Centro de Ciências Agrárias – Marechal Cândido Rondon
Gênese do Solo - Agronomia
FOLHELHOS
Prof. Dr. Edleusa Pereira Seidel
Acadêmicos: Matheus Franke Cornelio
Ricardo Henrique Cagnini Luis Carlos Pilger Bruno Marchiotti
Marechal Cândido Rondon
2010 FOLHELHOS São rochas sedimentares laminadas de granulação fina, que possue grãos do tamanho de argila (argilosa), lâminas finas e esfoliáveis (rocha folheada), tais lâminas de acamamento são fácil e prontamente separáveis. FOLHELHO Termo generalizado no Brasil pelo Dr. Barros Barreto ao traduzir a Geologia Elementar do geólogo norte- americano J. C. Branner. FORMAÇÃO São originados de rochas expostas ao intemperismo e erosão, sendo os sedimentos detríticos depositados em áreas baixas e planas dos continentes e dos oceanos. Com o acúmulo dos depósitos sedimentares, os mais antigos vão sendo soterrados em profundidade, ocorrendo a diagênese, ou litificação. A composição dos folhelhos pode variar de acordo com a rocha á que estes estão associados. FORMAÇÃO Em virtude da granulação muito fina, as rochas são muito suscetíveis a rearranjos mineralógicos, originando alguns minerais autigênicos, isto é, grupos de minerais formados durante a sedimentação ou na fase de diagênese precoce, podendo então indicar as condições físico-químicas dos ambientes de sedimentação. Esse rearranjo seria provavelmente a principal causa da litificação dos folhelhos. POROSIDADE As porosidades iniciais de tais depósitos podem estar acima de 50% mas, á medida que a compactação progrida com o aumento de profundidade, os fluidos são eliminados e, em consequência, os folhelhos frequentemente possuem porosidades da ordem de 10 á 25%. Em alguns casos a laminação característica do folhelho é produzida durante a compactação CONSTITUIÇÃO Os folhelhos são constituídos de partículas de silte e argila. Os minerais siltosos são predominantemente os mesmos característicos de arenitos, ou seja, quartzo e feldspatos alcalinos, enquanto as partículas argilosas são silicatos, minerais de argila e cimento são precipitado quimicamente. Diferenças O folhelho não pode ser confundido com argilitos,pois enquanto os argilitos apresentam as argilas com o aspecto maciço os folhelhos diferenciam-se porquê possuem lâminas finas e paralelas esfoliáveis. LAMINAÇÕES As laminações de acamamento dos folhelhos variam de 0,05mm á 1mm são visíveis a olho nu pois se manifestam em alternações de camadas: - Alternância de granulação mais fina e mais grossa. - Materiais mais claros alternados com materiais mais escuros. - Camadas carbonáticas em alternância com silte. ORIGEM Os folhelhos normalmente derivam de dois tipos de ambientes: - marinho (ricos em clorita e argilas do grupo da ilita). - água doce (enriquecidos em montmorilonita). Folhelhos são normalmente depositados em água muito lento e muitas vezes são encontradas em lagos e depósitos lagunar, em deltas de rios, em planícies e no mar de areias de praia. Também podem ser depositados na plataforma continental, em águas relativamente profundas e calmas. Os folhelhos são de dois tipos principais: - Residual - Transportado FOLHELHOS RESIDUAIS Folhelhos residuais representam o material que permaneceu “in situ’’ após o intemperismo mecânico e químico da rocha fonte decomposta. São tipicamente ricos em ferro hidratado e óxidos de alumínio e de distribuição muito local. FOLHELHO TRANSPORTADO São volumétricamente muito mais importantes que as variedades residuais. O mais comum dos tipos transportados é o folhelho potássico. FOLHELHOS POTÁSSICOS Os folhelhos, na maioria, são ricos em K2O porque o potássio, inicialmente em solução, reage com certos minerais de argila para produzir micas enquanto o sódio permanece preferencialmente concentrado na água do mar. Os folhelhos potássicos são característicamente depósitos marinhos epicontinentais de águas rasas. Exemplo típico são os depósitos que atualmente estão sendo acumulados no delta do Mississipi. FOLHELHOS Os folhelhos são importantes economicamente, por exemplo, o folhelho oleígeno que é uma fonte potencial de hidrocarbonetos. O folhelho é um importante isolador (rocha selante), que retém o petróleo na rocha reservatória impedindo o fenômeno da exudação (escape