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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ESTUDO EXPERIMENTAL DE UMA ÁREA CONTAMINADA

POR LODO BIOSSÓLIDO NO DF VIA ENSAIOS DE CONE

RESISTIVO

FABRÍCIA DE SOUZA OLIVEIRA

ORIENTADOR: RENATO PINTO DA CUNHA, Ph.D.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA


PUBLICAÇÃO: G.DM-122/04
BRASÍLIA-DF: SETEMBRO / 2004

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ESTUDO EXPERIMENTAL DE UMA ÁREA CONTAMINADA


POR LODO BIOSSÓLIDO NO DF VIA ENSAIOS DE CONE
RESISTIVO

FABRÍCIA DE SOUZA OLIVEIRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E


AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.

APROVADA POR:

_________________________________________

Prof. Renato Pinto da Cunha, Ph.D., UnB

(ORIENTADOR)

_________________________________________

Prof. Nóris Costa Diniz, D.Sc., UnB

(EXAMINADOR INTERNO)

_________________________________________
Prof. Erinaldo Hilário Cavalcante, D.Sc., UFS

(EXAMINADOR EXTERNO)

DATA: BRASÍLIA/DF, 17 de setembro de 2004.

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Capítulo 1 1

INTRODUÇÃO

O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e muito dinâmico. Deve ser encarado
como uma interface entre o ar e a água, sendo imprescindível à produção de biomassa. Assim,
o solo não é inerte, sendo o mero local onde assentamos os pés, o simples suporte para
habitações e outras infra-estruturas indispensáveis ao Homem, o seu “caixote de lixo”.
Sempre que adicionamos ao ambiente qualquer substância estranha, estamos poluindo o solo
e, direta ou indiretamente, a água e o ar.

O uso da terra para construção de centros urbanos, para as atividades agrícola,


pecuária e industrial, tem gerado como conseqüência elevados níveis de contaminação. De
fato, aos usos referidos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de
poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos
perigosos, lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposição atmosféricas resultantes
das várias atividades, etc. Assim, ao longo dos últimos anos, têm sido detectados numerosos
casos de contaminação do solo tanto em zonas urbanas quanto em zonas rurais.

A avaliação da qualidade da água subterrânea e do solo tem sido de grande


importância e tal avaliação pode ser feita de várias formas: por coleta de amostras de solo, da
água e do ar. Pode ser feita também por métodos indiretos, com o objetivo de medir alguma
propriedade do solo que possa ser alterada devido à presença de algum tipo de contaminante.
As técnicas de coletas de amostra, no caso de investigações geo-ambientais, têm sido
modernizadas visando a possibilidade de detectar substâncias nocivas.

O uso de técnicas geofísicas, como o uso de resistividade elétrica, é um método


indireto de medir as propriedades do solo, o qual tem sido muito aplicado nas últimas décadas
na determinação da contaminação das águas subterrâneas, do solo e no delineamento das
plumas de contaminação. O objetivo dessa técnica é detectar características do perfil
geotécnico, medindo-se a resistividade do meio. Para interpretar os resultados adquiridos, é
necessário possuir conhecimentos específicos.

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As medições indiretas de resistividade elétrica são feitas na maioria das vezes in situ,
com obtenção imediata dos resultados sem que haja a necessidade de coleta de amostras.
Essas medições podem ser feitas a partir da superfície ou através de um método de cravação
contínua no solo. O cone resistivo é um desses métodos de cravação direta, capaz de obter
valores contínuos de resistividade elétrica com a profundidade. A partir da comparação dos
resultados com outros parâmetros, pode-se detectar o grau de contaminação.

O domínio do cone resistivo como ferramenta de investigação geo-ambiental é um


avanço na linha de pesquisa de áreas contaminadas, podendo tal técnica ser utilizada em
pesquisas futuras. Entre outras vantagens, essa ferramenta é capaz de detectar contaminação
com um contraste de cerca de 1% entre uma área contaminada e outra sem contaminação.
Além disso, sua realização não gera resíduos, eliminando a preocupação com o material
extraído que não é aproveitado, o qual precisa ser tratado antes de ser devastado. Além disso,
esta técnica apresenta um menor custo quando comparada a outras técnicas utilizadas
(Campanella & Weemees, 1990).

1.1 OBJETIVOS
O objetivo geral desta dissertação foi estudar o desempenho do cone resistivo in situ,
quanto a determinação e ao monitoramento de áreas sujeitas à contaminação com substâncias
orgânicas ou inorgânicas, verificando a sua eficácia na investigação de contaminantes. Para
isso, fez-se um estudo correlacionando os parâmetros de resistividade elétrica de campo com
os resultados das análises feitas nas amostras coletadas do solo e do fluido. Como objetivo
secundário pretende-se também comparar os valores de resistividade elétrica do solo obtidos
nas regiões saturadas e nas regiões não saturadas, através dos dados fornecidos pelo cone
resistivo.

Trata-se, portanto, do primeiro trabalho nesta linha de pesquisa no Programa de Pós


Graduação em Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB e, desta
forma, objetiva-se também a aquisição de experiência de uso com esta nova ferramenta de
campo.

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1.2 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação está dividida em cinco capítulos que a seguir serão descritos de
forma sucinta.

No Capítulo 1 é exposta uma breve apresentação do tema proposto e os objetivos da


pesquisa.

O Capítulo 2 é composto de uma revisão bibliográfica sobre algumas das técnicas


utilizadas para detecção e caracterização geo-ambiental de possíveis áreas contaminadas.

O Capítulo 3 expõe as características gerais da região estudada, tais como formação


geológica, clima, vegetação entre outras, e a metodologia utilizada para realização dos ensaios
de cone resistivo e para a coleta de amostras de solo e fluido, além da determinação de
parâmetros geotécnicos, geofísicos e físico-químicos do solo e do fluido.

No Capítulo 4 são apresentados e discutidos os resultados dos ensaios de cone


resistivo, resistividade superficial e análises químicas nas áreas contaminadas e na área não
contaminada por meio de gráficos e tabelas comparativas.

No Capítulo 5 são expostas as conclusões obtidas a partir das análises dos resultados
da pesquisa, além de serem feitas sugestões e recomendações para pesquisas futuras sobre o
tema.

Além dos cinco capítulos descritos acima, compõem a presente dissertação a lista de
Referências Bibliográficas e três anexos.

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Capítulo 2
2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Como todos os países em ritmo acelerado de industrialização, o Brasil tem sérios
problemas de contaminação das águas subterrâneas que afetam ou ameaçam afetar os
suprimentos de água potável de importantes segmentos da população.

Há alguns anos é de conhecimento público a forte preocupação frente à gravidade da


contaminação do meio ambiente. A falta de monitoramento em milhares de locais onde há um
potencial para contaminação, juntamente com a falta de uma análise abrangente da qualidade
da água em centenas de milhares de poços, elimina a possibilidade de uma determinação
confiável da extensão e severidade da degradação de água subterrânea e os riscos para a saúde
da população.

Diferente da contaminação do ar e das águas superficiais, a contaminação das águas


subterrâneas e do subsolo, por vezes só é detectada através de programas de monitoramento.
Devido a isso, segmentos de importantes aqüíferos se degradaram e podem estar perdidos
para sempre como fontes de água potável (Clearly e Miller, 1984).

A contaminação do solo e das águas subterrâneas afeta significativamente a qualidade


de vida de toda uma região, podendo gerar problemas de saúde na população local. Por isso, é
de grande importância que sua detecção seja feita o quanto antes.

Os contaminantes podem ser detectados através de amostragem direta do solo e das


águas subterrâneas e também através de métodos indiretos que possam detectar mudanças nas
propriedades naturais do mesmo. Uma das propriedades mais representativas é a
condutividade elétrica do solo. Sua medição informa de maneira indireta se o solo está
contaminado, cujo parâmetro indicador é a resistividade do solo ou a resistividade aparente,
que é o inverso da condutividade (Weemees, 1990).

Infelizmente, poucas informações são divulgadas na literatura técnica em relação ao


uso da resistividade ou condutividade elétrica, sendo que este uso já vem sendo feito há
algumas décadas.

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Medidas de condutividade elétrica (ou resistividade = condutividade -1) em solos têm
sido usadas há muitos anos para estimar a porosidade ou densidade in situ. Mais recentemente
a resistividade elétrica tem sido usada como um indicador de contaminação do solo. Ela
também é um importante indicador do potencial de corrosão (Bryhn, 1989, citado por Lunne
et al., 1997).

Métodos não intrusivos, como as sondagens elétricas verticais, são comumente usados
para medir a resistividade elétrica do solo, mas eles requerem um contraste elétrico de 5% a
10% entre o valor de resistividade elétrica encontrado no solo contaminado e o valor de
resistividade elétrica encontrado no solo não contaminado para determinar com segurança se
o mesmo sofreu algum dano, assumindo que não existe variação litológica (Benson et al.,
1985, citado por Nascimento, 1998).

As técnicas de diagnósticos de contaminantes com sondas verticais permanentes ou


em conjunto com equipamentos CPT, proporcionam uma coleta de amostras com cravação
direta que não produz resíduo e são mais rápidas (Azambuja et al., 1999). O surgimento do
cone resistivo foi um grande avanço na tecnologia para medição da resistividade elétrica do
solo, pois ele apresenta uma resolução maior (com contraste de ± 1%) quando comparado a
outros métodos e, em alguns casos, registra mudanças litológicas (Campanella & Weemees,
1990). O seu princípio de funcionamento é regido pelas leis da eletricidade, sendo de
fundamental importância a compreensão dos fenômenos elétricos envolvidos.

2.1 CONCEITOS BÁSICOS

2.1.1 Campo Elétrico

Segundo Tipler (1999), a existência de uma diferença de potencial em um circuito gera


r
uma grandeza vetorial chamada campo elétrico ( E ). Se um corpo carregado eletricamente é
inserido dentro de um campo elétrico originado por outro corpo carregado, o anterior sofre a
ação de uma força eletrostática que pode ser de atração ou de repulsão, dependendo da carga
elétrica das partículas. Tal força eletrostática entre as partículas é dada pela Equação 2.1:

r r
± F = E×q (2.1)

r
onde F é a força eletrostática positiva (atração) se as partículas tiverem cargas opostas, ou
negativa (repulsão) se tiverem cargas iguais; q é o valor da carga da partícula inserida no

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r
campo elétrico e E é a sua magnitude.

O efeito do campo elétrico no cone resistivo é semelhante ao efeito de campo elétrico


gerado por um dipolo. No dipolo as linhas de campo elétrico próximas à região carregada
positivamente se direcionam para fora da partícula. Já na região carregada negativamente, as
linhas de campo elétrico se direcionam para dentro da partícula.

Próximo a uma partícula carregada, uma região do espaço fica sujeita a um campo
elétrico que parte da partícula para todas as direções tridimensionalmente e em linha reta.
Segundo Tipler (1999), pontos eqüidistantes de uma partícula carregada possuem o mesmo
potencial, de modo que existe uma superfície no espaço em torno da partícula com o mesmo
potencial que é chamada de superfície equipotencial.

A Figura 2.1 é uma representação esquemática de um campo elétrico gerado por um


dipolo, refletindo o comportamento do cone resistivo quando cravado no solo.

Figura 2.1 – Representação das linhas de um campo elétrico de um dipolo (modificada de


Pacheco, 2004)

2.1.2 Corrente Elétrica

Quando em um condutor, o movimento de deslocamento das cargas livres é intenso


em um determinado sentido, diz-se que existe uma corrente elétrica ou fluxo elétrico no
condutor. A corrente elétrica (i) é definida como sendo a taxa de passagem de carga através da
área da seção de um condutor (Tipler, 1999). A corrente elétrica fica definida segundo a
Equação 2.2.

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Δq
i= (2.2)
Δt

Assim, i é a corrente elétrica, Δq é a variação de carga que passa por uma área A, no
intervalo de tempo Δt . A unidade de corrente é o Ampere, que equivale a 1 Coulomb por
segundo.

Por convenção, o sentido do fluxo de cargas positivas é tomado como o sentido da


corrente. Por isto, em condutores, os elétrons deslocam-se no sentido oposto ao da corrente
elétrica.

O movimento dos elétrons livres é desordenado num condutor metálico, com


velocidade da ordem de 106 m/s (Tipler, 1999). Como as direções dos deslocamentos não são
as mesmas, a carga gerada é nula (Δq = 0) . Quando um campo elétrico é aplicado, os elétrons
v
sofrem uma aceleração devido à força F , dada pela Equação 2.1, gerando assim a corrente
elétrica (i).

A corrente elétrica pode ser classificada em dois tipos: corrente contínua e corrente
alternada. A corrente contínua é gerada a partir de uma fonte que possui dois terminais, um
com potencial positivo e outro negativo, gerando assim uma diferença de potencial constante.
A corrente alternada é gerada a partir da variação da diferença de potencial, identificada por
ε , que varia na mesma freqüência que a corrente elétrica.

Na presença da fonte, os elétrons presentes dentro do circuito elétrico tendem a se


deslocar para o pólo positivo, gerando assim a corrente contínua. Segundo Tipler (1999),
essas fontes geralmente são baterias que transformam energia química em energia elétrica.

Em muitos condutores de energia, a resistência depende da diferença de potencial da


corrente elétrica que o atravessa. Estes materiais são denominados de materiais Ôhmicos, e
seguem a lei de Ohm, descrita na Equação 2.3.

R×i =V (2.3)

Nesta equação, R é a resistência do circuito medida em Ohm (Ω) e V é a diferença de


potencial aplicada ao circuito medida em Volt (V)

A resistência elétrica não é uma propriedade do material, pois depende de aspectos

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geométricos do condutor. Mas, a resistividade ( ρ ) é uma propriedade intrínseca a cada
material. A resistência, R, pode ser calculada pela Equação 2.4:

L
R = ρ× (2.4)
A

onde a resistividade do material, tem como unidade o Ohm-metro (Ω × m) . L e A são,


respectivamente, o comprimento e a área da seção transversal do condutor.

No caso de circuitos elétricos com corrente alternada, o deslocamento das partículas


não ocorre em um único sentido, tendo em vista que a polarização da fonte se alterna com o
tempo. Por esse motivo, a magnitude da corrente alternada não é constante e varia para
diferentes maneiras, podendo se assemelhar a uma onda senoidal ou não.

O cone resistivo funciona emitindo corrente elétrica entre os eletrodos,


alternadamente. Isso faz com que, dependendo do arranjo de eletrodos escolhido, seja gerado
um fenômeno denominado de “polarização dos eletrodos”. Tal fenômeno ocorre, por
exemplo, quando se introduz em uma solução aquosa uma corrente contínua. Essa corrente
induz uma alteração da distribuição de íons com o tempo, fazendo com que as cargas
positivas se desloquem para a região próxima ao eletrodo negativo e as cargas negativas para
a região próxima ao eletrodo positivo.

2.1.3 Condução Elétrica nos Solos

A condução de corrente elétrica nos condutores metálicos ocorre devido ao


deslocamento de elétrons (partículas carregadas negativamente) quando um campo elétrico é
aplicado. No solo e em rochas, a condução elétrica pode ocorrer devido a diferentes
fenômenos de condução (Miranda Neto, 2002): (i) a eletrônica, (ii) a eletrolítica e (iii) a
dielétrica.

A condução eletrônica, ou condução ôhmica, ocorre nas superfícies de alguns tipos de


solos constituídos de minerais condutores (Weemees, 1990). Esse tipo de condução é mais
comum em argilas do que em partículas granulares, devido à elevada superfície específica e à
forma das partículas lamelares.

A condução eletrolítica ocorre pelo deslocamento de carga, originada pela migração de


íons. Como existem íons dissolvidos nos poros do solo, a condução eletrolítica é, em geral, a

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que tem mais influência sobre a condutividade total do solo (Campanella & Weemees, 1990,
Robertson et al., 1996).

A condução dielétrica é a que ocorre em materiais pouco condutores, quando é


aplicado um campo elétrico variável no tempo. Essa condição pode promover a polarização
de algumas moléculas (Weemees, 1990) ou de pequenos conglomerados de solo (Bodmer et
al., 1968, citado por Pacheco, 2004).

A resistividade medida do solo é o resultado da sobreposição dos diversos fenômenos


de condução. A resistividade do solo depende de características do meio, como a
condutividade do fluido intersticial, a porosidade, a tortuosidade dos canalículos, a superfície
específica e a capacidade de troca catiônica (C.T.C.) e a mineralogia das partículas sólidas,
entre outras.

O movimento dos íons nos meios aquosos é promovido pela diferença de potencial
entre as superfícies esféricas existentes nos mesmos. Como as partículas sólidas são
elementos isolantes, não podem ser atravessadas pelas linhas de correntes, e isso faz com que
L (o caminho percorrido pelos íons) aumente. O aumento de L aumenta a resistência do meio.
Ou seja, a resistividade medida em um meio poroso é, em geral, mais elevada do que a do
fluido intersticial (Weemees, 1990).

2.2 RESISTIVIDADE ELÉTRICA

A resistividade elétrica não é uma medida direta, mas é inferida da medição de


voltagem através de um par de eletrodos com uma corrente constante aplicada (i). A
resistividade é uma propriedade do material que quantifica a resistência à passagem de um
fluxo de elétrons através de um condutor. Ela é medida em Ohm.m e é independente da
geometria.

Para aplicações em corpos de forma irregular, a resistividade elétrica é medida como


parte da resistência. O seu inverso é a condutividade elétrica que é medida em micro-
Siemens/cm:

10.000
σ ( μS / cm) = (2.5)
ρ (Ω * m)

onde σ é a condutividade elétrica e ρ é a resistividade elétrica do material.

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A resistividade elétrica é uma propriedade física de cada substância, tendo sido
medida e tabelada para vários materiais. Um material homogêneo e isotrópico sempre exibirá
o mesmo valor de resistividade elétrica, conhecido como a resistividade verdadeira do
material. No entanto, as rochas, e principalmente os solos, são meios de grande variação
espacial de características físicas e químicas, as quais se refletem nas determinações da
resistividade (Nascimento, 2003).

Minerais condutores, presentes na composição das rochas ou a existência de soluções


iônicas nos seus espaços intersticiais, são os responsáveis por sua resistividade elétrica. A
condutividade exclusivamente metálica é rara, portanto, a resistividade dos solos e rochas é
predominantemente controlada pelo conteúdo de água intersticial (Benson et al., 1982, citado
por Nascimento, 1998).

