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NR-16

Atividades e Operações Perigosas.


Lei 369/85 e Decreto 93.412/86.

Profº. Heliton Lourenço


Eng. de Segurança do Trabalho
Eng. Civil
Introdução
 O exercício do trabalho em condições de periculosidade
assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30%,
incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa;
 O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade
que porventura lhe seja devido;
 Para os fins desta Norma Regulamentadora são
consideradas atividades ou operações perigosas as
executadas com:

 Inflamáveis,  Eletricidade,
 Explosivos,  Radiações ionizantes.
Introdução

 O que é Periculosidade?
– Significa estado ou qualidade daquilo que é
perigoso, que tem probabilidade de causar dano.

 E do ponto de vista jurídico?


– Situação laboral definida em lei que sujeita o
empregado exercer atividade em que sua vida ou
integridade física estejam em risco.
Insalubridade X Periculosidade

 Insalubridade:
– Reflete uma situação de risco a saúde, que se
constitui através da longa exposição a um agente
nocivo.
 Periculosidade:
– Diz respeito a situações em que o trabalhador esteja
exposto diretamente a agente perigoso que poderá
instantaneamente tirar a sua vida ou violar-lhe a
integridade física.
Adicional de Periculosidade

 A legislação brasileira prevê, como matéria


constitucional, devidamente regulamentada, o
adicional de remuneração para as atividades
classificadas como perigosas:
 Constituição Federal
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores:
– ...
– XXIII – adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
Adicional de Periculosidade
 Não há definição em lei sobre graus de
periculosidade, bastando a existência do agente no
ambiente do trabalho, nas condições do determinadas
na CLT e na NR-16;
 Art. 193 da CLT, define:
– Art. 193. São consideradas atividades ou operações
perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
MTE, aquelas que, por sua natureza ou métodos de
trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis
ou explosivos em condições de risco acentuado.
Conceito de Risco

 É uma condição perigosa, potencial ou inerente,


que pode causar a interrupção ou interferência
do processo organizado de uma atividade.
 Ou seja, risco é uma ou mais condições de uma
variável, com o potencial de causar danos.

 Risco é a probabilidade de que um dado perigo


se materialize, causando dano.
Conceito de Perigo

 É a propriedade de um agente físico,


químico, mecânico, biológico ou
ergonômico causar danos
Súmula nº 364 do TST

 Faz jus ao adicional de periculosidade o


empregado exposto permanentemente ou que, de
forma intermitente, sujeita-se a condição de risco;
 Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma
eventual.
– a exposição a mais de um agente perigoso não
permite ao trabalhador a percepção de mais um
adicional de forma acumulativa;
– É impossível também a acumulação de adicional de
insalubridade com o adicional de periculosidade.
Lei nº 7.369/85

 O empregado que exerce atividade no


setor de energia elétrica, em condições
de periculosidade, tem direito a uma
remuneração adicional de 30% sobre o
salário que perceber.
Decreto 93.412/86

 Revoga o Decreto nº 92.212, de 26-12-85,


regulamenta a Lei nº 7.369, de 20-09-85;
 que institui salário adicional para
empregados do setor de energia elétrica,
em condições de periculosidade e dá
outras providências.
Lei nº 7.369/85

 Art. 2º É exclusivamente suscetível de gerar direito


à percepção da remuneração adicional que trata o
artigo 1º da Lei nº 7.369, de 20/09/85:
– o exercício das atividades constantes do Quadro
anexo, desde que o empregado independentemente
do cargo, categoria ou ramo da empresa:
Lei nº 7.369/85
I - permaneça habitualmente em área de risco,
executando ou aguardando ordens, e em situação de
exposição contínua, caso em que o pagamento do
adicional incidirá sobre o salário da jornada de
trabalho integral;
II - ingresse, de modo intermitente e habitual, em área de
risco, caso em que o adicional incidirá sobre o salário
do tempo despendido pelo empregado na execução
de atividade em condições de periculosidade ou do
tempo à disposição do empregador, na forma do
inciso I deste artigo.
Pagamento do Adicional

 Ficaram então estabelecidos dois critérios para o


pagamento do adicional. O primeiro é aquele destinado
aos que permanecem habitualmente em área de risco,
cuja incidência é sobre o salário integral, conforme
estabelecido na Lei 7.369/85. O segundo é o que
estabelece uma incidência proporcional a uma referida
intermitência.
 Este pagamento proporcional foi tão duramente
criticado e rechaçado pelos próprios juízes que acabou
surgindo o Enunciado nº 361, de 13/08/98, do
Tribunal Superior do Trabalho – TST:
Pagamento do Adicional

 Enunciado 361 – TST Adicional de Periculosidade


– Eletricitários – Exposição Intermitente:

– O trabalho exercido em condições perigosas, embora


de forma intermitente, dá direito ao empregado a
receber o adicional de periculosidade de forma
integral, tendo em vista que a Lei 7.369/85 não
estabeleceu qualquer proporcionalidade em relação
ao seu pagamento.
Súmulas e Jurisprudência

 Ora, os Enunciados esclarecem o entendimento da


instância superior da Justiça do Trabalho (TST)
sobre determinada questão.

