acidente.
Função Tipo de acidente Descrição do acidente
Ao abrir porta e grade de um
disjuntor na UHE, por iniciativa
própria, uma vez que a sua
Exposição à energia elétrica, alta atividade seria a de atenuação de
Serviços de operação.
tensão. um alarme no piso de turbinas,
ultrapassou a distância de
segurança, causando descarga
elétrica.
Quando da conexão do cabo
elétrico da bobina de bloqueio da
Inspeção / Manutenção Linhas de Exposição à energia elétrica, alta fase A (alfa), o cabo de
Transmissão. tensão. aterramento foi desconectado deste
cabo elétrico, provocando choque
por indução elétrica no empregado.
Após conclusão de tarefa e retirada
do aterramento temporário, ficou
por alguns instantes conversando
Serviço Ligação Exposição à energia elétrica, alta no alto do poste e, no momento de
de Consumidores. tensão. descer, ao ajustar um jumper, tocou
na rede de AT, que fora energizada
por terceiro, sofrendo uma
descarga elétrica.
4.5.3 Exemplos
4.5.3.1 EPC
Aterramento Temporário
Quando se trabalha em rede desenergizada é feito o aterramento temporário
nas linhas com o objetivo de evitar acidentes que possam ser causados por uma
eventual e indevida energização por um fator aleatório qualquer. Tem-se, portanto que
o simples desligamento da linha não garante a total segurança do eletricista e o
aterramento é de fundamental importância para a realização dos trabalhos com
segurança, conforme exemplificado pela figura 14. [9]
Detector de Tensão
Para que o eletricista possa realizar um aterramento temporário na linha, este é
obrigado a realizar previamente um teste de ausência de tensão, confirmando que a
chave ou o equipamento responsável por abrir o circuito realmente atuou e que não
haverá tensão presente na linha. A figura 15 apresenta dois modelos de detectores de
tensão. [9]
55
Travas e Bloqueadores
Dentre os EPC apresentados, as travas e os bloqueadores (Ver figura 16) com
certeza são os de maior uso e rotina em subestações, e de grande importância. Esses
equipamentos são compostos de chaves com cartão de identificação, geralmente
dizendo o motivo do bloqueio e o responsável pelo bloqueio, informações estas de
extrema importância, pois geralmente nas grandes empresas ocorrem trocas de turno
de pessoal, evitando assim informações incompletas para a nova equipe do turno e até
mesmo possíveis acidentes. [9]
4.5.3.2 EPI
Existem diversos modelos e tipos de EPI. Para efeito de conhecimento seguem
os mais comuns e algumas ilustrações.
4.6 Conclusões
Os destaques deste capítulo foram os números apresentados referentes às
estatísticas de acidentes. Acredita-se que a empresa de referência deve apontar para a
garantia da redução dos índices de acidentes de trabalho, com metas graduais tendo em
vista a meta de acidente zero. Deve objetivar o aperfeiçoamento tecnológico e a
melhoria das redes já instaladas e deve considerar a qualificação e o treinamento
constante dos trabalhadores, próprios e/ou terceirizados, como forma de aumentar a
qualidade do serviço prestado e diminuir o número de acidentes, fato este obrigatório,
segundo a NR 10.
58
5 NR 10 e SUBESTAÇÕES
5.1 Introdução
O objetivo deste trabalho é abordar os itens práticos do dia a dia dos serviços
com eletricidade e propor formas corretas de execução com segurança. O presente
capítulo compara itens e procedimentos em subestações elétricas com a NR 10.
Os trabalhos no SEP podem ser divididos em:
Construção;
Manutenção com rede energizada ou não, à distância ou a contato
direto;
Operação;
Medição (corte, religação, etc)...
Com essas informações, tem-se a definição do item 10.1 da norma, que trata
do Objetivo e do Campo de Aplicação acima citado.
59
De origem elétrica;
De queda;
De ambientes confinados;
No transporte e com equipamentos;
De ataque de insetos e de animais peçonhentos;
De área classificada;
De umidade;
Ocupacional.