2.2.1 Resistividade Elétrica do Solo

A condutividade e a resistividade elétrica dos solos, rochas e minerais foram


descobertas durante a primeira metade do século XVIII. No entanto, as primeiras tentativas
bem sucedidas de utilização de resistividade como instrumento de prospecção mineral datam
do início do século XIX. As rochas e solos, em geral, são bastante resistivos, porém, a
existência de substâncias metálicas, de origem natural ou antrópica, pode favorecer à
passagem de corrente elétrica.

Suas aplicações mais comuns foram àquelas vinculadas com água subterrânea, porque
a presença de líquidos nos poros normalmente reduz a resistividade elétrica. Num primeiro
momento, a prospecção de águas subterrâneas esteve ligada à indústria de petróleo,
posteriormente o método foi utilizado para a busca da água subterrânea por si só e, desde o
final do século XX, para o monitoramento da contaminação de aqüíferos (Nostrand e Cook,
1966; Orellana, 1972; Telford et al. 1985 citados por Nascimento, 2003).

O estudo das características do solo através da resistividade elétrica vem sendo feito
há muito tempo por pesquisadores da área de hidrogeologia. Essa metodologia de
investigação indireta já foi correlacionada com diferentes propriedades físicas do solo, tais
como a porosidade, a condutividade hidráulica e as propriedades físico-químicas associadas
ao potencial de corrosão (Lunne et al., 1997).

Por muitos anos a medição da resistividade do solo foi realizada com o intuito de

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estimar a porosidade dos solos não coesivos (Lunne et al., 1997). Robertson et al. (1998)
relatam que os primeiros estudos nesse sentido foram realizados por Kroezen em 1981.
Atualmente esta ferramenta tem sido utilizada para fazer investigações em sítios
contaminados (Campanella et al., 1998).

A resistividade elétrica do solo é determinada medindo-se primeiramente a resistência


elétrica do mesmo. O solo é um material trifásico formado por sólidos, líquido e ar. As
partículas sólidas formam uma matriz e as fases líquida e gasosa preenchem os espaços vazios
dessa matriz. O ar é considerado sempre como um corpo isolante.

Segundo Campanella & Weemees (1990), a resistividade aparente do solo é função


tanto da resistividade do fluido intersticial quanto da resistividade das partículas sólidas e de
seu arranjo. O mecanismo dominante da condução é a transferência de carga através da
condução eletrolítica da água intersticial, isto é, do movimento dos íons em resposta à
aplicação de um campo elétrico. Em geral, a maioria dos íons presentes na água intersticial
tem resistividade menor e maior condutividade. É muito importante a determinação do perfil
do solo, visto que o tipo de solo é de grande relevância na resistividade deste como um todo.
A Tabela 2.1 apresenta valores de resistividade elétrica de alguns tipos de rochas e solos
encontrados na literatura.

Tabela 2.1 – Resistividade de alguns metais, minerais, rochas e solos. (Benson et al. (1982);
Keller e Frischknecht (1977), citados por Nascimento (1998))
Substância Resistividade (Ω*m)
Alumínio (Al) 2,5*10-8
Ferro (Fe) 9,0*10-8
Cobre (Cu) 1,6*10-8
Zinco (Zn) 5,5*10-8
Magnetita (Fe3O4) 5,2*10-5
Pirita (FeS2) ≅ 1,0
Ilmenita (FeTiO3) ≅ 2,0
Cuprita (Cu2O) ≅30
Arenito 50 a 10000
Calcário 50 a 5000
Basalto 500 a 1000
Solo argiloso 100 a 500
Solo arenoso 500 a 5000

Segundo Daniel et al. (2000), a resistividade elétrica do solo é afetada pelos seguintes

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fatores:
• Grau de saturação
• Composição iônica do líquido (relacionada a resistividade do fluido intersticial)
• Porosidade
• Temperatura
• Forma dos poros, e
• Capacidade de troca catiônica da matriz sólida.

Nos solos e nas rochas, a resistividade tende a diminuir quando aumenta a umidade
e/ou a quantidade de sólidos dissolvidos na água intersticial. Em solos argilosos, os cátions
adsorvidos na superfície dos cristais de argila atuam como condutores de eletricidade,
tornando-os menos resistivos que os solos arenosos (Benson et al., 1982, citado por
Nascimento, 1998).

Analisando uma área do Jardim Botânico de Brasília através de perfilagens


eletroresistivas e de poços de monitoramento, Nascimento et al., (1999) observaram que a
variação da umidade do solo, conforme a época do ano, influencia os valores de resistividade
elétrica aparente, e que esta variação é ainda maior nos solos arenosos.

A medida da resistividade elétrica do solo é um resultado da condução através dos


componentes do mesmo e da interação entre eles. O solo contaminado é um sistema
multifásico, sendo composto por partículas sólidas, uma fase líquida aquosa (Aqueous phase
liquids - APL), uma fase líquida não-aquosa (Non Aqueous phase liquids - NAPL) e ar. A
dificuldade é identificar qual componente causa a mudança na resistividade. A Tabela 2.2
apresenta valores típicos de condutividade dos fluidos.

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Tabela 2.2 – Valores típicos de condutividade dos fluidos (Campanella et al., 1994a)
Tipo de Material Condutividade Condutividade do
integral ( μS / cm) fluido ( μS / cm)
Água do mar --- 50,000
Água Potável --- <665
Areias de rejeitos de minério 10,000 – 250 5,000 – 370
com drenagem ácida
Areias de rejeitos de minério 145 – 100 665 – 200
sem drenagem ácida
APL em areias 20,000 – 6,000 210
NAPL em areias 80 0,5
100% ED --- ---
50% ED e 50% água em areias 14 ---
17% ED e 83% água em areias 36 ---
Argilas 10,000 – 100 ---
Aluviões e areias 1,000 – 12 ---
Areias com óleo 2,500 - 12 ---
APL – Aqueous Phase Liquids; NAPL – Non-Aqueous Phase Liquids;
ED – Dicloreto de Etileno

Entre as formulações que definem a resistividade elétrica de diferentes componentes, a


mais simples é a Lei de Archie. Ela assume que a resistividade do fluido intersticial, a
porosidade do solo e o grau de saturação são os três fatores dominantes que afetam a
resistividade dos solos granulares (Daniel et al., 2000). Assume ainda que a resistividade
elétrica do solo é diretamente proporcional à resistividade elétrica do fluido intersticial e à
geometria dos espaços vazios no solo (ou rocha). A relação entre a resistividade do solo e a
resistividade do fluido intersticial é dada pelo fator de forma, que é função da geometria dos
espaços vazios.

A Lei de Archie tem sido apontada como uma simplificação da relação entre a
resistividade aparente do solo e a resistividade do fluido intersticial, mas ela é válida quando a
resistividade do fluido intersticial é baixa e existe apenas uma pequena quantidade de
minerais argilosos no solo. Isso ocorre porque a resistividade aparente do solo é função da
geometria dos poros e da resistividade do fluido intersticial, bem como da condução
superficial dos argilo-minerais (Campanella & Weemees, 1990).

Nos materiais granulares (areias), a influência da matriz sólida na resistividade do solo


pode ser suprimida, restando apenas a porosidade e a química do fluido intersticial como
fatores fundamentais. Para solos granulares, com baixa quantidade de finos, as partículas de

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solo e o ar comportam-se como materiais não-condutivos, sendo a corrente elétrica
transportada pelo líquido intersticial.

Como as partículas de argila transportam a corrente elétrica, os materiais argilosos


geram modelagens mais complexas do fenômeno. Por esta razão, é mais freqüente o estudo
em materiais granulares (Nacci et al., 2003a).

Os contaminantes encontram-se dissolvidos na água, especialmente os eletrolíticos,


alterando de forma significativa a resistividade do fluido intersticial, ocorrendo então a
alteração da resistividade do sistema. Portanto, a partir da resistividade do solo, pode-se
estimar a resistividade do fluido intersticial e correlacioná-la com a ocorrência de
contaminantes.

Solos saturados ou não saturados, com altos índices de contaminação por produtos
orgânicos, apresentam resistividade elétrica muito elevada. Entretanto, solos contaminados
com compostos inorgânicos solúveis em água diminuem de forma significativa a resistividade
elétrica do material (Nacci et al., 2003a).

2.2.2 Fatores que Influenciam a Resistividade Elétrica do Solo

Nos últimos anos tem havido um aumento do uso de ferramentas de cravação direta
que medem a resistividade elétrica do solo em estudos geo-ambientais. Isso faz com que seja
necessário que se conheça as variáveis que influenciam o seu comportamento.

Como a fase sólida e o ar do solo se comportam como um material isolante, quanto


menor for o grau de saturação do solo menor será a condução elétrica, aumentando a
resistividade. A investigação em meios não saturados gera muita polêmica, sendo que alguns
autores recomendam desconsiderar os resultados obtidos nessa região devido à dificuldade de
correlacioná-los às propriedades físicas do solo. Outros autores relatam que existe uma
relação única entre o grau de saturação inicial de solos compactados e a resistividade elétrica
medida (Hassanein et al., 1996). A Equação 2.6, proposta por Koller e Frischknecht (1996),
citados por Pacheco (2004), reproduz a razão entre a resistividade de um meio não saturado
( ρ nsat ) e um saturado ( ρ sat ) .

ρ nsat
= S % −B (2.6)
ρ sat

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onde S% é o grau de saturação e B é um parâmetro empírico associado ao tipo de solo.

O tipo de solo é outro fator que influencia a resistividade elétrica devido,


principalmente, à forma dos grãos. Um índice de vazios maior faz com que seja aumentada a
área para passagem de corrente, aumentando a condutividade elétrica. Os Solos finos
apresentam grãos com formatos lamelares o que provoca um aumento da superfície de contato
entre as partículas. Isso afeta o comportamento resistivo do meio podendo resultar na geração
de corrente pela superfície de partículas finas (Weemees, 1990).

Entretanto, no caso de meios em que o fluido intersticial é muito condutivo, o tipo de


solo tem pouca influência, e isso ocorre porque a condução acontece mais facilmente pelo
fluido devido aos íons dissolvidos na solução.

Como citado anteriormente, a argila apresenta resistividade elétrica menor que a areia.
Isso ocorre principalmente porque há uma geração de corrente superficial nas argilas, devido
à elevada capacidade de troca catiônica ou elevado potencial de matéria orgânica (Weemees,
1990).

As medições de resistividade elétrica são realizadas através de um campo elétrico


tridimensional, medindo-se uma média das condições do meio. Portanto, a anisotropia do solo
reflete-se na resistividade elétrica.

Os índices físicos do solo também influenciam a sua resistividade elétrica, visto que
tais índices variam em função de fatores como a granulometria e a mineralogia. Segundo
Hassanein et al. (1996), os solos com maior limite de liquidez ( wL ) e maior índice de
plasticidade ( IP ) tendem a ter uma resistividade inferior, exceto quando os solos apresentam
uma porcentagem elevada de partículas granulares que agem como elementos isolantes.

A temperatura e a viscosidade são inversamente proporcionais. Com o aumento da


temperatura ocorre a diminuição da viscosidade e, por conseqüência, o atrito viscoso do meio
diminui, a mobilidade dos íons aumenta, diminuindo a resistividade do meio.

Hassanein et al. (1996), correlacionam as medidas de resistividade obtidas a uma


temperatura qualquer com uma temperatura ambiente de 25ºC através da Equação 2.7.

ρ T = ρ 25 x10 − CTE (T − 25 )
(2.7)

- 17 -
onde ρ T é a resistividade elétrica a uma temperatura qualquer, ρ 25 é a resistividade elétrica a
25ºC, CTE é o coeficiente termoelétrico e T (ºC) é a temperatura na qual a medida foi
realizada.

Em meios porosos saturados, a maior parte do transporte de íons ocorre na porção


líquida, devido à condução eletrolítica (Campanella, 1999; Robertson et al., 1998; Lunne et
al., 1997). A condutividade elétrica do solo será tanto maior quanto maior for a quantidade de
íons presentes no fluido intersticial. Isso acontece porque quanto mais partículas carregadas
existem em solução, mais elementos carregados estarão em deslocamento. Entretanto, a taxa
de variação entre a resistividade e a concentração do meio não se dá de forma linear. Segundo
Weemees (1990), a resistividade medida para diferentes concentrações pode ser aproximada,
em diferentes faixas de concentração, sendo expressa pela Equação 2.18.

c = σ ∗ ki (2.18)

onde c é a concentração de sólidos dissolvidos em miligrama/litro (mg/l), σ é a condutividade


(μS/cm) e ki é o fator de condutividade, uma constante que depende da faixa de concentração
no fluido intersticial.

2.2.3 Polarização do Solo

Alguns tipos de solos têm comportamento resistivo dependente da freqüência de


voltagem aplicada, originando a polarização induzida (Bodmer et al., 1968, citado por
Pacheco, 2004). O surgimento de uma camada elétrica na superfície das partículas causa este
comportamento. O bloqueio total ou parcial dos poros de uma rocha ou solo, devido aos
argilo-minerais distribuídos dentro deles, gera uma região seletiva de íons que bloqueiam
ânions enquanto que os cátions passam rapidamente. Quando se aplica uma diferença de
potencial alternada, a região seletiva se alterna em função da diferença de potencial e acumula
carga porque a partícula de argila está fisicamente imóvel (Pacheco, 2004).

Os principais fenômenos envolvidos com a origem da polarização induzida em


sedimentos são citados a seguir (Vacquier et al., 1957; Sumi, 1965, citados por Pacheco,
2004):

• Em um depósito aluvionar, a polarização induzida ocorre quando as superfícies dos grãos


apresentam uma cobertura constituída de partículas de argila;

- 18 -
• Quartzo puro em água apresenta quase nenhuma polarização induzida;

• A magnitude da polarização induzida depende da resistividade da solução, da


porcentagem e do tipo da argila existente e dos íons que a saturam, e ainda se a argila
encontra-se floculada ou dispersa;

• Saturação com Sódio (Na) ou Potássio (K) tende a fazer com que as partículas inchem,
fechando muito os poros da matriz, o que conduz a uma redução da polarização quando a
porcentagem de argila é elevada;

• O potencial de polarização, em geral, decresce com a diminuição da resistividade;

• O potencial de polarização é, em linhas gerais, proporcional à capacidade de troca


catiônica da argila.

Solos compostos por partículas granulares, contendo uma pequena porcentagem de


argila, apresentam polarização induzida apreciável. O mesmo não ocorre para a argila pura,
em que a polarização induzida depende do tipo e do estado da argila.

2.2.4 Fator de Forma

O fator de forma é um parâmetro adimensional igual á razão entre a resistividade


elétrica do solo ( ρb ) e a resistividade do fluido intersticial ( ρ f ), como visto anteriormente na

Equação 2.6.

Como admite-se que a condução elétrica varia somente em função da geometria dos
canalículos formados entre os grãos, o fator de forma refere-se à forma dos grãos.

Pacheco (2004), citando Jackson et al. (1978), afirma que a forma dos vazios está
diretamente associada à forma dos grãos e, conseqüentemente, à mineralogia. Dessa forma,
em argilo-minerais, o fator de forma medido é aparente, pois eles conduzem carga elétrica na
sua superfície e não é possível distinguir os fenômenos na medição da resistividade. Weemees
(1990) afirma que uma das considerações mais importantes é que a superfície das partículas
não conduza corrente elétrica.

Archie (1942) foi o primeiro autor a propor uma expressão matemática empírica para
o fator de forma. O Fator de Forma independe da concentração salina sendo esse o meio.

- 19 -
A Lei de Archie é dada por:

ρb −S
FF = = a ∗ n −m ∗ S r (2.9)
ρf

onde FF é o fator de forma; ρb é a resistividade aparente do solo; ρf é a resistividade do fluido


intersticial; a é uma constante dependente da porosidade do solo; m é uma constante
dependente do grau de cimentação entre as partículas; S é uma constante do solo
determinadas experimentalmente; n é a porosidade do solo e Sr é o seu grau de saturação.

O modelo de Archie (1942), em se tratando de solos saturados (Sr = 1), sofre uma
simplificação, resultando na seguinte expressão (Nacci et al., 2003a):

ρb
FF = = a ∗ n −m (2.10)
ρf

Para solos não adensados (a ≈1), m depende do tipo de solo. Para areias, m é 1,5 e, para
argilas, o valor de m varia de 1,8 a 3,0 (Daniel, 1997).

Pacheco (2004) relata que Jackson et al. (1978) realizaram ensaios utilizando uma
variedade de amostras naturais e artificiais, como esferas de vidro, areias com grãos
arredondados, areias com formas alongadas, esferas de vidro misturadas a fragmentos de
conchas na razão 1 para 1, e apenas fragmentos de conchas. Os resultados mostraram a
relevância do tamanho e da distribuição granulométrica no fator de forma, observando
principalmente que a Equação 2.10, proposta por Archie, pode ser aplicada da maneira que foi
proposta inicialmente.

- 20 -
FATOR DE FORMA APARENTE

Figura 2.2 - FF obtido em diferentes porosidades para diferentes materiais (Jackson et al.,
1978, citados por Pacheco, 2004).
FATOR DE FORMA APARENTE

Figura 2.3 - FF em diferentes porosidades para materiais com diferentes porcentagens de


conchas (Jackson et al., 1978, citados por Pacheco, 2004).

- 21 -
Numa escala di-log observa-se que a relação entre o Fator de Forma e a porosidade é
retilínea, com sua inclinação dependente de m. Tal parâmetro aumenta à medida que as
partículas se tornam menos esféricas e, com a presença de conchas, aumenta a inclinação da
curva. O aumento da porcentagem de conchas também eleva a relação entre o Fator de Forma
e a porosidade.

Em solos com granulometria bem distribuída, o Fator de Forma tende a ser maior que
nos solos com granulometria mal distribuída, isso ocorre porque a porosidade nos solos com
granulometria bem distribuída tende a ser menor. Entretanto, a influência da distribuição
granulométrica sobre o parâmetro m é muito pequena, sendo possível encontrar parâmetros m
idênticos para solos diferentes com distribuição granulométrica distintas, mas, com forma de
grãos semelhantes (Jackson et al.,1978, citados por Pacheco, 2004).

2.3 CONTAMINANTES

Os processos de intemperismo em diferentes rochas são extremamente importantes


para a origem dos componentes principais das águas subterrâneas, devido ao tempo de
exposição da água à rocha (Mestrinho, 1998 citado por Monteiro, 1999). Essas características
naturais, no entanto, podem ser modificadas em função do tipo de ocupação do meio físico,
podendo levar a uma contaminação dos recursos hídricos.