do petróleo para a superfície). FOLHELHOS A matéria orgânica incluída na lama original pode ser convertida em petróleo ou em gás natural durante a deposição, desde que sejam mantidas condições redutoras e baixas temperaturas. Tal como os outros constituintes voláteis, o petróleo e gás natural serão eliminados do folhelho, parcial ou totalmente durante a compactação. Se houver nas rochas em contato com os folhelhos estruturas que favoreçam o armazenamento e controlem o escape, estes hidrocarbonetos poderão ser retidos em arenitos porosos e permeáveis que constituirão camadas armazenadoras. FOLHELHO A matéria orgânica de um sedimento é retida somente num meio redutor, característico de águas mais profundas, estagnadas, ou onde as condições de circulação restrita permitem o desenvolvimento de bactérias anaeróbias. Nos locais onde as temperaturas pós-deposicionais permaneceram uniformemente baixas, os hidrocarbonetos puderam ser preservados no ambiente redutor em que foram gerados, por outro lado, temperaturas levemente mais altas promovem a conversão dos hidrocarbonetos em matéria carbonosa amorfa ou grafita. FOLHELHO BETUMINOSO Rocha folheada argilosa de coloração escura, por vezes de cheiro desagradável, que pode conter proporções variáveis de substâncias betuminosas, forma-se á partir do soprapel acumulado em meio anaeróbio junto ao material argiloso. Pode ser marinho ou continental. Pelo aquecimento em retortas especiais produz um líquido semelhante ao petróleo, além de gases combustíveis e outros eventuais subprodutos, como o enxofre. FOLHELHO BETUMINOSO Têm a cor causada por matéria carbonosa. São muito ricos em matéria orgânica de (3 a 15%), e desagregam-se em lascas finas, semiflexíveis e altamente físseis. A matéria orgânica de um sedimento é retida somente num meio redutor, característico de águas mais profundas, estagnadas, ou onde as condições de circulação restrita permitem o desenvolvimento de bactérias anaeróbias. Em condições normais os depósitos marinhos de águas rasas são oxidados, ao mesmo tempo em que há liberação de CO2. Sulfetos, como a pirita, aparecem com freqüência em sua composição mineralógica, e são raros os fósseis encontrados. FOLHELHO PIROBETUMINOSO Quando as moléculas dos hidrocarbonetos são grandes, muito alongadas, e por isso insolúveis nos solventes comuns, como o éter-de-petróleo, diz-se que o folhelho é pirobetuminoso, vulgarmente chamado de ‘‘xisto betuminoso’’. O nome pirobetuminoso advém do fato de o material volátil ser liberado somente através do aquecimento. Fornece, por destilação, combustíveis minerais e matéria-prima para a indústria petroquímica. Este combustível ocorre nas camadas neocenozóicas do vale do Paraíba, SP, em Tremembé, e vem sendo explorado nas camadas permianas da Formação Irati, em São Mateus do Sul, PR, onde o folhelho possui ao redor de 8 á 10% de material pirobetuminoso. Além destes podem ser mencionados os depósitos de Kupferschiefer, na Alemanha e o folhelho Nonesuch, em Michigan. FORMAÇÃO IRATI Formação geológica da Bacia do Paraná onde há afloração de folhelhos numa faixa contínua desde São Mateus do Sul até São Paulo, tal denominação provém da antiga estação da então Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande onde esta unidade ocorria de modo mais característico. Os folhelhos IRATI equivalem á metade dos depósitos dos EUA, constituindo a maior unidade conhecida fora da América do Norte. FORMAÇÃO IRATI Na indústria de petróleo pesquisam-se as condições favoráveis á sua acumulação comercial, como a presença de rochas geradoras, armadilhas e reservatórios para que, como resultado, ocorra a formação de óleo, seu armazenamento é a preservação do campo petrolífero e esta é a função do folhelho. FORMAÇÃO IRATI O que se conhece como ‘’xisto betuminoso’’ explorado em São Mateus do Sul, na realidade é uma rocha sedimentar argilosa rica em matéria orgânica geradora de petróleo, classificada formalmente como folhelho pirobetuminoso, formado num grande mar interior do período geológico permiano, existente na porção sul da América do Sul e da África. FORMAÇÃO IRATI Os primeiros relatos da ocorrência destas rochas oleígenas devem-se a White (1908), ao definir estratos de