5.4 Seccionamento
O seccionamento é o ato de promover a descontinuidade elétrica de um
circuito ou equipamento, mediante o acionamento de um dispositivo apropriado para
este fim. No caso de seccionamento em subestações, inclusive subestações prediais,
dependendo das características dos equipamentos e dos níveis de tensão e corrente
presentes no circuito, pode haver arco elétrico. Chama-se de arco elétrico a corrente
que circula através do ar ou de um material isolante, após vencer a resistência de
isolamento, assim a região deixa de ser isolante e passa a conduzir eletricidade. A
figura 23 mostra uma seqüência na formação desse arco, primeiro têm-se a chave
fechada funcionando normalmente, mas durante a sua abertura é gerado uma centelha
caracterizando o arco elétrico.
Em subestações prediais deve-se ter cuidado com esse tipo descarga elétrica,
visto que esta produz calor que pode causar queimaduras de segundo ou terceiro graus.
O arco elétrico, provocado pelo seccionamento de chaves e disjuntores de subestações,
possui energia suficiente pra queimar roupas e provocar incêndios, além de emitir
vapores e raios ultravioleta. [9]
Considere-se também o cuidado com ferramentas que podem ser atraídas pelo
campo magnético e provocar acidentes.
Atenta a estes fatos a NR 10 traz, no ANEXO II (Ver quadro 13) de seu texto,
uma tabela de raios de delimitação de três zonas: de risco, controlada e livre (figura
25). Essa tabela serve de referência, como por exemplo, nas medidas que um projetista
deve considerar na hora de construir o layout de uma subestação predial levando em
consideração distâncias necessárias para acomodar o transformador, as chaves e o
painel elétrico de acordo com a tensão de funcionamento, limitando assim a zona de
risco e minimizando a ocorrência de acidentes.
Fonte: NR 10
67
Fonte: NR 10
Figura 26 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de
superfície de separação física adequada.
Fonte: NR 10
5.6 Aterramento
O texto da NR 10 cita em seus diversos itens e subitens a palavra aterramento.
Tem-se no aterramento das instalações elétricas mais um procedimento de segurança, e
nas subestações isso não é diferente. O objetivo do aterramento é prover um sistema
ou instalação elétrica de um potencial de referência e um caminho de baixa
impedância para a corrente de falta.
A norma que trata das Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0 kV a 36,2
kV, é a NBR 14039:2003; portanto os projetos de subestações de acordo com a NR 10
deverão atender também à NBR 14039, que diz o seguinte:
Norma NBR 14039 item
6.4 Aterramento e condutores de proteção
6.4.1 Generalidades
6.4.1.1 As características e a eficácia dos aterramentos devem satisfazer as
prescrições de segurança das pessoas e funcionais da instalação.
69
Fonte: MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed.
LTC
Fonte: MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed.
LTC
72
5.7 Conclusões
Destaca-se neste capítulo a abordagem da NR 10 em subestações, atentando
especificamente para subestações prediais, tendo em vista as medidas de controle
adotadas para um trabalho seguro. É importante repetir a grande utilidade e a
eficiência na adoção das Regras de Ouro, dos conceitos de Zonas Controlada e Livre,
causas e efeitos do arco elétrico e a importância de um aterramento bem projetado para
o sucesso das instalações.