Poluição e contaminação são conceitos que geralmente se confundem, mas que devem
ser diferenciados. Poluição é toda e qualquer alteração na qualidade da água, mesmo que não
se atinjam os limites máximos estabelecidos pelas normas e leis vigentes. Contaminação é
quando há na água elementos, compostos ou microorganismos, que possam prejudicar a saúde
do homem e outros animais, ultrapassando os valores máximos permitidos pelos padrões de
qualidade, restringindo o seu uso (Monteiro, 1999).

Alguns íons como cloretos, sulfatos, sódio, ferro e manganês podem ser considerados
como fontes naturais de contaminação, bem como íons contendo Ca, Mg, C e S ou Cl e F,
responsáveis pela salinidade da água.

No caso de aterros ou lixões urbanos, que são fontes de contaminação pontuais de


superfície, os contaminantes mais comumente encontrados são nutrientes, patogênicos fecais,
orgânicos sintéticos e/ou carga orgânica, salinidade e metais.

- 22 -
A contaminação do solo tem-se tornado umas das maiores preocupações ambientais,
uma vez que essa interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e
subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo estar na origem de problemas de saúde pública.

Entretanto, se o estudo dos solos contaminados é recente, a investigação e


desenvolvimento de processos e tecnologias de tratamento o são ainda mais. A abordagem de
atuação nas áreas contaminadas considera três fases fundamentais:
• Identificação (inventários);
• Diagnóstico/ avaliação;
• Tratamento.

Os contaminantes influenciam a resistividade elétrica do solo porque mudam as


propriedades elétricas do fluido intersticial e do subsolo. É importante apontar as diferenças
resistivas e físicas dos diferentes tipos de contaminantes que podem ser encontrados, já que a
parcela sólida e o ar são considerados como materiais isolantes, e como já observado
anteriormente, a maior parte da corrente elétrica é conduzida através da fração aquosa do solo
(Pacheco, 2004).

Na análise da resistividade, medida em uma situação envolvendo um sistema poroso


saturado, contendo dois tipos de fluidos, é de fundamental importância saber se são miscíveis
ou imiscíveis (Pacheco, 2004). A resistividade elétrica da água subterrânea diminui com o
incremento dos sólidos dissolvidos e aumenta se existem contaminantes não condutivos na
água subterrânea (Campanella & Weemees, 1990).

2.3.1 Fontes de Contaminação

Segundo Everard (1995), as fontes de contaminação podem ser divididas em duas


categorias: as fontes pontuais e as fontes não-pontuais. As fontes pontuais são aquelas em que
os contaminantes são derivados de depósitos de rejeitos ou de derramamentos de resíduos
industriais ou de agrotóxicos em áreas relativamente pequenas. Essas fontes são ditas locais
porque são fontes distintas que cobrem uma área relativamente pequena do terreno. Por outro
lado, as fontes não-pontuais são assim chamadas porque são distribuídas na região,
contribuindo para a contaminação de grandes áreas. A Tabela 2.3 lista alguns exemplos de
fontes pontuais e de fontes não pontuais de contaminação.

- 23 -
Tabela 2.3 – Categorias de fontes de contaminação (Everard, 1995)

Fontes Não-pontuais Fontes Pontuais


Aterros sanitários
Agricultura (uso de agrotóxicos) Percolação de lagoas não revestidas e
superfícies confinadas
Vazamentos acidentais
Disposição de rejeitos com técnicas
Chuva Ácida
inadequadas
Fossas sépticas

2.3.2 Tipos de Contaminantes de Águas Subterrâneas

Os tipos de contaminantes dos aqüíferos podem ser divididos em duas categorias: os


que se diluem na água e os que não se diluem na água.

Com os contaminantes miscíveis em água ocorre uma diluição (íons) na água


intersticial do sistema. São os chamados contaminantes dissolvidos ou APL’s. Exemplos
comuns são os contaminantes inorgânicos e metais (SO4-2, PO4-2, Cl-, Pb+2) e alguns
contaminantes orgânicos, como os álcoois. O transporte significativo desses tipos de
contaminantes se dá apenas nas zonas de alta condutividade hidráulica. A maior parte dos
problemas com APL ocorrem próximos a aqüíferos não confinados (Everard, 1995).

O cone resistivo detecta com mais facilidade os contaminantes miscíveis condutores


de corrente elétrica, mas os líquidos miscíveis não condutores também são detectados com
esse equipamento. Os sais inorgânicos, ácidos e bases, em geral, são os melhores condutores.
Alguns exemplos são a contaminação do subsolo por meios antrópicos e a intrusão salina, em
lugares próximos a mares, baías e lagoas (Weemees, 1990).

A detecção de contaminantes que conduzem correntes eletrolíticas em ambientes


marinhos não é conseguida facilmente através da medição da condutividade elétrica, e isso
ocorre devido à alta quantidade de sais dissolvidos na água marinha (Campanella &
Weemees, 1990).

Segundo Everard (1995), os contaminantes não miscíveis em água ou NAPL’s, têm


baixa solubilidade em água. Neles estão incluídos a maioria dos contaminantes orgânicos, e

- 24 -
exemplos comuns são a gasolina e os óleos. O transporte tende a ocorrer com um movimento
simultâneo dos fluidos imiscíveis através dos espaços vazios.

Em geral, os contaminantes orgânicos são isolantes, do ponto de vista elétrico, e sua


presença em um meio poroso saturado tende a aumentar a resistividade elétrica total
(Campanella & Weemees,1990; Lunne et al., 1997; Robertson et al., 1998; Pacheco, 2004).

Os NAPL’s podem ser divididos em dois grupos: os leves ou LNAPL, que são mais
leves que a água e se localizam acima do lençol freático, e os densos ou DNAPL’s, que são
mais pesados que a água e que são encontrados nas zonas de baixa condutividade hidráulica
(Everard, 1995).

É de se esperar que haja uma variação brusca de resistividade elétrica na região de


contato entre duas substâncias não miscíveis, por se tratar de constituições completamente
diferentes (fisicamente segregadas devido à diferença de massa específica). Os LNPAL
encontram-se quase sempre na interface com a região não saturada, na qual a condução
eletrolítica é reduzida. Portanto, é difícil detectar a presença de substâncias isolantes
(Pacheco, 2004).

2.4 INVESTIGAÇÃO GEOAMBIENTAL

Nos últimos anos houve um aumento nos projetos geoambientais, sendo exigida uma
combinação entre os conceitos da engenharia geotécnica e os conceitos ambientais. Muitos
desses projetos envolvem a contaminação do solo, na forma de vapores, líquidos ou sólidos.
Então, foi necessária uma mudança nas técnicas de caracterização para adaptar-se aos
conceitos ambientais em relação aos contaminantes.

Os métodos geofísicos elétricos podem auxiliar consideravelmente na solução de


problemas de contaminação, permitindo delimitar de forma rápida e contínua a distribuição
lateral e a profundidade da pluma de contaminação. As dificuldades que podem ocorrer, e que
em certas situações podem ocasionar insucessos na aplicação dos métodos, resultam da forma
como os contaminantes comportam-se em subsuperfícies e das características elétricas do
meio em que se encontram (Mazác et al., 1994, citado por Azambuja et al., 1999).

As técnicas de sondagem e amostragem comumente utilizadas geram perturbações


consideráveis no solo próximo ao furo, comprometendo a qualidade da amostra retirada, além

- 25 -
de demandar muito tempo nessa coleta. Além disso, os resíduos gerados, a princípio,
considerados contaminados, precisam ser acomodados adequadamente, o que aumenta os
custos operacionais.

Surgiu então a necessidade de se desenvolver técnicas de caracterização geoambiental


mais rápidas, eficientes e com custos relativamente menores. A tecnologia de cravação direta,
ou seja, ensaios de penetração, não geram resíduos, não produzem distúrbios consideráveis no
solo e reduzem o contato entre o operador do equipamento e o material contaminado, desde
que o equipamento seja descontaminado durante a retirada (Lunne et al., 1997).

Por estas razões, os equipamentos de cravação direta, como é o caso do cone resistivo
e da ponteira resistiva, têm sido aceitos com muita facilidade nas investigações
geoambientais.

Existe uma variedade de ensaios penetrométricos para realização de ensaios


geotécnicos e geoambientais. Esses ensaios podem ser divididos em três categorias: os de
registro de dados, os específicos e os combinados. O ensaio de registro de dados mais popular
para investigações geotécnicas é o CPT (Cone Penetration Test). Nos ensaios do tipo
específico estão incluídos os ensaios de palheta e o pressiômetro, e nos ensaios do tipo
combinado estão incluídos o CPT sísmico e o CPT resistivo.

Uma caracterização geoambiental de campo requer uma representação em 3-D da


estratigrafia (incluindo variações), a estimativa de parâmetros geotécnicos, propriedades e
condições hidrogeológicas, além da distribuição, composição e concentração dos
contaminantes. Geralmente, a metodologia de investigação aplicada ao diagnóstico de solos
contaminados envolve tecnologias geofísicas superficiais associadas à retirada de amostras de
solo e de fluido para posterior análise físico-química, além de um monitoramento, a longo
prazo, da área onde se identificou o potencial de contaminação.

O CPT tem sido uma importante ferramenta de campo para a caracterização dos solos
onde a penetração é possível. Ele mede as respostas mecânicas do solo ao processo de
penetração através da resistência à penetração na ponta do cone (qc), do atrito lateral (fs) e da
poropressão (u).

Alguns sensores foram adicionados ao CPT para suprir a necessidade de identificar a


presença de algum tipo de contaminante, tais como o sensor de temperatura, o sensor de pH e

- 26 -
o módulo de resistividade elétrica (RCPTU).

2.4.1 Cone Resistivo

Um dos mais importantes sensores adicionados ao CPT é o módulo de resistividade ou


de condutividade elétrica. Na Holanda, a medição de resistividade elétrica combinada, usando
o CPT, vem sendo feita desde 1970 (Graff and Zuidberg, 1985, citado por Lunne et al., 1997).
Detalhes do sistema são mostrados na Figura 2.4.

Como mencionado anteriormente, a medição das propriedades elétricas foi


primeiramente utilizada para avaliar a densidade in situ das areias (Kroezen, 1981, citado por
Lunne et al., 1997), mas recentemente vem sendo usada para avaliar a contaminação do solo
(Campanella & Weemees, 1990; Horsnell, 1988, citado por Lunne et al., 1997).

A razão para desenvolver um medidor de resistividade elétrica está no fato de que em


muitas circunstâncias, as propriedades elétricas do solo se modificam na presença dos
contaminantes. Por isso, pela medição da resistividade, as extensões lateral e vertical da
contaminação do solo pode ser avaliada. O cone resistivo foi desenvolvido a partir do CPT
padrão e trabalha baseado no princípio de que a diferença de voltagem medida através de dois
eletrodos no solo, expostos a uma corrente de excitação, que é proporcional à resistividade
elétrica do solo.

Brown et al., 1996, utilizaram o RCPTU associado a uma técnica geofísica superficial
eletromagnética de medição de resistividade/condutividade elétrica do solo, para detectar
contaminação por resíduos de mineração. Os autores observaram que de fato o cone resistivo
é uma ferramenta eficaz e economicamente viável para caracterização geoambiental de
campo.

A denominação de cone resistivo resulta do fato de que a resistividade é medida


através do módulo acoplado ao CPTU, denominado módulo resistivo. Já o nome “ponteira
resistiva” refere-se ao cone que mede exclusivamente a resistividade. Desde que a
estratigrafia do terreno seja conhecida, seja pelo CPTU ou por sondagens, este instrumento
pode ser utilizado (Pacheco, 2004).

- 27 -
Figura 2.4 – Módulo resistivo para solo e módulo resistivo para água (modificado de
Graff and Zuidberg, 1985, citado por Lunne et al., 1997).

O módulo resistivo consiste em uma ponteira cônica, de geometria similar à do CPT, na


qual é disposto um arranjo de eletrodos em formato anelar, isolados eletricamente através de
materiais cerâmicos ou plásticos, que permitem a medição da resistência elétrica do solo. A
geometria e o número de eletrodos variam, sendo usual a adoção de dois ou quatro eletrodos
nos equipamentos comerciais (Nacci et al., 2003b).

Assumindo-se que o solo se comporta como um meio homogêneo e isotrópico, que os


eletrodos se comportam como condutores perfeitos e que a fonte geradora do sinal
corresponde a uma fonte perfeita de corrente, pode-se relacionar diretamente a resistividade
elétrica do solo com a resistência elétrica medida pela ponteira através da seguinte relação
linear:

ρb = k ∗ R (2.11)

- 28 -
sendo k é o fator geométrico da ponteira, R é a resistência elétrica medida.

Sendo os eletrodos anelares, a razão entre a seção transversal e o comprimento das


linhas de corrente, representada pela constante k, não pode ser calculada de forma direta,
tendo que ser estimada mediante processo de calibração da ponteira resistiva.

O cone resistivo já está sendo muito bem aceito como uma ferramenta usual para
proteção ambiental, confirmando a interpretação da estratigrafia e determinando o nível
freático (Daniel, 1997). A Figura 2.5 apresenta um esquema do cone resistivo (RCPT)
desenvolvido pela Universidade de British Columbia.

VELOCIDADE DE
CRAVAÇÃO HASTE DE CONE

ISOLAMENTO

MÓDULO RESISTIVO
2
“ISOLADO” - 10,5 cm

ELETRODOS

ACELERÔMETRO

U3
PIEZOCONE COM SEÇÃO
2
TRANSVERSAL DE 10 cm
U2

U1
Qc

Figura 2.5 – Cone Resistivo UBC (Campanella et al., 1998).

Segundo Davies e Campanella (1995), o cone resistivo pode ser usado para determinar,
com eficácia, as seguintes propriedades geotécnicas e ambientais:
• Estratigrafia do solo;
• Densidade do solo;
• Parâmetros não drenados de resistência cisalhante;
• Condutividade hidráulica;
• Gradientes hidráulicos in-situ;
• Natureza geoquímica da água intersticial.

- 29 -
Com parâmetros referentes à natureza geoquímica, pode-se avaliar continuamente a
carga resistiva detectada pelo cone resistivo e compará-la com a análise química feita nas
amostras coletadas pelos sistemas de amostragem de fluido.

As medidas de resistividade feitas pelo cone resistivo apresentam grandes variações


devido à sua grande sensibilidade para detectar sais dissolvidos e contaminantes orgânicos de
baixa solubilidade. Uma das vantagens do equipamento é a capacidade de fazer leituras
contínuas de resistividade em conjunto com o CPTU padrão (Campanella et al., 1993).

Um exemplo dos resultados obtidos utilizando o CPTU com o módulo resistivo é


mostrado na Figura 2.6. Estes resultados foram obtidos numa área contaminada por creosoto
(Campanella et al., 1994a). Os valores de resistividade aparente medidos foram largamente
comparados aos valores do solo em zonas contaminadas. Os produtos livres foram verificados
através de monitoramento e amostragem.

Poro-pressão Resistência de Resistividade


U2 Ponta Índice de Atrito Aparente R010
(m de água) Qt (Mpa) Rt (%) (Ohm-m)

0 40 0 25 0 2.5 0 250
Profundidade (m)

U 0

16

24

Figura 2.6 – Sondagem de RCPTU numa área contaminada por creosoto (Campanella et al.,
1994a).

- 30 -
Robertson et al. (1996), utilizaram um RCPTU modificado para detectar polarização,
associado a um amostrador de fluido tipo BAT para caracterização de uma área em
Vancouver, Canadá, contaminada por resíduos de mineração (Enxofre), tendo observado
claramente uma correlação entre as medições realizadas pelo equipamento e a concentração
de contaminantes encontrados na área, como o ferro e o sulfato. Na Figura 2.7 observa-se uma
correlação aparentemente linear entre a condutividade elétrica do solo e a concentração de
ferro na área.

Figura 2.7 – Correlação entre a condutividade elétrica do solo e a concentração de ferro numa
área, em Vancouver, Canadá, contaminada por resíduos de enxofre, resultado do processo de
mineração (Robertson et al., 1996).

2.4.1.1 Número de Eletrodos

Dependendo do objetivo que se pretende alcançar, pode-se variar o número de eletrodos


em um cone resistivo. Na literatura, existem diferentes modelos com quantidade e distribuição
de eletrodos distintas. Quanto maior o número de eletrodos, mais sofisticado será o
equipamento, além de requerer uma tecnologia eletrônica mais complexa na placa geradora de
sinal e um cone de dimensão maior, o que aumenta o atrito lateral e exige uma estrutura de
reação mais forte (Pacheco, 2004).

Para que os resultados medidos por cones resistivos de diferentes configurações não
variem, é necessário que se ajuste a freqüência de sinal adequada para cada configuração,
pois, uma freqüência muito reduzida pode causar a polarização dos eletrodos. Este fenômeno
impossibilita a realização de medições confiáveis porque faz com que a impedância entre os
eletrodos varie ao longo do tempo (Weemees, 1990).

- 31 -
O cone resistivo com arranjo de quatro eletrodos, como o desenvolvido na UBC
(University of British Columbia) por Weemees (1990), elimina o efeito da polarização e, além
disso, pode realizar medições em diferentes pares de eletrodos (Lunne et al., 1997). A Figura
2.8 mostra um exemplo de cone resistivo com um arranjo de quatro eletrodos, sendo os
eletrodos internos medidores de diferença de potencial e os externos responsáveis pela
geração de corrente. Os eletrodos externos também podem medir a diferença de potencial
entre eles, variando a região investigada ao redor do equipamento e realizando duas medições
que podem ser comparadas entre si (Campanella & Weemees, 1990; Lunne et al., 1997;
Pacheco, 2004).

Material Isolante

Eletrodo Aterrado

Eletrodos de
Voltagem
ΔV2

ΔV1

Eletrodo de
Corrente

Equipotenciais

Figura 2.8 – Representação esquemática das equipotenciais desenvolvidas pelo cone resistivo
de quatro eletrodos (modificada de Pacheco, 2004).

O projeto do cone resistivo de dois eletrodos tem como principal vantagem a relativa
simplicidade da parte eletrônica (Weemees, 1990), mas também apresenta suas limitações.
Segundo Nacci et al. (2003b), a ponteira resistiva deve ser alimentada com um sinal de
corrente alternada, pois um sinal contínuo origina um efeito de polarização nos eletrodos,
resultando em valores de resistividade fictícios – maiores que os reais.

