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P ro g ra m a P IR P A L O P II
P ro je cto
A P O IO A O D E S E N V O L V IM E N T O D O S S IS T E M A S
JU D IC IÁ R IO S
N º ID E N T IF IC A Ç Ã O : R E G /7901/014
N ° C O N T A B IL ÍST IC O : 8 A C P M T R 4 * 8 A C P T P S 123
A C O R D O D E F IN A N C IA M E N T O : 6459/R E G
F o rm a çã o co n tín u a p a ra M a g istra d o s
A ssistên cia técn ica d o IN A co m ap o io cien tífico e p ed ag ó g ica d o C E J
M AN UAL D E CURSO
V o lu m e 5 A C E J – Á re a te m á tica 6
(te x to -b a se )
C O -F IN A N C IA M E N T O
C O M IS S Ã O E U R O P E IA GOVERNO PORTUGUÊS
F u n d o E u ro p e u d e D e se n v o lv im e n to In stitu to P o rtu g u ê s d e A p o io a o D e se n v o lv im e n to
5 ,0 M ilh õ es d e E u ro 1 ,1 M ilh ã o d e E u ro
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários
(no âmbito do Programa PIR PALOP II - VIII FED)
Formação contínua para Magistrados dos PALOP
ÁREA TEMÁTICA 6
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
ÍNDICE
Índice ................................................................................................................... 2
I. Formas e Pressupostos da Responsabilidade Aquiliana................ 3
1 - Responsabilidade por factos ilícitos..................................................... 3
2 – Responsabilidade pelo risco.................................................................. 4
3 – Responsabilidade por factos lícitos...................................................... 5
4 – Pressupostos da Responsabilidade...................................................... 6
II. Da Obrigação de Indemnizar................................................................. 20
1 – Espécies da danos ressarcíveis.............................................................. 20
2 – Fixação da indemnização por danos patrimoniais e por danos
21
não patrimoniais...........................................................................................
3 – Prescrição................................................................................................. 27
4 – Análise de situações práticas................................................................. 30
Bibliografia........................................................................................................... 31
1
Pessoa Jorge; Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade civil; 34
2
François de Fontette; Les Grandes Dates du Droit; 13
3
Menezes Cordeiro; Direito das Obrigações, 2º vol.; 263
«Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou
qualquer disposição legal destinada a proteger Interesses alheios fica obrigado a
indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação».
Uma das áreas mais sensíveis e que constituiu um dos motores desta
alteração foi a dos acidentes de trabalho.4
4
Menezes Cordeiro; Direito das Obrigações, 2º vol.; 263
Muito embora a lei não tenha regulado, em termos gerais, este tipo de
responsabilidade, o Código Civil e a legislação avulsa apresentam
numerosos exemplos, tratados atomisticamente mas, no que agora nos
ocupa, integrando um conjunto de situações unificáveis sob a ideia
comum de admissão da lesão (logo, lícita) da propriedade alheia sob
cominação do ressarcimento dos danos produzidos.7
5
Menezes Cordeiro; Direito das Obrigações, 2º vol.; 263
6
Almeida Costa; Direito das Obrigações; 592
7
Almeida Costa; Direito das Obrigações; 593
«Logo que venham a padecer danos com as obras feitas, os proprietários vizinhos
serão indemnizados pelo autor delas, mesmo que tenham sido tomadas as
precauções julgadas necessárias»;
4 - Pressupostos da responsabilidade
8
Pessoa Jorge; Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade civil; 55
9
Menezes Cordeiro; Direito das obrigações, 2º vol.; 281
10
Vaz Serra; Requisitos da responsabilidade civil, B.M.J., nº 92; 39
- o facto,
- a ilícitude,
- a imputação do facto ao agente,
- o dano, e
- o nexo de causalidade entre o facto e o dano.
Facto
O elemento primeiro que terá que existir, para que se possa imputar a
alguém a responsabilidade por um facto ilícito, é a ocorrência do próprio
facto.
O facto, para estes efeitos, deverá ser uma conduta humana e voluntária,
no sentido de controlável pela vontade do agente.
11
Antunes Varela; Das obrigações em geral, Vol. I; 528
«Ora, desde que (a) aludid(a) «baby-sitter», com a celebração do contrato nulo,
não só exclu(iu) o recurso a outro meio para obstar à produção do resultado
danoso – gerando uma relação de confiança -, mas também se encontrava na
posição de, sem riscos pessoais, ser(em) a única em circunstâncias de evitá-lo,
parece igualmente de defender a sua responsabilização nos termos do arte
486.°».12
Ilícitude
12
Almeida Costa; Direito das obrigações; 503
13
Almeida Costa; Direito das obrigações; 506
Acontece, por vezes, que essa violação se encontra abrangida por uma
causa justificativa, a qual afasta a ilícitude do facto voluntário.
Porém, sempre terá que ser considerada a regra vazada no artigo 335º do
código, a saber, que
14
Antunes Varela; Das obrigações em geral, Vol. I; 553
«É lícita a acção daquele que destruir ou danificar coisa alheia com o fim de
remover o perigo actual de um dano manifestamente superior, quer do agente,
quer de terceiro».