 Eles norteiam as instâncias inferiores e oferecem


subsídios às partes interessadas; seu objetivo é a
uniformidade de entendimento dos Tribunais
Regionais em matérias reiteradamente julgadas.
Periculosidade no Setor de
Eletricidade

 Para os trabalhadores no setor da eletricidade, o


pagamento de tal adicional, se dá de forma integral.
 Pois o risco, cuja potencialidade se exaure em
frações de segundo, podendo, neste pequeno
intervalo de tempo ceifar a vida do trabalhador.
 Assim, está sujeito ao risco, tanto aquele que
permanece toda a jornada de trabalho em contato
com o risco como aquele que se expõem algumas
horas do dia de trabalho.
Decreto 93.412/86

 No Quadro anexo deste decreto


esta correlacionado uma série de
Atividades / Área de Risco:
1. Atividades de construção, operação e manutenção
de redes de linhas aéreas de alta e baixa tensões
integrantes de sistemas elétricos de potência,
energizadas ou desenergizadas mas com 1.Estrutura, condutores e
possibilidade de energização, acidental ou por falha equipamentos de linhas
operacional, incluindo: aéreas de transmissão,
1.1. Montagem, instalação, substituição, subtransmissão e
conservação, reparos, ensaios e testes de: distribuição.
verificação, inspeção, levantamento, supervisão e
fiscalização; fusíveis, condutores, pára-raios, -Pátio e salas de operação
postes, torres, chaves, muflas, isoladores, de subestação.
transformadores, capacitores, medidores,
reguladores de tensão, religadores, -Cabines de distribuição.
seccionalizadores,
carrier (onda portadora via linha de transmissão), - Estrutura, condutores e
cruzetas, relé e braço de iluminação pública, equipamentos de redes de
aparelho de medição tração elétrica, incluindo
gráfica, bases de concreto ou alvenaria de torres, escadas, plataformas e
postes e estrutura de sustentação de redes e linhas cestos aéreos usados para
aéreas. execução dos trabalhos.
1.2. Corte e poda de árvores.
1.3. Ligação e corte de consumidores.
1.4. Manobras aéreas e subterrâneas de redes e
linhas.
1.5. Manobras em subestação.
1.6. Testes de curto em linhas de 1. Estrutura, condutores e
transmissão. equipamentos de linhas
1.7. Manutenção de fontes de alimentação aéreas de transmissão,
de sistemas de comunicação. subtransmissão e
1.8. Leitura em consumidores de alta distribuição.
tensão.
1.9. Aferição em equipamentos de -Pátio e salas de operação de
medição. subestação.
1.10. Medidas de resistência, lançamento
e instalação de cabo contra-peso. -Cabines de distribuição.
1.11. Medidas de campo elétrico, rádio,
interferência e correntes induzidas. - Estrutura, condutores e
1.12. Testes elétricos em instalações de equipamentos de redes de
terceiros em faixas de linhas de de tração elétrica, incluindo
transmissão (oleodutos, gasodutos, etc.). escadas, plataformas e cestos
1.13. Pintura em estruturas e aéreos usados para execução
equipamentos. dos trabalhos.
1.14. Verificação, inspeção, inclusive
aérea, fiscalização, levantamento de
dados e supervisão de serviços técnicos.
2. Atividades de construção, operação e manutenção de
redes e linhas subterrâneas de alta e baixa tensões
integrantes de sistemas elétricos de potência,
energizados ou desenergizados, mas com possibilidade
de energização acidental ou por falha operacional, 2. Valas, bancos de dutos,
incluindo: canaletas, condutores, recintos
2.1. Montagem, instalação, substituição, manutenção e internos de caixas, poços de
reparos de: barramentos, transformadores, disjuntores, inspeção, câmaras, galerias,
chaves e seccionadoras, condensadores, chaves a óleo, túneis, estruturas, terminais e
transformadores para instrumentos, cabos aéreas de superfície
subterrâneos e subaquáticos, painéis, circuitos elétricos,
correspondente.
contatos, muflas, e isoladores e demais componentes de
redes subterrâneas.
- Áreas submersas em rios, lago
2.2 Construção civil, instalação, substituição e limpeza e mares.
de: valas, bancos de dutos, dutos, condutos, canaletas,
galerias, túneis, caixas ou poços de inspeção, câmaras.
2.3. Medição, verificação, ensaios, testes, inspeção,
fiscalização, levantamento de dados e supervisão de
serviços técnicos.
3. Áreas das oficinas e laboratórios de
testes e manutenção elétrica, eletrônica e
3. Atividades de inspeção, eletromecânica onde são executados
testes, ensaios, calibração, testes, ensaios, calibração e reparos de
medição e reparo em equipamentos energizados ou passiveis
equipamentos e materiais de energização acidental.
elétricos, eletrônicos, - Sala de controle e casa de máquinas de
eletromecânicos e de usinas e unidades geradoras.
segurança individual e
- Pátios e salas de operação de
coletiva em sistemas
subestação inclusive consumidores.
elétricos de potência de
alta e baixa tensão. - Salas de ensaios elétricos de alta
tensão.
- Sala de controle dos centros de
operações.
4. Atividades de construção, operação e
manutenção nas usinas, unidades geradoras,
subestações e cabinas de distribuição em
operações integrantes de sistema de potência, 4. Pontos de medição e
energizado ou desenergizado com
cabinas de distribuição,
possibilidade de voltar a funcionar ou
inclusive de
energizar-se acidentalmente ou por falha
distribuidores.
operacional, incluindo:
- Salas de controles,
4.1. Montagem, desmontagem, operação e casas de máquinas,
conservação de: medidores, relês, chaves, barragens de usinas e
disjuntores e religadores, caixas de controle, unidades geradoras.
cabos de força, cabos de controle, - Pátios e salas de
barramentos, baterias e carregadores,
operações de
transformadores, sistema antiincêndio e de
subestações, inclusive
resfriadores, bancos de capacitores, reatores,
consumidoras.
reguladores, equipamentos eletrônicos,
eletrônicos mecânicos e eletroeletrônicos,
painéis, pára-raios, áreas de circulação,
estrutura-suporte e demais instalações e
equipamentos elétricos.
4.2. Construção de: valas de dutos, 4. Pontos de medição e
canaletas bases de equipamentos, cabinas de distribuição,
inclusive de
estruturas, condutos e demais
distribuidores.
instalações.
- Salas de controles,
4.3. Serviços de limpeza, pintura e casas de máquinas,
sinalização de instalações e barragens de usinas e
equipamentos elétricos. unidades geradoras.
4.4. Ensaios, testes, medições, - Pátios e salas de
supervisão, fiscalizações e operações de
subestações, inclusive
levantamento de circuitos e
consumidoras.
equipamentos elétricos
e eletrônicos de telecomunicação e
telecontrole.
5. Atividades de treinamento
em equipamentos ou
instalações energizadas, 5. Todas as áreas
ou desenergizadas mas descritas nos itens
com possibilidade de anteriores.
energização acidental ou
por falha operacional.
Aplicação da Periculosidade