Quando se utiliza um sinal alternado, de freqüência aproximada de 1000Hz, o efeito de

- 32 -
polarização pode ser desconsiderado na maioria dos casos. Esta freqüência é considerada
baixa para reconhecimento geofísico e, conseqüentemente, pode ser usada para medir valores
de resistividade diretamente.

2.4.1.2 Espaçamento entre Eletrodos

A corrente elétrica é gerada por um único eletrodo de potencial, e a partir deste


elemento são geradas linhas equipotenciais que se desenvolvem para dentro do solo. Então,
segundo Lunne et al. (1997), quanto maior a distância entre os eletrodos maior será a região
investigada. Segundo Campanella & Weemees (1990), na determinação de camadas finas de
resistividade contrastante, o espaçamento dos eletrodos deverá ser de 10 mm, variando até
150 mm, para medir a resistividade média em profundidades maiores e com maior penetração
lateral do campo elétrico.

Em investigações geoambientais, pequenas lentes de areia ou de argila podem exercer


um papel fundamental no transporte ou retenção de contaminantes. Nestes casos, deve-se usar
um espaçamento reduzido entre eletrodos, pois isso faz com que as linhas equipotenciais
geradas localizem-se próximas ao corpo do cone e não penetrem muito no solo, investigando
uma região muito pequena e detectando tais lentes (Pacheco, 2004).

O cone resistivo equipado com eletrodos com diferentes espaçamentos entre si, torna-se
uma ferramenta útil para avaliação do estado de compacidade de um terreno arenoso, visto
que na cravação, as areias compactas tendem a sofrer dilatância enquanto as fofas se
comprimem (Lambe, 1969). Isso altera a medida da resistividade.

2.4.1.3 Polarização nos Eletrodos

À medida que uma corrente elétrica é conduzida através de um par de eletrodos, uma
dada concentração de íons se acumula na região próxima aos mesmos, provocando o efeito da
polarização, e esse fenômeno produz uma impedância em série com o solo. Nessa região
ocorrem reações de oxi-redução para que haja transferência de carga (Weemees et al., 1990).
Uma forma de reduzir esse efeito é fazer com que essa corrente passe por outro par de
eletrodos. Numa configuração de dois eletrodos, a uma freqüência de 1000Hz, os íons não
têm tempo de se acumular nos eletrodos e isso faz com que o efeito da polarização diminua
(Weemees, 1990; Nacci et al., 2003a).

- 33 -
2.4.2 Amostrador de Fluido

Os estudos de águas subterrâneas foram muitas vezes associados ao uso de técnicas ou


substâncias que podem induzir ao erro ou contaminação. Por exemplo, o transporte do líquido
até o laboratório em um recipiente não isolado, pode permitir a volatização química da
amostra, ou ainda pode haver vazamento provocando contaminação do ambiente ou do
operador. Torstensson e Petsonk (1988) desenvolveram o sistema BAT (Best Available
Technology) para o monitoramento de águas subterrâneas, que eliminou esses problemas.
Todos os componentes do sistema são hermeticamente fechados, permitindo que as condições
de campo sejam mantidas. O sistema permite retirar amostras pressurizadas de fluido e gás em
qualquer profundidade. A água subterrânea pode ser extraída tanto da região saturada quanto
da zona vadosa de solos ou formações rochosas.

As amostras são coletadas no campo, em recipientes previamente esvaziados e


esterilizados, e levadas ao laboratório. Visto que as amostras são lacradas e pressurizadas, não
ocorre perda de gases, contato com o meio ambiente nem com o operador, sendo que as
amostras chegam ao laboratório nas mesmas condições de campo.

O sistema de campo também contém componentes adicionais para serem usados nas
investigações das águas subterrâneas. Podem ser feitas medidas de poropressão, de
condutividade hidráulica e ainda serem realizados testes com traçadores (introdução no lençol
freático de substâncias que possam ser monitoradas para posterior determinação do
caminhamento da pluma de contaminação). O equipamento não tem componentes eletrônicos
e funciona apenas com um êmbolo. As Figuras 2.9 e 2.10 mostram, respectivamente, um
esquema da ponteira do amostrador e do amostrador de fluido BAT.

Figura 2.9 – Ponteira do amostrador de fluido (Torstensson, 1984).

- 34 -
Recipiente
hermeticamente
fechado

Disco
Flexível
Cabo
Conexão
hermeticamente
fechada nas duas
extremidades

Amostrador em
recipiente
Disco hermeticamente
Flexível fechado

Haste

Conexão
hermeticamente
fechada nas duas
extremidades

Ponteira do
Amostrador BAT

Figura 2.10 – Sistema BAT de amostragem (modificada de Torstensson, 1984).

2.4.3 Amostrador de Solo

Segundo Auxt e Wright (1996), os contaminantes existem em 13 diferentes estados no


solo. Entre eles estão os estados de vapor, vários estados dissolvidos, a fase aquosa, a fase não
aquosa, absorção, adsorção, suspensão, etc. Por esta razão, para caracterizar completamente o
solo analisado, não se deve usar apenas as amostras do fluido. Neste caso, amostras de solo
podem ser retiradas através de amostradores, utilizando o mesmo sistema hidráulico adotado
pelo cone resistivo.

Os amostradores de solo funcionam de forma semelhante aos amostradores de fluido.


Eles permanecem completamente fechados até que se atinja a profundidade desejada, quando
são então abertos e avançam até que a câmara do amostrador esteja cheia, sendo neste

- 35 -
momento retirados do solo com a amostra. Essa operação pode ser repetida várias vezes,
desde que entre uma coleta e outra o equipamento seja descontaminado.

A Figura 2.11 apresenta um detalhe de um de amostrador de solo comercial.

Figura 2.11 - Amostrador de solo (Lunne et al., 1997).

- 36 -
Capítulo 3 3

MATERIAIS, ENSAIOS E
MÉTODOS
3.1 INTRODUÇÃO

Neste Capítulo serão apresentadas as características gerais das áreas onde foram
realizados os ensaios, objetos dessa dissertação, e os seus aspectos fisiográficos. Também será
apresentada a metodologia utilizada para a realização dos ensaios de campo, assim como as
características do solo da região. O local escolhido para a realização da pesquisa é a ETE
Norte da CAESB, em Brasília, devido a suspeita de contaminação das águas do lago Paranoá
por resíduos do tratamento dos esgotos nesta região.

Uma provável fonte de contaminação é o depósito de lodo, onde são depositados os


resíduos sólidos resultantes do tratamento do esgoto, situado a cerca de 500m da margem do
lago Paranoá, sendo esta área uma das escolhidas para a realização dos ensaios. Ao lado do
depósito encontra-se um campo de futebol, onde o lodo nunca foi depositado, sendo escolhido
como área de comparação por ser uma área não contaminada. Entre estas áreas há um
desnível de cerca de um metro, sendo o campo de futebol a área de maior elevação.

A outra área escolhida localiza-se a jusante dos leitos de secagem da estação de


tratamento, nas margens do lago Paranoá. Esta área foi escolhida para que pudesse ser feita a
verificação de uma provável contaminação da água subterrânea, visto que nesta o nível d’água
foi encontrado a 2,8m de profundidade.

Serão apresentados mais adiante detalhes esquemáticos das áreas citadas. Os


ensaios desta pesquisa foram realizados num período de tempo compreendido entre agosto
e dezembro de 2003.

3.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA

A ETE Norte da CAESB situa-se na porção central do Distrito Federal, com altitude
média de 1080m. Segundo o sistema cartográfico do Distrito federal – SICAD (CODEPLAN,
1992), seu posicionamento geográfico pode ser delimitado, em coordenadas UTM (projeção

- 37 -
cartográfica Universal Transversa de Mercator), pelos limites 8256800 a 8257600 N (m) e
191620 a 192020 E (m) em relação ao meridiano central 45º (datum horizontal CHUÁ).

O acesso principal à ETE Norte se dá pela via L4 Norte, no Setor de Clubes Norte,
dentro de Brasília. A estação de tratamento de esgoto, ETE Norte, trata lodos ativados em
nível terciário, recebendo atualmente uma vazão média de 412 l/s e atendendo às áreas da Asa
Norte de Brasília, Vila Varjão e Lago Norte, tendo como corpo receptor o lago Paranoá. A
Figura 3.1 mostra um mapa do Distrito Federal e a Figura 3.2 mostra a ETE Norte da CAESB.

Figura 3.1 – Mapa do Distrito Federal (Escala 1:39000).

- 38 -
Figura 3.2 – ETE Norte – CAESB. (www.caesb.df.gov.br).

3.1.1 3.2.1 Localização e Descrição das Áreas de Estudo

Para realização dos trabalhos desta dissertação foram escolhidas três áreas distintas
dentro da ETE Norte da CAESB. A primeira área escolhida foi o depósito de lodo biossólido,
a partir de agora chamado apenas de depósito de lodo, fonte visível de contaminação. A
segunda área foi o campo de futebol, escolhido por ser uma área onde nunca foi depositado o
lodo, denominada “área de branco”. A terceira e última área foi uma porção da margem do
Lago Paranoá, denominada a partir de agora apenas como margem do lago, localizada logo
após os leitos de secagem da estação de tratamento, que também apresenta traços de
contaminação.

Depósito de
Lodo da ETE –
Norte /CAESB

Margem do Lago
Paranoá

Campo de
Futebol

Figura 3.3 – Figura esquemática para indicação das áreas de estudo.

- 39 -
3.2.1.1 Depósito de Lodo

A área onde está localizado o depósito de lodo pode ser observada na Figura 3.4. Ela é
usada como depósito para os resíduos sólidos resultantes do tratamento de esgotos urbanos,
em outras palavras, lodo biossólido. Por algum tempo esse lodo foi usado como adubo em
algumas regiões do Distrito Federal, mas seu uso foi suspenso devido à constatação de
contaminação de alguns corpos d’água devido ao seu uso.

O depósito de lodo é um forte candidato à fonte de contaminação do lago Paranoá,


visto que não é possível garantir o confinamento seguro desses resíduos e que existe a
possibilidade do carreamento dos mesmos através do escoamento subsuperficial, ou por
infiltração.

Figura 3.4 – Depósito de Lodo Biossólido.

3.2.1.2 Campo de Futebol

O campo de futebol está localizado ao lado do depósito de lodo e foi escolhido para
que fosse possível comparar os resultados obtidos dos ensaios de cone resistivo na área
contaminada com resultados obtidos a partir de uma área sem contaminação (e que tivessem
ambas características geotécnicas semelhantes). O campo de futebol pode ser visto na Figura
3.5.

- 40 -
Figura 3.5 – Campo de futebol.

3.2.1.3 Margem do Lago

Esta área foi escolhida por estar mais próxima do lago Paranoá e por estar à jusante do
depósito de lodo. Devido à proximidade do lago, o nível d’água nesta área apresenta-se mais
próximo da superfície, facilitando a retirada de amostras de água subterrânea. Na Figura 3.6 é
possível ver a porção da margem do lago Paranoá escolhida para a realização dos ensaios.

Figura 3.6 – Margem do Lago Paranoá.

3.1.2 3.2.2 Aspectos Fisiográficos

3.2.2.1 Clima

Segundo a classificação de Köppen, o clima do Distrito Federal pode ser definido


como tropical, com concentração de chuvas no período de verão e estiagem no inverno.

- 41 -
Dentro de sua área não há grandes variações da distribuição espacial dos totais de precipitação
pluviométrica, entretanto, as diferenças altimétricas condicionam uma certa diferenciação na
temperatura. Sendo assim, os seguintes tipos climáticos foram observados no Distrito Federal
(CODEPLAN, 1984): Tropical – Aw, Tropical de Altitude – Cwa e Tropical de Altitude –
Cwb.

O tipo climático dominante na área onde está localizada a ETE Norte da CAESB é o
Cwa. A precipitação pluviométrica anual média de Brasília é da ordem de 1.574,5 mm, sendo
que no verão as médias mensais podem atingir 300mm. Com relação à temperatura, a média
anual é igual a 21ºc, sendo que na primavera essa média chega a 23ºC (Abreu, 2001).

Tabela 3.1 – Tipos climáticos no DF e sua relação com a altimetria (Carneiro, 2002)
Tmédia – mês
Tipo Denominação Tmínima – mês frio Cota Altimétrica
quente
Aw Tropical > 18ºC -- < 1000 m
Cwa Tropical de Altitude < 18ºC > 22ºC 1000 – 1200 m
Cwb Tropical de Altitude < 18ºC < 22ºC > 1200 m

3.2.2.1 Geologia

A maior parte do Distrito Federal é ocupada pela unidade geológica do Grupo


Paranoá, que se caracteriza por seis camadas estratigráficas: o Metassiltito Argiloso, a
Ardósia, o Metarritmito Arenoso, o Quartizito Médio, o Metarritmito Argiloso e a Psamo-
Pelito Carbonata. A ardósia, devido à sua baixa resistência aos processos de intemperismo,
não é bem exposta no Distrito Federal, podendo-se observar alguns afloramentos em cortes de
estradas, voçorocas ou em drenagens. Sua área de ocorrência está praticamente restrita ao
núcleo do Domo de Brasília (onde está localizada a ETE Norte da CAESB), conforme
evidencia Carneiro (2002). Na ETE Norte da CAESB, como se pode observar no mapa a
seguir, a unidade predominante é a Ardósia.

- 42 -
Figura 3.7 – Mapa geológico simplificado do Distrito Federal (modificado – Carneiro, 2002).

Essa litofácie é coberta por uma camada espessa de latossolo argiloso, que superam as
médias do Distrito Federal. Ardósias roxas quando alteradas, ou cinzas esverdeadas quando
frescas e homogêneas, caracterizam essa litofácies. Pode ocorrer a presença de quartizitos
dentro do conjunto das ardósias, sendo sempre caracterizadas por lentes métricas ou
decamétricas geralmente maciças e irregulares, apresentando cor branca ou amarelada e
podendo ser puros, finos a médios. Analisando em seções delgadas observa-se grande
quantidade de óxidos e hidróxidos de ferro, finas lamelas de mica branca e outros argilo-
minerais e quartzo (Freitas-Silva e Campos, 1998, citados por Carneiro, 2002).

3.2.2.3 Hidrografia

O Distrito Federal atua como divisor de águas de três grandes e importantes bacias
hidrográficas brasileiras: a bacia do rio São Francisco, a bacia do Paraná e a bacia do
Tocantins. As águas superficiais do Distrito Federal pertencem, basicamente, a quatro sub-
bacias locais: do rio São Bartolomeu e do rio Descoberto, que drenam a bacia do Paraná; a
bacia do rio Maranhão, que corre para a bacia do Tocantins; e, finalmente, a bacia do rio
Preto, que pertence à bacia do São Francisco. O rio Paranoá é um importante tributário do rio
São Bartolomeu e é ele que recebe as águas da barragem do lago Paranoá.

O lago Paranoá originou-se do barramento do rio Paranoá, e encontra-se na parte


central do Distrito Federal, sendo utilizado para lazer, geração de energia e como corpo
receptor das estações de tratamento de esgotos ETE-Sul e ETE-Norte, da CAESB.

- 43 -
3.3 METODOLOGIA UTILIZADA

3.1.3 3.3.1 Mapeamento da Região

No intuito de escolher a melhor área para realização dos ensaios foi feito um
levantamento topográfico das áreas indicadas como prováveis fontes de contaminação. As
Figuras 3.8, 3.9 e 3.10 mostram o levantamento esquemático das áreas analisadas na ETE
Norte da Caesb. Na Tabela 3.2 são apresentados dados dos locais onde foram realizados os
ensaios.
Tabela 3.2 – Descrição dos ensaios de campo.
Ensaio Profundidade Local Data Nível D’água (m) Amostra Amostra
(m) de Solo de Fluido
P01 5,0 Campo de futebol 15/05/2003 Não encontrado 5 -
P02 5,5 Campo de futebol 15/09/2003 Não encontrado 5 -
P03 3,5 Margem do lago 16/09/2003 2,8 4 -
SPT1 5,5 Campo de futebol 12/05/2003 Não encontrado 6 -
SPT2 5,5 Campo de futebol 12/05/2003 Não encontrado 6 -
SPT3 6,5 Depósito de lodo 12/05/2003 Não encontrado 7 -
DPL1 3,0 Depósito de lodo 17/09/2003 Não encontrado - -
DPL2 4,7 Margem do lago 17/09/2003 2,8 - -
DPL3 5,4 Margem do lago 17/09/2003 2,8 - -
DPL4 5,0 Margem do lago 17/09/2003 2,8 - -
CR1 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado - -
CR2 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado - -
CR3 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado - -
CR4 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado - -
CR5 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado - -
CR6 3,5 Margem do lago 28/10/2003 2,8 - -
CR7 4,0 Margem do lago 28/10/2003 2,8 - -
CR8 4,3 Margem do lago 28/10/2003 2,8 - -
AS1 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado 5 -
AS2 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado 4 -
AS3 4,0 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado 5 -
AS4 3,5 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado 4 -
AS5 3,5 Depósito de lodo 21/10/2003 Não encontrado 4 -
AS6 3,5 Margem do lago 28/10/2003 2,8 4 -
AS7 3,5 Margem do lago 28/10/2003 2,8 4 -
AS8 5,5 Campo de futebol 21/10/2003 Não encontrado 5 -
AF1 3,0 Margem do lago 30/10/2004 3,0 - 1
AF2 Superfície Lago Paranoá 14/11/2003 Superfície - 1

Onde P indica um poço de coleta de amostras de solo para caracterização geotécnica, SPT e

- 44 -
DPL indicam sondagens verticais realizadas com estes equipamentos, respectivamente, CR
indica sondagem vertical realizada com o cone resistivo, AS indica sondagem vertical com o
amostrador de solo e AF indica sondagem vertical com o amostrador de fluido.

- 45 -
Figura 3.8 – Indicação esquemática dos ensaios realizados nas áreas analisadas.

- 46 -
Figura 3.9 – Detalhe A – Depósito de lodo.

- 47 -
Figura 3.10 – Detalhe B – Margem do lago.

3.3.1.1 Ensaios SPT e DPL

Foram realizadas 03 sondagens verticais utilizando o sistema SPT, sendo duas no


campo de futebol e 01 no depósito de lodo, conforme mostrado nas Figuras 3.8 e 3.9. As
sondagens atingiram uma profundidade média de 6,0m e não foi encontrado o nível d’água
nessas áreas. Observando os resultados das sondagens com SPT no campo de futebol e no
depósito de lodo, verificou-se que o tipo de solo predominante na região é a argila-siltosa
avermelhada, na superfície, seguida da cinza escura em profundidade.