folhelhos com intercalação de camadas de calcário e fósseis de répteis dos gêneros Messosauros e Stereosterum, que quando quebrados exalavam cheiro pronunciado de petróleo. FÓSSEIS FÓSSIL DO RÉPTIL MESSOSAURUS BRASILIENSIS ENCONTRADO NA FORMAÇÃO IRATI POR WHIT FORMAÇÃO IRATI O interesse pela potencialidade do folhelho como fonte de petróleo é antigo. Já no final do século XVIII, nos EUA, cerca de 200 instalações extraíam querosene e óleo desta rocha. No Brasil, a primeira extração aconteceu em 1884, na Bahia. Em 1935, em São Mateus do Sul, uma usina instalada por Roberto Angewitz, mais conhecido como o ‘’Perna-de-Pau, chegou a produzir 318 litros de óleo de folhelho por dia. FORMAÇÃO IRATI Em 1949, o Governo Federal decidiu investigar cientificamente as potencialidades do folhelho e viabilidade econômica de sua industrialização. FORMAÇÃO IRATI Um ano mais tarde, em 1950, foi criado a Comissão de Industrialização do Xisto Betuminoso (formalmente folhelho), para estudar a construção de uma usina na cidade de Tremembé, SP. Com a criação da PETROBRÁS, em 1957, foi desenvolvido um novo processo de transformação de folhelho, chamado PETROSIX. Neste processo o folhelho depois de minerado a céu aberto, é britado e levado para uma retorta, onde é pirosilado (cozido) a uma temperatura da ordem de 500C, que libera a matéria orgânica sob a forma de óleo e gás. Hoje esse processo é reconehcido mundialmente como o mais avançado. Na lavra do folhelho pirobetuminoso em São mateus do Sul são empregados os maiores equipamentos em atividade no Paraná Com estes resultados, a PETROBRÁS executou amplo projeto de pesquisa no sul e sudeste do Brasil para a descoberta de depósitos de folhelhos oleígenos com volume, teores e condições de lavra que viabilizassem seu aproveitamento econômico Nesta pesquisa foi descoberta a jazida de São Mateus do Sul, onde o folhelho foi encontrado em duas camadas: a camada superior com 6,4m de espessura e teor de óleo de 6,4%, e a camada inferior com3,2m de espessura e teor de óleo de 9,1%. Assim, em 1972, entrou em operação a Usina Protótipo de Irati (UPI). Paralelamente a obtenção de óleo e outros derivados de petróleo, o folhelho gera uma infinidade de subprodutos e material estéril que podem ser aproveitados por diversos segmentos industriais, como o enxofre. DADOS Os Estados Unidos apresentam as maiores reservas mundiais de folhelhos oleígenos. Durante o Eoceno houve deposição de uma seqüência de camadas de argilitos e folhelhos ricos em matéria orgânica, em três grandes lagos pouco profundos localizados no Colorado, Wyoming e Utah. Estas rochas atualmente constituem folhelhos oleígenos, sendo conhecidos por Green River Oil Shales, que contêm de 0,5 a 1,5 barris de óleo por tonelada. FOLHELHOS SILICOSOS Contêm silica amorfa. O alto conteúdo de silica destes sedimentos reflete a presença de cinzas vulcânicas alteradas, de emanações submarinas silicosas de fontes termais ou acumulações de diatomáceas (organismos que segregam carapaças silicosas). O folhelho Mowry e o da Formação Monterey do sul da Califórnia são exemplos deste tipo. Folhelhos com alto teor de alumínio indicam clima quente e úmido, predominância de intemperismo químico e uma área próxima que serviu de fonte de material rica em rochas félsicas Folhelhos ferruginosos vermelhos tais como os da Formação Biwalik, do norte da Minnesota, provavelmente devem seu alto conteúdo de Fe+3 ao intemperismo químico das rochas máficas das imediações. Embora não especificamente ricas em ferro a coloração de folhelhos vermelhos e verdes intercalados é provocado, mais comumente pela presença de quantidades moderadas de clásticos que contêm ferro. Estes grãos conferem uma tonalidade verde ao sedimento quando permanecem reduzidos, mas tornam os depósitos vermelhos ou purpúceos quando são oxidados.Bons exemplos destas camadas vermelhas estão no nordeste da Califórnia, no México, e no leste do Colorado. FOLHELHOS CALCÁRIOS Contêm microfósseis em abundância. Em alguns casos, o alto conteúdo de carbonatos reflete uma transição lateral de clásticos de granulação fina para sedimentos depositados química e bioquimicamente. os folhelhos são usados em decoração, pelo visual rústico e agradável