 Sabemos que a periculosidade é paga


integralmente, independentemente do tempo de
exposição, para os trabalhadores do setor de
energia elétrica, que integram o SEP.
 O que é SEP?
– Segundo a NR-10, conjunto das instalações e
equipamentos destinados a transmissão e distribuição
de energia elétrica até a medição, inclusive.
Aplicação da Periculosidade

 E os empregados que exercem atividades em


instalações consumidoras?

 E os empregados de empresas que não as


concessionárias de energia elétrica?

 E os empregados de telefonia, TV à cabo, etc.?


Aplicação da Periculosidade

 Recentemente jurisprudência do TST, vem


reafirmando que somente os empregados que
laboram nos denominados sistemas elétricos de
potência têm direito ao recebimento do adicional,
ressalvando:
– Os casos que exerçam suas funções em instalações
similares às existentes no sistema de potência,
presentes nas unidades de consumo.
 Orientação jurisprudencial nº 324.
Aplicação da Periculosidade

 Conforme a Orientação Jurisprudencial nº 324, o


que importa para a concessão do adicional é o
trabalho em SEP ou assemelhados e não o ramo
de atividade da empresa;
 Quanto a neutralização dos riscos relativos à
eletricidade, pelo fornecimento do EPI, argumenta-
se que os riscos não poderiam ser eliminados,
ainda com o fornecimento treinamento e uso, o
risco continua presente.
Aplicação da Periculosidade

 Segundo Tuffi Messias Saliba:


“Em nosso entendimento, a condição de periculosidade
é inerente à atividade, pois o risco não é eliminado
com o uso do EPI.
Do ponto de vista da Eng. De Seg. do Trabalho, as
medidas coletivas geralmente não oferecem proteção
total contra os riscos da eletricidade, enquanto os
EPIs não eliminam o risco, apenas, em alguns casos,
podem evitar ou minimizar a lesão”.
Exercício
1) Defina Periculosidade?
2) Quais são as atividades consideradas periculosas?
3) O quê difere a periculosidade para o setor elétrico
em relação a outros setores, também contemplados
por ela?
4) Os adicionais são acumulativos? Explique.
5) A implantação dos EPC adequado e o fornecimento
do EPI neutralizam a periculosidade? Explique.
Exercício

1) Leia o texto e faça uma dissertação acerca


do tema do texto.

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