Segundo Sy (1993) e Schnaid (2000), o ensaio de penetração padrão (SPT) é uma


ferramenta muito difundida, rotineira e econômica de investigação em quase todo o mundo,
permitindo uma indicação da compacidade de solos granulares, sendo aplicado à identificação
da consistência de solos coesivos e mesmo de rochas brandas. Métodos rotineiros de projeto
de fundações diretas e profundas usam sistematicamente os resultados de SPT, especialmente
no Brasil.

O ensaio é adequado à prospecção de solos granulares e à previsão de valores do


ângulo de atrito interno. O ensaio com SPT constitui-se em uma medida de resistência
dinâmica conjugada a uma sondagem de simples reconhecimento. A perfuração é realizada
por tradagem e circulação de água, utilizando-se um trépano de lavagem como ferramenta de
escavação. Amostras representativas do solo são coletadas a cada metro de profundidade
através de amostrador padrão, de diâmetro de 50 mm. O procedimento de ensaio consiste na
cravação deste amostrador no fundo de uma escavação, usando um peso de 65,0 kg, caindo de
uma altura de 750mm. O valor NSPT é o número de golpes necessário para fazer o amostrador
penetrar 300mm, após uma cravação inicial de 150mm (Sy, 1993). As Figuras 3.11 a, b e c
mostram os resultados das sondagens com SPT.

- 48 -
Sondagem SPT 01 - Campo de Sondagem SPT 02 - Campo de
Futebol Futebol

Nspt
Nspt
0 10 20 30 40
0 10 20 30 40
0
0

1 12
1 4

2 14
2 6

Profundidade (m)
Profundidade (m)

3 5
3 18

4 9
4 11

5 17 5 22

6 27 6 21

7 7

Figura 3.11a – SPT 01 – Campo de Futebol Figura 3.11b – SPT 02 – Campo de Futebol

Sondagem SPT 03 - Depósito de


Lodo

Nspt
0 10 20 30 40
0

1 4

2 4
Profundidade (m)

3 5

4 8

5 11

6 31
22
7

- 49 -
Figura 3.11c – SPT 03 – Depósito de Lodo

Além das sondagens utilizando o sistema SPT, foram realizadas mais quatro
sondagens à percussão utilizando o sistema DPL.

O ensaio de DPL, como o ensaio de SPT, constitui-se em uma medida de resistência


dinâmica. O equipamento é composto de uma ponteira cônica maciça, um suporte que serve
de guia para a cravação da ponteira e um martelo pesando 5,0kg. Para a realização do ensaio é
feito um furo de aproximadamente 0,50m de profundidade onde é colocado o suporte que
serve de guia para a ponteira, em seguida a haste é cravada com o auxílio do martelo. O valor
NDPL é o número de golpes necessário para fazer o amostrador penetrar 100mm, após uma
cravação inicial de 150mm. A desvantagem desse método é a falta da coleta de amostras de
solo.

Foram realizadas 4 sondagens verticais com esse equipamento, sendo uma no depósito
de lodo e três na margem do lago. A sondagem realizada no depósito de lodo atingiu uma
profundidade de 5m e não foi encontrado o nível d’água. As sondagens realizadas na margem
do lago atingiram uma profundidade de 5,0m e o nível d’água foi encontrado a 2,8m. As
Figuras 3.12 a, b, c e d mostram os resultados das sondagens realizadas com a utilização do
DPL.

- 50 -
DPL - VERTICAL 01 DPL - VERTICAL 02
Depósito de Lodo Margem do Lago Paranoá

Ndpl Ndpl
0 20 40 60 80 0 10 20 30 40
0 0

0,5 0,5

1 1

1,5 1,5

Profundidade (m)
2
Profundidade (m)

2,5 2,5

3 3

3,5 3,5

4 4

4,5 4,5

5 5

5,5 5,5

Figura 3.12a – DPL 01 – Depósito de Lodo Figura 3.12b – DPL 02 – Margem do Lago

DPL - VERTICAL 03 DPL - VERTICAL 04


Margem do Lago Paranoá Margem do Lago Paranoá

Ndpl Ndpl

0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
0 0

0,5 0,5

1 1

1,5 1,5
ProfundidadeE (m)

2
Profundidade (m)

2,5 2,5

3 3

3,5 3,5

4 4

4,5 4,5

5 5

5,5 5,5

Figura 3.12c – DPL 03 – Margem do Lago Figura 3.12d – DPL 04 – Margem do Lago

- 51 -
As sondagens verticais utilizando o SPT e o DPL foram realizadas com o intuito de se
determinar a resistência a penetração do solo nas áreas em estudo para conhecer, num
primeiro momento, as variações do substrato e a partir daí se traçar um plano de trabalho.

Observando os resultados das sondagens, nota-se claramente que os solos do campo de


futebol e do depósito de lodo se comportam de forma semelhante com sua resistência à
penetração aumentando diretamente com a profundidade. Já na margem do lago, o solo se
comporta de forma diferente, ou seja, a resistência diminui com o aumento da profundidade
(até 3m). Isso se explica pela alta umidade do solo, já que o nível d’água é encontrado bem
próximo à superfície, a cerca de 2,8m.

3.1.4 3.3.2 Caracterização do Solo

Os ensaios de caracterização foram realizados para determinar índices que pudessem


ser utilizados para classificar o solo de forma a prever o comportamento do mesmo quando
submetido a determinadas situações. Foram realizados ensaios de laboratório para determinar
a granulometria, os índices físicos e os limites de consistência do mesmo.

Inicialmente foi escavado à trado, no campo de futebol, um poço com cerca de 6,0m
de profundidade, chamado P01, e dele retirou-se a umidade de campo na área.

Para a caracterização do solo foram coletadas amostras deformadas de dois poços, um


para a área da margem do lago e outro para as áreas do depósito de lodo e do campo de
futebol. Do poço escavado na área do depósito de lodo e do campo de futebol, chamado P02,
foram coletadas amostras de solo. Por serem áreas bem próximas, esse poço serviu para a
caracterização de ambas e atingiu uma profundidade de 6,0m. As amostras foram coletadas a
cada metro, acondicionadas em sacos plásticos bem fechados, mantidos abrigados do calor até
o final da coleta para não perderem umidade. O poço escavado na margem do lago foi
chamado de P03, atingiu uma profundidade de 3,5m devido ao nível de água encontrado a
2,8m. As Figuras 3.8, 3.9 e 3.10 apresentam a localização desses poços.

3.3.2.1 Índices Físicos

A finalidade do conhecimento dos índices físicos é caracterizar o solo, com

- 52 -
parâmetros representativos do estado em que o mesmo se encontrava, na época da
amostragem.

Foram determinadas a massa específica dos sólidos e as umidades de campo e


higroscópica através da realização de ensaios específicos, seguindo rigorosamente a NBR
6458. A seguir são mostrados os resultados desses ensaios, das Figuras 3.13a, 3.13b, 3.14a e
3.14b. Nas Figuras 3.15, 3.16 e 3.17 são apresentados os perfis de umidade de campo,
respectivamente, do campo de futebol, do depósito de lodo e da margem do lago.

Massa Específica dos Sólidos Massa Específica dos Sólidos


Sondagem P02 Sondagem P03

Massa Específica dos sólidos Massa Específica dos sólidos


(g/cm3) (g/cm3)
1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 2,5 2,6 2,7 2,8 2,9
0 0
0,5 0,5
1 1
Profundidade (m)
Profundidade (m)

1,5 1,5
2 2
2,5 2,5
3 3
3,5 3,5
4 4
4,5 4,5
5 5

Figura 3.13a – Massa Específica - Campo de Figura 3.13b – Massa Específica - Margem do
Futebol Lago

- 53 -
Umidade Higroscópica Umidade Higroscópica
Sondagem P02 Sondagem P03

Umidade Higroscópica (%) Umidade Higroscópica (%)


0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0 0
0,5 0,5
1 1
Profundidade (m)

Profundidade (m)
1,5 1,5
2 2
2,5 2,5
3 3
3,5 3,5
4 4
4,5 4,5
5 5

Figura 3.14a – Umidade Higroscópica - Figura 3.14b – Umidade Higroscópica -


Campo de Futebol Margem do Lago

Perfil de Umidade Perfil de Umidade


Umidade (%) Umidade (%)
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
0 0
0,5 0,5
1 1
1,5 1,5
Profundidade (m)

Profundidade (m)

2 2
2,5 2,5
3 3
3,5 3,5
4 4
4,5 4,5
W% (15/09) W% (15/09)
5
W% (15/05) 5 W% (15/05)
5,5
W(%) (21/10) 5,5 W(%) (21/10)
6
6

Figura 3.15 – Umidade de Campo – Campo Figura 3.16 – Umidade de Campo – Depósito
de Futebol. de Lodo.

- 54 -
Perfil de Umidades

Umidade (%)
15 20 25 30 35 40 45 50 55
0
W% (16/09)
0,5 W% (28/10)
Profundidade (m) 1

1,5

2,5

3,5

Figura 3.17 – Umidade de Campo – Margem do Lago.

3.3.2.2 Limites de Atterberg

Foram realizados ensaios para determinação dos limites de liquidez (WL), limites de
plasticidade (WP) e índice de plasticidade (IP) com o material que passou pela peneira 40,
conforme preconizam as normas NBR 6459 e NBR 7180 utilizando as amostras coletadas nos
poços P02 e P03, do campo de futebol e da margem do lago, respectivamente. A seguir são
mostrados nas Figuras 3.18a e 3.18b e nas Figuras 3.19a e 3.19b, respectivamente, os limites
de liquidez e plasticidade e os índices de plasticidade das amostras coletadas nos poços P02 e
P03.

- 55 -
Limites de Liquidez e Plasticidade - P02
Limites (%)
25 30 35 40 45 50 55 60
0,0

1,0
Profundidade (m)
2,0
Limite de
3,0 Liquidez
Limite de
4,0 Plasticidade

5,0

6,0

Figura 3.18a – Limites de Liquidez e Plasticidade - P02.

Limites de Liquidez e Plasticidade - P03


Limites (%)
30 35 40 45 50 55 60
0,0

1,0
Profundidade (m)

2,0
Limite de
3,0 Liquidez
Limite de
4,0 Plasticidade

5,0

6,0

Figura 3.18b – Limites de Liquidez e Plasticidade - P03.

Índice de Plasticidade - P02


Índice de Plasticidade (%)
10 12 14 16 18 20
0,0

1,0
Profundidade (%)

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

- 56 -
Figura 3.19a – Índice de Plasticidade - P02.

Índice de Plasticidade - P03

Índice de Plasticidade (%)


10 12 14 16 18 20
0,0

1,0
Profundidade (%)
2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Figura 3.19b – Índice de Plasticidade - P03.

3.3.2.3 Granulometria

Foram realizados ensaios de granulometria por peneiramento e sedimentação em todas


as amostras de solo coletadas, seguindo rigorosamente a NBR 7181. Os ensaios de
sedimentação foram realizados com e sem o uso de defloculante. No caso do ensaio com uso
de defloculante foi utilizado o hexametafosfato de sódio. As curvas granulométricas são
apresentadas a seguir nas Figuras 3.20a, 3.20b, 3.21a e 3.21b.

- 57 -
Granulometria - P02 - Sem Defloculante

100,0
90,0
Porcentagem do Material que

80,0
70,0 0,5m a 1,0m
passa (%)

60,0 1,5m a 2,0m


50,0 2,5m a 3,0m
40,0 3,5m a 4,0m

30,0 4,5m a 5,0m

20,0
10,0
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Diâmetro (mm)

Figura 3.20a – Curvas granulométricas - P02 (sem defloculante).

Granulometria - P02 - Com Defloculante

100,0
90,0
Porcentagem de Material que

80,0
70,0 0,5m a 1,0m
Passa (%)

60,0 1,5m a 2,0m


50,0 2,5m a 3,0m
40,0 3,5m a 4,0m

30,0 4,5m a 5,0m

20,0
10,0
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Diâmetro (mm)

Figura 3.20b – Curvas granulométricas - P02 (com defloculante).

- 58 -
Granulometria - P03 - Sem Defloculante

100,0
Porcentagem do Material que Passa

90,0

80,0

70,0
0,5m a 1,0m
60,0
1,5m a 2,0m
(%)

50,0
2,5m a 3,0m
40,0
3,0m a 3,5m
30,0

20,0

10,0

0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Diâmetro (mm)

Figura 3.21a – Curvas granulométricas - P03 (sem defloculante).

Granulometria - P03 - Com Defloculante

100,0
Porcentagem de Material que Passa

90,0

80,0

70,0
0,5m a 1,0m
60,0
1,5m a 2,0m
(%)

50,0
2,5m a 3,0m
40,0
3,0m a 3,5m
30,0

20,0
10,0

0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Diâmetro (mm)

Figura 3.21b – Curvas granulométricas - P03 (com defloculante).

- 59 -
3.1.5 3.3.3 Ensaios de Cone Resistivo

A ponteira resistiva adquirida pela UnB possui dois eletrodos e mede apenas
resistividade elétrica, conforme mostrada na Figura 3.22. Esta ponteira trabalha com um
eletrodo positivo (eletrodo anelar central) e outro eletrodo negativo, que nesse caso, é o
próprio corpo da ponteira servindo como referência para a determinação da diferença de
potencial. A distância entre o eletrodo central e o corpo da ponteira é de 5 cm em ambas as
direções, sendo o seu diâmetro correspondente a uma seção transversal de 15 cm2. Na Figura
3.23 observa-se a seção transversal do cone resistivo utilizado nessa pesquisa.

Figura 3.22 – Ponteira Resistiva da UnB (modificada - Pacheco, 2004).

Conector do Cabo
Corpo do Cone Rosca de encaixe com a "luva"
Ø 35x1,5 passo
Corpo do Cone
Material Isolante Eletrodo Gerador de Potencial

Figura 3.23 - Seção transversal do cone resistivo (dimensões em cm).

- 60 -
O equipamento opera em quatro escalas de condutividade elétrica: de 0 a 0,4mS, de 0 a
4mS, de 0 a 40mS e de 0 a 400mS, estabelecendo uma corrente elétrica de intensidade
constante entre os eletrodos e medindo-se a diferença de potencial correspondente. Desta
forma, através das curvas de calibração da ponteira, pode-se correlacionar o valor de
diferença de potencial da saída com a resistividade elétrica do solo.

O sinal de saída do equipamento sempre se mantém entre 0,4 e 4V (CC),


possibilitando a leitura e armazenamento dos dados em um sistema convencional de aquisição
de dados (conversor analógico-digital conectado a um laptop ou a um multímetro). O
equipamento pode operar com um sinal de 500 ou 2000Hz, dependendo da escala utilizada.

Na Figura 3.24 é apresentado o conjunto de equipamentos necessários para medir a


resistividade elétrica do solo. O conjunto é composto por uma ponteira resistiva, um cabo,
uma caixa contendo a placa geradora de sinal e um multímetro. São necessárias ainda as
hastes, o sistema de cravação e a “luva” que faz a conexão entre a ponteira e as hastes e que
também serve como proteção para o conector da ponteira.

O cabo que faz a conexão entre o cone resistivo e a placa geradora de sinal é do tipo
“manga” de 10 vias, sendo que apenas 4 vias são utilizadas. Na extremidade que é conectada
ao cone, a vedação é garantida por dois o-rings de borracha evitando entrada de água no
circuito elétrico. A outra extremidade do cabo é ligada à placa geradora de sinal por uma
conexão rosqueável.

A placa geradora de sinal pode ser alimentada com uma tensão de 110V ou 220V, em
corrente alternada, e encontra-se dentro de uma caixa, na qual existe um seletor capaz de
variar a faixa de escala a ser utilizada na medição. As faixas, ou canais, são numeradas de tal
forma que a número 1 corresponde a meios mais resistivos e o número 4 a meios menos
resistivos, aumentando da esquerda para a direita. Acima do seletor de faixa, existem três
luzes indicativas, duas verdes e uma vermelha. A vermelha fica no centro e indica que a placa
geradora está ligada. As luzes verdes indicam que a faixa que está sendo utilizada não é a
indicada para realizar a medição e que é preciso alterá-la, sendo que a da esquerda indica que
o meio é mais resistivo e a da direita que o meio é menos resistivo. Ao lado do seletor de faixa
está localizado o terminal de saída da placa onde se conecta o multímetro ou o laptop, e nele,
mede-se uma diferença de potencial em corrente contínua.

- 61 -
Figura 3.24 – Ponteira resistiva e sistema de aquisição de dados.

As Figuras 3.25 a, b, c e d mostram as curvas de calibração da ponteira para as quatro


escalas do sistema. Pode-se observar das Figuras a existência de uma relação linear entre o
sinal de voltagem de saída do equipamento e a condutividade elétrica correspondente.

Na ETE Norte foram realizadas 8 sondagens verticais utilizando o cone resistivo,


sendo 5 no depósito de lodo e 3 na margem do lago. A ponteira foi cravada com o auxílio de
um sistema de cravação hidráulico e as medições foram lidas com o auxílio de um
multímetro. Nas sondagens verticais realizadas no depósito de lodo foram feitas medições de
resistividade a cada 20 cm, sendo que a primeira medição foi feita após a total cravação da
ponteira no solo, ou seja, a uma profundidade de cerca de 40 cm. As sondagens atingiram uma
profundidade média de 4 m, visto que além dessa profundidade o solo apresentou uma
resistência à penetração muito alta e a ponteira poderia ser danificada se o ensaio
prosseguisse. Não foi encontrado o nível d’água no depósito de lodo.

- 62 -
Escala 1 Escala 2

6
6
5 y = 0,1387x - 0,0097 5 y = 0,0152x - 0,06
R2 = 0,9999
Voltagem (V)

4 R2 = 1

Voltagem (V)
4
3
3
2
2
1 1
0 0
0 10 20 30 40 0 100 200 300 400
Condutividade (uS) Condutividade (uS)

(a) (b)

Escala 3 Escala 4

6 3,5

5 3 y = 0,0002x - 0,0873
y = 0,0018x - 0,098
2,5 R2 = 0,9996
R2 = 0,9994
Voltagem (V)
Voltagem (V)

4
2
3
1,5
2
1
1 0,5
0 0
0 1000 2000 3000 4000 0 5000 10000 15000
Condutividade (uS) Condutividade (uS)

(c) (d)
Figura 3.25 - Curvas de calibração da Ponteira Resistiva.