15
Antunes Varela; Das obrigações em geral, Vol. I; 554
16
Almeida Costa; Direito das obrigações; 514
«O acto lesivo dos direitos de outrem é lícito, desde que este tenha consentido na
lesão».
O dolo, por sua vez, pode assumir três categorias distintas: o dolo directo,
o dolo necessário e o dolo eventual.
17
Antunes Varela; Das obrigações em geral, Vol. I; 525
18
Almeida Costa; Direito das obrigações; 524
19
Almeida Costa; Direito das obrigações; 524-525
20
Almeida Costa; Direito das obrigações; 525
21
Almeida Costa; Direito das obrigações; 524
Dano
Não olvidemos, porém, que um facto pode causar não só as duas espécies
de dano, como pode acontecer que de um dano não patrimonial resultem
prejuízos avaliáveis pecuniariamente, os chamados danos patrimoniais
indirectos.
Estes, por sua vez, poderão ser certos ou eventuais, conforme a sua
realização seja segura ou meramente provável.
Isto é, nem todos os danos que sobrevêm ao facto ilícito e culposo são
consequência deste.
22
Almeida Costa; Direito das obrigações; 537
23
Almeida Costa; Direito das obrigações; 695
A condição adequada será sempre uma condição “sine qua non” mas, de
entre todas estas, sê-lo-á, apenas, aquela que, em abstracto, «fundada nos
conhecimentos médios», 26 e segundo o curso esperável dos acontecimentos,
será a produtora do resultado.
Porém, e para que este critério responda ao que dele se exige quanto à
eleição da condição causal, não basta que atentemos nas circunstâncias
cognoscíveis por um bom pai de família no momento da prática do acto
ilícito e culposo, mas impõe-se que consideremos também as
circunstâncias realmente conhecidas do agente.
26
Pessoa Jorge; Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade civil; 392
27
Antunes Varela; Das obrigações em geral, vol. I; 890-891
28
Almeida Costa; Direito das obrigações; 701
«Quem no seu próprio interesse utilizar quaisquer animais responde pelos danos
que eles causarem, desde que os danos resultem do perigo especial que envolve a
sua utilização».
29
Pessoa Jorge; Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade civil; 385
30
Pessoa Jorge; Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade civil; 386
A certeza remete para a ideia de que não pode ser ressarcido o prejuízo
que seja meramente possível ou eventual. É necessário, para que o dano
seja reparável, que este seja seguro ou, no mínimo, provável de acordo
com a normal e previsível evolução dos acontecimentos posteriores ao
facto ilícito (ou, pelo menos, posteriores ao momento em que se procede à
avaliação).
31
Almeida Costa; Direito das obrigações; 534
32
Almeida Costa; Direito das obrigações; 705
33
Almeida Costa; Direito das obrigações; 711
34
Antunes Varela; Das obrigações em geral, vol. I; 907
«Se não puder ser averiguado o valor exacto dos danos, o tribunal julgará
equitativamente dentro dos limites que tiver por provados».
35
Rigorosamente não se trata de uma excepção à teoria da diferença enquanto critério de determinação do
dano, uma vez que a ela se tem de recorrer para determinar que a indemnização se fixe em montante
inferior mas uma excepção à regra da compensação de todos os danos produzidos.
36
Almeida Costa; Direito das obrigações; 714
Se tal reparação não ocorrer, por ser impossível, não cobrir todos os
prejuízos ou ser excessivamente gravosa para o obrigado, proceder-se-á
ao ressarcimento por equivalente, recorrendo à teoria da diferença, sem
prejuízo das situações excepcionais previstas legalmente, nomeadamente
as que remetem o julgador para a decisão com fundamento em critérios
de equidade.
«…o argumento é sério, mas não convence. Dificuldade análoga suscita o cálculo
de certos danos patrimoniais indirectos (como o prejuízo sofrido pelo médico ou
pelo advogado com a calúnia ou a injúria, que afectou sensivelmente a sua
clientela) e nunca se duvidou da sua ressarcibilidade».39
39
Antunes Varela; Das obrigações em geral, vol. I; 604-605
«Por morte da vítima, o direito à indemnização por danos não patrimoniais cabe,
em conjunto, ao cônjuge não separado judicialmente de pessoas e bens e aos
filhos ou outros descendentes; na falta destes, aos pais ou outros ascendentes; e,
por último, aos irmãos ou sobrinhos que os representem»
«…no caso de morte, podem ser atendidos não só os danos não patrimoniais
sofridos pela vítima, como os sofridos pelas pessoas com direito a indemnização
nos termos do número anterior».
3 - Prescrição
Vejamos:
«Se o facto ilícito constituir crime para o qual a lei estabeleça prescrição sujeita a
prazo mais longo, é este o prazo aplicável».
44
Antunes Varela; Das obrigações em geral, vol. I; 629
BIBLIOGRAFIA