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RESENHA O ALIENISTA

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ASSIS, Machado de. O Alienista. Publicação eletrônica. Nead Universidade da Amazônia 2001.
Resumo:
O livro narra a trajetória do médico Dr. Simão Bacamarte e seus estudos da psiquiatria levados a cabo na Casa de
Orates da cidade de Itaguaí.
Ao regressar de seus estudos na Europa, o Dr. Simão Bacamarte consegue apoio da câmara de vereadores para
inaugurar um hospício, internando primeiramente os sabidamente acometidos de insanidade.
À medida que seus estudos avançam, o médico sente necessidade de ampliar o grupo de estudos, e interna
pessoas que eram tidas pela sociedade como sãs, embora tivessem algum traço discutível (ganância,vaidade,etc.). A esta
altura, o prestígio do Alienista diminui ao passo que a população questiona as razões que levam aos internamentos.
Neste ponto, a população faz um apelo à câmara de vereadores, que se recusa a intervir em problemas de ciência.
Isto faz com que ecloda uma revolução, com intuito de destituir o Dr. Bacamarte e fechar a na Casa Verde. Uma vez tomado
o poder, o barbeiro Porfírio, líder da revolução, demonstra que suas verdadeiras intenções não eram destituir o Alienista,
mas sim assumir o governo.
Assim, os estudos e as internações continuam até que o Dr. Simão Bacamarte decide que todos os pacientes
devem ser liberados porque os realmente insanos eram aqueles que não apresentavam nenhum desequilíbrio das faculdades
mentais. O tratamento para estes enfermos foi o de subverter sua perfeição moral que excedesse às outras. Com esta linha
de tratamento voltou a ser estimado pela sociedade de Itaguaí, e antes mesmo do prazo estipulado pela câmara para o
término desta experiência, já estavam todos curados.
Finalmente, o Alienista volta-se ao estudo de si mesmo, encerrando-se na Casa Verde, para estudar-se e curar-se.
O Dr. Simão Bacamarte morre 17 meses depois sem ter podido alcançar nada e é enterrado com todas as honras.
Conceitos básicos:
a) sociedade altamente influenciável “Mas a prova mais evidente da influência de Simão Bacamarte foi a docilidade
com que a Câmara lhe entregou o próprio presidente” (p.25);
b) dificuldade de estabelecer uma divisão clara entre o sano e o insano: “Nada tenho que ver com a ciência; mas,
se tantos homens em quem supomos são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?” (p.18).
Argumentos defendidos pelo autor:
O autor preconiza que o limiar da insanidade é mutável para o ciêntista, quando inicialmente o Dr. Simão
Bacamarte considera loucos os sabidamente insanos, depois os que apresentam pequenos desvios de conduta, para então
considerar os que apresentam equilíbrio, e finalmente a si mesmo.
Outro ponto claro é a crítica às revoltas que muitas vezes somente restabelecem o poder em novas mãos, sem
nunca terem tido a intenção de atender as necessidades dos oprimidos, mas servindo ao oportunismo dos líderes para
suprirem suas próprias necessidades.
Finalmente, um ponto importante é o posicionamento da câmara de vereadores, que se vê no direito de legislar
sobre a instalação da Casa de Orates, porém não sobre as internações, salvo quando para se exonerarem das mesmas.
Perguntas e Respostas:
Como se justifica que após a revolta que não fechou a Casa Verde e após a decisão de internar os sãos para estudo o
prestígio do Alienista foi restaurado?
O autor retrata a sociedade como altamente influenciável e com uma memória curta para as falhas daqueles que
prestigiam, mesmo quando não concordam com as decisões dos indivíduos influentes. A sociedade endossa
aquilo que não compreende e aquele que detém o conhecimento é colocado em um altar. O interessante é que
este é um fenômeno que não está restrito à sociedade de Itaguaí, acontece até hoje no mundo todo.
Sobre os diferentes conceitos do que é sanidade que o Alienista assume a medida que seus estudos avançam.
As transições que acontecem com relação ao limiar da loucura são extremamente interessantes. Primeiramente
os sabidamente loucos são objeto de estudo o que coincide com o censo comum. Num segundo momento os
que têm desvios de conduta também são considerados insanos. Neste ponto é interessante o medo que se
instaura na sociedade. Seria por não entenderem o critério do Alienista, ou porque a maioria da população se
percebe como tendo algum desvio de caráter? Na seqüência, os equilibrados são considerados insano numa
virada surpreendente. Os considerados insanos são tratados ao serem desvirtuados, e o fato surpreendente é a
sociedade aceitar esta inversão de papéis na figura da câmara de vereadores que acata a solicitação do Alienista.
Quanto à população, ainda que exista o sentimento de revolta, já não há mais interesse suficiente na revolta
para que alguém se disponha a liderar uma rebelião. Finalmente o Dr. Simão Bacamarte decide que ele próprio
deve ser o objeto de seu estudo.
Carolina Gomes

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