Nas sondagens verticais realizadas na margem do lago, as medições de resistividade


foram feitas a cada 10 cm, e a primeira medição foi feita a cerca de 40 cm de profundidade
com o auxílio de um multímetro. Nessa área, a profundidade média atingida também foi de 4
m, sendo que em 2,8 m foi encontrado o nível d’água.

As Figuras 3.26 e 3.27 mostram o sistema de cravação e o cone resistivo durante a


realização do ensaio no depósito de lodo e na margem do lago.

- 63 -
Figura 3.26 – Sistema de cravação.

Figura 3.27 – Cone Resistivo.

As Figuras 3.28 a 3.35 mostram os resultados das sondagens realizadas (CR1, CR2,
CR3, CR4, CR5, CR6, CR7 e CR8), utilizando-se o cone resistivo no depósito de lodo e na
margem do lago.

- 64 -
Sondagem 01 Sondagem 02
Cone Resistivo Cone resistivo

Resistividade (ohm-m) Resistividade (ohm-m)


0 1000 2000 3000 4000 0 1000 2000 3000 4000
0 0

0,5 0,5

1 1

Profundidade (m)
Profundidade (m)

1,5 1,5

2 2

2,5 2,5

3 3

3,5 3,5

4 4

4,5 4,5

Figura 3.28 – CR1 – Depósito de lodo. Figura 3.29 – CR2 - Depósito de lodo.

Sondagem 03 Sondagem 04
Cone Resistivo Cone Resistivo

Resistividade (ohm-m) Resistividade (ohm-m)


0 1000 2000 3000 4000 0 1000 2000 3000 4000
0 0
0,5 0,5
1 1
Profundidade (m)

Profundidade (m)

1,5 1,5
2 2
2,5 2,5
3 3
3,5 3,5
4 4
4,5
4,5

Figura 3.30 – CR3 - Depósito de lodo. Figura 3.31 – CR4 - Depósito de lodo.

- 65 -
Sondagem 05 Sondagem 06
Cone Resistivo Cone Resistivo

Resistividade (ohm-m) Resistividade (ohm-m)


0 1000 2000 3000 4000 0 250 500 750 1000
0 0

0,5 0,5

1 1

Profundidade (m)
Profundidade (m)

1,5 1,5

2 2

2,5 2,5

3
3
3,5
3,5
4
4
4,5
4,5

Figura 3.32 – CR5 - Depósito de lodo. Figura 3.33 – CR6 – Margem do lago.

Sondagem 07 Sondagem 08
Cone Resistivo Cone Resistivo

Resistividade (ohm-m) Resistividade (ohm-m)


0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600
0 0

0,5 0,5
1
1
1,5
Profundidade (m)
Profundidade (m)

1,5
2
2
2,5
2,5
3
3 3,5
3,5 4

4 4,5

4,5 5

Figura 3.34 – CR7 – Margem do lago. Figura 3.35 – CR8 – Margem do lago.

3.1.6

- 66 -
3.1.7 3.3.4 Ensaio Geofísico de Eletroresistividade (Arranjo Wenner)

O arranjo de Wenner é utilizado normalmente para perfilagem elétrica horizontal, que


visa a determinação lateral de resistividade, a uma profundidade constante. Este arranjo
apresenta uma separação eqüidistante entre quatro eletrodos, dois receptores e dois
transmissores (Figura 3.36), segundo uma linha reta, sendo os mesmos deslocados
simultaneamente. Sempre é mantida a mesma separação entre os eletrodos, executando-se
várias determinações pontuais da resistividade, sendo estas plotadas em mapas. Por
interpolação, desenham-se curvas de iso-resistividade.

Figura 3.36 - Arranjo de Wenner (Nascimento, 2003).

O método geofísico da eletroresistividade é habitualmente utilizado em estudos de


contaminação da água das zonas saturada e não saturada da subsuperfície. Para executar as
perfilagens elétricas horizontais, utilizou-se o Geopulse, um resistivímetro fabricado pela
Campus Geophysical Instruments, Birmingham, Inglaterra. O equipamento permite seleção
manual de corrente entre 0,5 e l00mA, executa leituras entre 0 e 180V, e pode ser utilizado
em perfilagens elétricas horizontais e sondagens elétricas verticais. Este resistivímetro
trabalha com corrente contínua e é alimentado por uma bateria de 12V, recarregável. Durante
sua operação, pode-se optar pela medição da diferença de potencial (ΔV), ou pela medição da
resistência elétrica (R) no terreno. O intervalo de leituras de R varia de 0,001 até 360kOhm.

- 67 -
Este equipamento foi projetado para levantamentos geofísicos de pequena
profundidade, e pode ser utilizado como um resistivímetro convencional, operando com dois
pares de eletrodos. Contudo, para aumentar a eficiência do trabalho, existe a possibilidade de
se automatizar a obtenção de dados, conectando cabos especiais e um microcomputador
portátil acoplado ao resistivímetro (Figura 3.37). Durante as perfilagens elétricas horizontais,
utilizou-se um cabo com 25 tomadas para eletrodos, espaçadas de l m, permitindo a conexão
simultânea e independente de 25 eletrodos ao Geopulse. Um microcomputador controla a
operação do equipamento por meio de um programa específico, que possibilita o cálculo e o
armazenamento do valor da resistividade elétrica em um conjunto de pontos da subsuperfície
(Nascimento et al., 1999). O fabricante recomenda estimar a profundidade de cada medida
usando a metade do valor do espaçamento entre dois eletrodos consecutivos.

O ensaio foi realizado em conjunto com um aluno de iniciação científica da Faculdade


de Geologia da UnB, Marcelo Marquinhos, e com o Professor Carlos Tadeu Nascimento do
Departamento de Geofísica da Faculdade de Geologia da UnB.

Figura 3.37 - Geopulse.

As perfilagens foram realizadas em 6 linhas, com 25 m de comprimento cada,


espaçadas lateralmente de 10 m entre si (Figura 3.38), sendo 3 linhas obtidas na área de
deposição do lodo, (A1B1 a A3B3), e as outras 3 linhas, (A4B4 a A6B6), obtidas na área do
campo de futebol, de forma que fossem utilizadas como modelo de área não contaminada,
devido ao fato de que neste local não há deposição de lodo. As Figuras 3.39 a e b mostram a

- 68 -
disposição dos eletrodos, respectivamente, no campo de futebol e no depósito de lodo.

8257200

8257190

8257180
N
8257170

8257160

8257150

8257140

8257130
B6

8257120 B5
UTM metros

8257110 A6 B4
B3
8257100 A5
B2
A4
8257090
B1
A3
8257080
A2
8257070 A1
LEGENDA
8257060
poço de visita
cone resistivo
8257050 cerca
calha
8257040 campo futebol
linha resistividade
8257030 estrada
lôdo
8257020
191620 191640 191660 191680 191700 191720 191740 191760
UTM metros

Figura 3.38 - Desenho esquemático da área de estudo.

- 69 -
(a) (b)

Figura 3.39 - Eletrodos dispostos para coleta de dados no campo de futebol e no depósito do
lodo.

3.1.8 3.3.5 Análise Química do Solo e do Fluido

Em geral, os parâmetros analisados para solos são: o potencial hidrogeniônico (pH); o


potencial de oxi-redução (Eh); a condutividade elétrica (ρ); a capacidade de troca catiônica
(CTC); o carbono orgânico total (TOC); Valor S; orgânicos alifáticos, aromáticos,
poliaromáticos (PAH), voláteis (e.g. benzeno, tolueno, etilbenzeno, xilenos – BTEX),
semivoláteis, halogenados (e.g. PCB, TCE, pesticidas); inorgânicos (e.g. cloreto, sulfato,
fluoreto, fosfato, amônia, nitrogênio, nitrato, nitrito, cianeto); metais (e.g. Hg, Cd, Cr, Ni,
Zn, Pb, Cu, Fe, Mn, Al); temperatura; e contagem de bactérias. Para águas, são em geral
analisados os mesmos parâmetros que para solos (exceto a CTC), além dos sólidos
dissolvidos e em suspensão, a DQO (Demanda Química de Oxigênio), a DBO5 (Demanda
Bioquímica de Oxigênio em 5 dias), a turbidez e a cor.

Miranda Neto (2002) citando PETTS et al. (1997), recomenda que inicialmente (fase
exploratória), é preferível proceder poucas análises-chave num grande número de amostras do
que elaboradas e dispendiosas análises em um pequeno número das mesmas. Cita ainda, como
exemplo, análises totais de fenóis ou metais, mas recomenda cautela, pois nem todos os tipos,
congêneres ou formas podem ser detectados por métodos totais.

A amostragem visando a análise química do solo foi efetuada no depósito de lodo, no

- 70 -
campo de futebol e na margem do lago. As amostras de solo foram coletadas a cada metro a
partir da superfície, chegando até quatro metros em média, e totalizando quatro amostras para
cada furo. Cada uma delas foi extraída utilizando um amostrador de solo tipo Shelby,
contendo um tubo de PVC de 40 mm de diâmetro e 0,43 m de comprimento, sem circulação
de água. No depósito de lodo foram realizadas 5 sondagens verticais para extração de
amostras de solo. No campo de futebol foi realizada apenas uma vertical para amostragem do
solo, enquanto na margem do lago foram realizadas 02 verticais para amostragem do solo.

As amostras foram retiradas do amostrador, permanecendo dentro do tubo de PVC, e


colocadas dentro de sacos plásticos previamente etiquetados e identificados. Os sacos foram
fechados, após a retirada do ar, envoltos em outro do mesmo tipo e colocados em uma caixa
de isopor. O tubo de PVC dentro do amostrador foi substituído por outro após cada
amostragem. As Figuras 3.40 a, b e c mostram o sistema de amostragem de solo e o
amostrador após a coleta de amostra.

(a) Sistema de Cravação (b) Amostrador de Solo (c) Amostras de Solo

Figura 3.40 – Sistema de cravação, amostrador e amostras de solo.

No mesmo dia da coleta, as amostras eram encaminhadas a um laboratório de análise


de solos do DF para análise de macroelementos (Ca, Mg, K, Na, Valor S, Al, H+Al, C.T.C.),
Saturação de Alumínio, Saturação de bases, Carbono orgânico, Matéria orgânica, Fósforo, pH
em água e pH em KCl. Na identificação das amostras, a letra A significa análise química, o
segundo dígito indica o furo do qual foi coletada a amostra (A1 ou A2) e o terceiro valor

- 71 -
indica a profundidade de coleta. A Tabela 3.4 apresenta o resumo desses ensaios.
Tabela 3.3 – Resultados dos ensaios de análise química.
Depósito de Lôdo
Sondagem A1
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 2,9 1,0 3,9 7,0 3567 6,6 0,48 0,20 4,58 0 2,2 6,8 0 68 11,1 19,1 143
2 2,0 0,8 2,8 6,2 3453 6,4 0,22 0,06 3,08 0 2,2 5,3 0 58 7,3 12,6 19
3 1,7 0,7 2,4 5,9 3442 6,2 0,12 0,05 2,57 0 2,4 5,0 0 52 6,5 11,2 4,5
3,5 2,3 0,9 3,2 6,7 3519 6,5 0,44 0,18 4,32 0 2,0 6,5 0 65 10,7 18,2 123
4 3,1 1,1 4,2 7,1 3578 6,7 0,51 0,23 4,65 0 2,3 6,9 0 72 11,4 19,6 157

Sondagem A2
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 2,4 0,6 3,0 6,4 3503 6,6 0,03 0,01 3,04 0 1,9 4,9 0 62 8,4 14,4 1,5
2 0,6 0,5 1,1 5,5 3012 5,6 0,08 0,1 1,28 0 2,5 3,8 0 34 8,6 14,8 1,5
3 0,7 0,6 1,3 5,4 3317 5,3 0,07 0,06 1,43 0 5,8 7,2 0 20 5,9 10,1 0,5
4 0,7 0,6 1,3 5,4 3559 5,2 0,15 0,1 1,55 0 2,7 4,3 0 36 5,8 10,0 0,5

Sondagem A3
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 2,4 1,7 4,1 6,3 3405 6,3 0,44 0,16 4,70 0 2,5 7,2 0 65 12,1 20,8 210,0
2 1,6 1,0 2,6 5,8 3266 6,0 0,35 0,10 3,05 0 2,5 5,6 0 55 9,6 16,5 20,0
3 2,3 1,2 3,5 6,2 3406 6,0 0,42 0,14 4,06 0 2,4 6,5 0 63 11,6 20,0 22,5
3,5 2,1 1,0 3,1 6,1 3507 6,1 0,43 0,18 4,00 0 2,3 7,9 0 61 11,3 22,2 24,3
4 1,8 0,8 2,6 5,9 3605 5,9 0,48 0,20 3,97 0 2,1 8,4 0 59 10,9 24,6 25,7

Sondagem A4
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 2,4 0,6 3,0 6,5 3055 6,4 0,21 0,13 3,34 0 1,9 5,2 0 64 7,3 12,6 1,5
2 2,3 0,8 3,1 6,2 3244 6,2 0,13 0,07 3,30 0 2,2 5,5 0 60 8,5 14,6 8,5
3 0,3 0,8 1,1 5,4 2801 5,9 0,07 0,04 1,21 0 2,2 3,4 0 35 6,5 11,2 4,5
3,5 0,3 0,8 1,1 5,3 2399 6,0 0,12 0,08 1,30 0 2,2 3,5 0 37 5,9 10,1 2,5

Sondagem A5
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 0,6 0,5 1,1 5,4 3393 5,4 0,14 0,04 1,28 0 2,0 3,3 0 39 6,5 11,2 0,5
2 2,1 1,0 3,1 6,0 862 6,0 0,33 0,18 3,61 0 2,4 6,0 0 60 8,8 15,1 2,5
3 0,3 0,2 0,5 5,1 773 5,1 0,10 0,11 0,71 0 2,4 3,1 0 23 6,4 11,0 1,5
3,5 0,6 0,5 1,1 5,5 2199 5,5 0,20 0,11 1,41 0 2,4 3,8 0 37 7,7 13,2 1,5

Margem do Lago
Sondagem A6
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 2,9 1,4 4,3 6,8 116 6,7 0,56 0,11 4,97 0 1,9 6,9 0 72 17,6 30,3 210,0
2 3,1 1,5 4,6 6,9 186 6,5 0,44 0,11 5,15 0 2,4 7,6 0 68 14,5 24,9 197,0
3 2,7 1,0 3,7 7,2 57 6,5 0,34 0,15 4,19 0 2,0 6,2 0 68 10,1 17,4 41,0
3,5 2,6 0,7 3,3 7,2 87 6,5 0,2 0,05 3,55 0 1,6 5,2 0 69 5,5 9,5 28,0

Sondagem A7
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 4,7 1,3 6,0 6,8 122 6,6 0,55 0,09 5,1 0 2,0 6,8 0 73 18,0 28,9 195,0
2 3,5 1,5 5,0 7,0 151 6,7 0,47 0,1 5,17 0 2,1 7,2 0 69 15,1 24,6 186,0
3 2,7 0,8 3,5 6,9 55 6,5 0,31 0,12 4,23 0 1,9 6,3 0 68 11,3 16,9 52,0
3,5 3,2 0,7 3,9 7,0 87 6,6 0,25 0,07 3,64 0 1,5 5,3 0 70 5,9 10,1 31,0

Sondagem A8
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO p
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 3,8 1,4 5,2 6,8 540 6,7 0,555 0,1 5,035 0 2,0 6,8 0 73 17,8 29,6 203
2 3,3 1,5 4,8 7,0 204 6,6 0,455 0,105 5,16 0 2,3 7,4 0 69 14,8 24,8 192
3 2,7 0,9 3,6 7,1 81 6,5 0,325 0,135 4,21 0 2,0 6,2 0 68 10,7 17,2 47
3,5 2,9 0,7 3,6 7,1 94 6,6 0,225 0,06 3,595 0 1,6 5,2 0 70 5,7 9,8 30

Campo de Futebol
Sondagem A9
Prof. pH Resist. pH (KCl Acidez total
Ca Mg Ca+Mg K Na Valor S Al C.T.C. %Al %V C MO P
(m) (H2O) Elétrica 1N) (H+Al)
1 1,8 0,2 2,0 5,9 5,9 0,13 0,06 2,19 0 2,4 4,6 0 48 5,6 9,6 0,5
2 0,7 0,2 0,9 5,6 5,3 0,07 0,01 0,98 0 2,4 3,4 0 29 4,7 8,1 1,0
3 1,3 0,3 1,6 5,7 5,6 0,02 0,01 1,63 0 1,9 3,5 0 46 5,1 8,8 1,5
3,5 0,9 0,7 1,2 5,6 5,5 0,05 0,01 1,2 0 1,9 3,1 0 38 4,5 8,0 1,0

- 72 -
Também foi realizada a coleta de amostra de fluido, utilizando-se um amostrador tipo
BAT, pertencente ao Programa de Pós Graduação em Geotecnia da UnB, na margem do lago.
Só foi realizada coleta de amostra de fluido nessa área porque nas outras o nível d’água não
foi encontrado até a profundidade ensaiada. Foi coletada apenas uma amostra do fluido do
lençol subterrâneo, à profundidade de 3 m. Infelizmente, o equipamento não funcionou de
forma adequada para a região, entupindo os canais do amostrador durante a coleta da amostra.
Adicionalmente, foi feita a coleta de uma amostra da água do lago Paranoá para que tornasse
possível uma posterior comparação dos resultados das análises químicas dos fluidos extraídos
nos outros locais. Na Tabela 3.4 é mostrado um resumo das análises feitas pela CAESB na
amostra do lençol subterrâneo, enquanto que na Tabela 3.5 são apresentadas as análises feitas
na amostra coletada do lago. No próximo capítulo serão discutidos os resultados encontrados.
Nas Figuras 3.41 e 3.42 são apresentados o amostrador de fluido e o recipiente onde a amostra
de fluido era acondicionada.

Tabela 3.4 - Análises feitas na amostra de fluido do lençol subterrâneo.


Amostra de Fluido – Lençol Subterrâneo
PH 7,5
Alcalinidade (mg/l) 68,5
DQO (mg/l) 273
Condutividade Elétrica (μS) 607
Sólidos Totais (mg/l) 110,9
Fósforo Total (mg/l) 0,60

Tabela 3.5 - Análises feitas na amostra de fluido coletada do lago Paranoá.


