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A Bossa Nova surgiu, já no final dos anos 50, como uma reação, dos jovens

de classe média urbana da Zona Sul do Rio de Janeiro, contra a ditadura.


Utilizando um ritmo tradicionalmente brasileiro, importava, alguns aspectos do
jazz e da poesia erudita. Este estilo musical, enquanto falava da realidade
brasileira de forma, puramente, poética, demonstrava, também, a incorfomação
desses jovens quanto à sua falta de perspectiva em relação ao futuro. Jovens
como Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão e João Gilberto se
reuniam em casa para compor, discutir e tocar a Bossa Nova, tida por muitos
como inofensiva e alienada. No entanto, o movimento teve vida curta, tendo
seu final marcado pelo programa O Fino da Bossa , na TV Record, com
apresentação de Elis Regina e Jair Rodrigues.

Paralelamente à bossa nova surgia a Jovem Guarda, liderada por Roberto


Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia. Estes jovens faziam sua música, não
como um sinal de protesto, mas como uma demonstração da vida real dos
jovens não militantes que anseavam nada além do amor, do beijo, do sexo e do
seu carro moderno. Assim como a Bossa Nova, a Jovem Guarda foi
considerada alienada e teve pouca duração.

A Bossa Nova, contudo, alterou-se e partiu para uma tendência de protesto,


transformando-se na canção de protesto que teve personalidades como Carlos
Lyra, Edu Lobo, Geraldo Vandré e Chico Buarque como seus representantes
mais importantes. Este movimento da MPB pode ser claramente definida pelas
músicas Para não dizer que não falei das flores de Geraldo Vandré e Apesar
de você de Chico Buarque.

O tropicalismo surgiu no final da década de 60, com os baianos Caetano


Veloso e Gilberto Gil, como uma reação à arte revolucionária do movimento de
esquerda, e como uma oposição alternativa à realidade política brasileira
vigente.

O início deste movimento teve seu marco inicial no III Festival de MPB da TV
Record, aonde Caetano Veloso se apresentou com a canção Alegria, Alegria, e
Gilberto Gil com a música Domingo no Parque. Estas canções depunham
contra o sistema político vigente, declarando um rompimento com os
comportamentos tradicionais impostos tanto pela direita, quanto pela esquerda,
e assumindo uma postura semelhante à dos hippies. Pouco depois Caetano
Veloso gravava Tropicália , música que viria a ser o carro chefe do movimento.
A música tropicalista causou um sentimento de estranheza devido aos
elementos que utilizava, como guitarras elétricas, ruídos eletrônicos, roupas
plásticas multicolores, cabelos longos e despenteados, e outros mais.

Os tropicalistas sofreram seriamente com a repressão política. Tarjados, pelo


governo, como comunistas, Caetano e Gil foram presos, proibidos de trabalhar,
e, posteriormente, exilados na Europa. Assim sendo, o movimento tropicalista
acabou, quase da mesma maneira que surgiu, repentinamente. Quanto à
morte do tropicalismo, Caetano declarou ao Pasquim , em 1969, já em exílio:
“Talvez alguns caras no Brasil tenham querido me aniquilar; talvez tudo tenha
acontecido por acaso. Mas eu agora quero dizer aquele abraço a quem quer que
tenha querido me aniquilar porque o conseguiu. Gilberto Gil e eu enviamos de Londres
aquele abraço para esses caras. Não muito merecido porque agora sabemos que não
era tão difícil assim nos aniquilar. Mas virão outros. Nós estamos mortos.”

Foi graças à influência do Tropicalismo que a produção artística e intelectual


brasileira pode se manter viva e ativa durante os anos de severa repressão
política e censura, ou seja, através da arte e resistência alternativa por eles
proposta.

REFERÊNCIAS

3 Declaração de Caetano Veloso em HOLLANDA, H. B. de & GONÇALVES, M.


A. Cultura e participação nos anos 60. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987, p.51.

2 HOLLANDA, H. B. de & GONÇALVES, M. A. Cultura e participação nos anos


60. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987, p.31.

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