73
6 ESTUDO DE CASO
Fonte: http://www.folhauniversitaria.blogspot.com
[Capturado em Novembro de 2008]
iii. Troca dos painéis existentes, por painéis que permitam bloqueio e
possuem proteção interna das partes metálicas, como por exemplo,
proteção de acrílico, de acordo com o item 10.4.1 da NR 10;
iv. Não armazenar nenhum tipo de material, seja elétrico ou não, que não
esteja em funcionamento e que não faça parte da subestação, em seu
interior;
Comentário: outro tipo de material armazenado dentro de subestação é
comum em prédios residenciais, por exemplo, vassouras e restos de tintas,
materiais estes inflamáveis e que podem contribuir para um possível
incêndio.
v. Idem item iv;
vi. Colocar rótulos identificadores nos circuitos, disjuntores e nas portas
dos painéis, identificando-os, conforme itens 10.3 e 10.10.1 da NR 10.
vii. Idem item vi;
viii. Disponibilizar o esquema unifilar atualizado do projeto elétrico da
subestação em local visível e de fácil acesso, conforme itens 9.1.10 da
NBR 14039 e 10.3.7 da NR 10;
Comentário: geralmente o unifilar fica atrás da porta principal, armazenado
em suporte próprio.
78
Fonte: NOR-TEC-01
Notas: 1 – Os dizeres da placa: PERIGO ALTA TENSÃO e o símbolo
representativo de descarga elétrica serão em cor vermelha.
2 – A placa será branca e o símbolo de “caveira”, será em cor preta.
3 – Material chapa n° 18 (1,27mm).
4 – As cotas são em milímetros.
Fonte: NOR-TEC-01
Notas: 1 - Fundo da caixa de pedra britada ou concreto impermeável caso haja
infiltração.
2 – Sugere-se a construção de um sifão (corta chama) no tubo que liga a
área do transformador à caixa.
xiii. Instalar tela metálica sustentada com mourões e com portão e cadeado
ao redor da subestação.
6.4 Custo
O quadro 14 apresenta uma estimativa do custo previsto para solucionar os
problemas dos tópicos abordados no item 6.3 deste trabalho. Os custos apresentados
baseiam-se em pesquisas de preço no mercado da Grande Vitória e em Quadros de
81
Preço
Item Descrição Unidade Quantidade
(R$)
i Fornecimento de cadeado Papaiz 50mm. Peça 2 51,92
Fornecimento e montagem de porta corta fogo,
constituída de chapas duplas e alma de amianto,
ii com duas folhas e dispositivo para fechamento a Peça 1 1.311,25
cadeado, com dimensões (200x210) cm
construída de acordo com a EB-132 da ABNT.
Quadro em chapa para 40 disjuntores com chave
geral e barramento, com porta e contraporta,
iii Peça 1 2.244,20
inclusive montagem e fornecimento dos
disjuntores.
iv Ver item xiv - - -
v Ver item xiv - - -
vi Ver item xv - - -
vii Ver item xv - - -
viii Projeto de instalações elétricas. Verba 1 1.507,10
ix Ver item viii - - -
Fornecimento e instalação de conjunto,
x extintores mais luminária de emergência, com Peça 2 1.295,75
autonomia mínima de 2 horas.
Placa de advertência com a inscrição "Perigo -
xi Peça 3 150,00
Alta Tensão".
Reparo da caixa coletora de óleo com
fornecimento, preparo e aplicação de concreto
xii Verba 1 371,79
Fck=30 Mpa - (5% de perdas já incluído) mais
aplicação de manta impermeável.
Fornecimento e instalação de alambrado em tela
de arame com mourões de concreto armado
#2x2”, mais portão estruturado em tubo de ferro
xiii Verba 1 4.363,01
galvanizado ø 2", fechamento em tela
galvanizada n° 12, malha 2", revestida com
PVC.
Retirada de entulho em caçamba estacionária,
xiv Verba 1 195,43
capacidade de 5,00 m³, inclusive carga.
TOTAL 11.790,45
Quadro 14 - Custo.
82
7 CONCLUSÃO
APÊNDICE A
APÊNDICE B
Quadro 17 - Análise Preliminar de Tarefa.
87
APÊNDICE C
APÊNDICE D
Quadro 20 - Permissão para Trabalhos Especiais.
90
APÊNDICE E
Fonte: NOR-TEC-01
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[4] MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7.ª ed. Ed. LTC.
[11] Subestação.
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Subesta%C3%A7%C3%A3o
[Capturado em setembro de 2008]