Amostra de Fluido – Lago Paranoá
PH 7,0
Alcalinidade (mg/l) 62,5
DQO (mg/l) 280
Condutividade Elétrica (μS) 623
Sólidos Totais (mg/l) 92,35
Fósforo Total (mg/l) 0,017

- 73 -
Figura 3.41 – Amostrador de fluido.

Figura 3.42 – Amostra de fluido.

3.1.9

- 74 -
Capítulo 4 4

ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo são discutidos os resultados obtidos nesta pesquisa enfocando o cone
resistivo como ferramenta de investigação geoambiental. Foi feito um confronto entre os
resultados obtidos através do cone resistivo com os resultados obtidos das análises
químicas, com o perfil de umidade e com os resultados obtidos através da perfilagem
eletrorresistiva. O resultado destes confrontos foi utilizado para comprovar a validade do
uso do cone resistivo no delineamento da contaminação, zoneamento e identificação de
áreas prioritárias ou suspeitas que possam requerer investigação detalhada.

Devido ao atraso na entrega dos equipamentos os ensaios de cone resistivo e as


perfilagens eletrorresistivas foram realizados durante a época de estiagem e não foi
possível fazer uma comparação dos resultados obtidos com o cone resistivo durante o
período de chuvas.

Lunne et al. (1997) reportaram que o cone resistivo tem sido empregado com sucesso
em solos contaminados. Os autores apontam que é importante que seja obtida a condutividade
do perfil sem contaminação, ou seja, a condutividade referente ao “background” para fins de
comparação. Para solos relativamente uniformes, é possível desenvolver uma correlação local
entre a condutividade do solo e dos contaminantes selecionados. Os autores destacam que esta
comparação pode indicar pontos específicos nos quais devem ser realizadas as amostragens e
instalação de poços de monitoramento. É com essa abordagem que este capítulo foi delineado
em sua parte principal.

4.2 comparação entre os resultados do cone resistivo e os resultados de


umidade

Sabe-se, pela Lei de Archie (1942), que o grau de saturação tem grande influência nos

- 75 -
valores de resistividade elétrica (condutividade), especialmente para baixos graus de
saturação. Este aspecto foi discutido por Daniel et al. (2002), no último simpósio americano
de geofísica aplicada ao meio ambiente, destacando-se os resultados do ensaio RCPTU na
zona não saturada de um perfil de solo arenoso.

Analisou-se neste item a influência da umidade “in situ” do solo na resistividade


elétrica, comparando-se os resultados obtidos do cone resistivo com a umidade do solo tanto
no depósito de lodo quanto na margem do lago.

As Figuras 4.1 a e b mostram a variação da umidade de campo e da resistividade


elétrica com a profundidade (em metros), respectivamente, em sondagens verticais realizadas
no depósito de lodo, e a Figura 4.2 mostra a correlação existente entre esses dois parâmetros
do solo. Os valores de umidade utilizados foram os coletados no mesmo dia da realização das
sondagens verticais de cone resistivo. Na Figura 4.2, os valores ao lado dos pontos são as
profundidades de amostragem.

W(%) (21/10) - Depósito de Lodo Resistividade Elétrica x Profundidade


Depósito de Lodo

Um idade (%) Resistividade Elétrica (Ohm -m )


0 5 10 15 20 25 0 1000 2000 3000 4000
0,5 0,5
1 1
1,5 1,5
Profundidade (m)

Profundidade (m)

CR1
2 2 CR2
2,5 2,5 CR3
3 3 CR4
3,5 3,5
4 4
4,5 4,5

(a) (b)

Figura 4.1 – Umidade de campo (a) e Resistividade Elétrica do Solo (b) medidas em
21/10/2003 no depósito de lodo.

- 76 -
Umidade de Campo x Resistividade
Elétrica

Resistvidade Elétrica (Ohm -m )


3400 3450 3500 3550 3600
0

5
Umidade de Campo (%)

y = -0,0447x + 173,79
R2 = 0,3404 1,0m
10

15
2,0m
4,0m
20
3,0m

25

Figura 4.2 – Resistividade Elétrica x Umidade do Solo (21/10/2003 – depósito de lodo).

Na Figura 4.2 observa-se que os valores da resistividade elétrica do solo variaram


pouco, mantendo-se praticamente constantes com a profundidade, apesar da variação da
umidade, esse fato deve-se provavelmente ao fato de que a umidade do solo nesta área estava
muito baixa na época da realização do ensaio de cone resistivo, fazendo com que os valores
de resistividade elétrica medida com o cone resistivo fosse mascarado.

Na Figura 4.3 (a e b) são mostrados os valores de umidade de campo e de resistividade


elétrica do solo coletados na margem do lago Paranoá. Na Figura 4.4 é apresentada a
correlação entre esses parâmetros do solo nesta região.

- 77 -
W(%) (21/10) - Margem do Lago Resistividade Elétrica x Profundidade
Margem do lago

Umidade (%)
Resistividade Elétrica (Ohm-m)
35,00 40,00 45,00 50,00
0 100 200 300
0,5
0,5
1
1

P r ofundida de (m )
Pro fu n d id ad e (m )

1,5
1,5
2 CR6
2
CR7
2,5 2,5
CR8
3 3
3,5
3,5
4
4

(a) (b)

Figura 4.3 – Umidade de campo (a) e Resistividade Elétrica do Solo (b) medidas em
28/10/2003 na margem do lago.

Umidade de Campo x Resistividade


Elétrica

Resistvidade Elétrica (Ohm-m)


0 50 100 150 200
30
y = -0,0557x + 49,288
Umidade de Campo (%)

R2 = 0,5265
35
2,0m

40
1,0m
3,0m
45

4,0m
50

Figura 4.4 – Resistividade Elétrica x Umidade do Solo (28/10/2003 – margem do lago).

Pode-se observar na Figura 4.4 que existe uma correlação linear entre os parâmetros
de resistividade elétrica e umidade de campo. A correlação encontrada entre esses parâmetros
na margem do lago Paranoá foi um pouco melhor que a encontrada no depósito de lodo e isso

- 78 -
ocorreu devido a umidade do solo na área ser mais elevada, o que fez com que os valores de
resistividade elétrica obtidos com o cone resistivo fossem mais confiáveis.

Analisando os gráficos da resistividade elétrica versus umidade de campo no depósito


de lodo e na margem do lago, mostrados anteriormente, pode-se dizer que a resposta do cone
resistivo é melhor para solos com umidade maior que 30%, resultando em uma boa correlação
entre os parâmetros e essa resposta pode se tornar mais confiável com o aumento desta
umidade. Já para solos com umidade menor que 30% o equipamento se torna menos sensível
e pode mascarar os verdadeiros resultados.

Os elevados valores de resistividade obtidos para o depósito de lodo (muito superiores


que os da margem do lago) estão muito além dos valores esperados, sendo, sem dúvida, um
efeito do baixo grau de umidade nesta região. Desta forma, daqui para frente estes valores
serão desprezados.

4.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DO CONE RESISTIVO


E OS RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS

4.3.1 Resistividade Elétrica x Análises Químicas do Solo

Comparou-se os resultados das análises químicas do solo das três regiões estudadas a
cada metro de profundidade e observou-se que, no depósito de lodo (AS1) e na margem do
lago (AS6), as concentrações dos parâmetros analisados estavam acima dos valores esperados,
cuja referência eram os valores encontrados no campo de futebol (AS8), área livre de
contaminação pelo lodo biossólido. Este fato infere, portanto, que estes parâmetros servem
como indicadores de contaminação do solo. As Figuras 4.5 a 4.17 apresentam os gráficos com
essas comparações.

- 79 -
Cálcio (Ca) x Profundidade Magnésio(Mg) x Profundidade
Ca (cmolc/dm3) Mg (cm olc/dm 3)
0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 2
0 0

1 Ca - 1 Mg -
Profundidade (m)

Profundidade (m)
AS8 AS8
2 2
Ca - Mg -
3 AS6 3 AS6
Ca - Mg -
4 AS1 4 AS1
5 5
6 6

Figura 4.5 – Comparação da Concentração de Figura 4.6 – Comparação da Concentração de


Cálcio nas áreas analisadas. Magnésio nas áreas analisadas.

pH (H2O) x Profundidade pH (KCl 1N) x Profundidade


pH em água (1:2,5) pH em KCl 1N (1:1)
5 6 7 8 4 5 6 7
0 0
pH (KCl
1 pH 1 1N) -
Profundidade (m)

AS8
Profundidade (m)

(H2O) -
2 AS8 2
pH (KCl
3 pH 1N) -
3
(H2O) - AS6
4 AS6
4 pH (KCl
pH
5 (H2O) - 1N) -
5
AS1 AS1
6 6

Figura 4.7 – Comparação da Concentração de Figura 4.8 – Comparação da Concentração de


pH em água nas áreas analisadas. pH em KCl 1N nas áreas analisadas.

Potássio (K) x Profundidade Sódio (Na) x Profundidade


3
K (cm olc/dm ) Na (cm olc/dm 3)
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
0 0
Na -
1 1 AS8
K - AS8
Profundidade (m)

Profundidade (m)

Na -
2 2 AS6
K - AS6
3 3 Na -
K - AS1 AS1
4 4

5 5

6 6

Figura 4.9 – Comparação da Concentração de Figura 4.10 – Comparação da Concentração de


Potássio nas áreas analisadas. Sódio nas áreas analisadas.

- 80 -
Valor S x Profundidade Acidez total (H+Al) x Profundidade
3
Valor S (cm olc/dm ) H+Al (cm olc/dm 3)
0 1 2 3 4 5 6 1 1,5 2 2,5 3
0 0 Acidez
total
1 1 (H+Al) -
Valor S
Profundidade (m)

Profundidade (m)
- AS8 AS8
2 2 Acidez
Valor S total
3 3
- AS6 (H+Al) -
4 AS6
4
Valor S Acidez
5 - AS1 total
5
(H+Al) -
6 6 AS1

Figura 4.11 – Comparação da Concentração do Figura 4.12 – Comparação da Concentração de


Valor S nas áreas analisadas. Acidez total nas áreas analisadas.

Valor T ou C.T.C. x Profundidade Saturação de bases (%V) x Profundidade


%V
C.T.C. (cm olc/m 3)
0 20 40 60 80
0 2 4 6 8
0
0
1 %V -
1
C.T.C. - AS8
Profundidade (m)
Profundidade (m)

2 AS8 2
%V -
C.T.C. - 3
3 AS6
AS6
4 C.T.C. - 4 %V -
AS1 AS1
5 5

6 6

Figura 4.13 – Comparação da Concentração de Figura 4.14 – Comparação da Saturação de


C.T.C. nas áreas analisadas. Bases nas áreas analisadas.

Carbono Orgânico(C) x Profundidade Matéria Orgânica(MO) x Profundidade


C (g/kg) MO (g/kg)
0 4 8 12 16 20 0 10 20 30 40
0 0

1 1 MO -
Profundidade (m)

C - AS8 AS8
Profundidade (m)

2 2
MO -
3 C - AS6 3 AS6
4 4
C - AS1 MO -
5 AS1
5
6 6

Figura 4.15 – Comparação da Concentração de Figura 4.16 – Comparação da Concentração de


Carbono orgânico nas áreas analisadas. Matéria Orgânica nas áreas analisadas.

- 81 -
Fósforo (P) x Profundidade
P (m g/dm 3)
0 40 80 120 160 200 240
0

Profundidade (m)
P - AS8
2

3 P - AS6

4
P - AS1
5

Figura 4.17 – Comparação da Concentração de Fósforo nas áreas analisadas.

Baseando-se nos resultados das análises químicas do solo, pode-se afirmar que o
mesmo, tanto no depósito de lodo quanto na margem do lago, sofreu alteração na sua
composição devido à deposição do lodo biossólido. Quando comparados aos resultados
obtidos no campo de futebol, os valores dos parâmetros estão elevados, podendo-se dizer que
o solo naquelas regiões encontra-se contaminado.

Posteriormente foram comparados os valores de resistividade elétrica do solo com


cada um dos parâmetros das análises químicas do mesmo, de forma a encontrar correlações
entre esses e a resistividade elétrica que pudessem ser utilizadas como indicativos de
contaminação do solo.

Como as amostras de solo para as análises químicas foram coletadas a cada metro de
profundidade, e os valores de resistividade elétrica foram coletados a cada 20 cm e 10 cm (no
depósito de lodo e na margem do lago, respectivamente), optou-se por fazer uma média entre
quatro valores subseqüentes de resistividade elétrica, correspondentes à profundidade na qual
a amostra de solo foi coletada. Por exemplo, a primeira amostra de solo da sondagem vertical
A1 foi coletada entre 0,5m e 1,0m, então foi feita a média dos valores de resistividade elétrica
com os dados da sondagem vertical CR1, coletados entre 0,6m e 1,2m, e tal procedimento foi
repetido a cada profundidade. Feito isso, pôde ser feita a comparação entre os valores de
resistividade elétrica e cada um dos parâmetros da análise química do solo, de modo a
encontrar a possível correlação existente entre eles.

As Figuras 4.18 a 4.30 apresentam as correlações entre os valores de resistividade

- 82 -
elétrica do solo e os parâmetros das análises químicas do mesmo, variando com a
profundidade, na margem do lago (AS6), lembrando-se que até à profundidade de 2,8m a
região foi considerada não saturada, e após os 3m de profundidade (abaixo do nível d’água) a
região foi considerada como saturada. As correlações lineares foram obtidas através do
método dos mínimos quadrados ajustadas por uma reta.

Nas figuras apresentadas, os valores ao lado de cada ponto representam a


profundidade de amostragem. Os valores em 1m e 2m são pontos na região não saturada,
enquanto que os valores em 3m e 3,5m são pontos na região saturada.

Resistividade Elétrica x Cálcio Resistividade Elétrica x Magnésio


AS6 AS6

250 250
Resistividade Elétrica (Ohm-m)

2,0m Resistividade Elétrica (Ohm-m)


2,0m
200 200
R2 = 0,7997 R2 = 0,5281
150 150

1,0m 1,0m
100 100
3,0m 3,0m
3,5m 3,5m
50 50

0 0
2,4 2,6 2,8 3 3,2 0 0,5 1 1,5 2
Ca (cm olc/dm 3) Mg (cm olc/dm 3)

Figura 4.18 – Resistividade elétrica do solo x Figura 4.19 – Resistividade Elétrica do Solo x
Cálcio (Ca). Magnésio (Mg).

Resistividade Elétrica x pH em água Resistividade Elétrica x Valor S


AS6 AS6

250 250
Resistividade Elétrica (Ohm-m)

Resistividade Elétrica (Ohm*m)

2,0m 2,0m
200 200
R2 = 0,5055
150 150

1,0m
100 100 1,0m
3,0m 3,0m
R2 = 0,377
3,5m 3,5m
50 50

0 0
6,7 6,8 6,9 7 7,1 7,2 7,3 2 3 4 5 6
3
pH em água Valor S (cm olc/dm )

Figura 4.20 – Resistividade Elétrica do Solo x Figura 4.21 – Resistividade Elétrica do Solo x
pH em água. Valor S.

- 83 -
Resistividade Elétrica x Valor T(C.T.C.) Resistividade Elétrica x Fósforo
AS6 AS6

250 250
2,0m
Resistividade Elétrica (Ohm*m)

Resistividade Elétrica (Ohm-m)


2,0m
200 200
R2 = 0,5845 R2 = 0,504

150 150

1,0m 3,0m 1,0m


100 100
3,0m
3,5m
3,5m
50 50

0 0
4 5 6 7 8 0 40 80 120 160 200 240
3 3
C.T.C. (cm olc/dm ) P (m g/dm )

Figura 4.22 – Resistividade Elétrica do Solo x Figura 4.23 – Resistividade Elétrica do Solo x
Capacidade de Troca Catiônica (C.T.C.). Fósforo.

Resistividade Elétrica x pH em KCl 1N Resistividade Elétrica x Potássio


AS6 AS6

250 250
Resistividade Elétrica (Ohm-m)

Resistividade Elétrica (Ohm-m)

2,0m 2,0m
200 200
R2 = 0,1557
150 150

1,0m
100 100 1,0m
3,0m 3,0m
R2 = 0,0071
3,5m 3,5m
50 50

0 0
6,45 6,5 6,55 6,6 6,65 6,7 6,75 0 0,2 0,4 0,6
3
pH em KCl 1N K (cm olc/dm )

Figura 4.24 – Resistividade Elétrica do Solo x Figura 4.25 – Resistividade Elétrica do Solo x
pH em KCl 1N. Potássio.

- 84 -
Resistividade Elétrica x Sódio Resistividade Elétrica x Acidez Total (H + Al)
AS6 AS6

250 250
Resistividade Elétrica (Ohm-m)

Resistividade Elétrica (Ohm-m)


2,0m 2,0m
200 200
R2 = 0,6068
150 150
1,0m
100 1,0m 100
3,0m 3,0m
3,5m 3,5m
50 50
R2 = 0,0022
0 0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 1 1,5 2 2,5
3 3
Na (cm olc/dm ) H + Al (cm olc/dm )

Figura 4.26 – Resistividade Elétrica do Solo x Figura 4.27 – Resistividade Elétrica do Solo x
Sódio. Acidez Total.

Resistividade Elétrica x Saturação de Bases Resistividade Elétrica x Carbônico Orgânico


AS6 AS6

250 250
2,0m 2,0m
Resistividade Elétrica (Ohm-m)

Resistividade Elétrica (Ohm-m)

200 200
R2 = 0,0292 R2 = 0,2247
150 150
1,0m
1,0m
100 100
3,0m 3,0m
3,5m 3,5m
50 50

0 0
60 65 70 75 80 0 5 10 15 20
%V C (g/kg)

Figura 4.28 – Resistividade Elétrica do Solo x Figura 4.29 – Resistividade Elétrica do Solo x
Saturação de Bases. Carbono Orgânico.

- 85 -
Resistividade Elétrica x Matéria Orgânica
AS6

250
2,0m

Resistividade Elétrica (Ohm-m)


200
R2 = 0,2219
150

1,0m
100
3,0m
3,5m
50

0
0 10 20 30 40
MO (g/kg)

Figura 4.30 – Resistividade Elétrica do Solo x Matéria Orgânica.

Dos gráficos, observa-se, que alguns parâmetros como o Cálcio (Ca), o Magnésio
(Mg), Valor S, a Capacidade de Troca Catiônica (C.T.C.), o Fósforo (P) e a Acidez Total
(H+Al) apresentaram as correlações mais significativas com a resistividade elétrica do solo,
sendo possível o uso desses parâmetros como bons indicadores de contaminação do mesmo.

Já os parâmetros como o Potássio (K), o pH em água, o Carbono Orgânico (C), a


Matéria Orgânica (MO), o pH em KCl 1N, o Sódio (Na) e a Saturação por Bases (%V) não
apresentaram boas correlações com a resistividade elétrica do solo, não podendo ser, em
princípio, utilizados como indicadores de contaminação. A Tabela 4.1 apresenta as equações
propostas a partir das correlações obtidas e o limite para o qual essas equações podem ser
utilizadas.

Tabela 4.1- Equações propostas para as correlações encontradas.

Parâmetro Local Equação Proposta R2 Limite da equação


Ca Margem do lago y = 286,87x – 691,43 R2 = 0,7997 x ≥ 2,5 (cmolc/dm3)
Mg Margem do lago y = 139,82x – 41,81 R2 = 0,5281 x ≥ 0,3 (cmolc/dm3)
Valor S Margem do lago y = 68,46x – 186,69 R2 = 0,5055 x ≥ 2,8 (cmolc/dm3)
H + Al Margem do lago y = 167,7x – 212,33 R2 = 0,6068 x ≥ 1,3 (cmolc/dm3)
C.T.C. Margem do lago y = 53,13x – 223,13 R2 = 0,5845 x ≥ 4,3 (cmolc/dm3)
P Margem do lago y = 0,516x + 57,58 R2 = 0,504

- 86 -
Sabendo-se que a umidade influencia os resultados de resistividade elétrica obtidos
com o cone resistivo e observando-se a comparação das concentrações dos diversos
parâmetros químicos entre o campo de futebol e o depósito de lodo e a margem do lago, pode-
se dizer que essas correlações poderiam ser melhores caso a umidade do solo fosse mais alta
nos metros iniciais.

4.3.2 Resistividade Elétrica x Análises Químicas do Fluido

A coleta de líquidos intersticiais é um dado experimental valioso para potencializar a


interpretação dos resultados medidos. Diversos autores (Brandl e Robertson, 1997; Watabe et
al., 2002; Lunne et al, 1997; Pacheco, 2004) enfatizam a necessidade de obter amostras dos
fluidos intersticiais e reportam a existência de diferentes equipamentos com essa finalidade. A
principal vantagem é a obtenção da condutividade elétrica do fluido.

Nas Figuras 4.31, 4.32 e 4.33 são apresentadas comparações entre os valores dos
parâmetros das análises químicas das amostras de fluido, coletadas na vertical AF1, e no lago
Paranoá (AF2), com os valores máximos admitidos pela resolução nº 20 do CONAMA.

Na Figura 4.34 é feita uma comparação entre a condutividade elétrica da amostra de


fluido coletada na sondagem vertical AF1, a uma profundidade de 3,0m, a condutividade
elétrica da amostra de fluido coletada no lago Paranoá (medida com um condutivímetro), a
condutividade elétrica citada por Lunne et al. (1997) para água doce e a condutividade elétrica
do solo (vertical CR6) na profundidade de 3,0m.

Valores de pH

7,6
7,5
Amostra de
7,4
Fluido
7,3 Intersticial
Valores de pH

7,2 Valor Padrão


do CONAMA
7,1
20
7
Amostra de
6,9 Fluido do lago
6,8 Paranoá

6,7

Figura 4.31 – Comparação entre o pH das amostras de fluido coletadas e o valor máximo
aceito pelo CONAMA 20.

- 87 -
Valores de Sólidos Totais

600

Sólidos totais (mg/l) 500 Amostra de


Fluido
400 Intersticial

Valor Padrão
300
do CONAMA
20
200
Amostra de
100 Fluido do lago
Paranoá

Figura 4.32 – Comparação entre os valores de sólidos totais encontrados nas amostras de
fluido e o valor máximo aceito pelo CONAMA 20.

Valores de Fósforo Total

0,7

0,6 Amostra de
Fósforo Total (mg/l)

Fluido
0,5 Intersticial
0,4 Valor Padrão
do CONAMA
0,3 20
0,2 Amostra de
Fluido do
0,1 lago Paranoá
0

Figura 4.33 – Comparação entre os valores de fósforo total encontrados nas amostras de
fluido coletadas e o valor máximo aceito pelo CONAMA 20.

- 88 -
Condutividade Elétrica (Solo x Fluido)

700

Condutividade Elétrica (uS/cm)


Cond. Elétrica da
600 amostra de água
do lago Paranoá
500
Cond. Elétrica da
amostra de fluido
400 intersticial (AF1)
300 Condutividade
elétrica do solo
200 (CR6)

100 Cond. Elétrica


para água doce
0 (Lunne et al., 1997)

Figura 4.34 – Valores de condutividade elétrica do solo e fluido coletados a 3,0m de


profundidade na margem do lago e da amostra de fluido do lago Paranoá.

Os valores dos parâmetros encontrados nas amostras de fluido coletadas na sondagem


vertical AF1 e no lago Paranoá (AF2) estão dentro dos valores padrões estipulados pela
resolução nº 20 do CONAMA, com exceção do valor de fósforo total da amostra da
sondagem vertical AF1, que é muito superior ao permitido. Sem dúvida, o lençol freático
nesta região sofreu uma alteração devido a deposição do lodo, o que justificaria esse valor
elevado de fósforo total.

Segundo Lunne et al. (1997), o valor típico de condutividade da água doce é


665 μS / cm . O valor encontrado na amostra de fluido intersticial (vertical AF1) foi de
607 μS / cm , e na amostra colhida no lago Paranoá, foi de 623 μS / cm , bem próximos do valor
de condutividade elétrica para a água doce. Portanto, os valores apresentados indicam que
nesta região o lençol não está contaminado. Apesar do valor de fósforo total encontrado na
amostra do fluido intersticial ser muito elevado, e do solo nesta região estar contaminado, tal
contaminação chega até o lençol freático em níveis aceitáveis, não comprometendo o curso
d’água.

- 89 -
4.4 comparação entre os resultados do cone resistivo e os resultados da
perfilagem eletroresistiva

Os dados de resistividade obtidos pela perfilagem foram processados produzindo seis


mapas de resistividade elétrica de diferentes níveis de profundidade que representam isolinhas
de resistividade. Optou-se, porém, por apresentar os mapas dos níveis 1, 3 e 5, sendo que
estes níveis correspondem aproximadamente às profundidades de 0,5m, 1,5m e 2,5m (Figura
4.35). A Figura 4.36 apresenta um perfil que representa uma pseudo-seção elétrica, que foi
construída utilizando-se os dados nos seis níveis de profundidade, correspondentes à posição
10 metros de cada linha. As Figuras 4.37 e 4.38 mostram a variação da resistividade elétrica
com a profundidade, obtidas através da perfilagem eletroresistiva no depósito de lodo e no
campo de futebol, respectivamente.

A Figura 4.39 mostra os valores de resistividade elétrica do solo do depósito de lodo,


em função da profundidade, nas sondagens verticais de cone resistivo CR1, CR2, CR3 e CR4.
Os dados da sondagem CR5 foram desprezados por apresentarem incoerências. Essas
sondagens verticais foram realizadas na região contida entre as linhas A3B3 e A1B1, como
mostrado no desenho esquemático do Capítulo 3, Figura 3.33.

Nas Figuras 4.40 e 4.41 pode-se observar os valores de resistividade elétrica do solo
obtidos pela perfilagem elétrica na margem do lago variando com a profundidade, enquanto
na Figura 4.42 são mostrados os valores de resistividade elétrica obtidos das sondagens
verticais de cone resistivo CR6, CR7 e CR8 realizadas na margem do lago, na área contida
entre 0 e 12m da seção resistiva, mostrada na Figura 4.40.

- 90 -
A6 D B6 A6 D B6 A6 D B6
50 50 50

45 45 45
Ohm.m Ohm.m Ohm.m
4000 4000 4000
A5 B5 A5 B5 A5 B5
40 40 40

3500 3500 3500

35 35 35
3000 3000 3000

A4 B4 A4 B4 A4 B4
30 30 30
2500 2500 2500

25 2000 25 2000 m e tro s 25 2000

m e tro s

m e tro s
A3 B3 1500 A3 B3 1500 A3 B3 1500

- 91 -
20 20 20

1000 1000 1000


15 15 15

500 500 500


A2 B2 A2 B2 A2 B2
10 10 10

metros e 2,5 metros de profundidade).


0 0 0

5 5 5

A1 B1 A1 B1 A1 B1
0 0 0
0 5 C 10 15 20 25 0 5 C 10 15 20 25 0 5 C 10 15 20 25
metros metros metros
Resistividade elétrica aparente Resistividade elétrica aparente Resistividade elétrica aparente
Profundidade aproximada: 0,5 m Profundidade aproximada: 1,5 m Profundidade aproximada: 2,5 m

Figura 4.35 - Mapas correspondentes aos níveis 1, 3 e 5 (aproximadamente 0,5 metros, 1,5
Data: 07/11/2003 Data: 07/11/2003 Data: 07/11/2003
Pseudo-seção de resistividade aparente na linha C-D. Data: 07/11/2003.

C metros D
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
metros

1,0

2,0

3,0

Ohm.m
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

Figura 4.36 - Perfil CD de resistividade elétrica na área de estudo.

Perfilagem Eletroresistiva x Perfilagem Eletroresistiva x


Profundidade - Depósito de Lodo Profundidade - Campo de futebol

Resistividade Elétrica (Ohm.m) Resistividade Elétrica (Ohm.m)


0 500 1000 1500 0 1000 2000 3000
0 0

0,5 0,5
P rofundidade (m )
P rofundidade (m )

1 1

1,5 1,5

2 2

2,5 2,5

3 3

Figura 4.37 – Perfilagem Eletrorresistiva no Figura 4.38 – Perfilagem Eletrorresistiva no


Depósito de Lodo. Campo de Futebol.

- 92 -
Resistividade Elétrica - Depósito de Lodo

Rasistividade Elétrica (Ohm-m)


0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
RESIST.
0,0 (ohm-m) CR1
0,5
RESIST.
1,0
Profundidade (m)

(ohm-m) CR2
1,5
RESIST.
2,0
(ohm-m) CR3
2,5
RESIST.
3,0
(ohm-m) CR4
3,5
RESIST.
4,0
(ohm-m)
4,5 Perfilagem

Figura 4.39 – Resistividade elétrica do solo no depósito de lodo variando com a


profundidade, em metros.

Observou-se na Figura 4.35 que os mapas dos 3 níveis apresentam porções com baixos
valores (0 a 1500 Ohm-m), indicando um meio menos resistivo, enquanto outras porções
apresentam valores mais altos (1500 a 4000 Ohm.m) e, conseqüentemente, mais resistivos. A
pseudo-seção elétrica, mostrada na Figura 4.36, permitiu observar a variação da resistividade
em duas dimensões (distância e profundidade), indicando um meio menos resistivo no
depósito de lodo (próximo a C), enquanto no campo de futebol (próximo a D) os valores são
mais altos, sendo mais resistivos, havendo provavelmente uma relação entre as regiões menos
resistivas (nos mapas e perfil), com a contaminação por lodo.

Observou-se também que os resultados de resistividade elétrica obtidos no depósito de


lodo, através do cone resistivo, foram muito superiores aos resultados obtidos utilizando a
perfilagem eletroresistiva em todas as profundidades, reforçando o que foi dito anteriormente
quanto à sensibilidade do cone resistivo à umidade do solo.

- 93 -
Figura 4.40 - Perfil CD de resistividade elétrica na área de estudo.

Perfilagem Eletroresistiva x
Profundidade - Margem do Lago

Resistividade Elétrica (Ohm.m)


0 50 100 150 200
0
Profundidade (m )

0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5

Figura 4.41 – Variação da resistividade elétrica com a profundidade.

- 94 -
Resistividade Elétrica - Margem do Lago

Resitividade Elétrica (Ohm-m)


0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0,0
RESIST.
0,5 (ohm-m) CR6
1,0
Profundidade (m)

1,5 RESIST.
2,0 (ohm-m) CR7

2,5
RESIST.
3,0
(ohm-m) CR8
3,5
4,0 RESIST.
4,5 (ohm-m)
Perfilagem
5,0

Figura 4.42 – Resistividade elétrica do solo na margem do lago variando com a


profundidade, em metros.

Na margem do lago, os valores de resistividade elétrica obtidos, utilizando os dois


equipamentos, foram da mesma ordem em todas as profundidades, reforçando o que foi
colocado anteriormente quanto à umidade do solo, e ressaltando que os dados obtidos do cone
resistivo são mais representativos e têm valores mais próximos dos da perfilagem
eletroresistiva em regiões com umidade mais elevada. No presente estudo esta umidade foi da
ordem de 30%.

4.5 fator de forma na margem do lago

A razão entre a condutividade do fluido e a condutividade integral do solo é definida


como o fator de forma (Weemees, 1990; Jackson et al., 1978, citado por Pacheco, 2004), que
é uma propriedade de um determinado tipo de solo, a qual varia com o índice de vazios e é
dependente da forma dos grãos. A relação entre a condutividade do fluido e a condutividade
integral, é uma reta que passa na origem, pois por hipótese, a condutividade integral, tem que
ser nula quando a condutividade do fluido for igual a zero.

- 95 -
O termo Fator de Forma refere-se à forma dos grãos, pois se admite que a condução
elétrica varie exclusivamente em função da geometria dos canalículos formados entre os grãos
do esqueleto sólido (Weemees, 1990).

Calculou-se o fator de forma (FF) para cada sondagem vertical de cone resistivo,
realizada na margem do lago, pois só nesta região foi possível se determinar a resistividade
elétrica do fluido na profundidade em que sua amostra foi coletada, e em profundidade similar
à do local de realização da sondagem vertical do cone resistivo. O resultado é mostrado
adiante, na Figura 4.43.

Fator de Forma - Margem do lago

6,00

5,00
Fator de Forma

4,00

3,00 FF

2,00

1,00

0,00
CR6 CR7 CR8
Verticais

Figura 4.43 – Fator de Forma (FF) do solo na margem do lago.

Observa-se que os fatores de forma encontrados variam entre 3 e 5 e que estão dentro
da faixa de variação encontrada na literatura (3 a 6 para areias (Pacheco, 2004). Infelizmente,
não pôde ser feita a coleta de mais amostras de fluido, impossibilitando seu cálculo para o
todo o perfil do solo. Vale salientar que os valores do FF encontrados na literatura são de
solos arenosos, enquanto o solo aqui analisado é argiloso. Para obter valores mais
representativos deste parâmetro são necessários mais estudos com o solo local.

- 96 -
Capítulo 5 5

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões desta pesquisa. Também são
feitas sugestões para a continuidade de temas propostos neste trabalho em pesquisas futuras.
A aplicação do cone resistivo em investigações geoambientais é apresentada, abordando-se a
umidade do solo, posição do nível d’água, resistividade elétrica e amostragens de água e solo.

5.2. CONCLUSÕES

A execução de sondagens verticais de cone resistivo na área não contaminada (campo


de futebol), que possui as mesmas características mineralógicas e geológicas das outras áreas
(depósito de lodo e margem do lago), para a determinação de valores de referência de
resistividade elétrica, não foi possível devido às limitações do equipamento, pois o mesmo
seria danificado com a cravação. O nível d’água no depósito de lodo não foi atingido devido
à limitação citada anteriormente e ao fato do equipamento atingir sua capacidade máxima de
ancoragem, não gerando reação suficiente para a cravação, inviabilizando, portanto, a
avaliação da concentração de contaminantes no lençol para essa área. Mesmo assim,
analisando-se os resultados obtidos através de todos os ensaios realizados concluiu-se que:

1. As coletas das amostras de solo e fluido com os amostradores nas regiões onde se
identificou contaminação e na área não contaminada permitiram a comparação entre as
características e parâmetros dessas áreas, possibilitando determinar a concentração dos vários
componentes químicos do mesmo e do seu pH. Com isso, pôde ser feita a confirmação dos
resultados obtidos com o cone resistivo como ferramenta de investigação geoambiental em
regiões saturadas;

2. Como já citado por Pacheco (2004), Nascimento (2003) e por outros autores, os
valores de resistividade são fortemente influenciados pela umidade do solo. A tentativa de
avaliar os resultados das sondagens verticais de cone resistivo no depósito de lodo foi difícil

- 97 -
devido à baixa umidade do solo nesta região, que mascarou esses resultados. Em regiões não
saturadas, o valor da condutividade dos grãos e da superfície das partículas de argila passa a
ter uma parcela de contribuição maior para a condutividade total, e se torna mais significativa.

3. Na margem do lago, onde a umidade do solo é maior, pôde-se confirmar através dos
valores de resistividade obtidos a partir das verticais CR6, CR7 e CR8 uma possível
contaminação na região, que foi também detectada pela perfilagem eletroresistiva superficial.
Com base nisto, foram definidos pontos de correlação entre a presença de contaminantes e a
resistividade medida pelo equipamento no solo e fluido.

4. Alguns dos parâmetros obtidos a partir das análises químicas do solo indicaram
haver alguma correlação entre eles e a resistividade elétrica do solo, podendo ser utilizados
como indicadores de contaminação que confirmam a indicação dos ensaios de resistividade.
No estudo aqui realizado, estes parâmetros químicos foram a concentração de Cálcio (Ca) e
de Magnésio (Mg), o valor S, a Capacidade de Troca Catiônica (C.T.C.), a concentração de
Fósforo (P) e a Acidez Total do solo. Já outros parâmetros, como a Saturação de Bases (%V),
o pH do solo em água, a concentração de Sódio (Na), as concentrações de Carbono Orgânico
e de Matéria Orgânica, o Potássio (K) e o pH em KCl, não mostraram ter alguma correlação
com a resistividade elétrica do solo, não podendo, portanto, ser utilizados para confirmar os
resultados de resistividade elétrica obtidos com o cone resistivo.

5. A interpretação de resultados das sondagens verticais de cone resistivo,


especialmente em solos tropicais, deve ser feita em conjunto com amostragem de solo e de
fluido, utilizando amostradores da tecnologia “direct-push”, para que os a influência da
umidade do solo e da composição química do mesmo possa ser avaliada com segurança,
especialmente quando o interesse da investigação for a identificação de contaminantes.

6. Os resultados das análises químicas realizadas nas amostras de água coletadas do


lençol com o amostrador de fluido, e da superfície do lago, indicam que apesar da alta
concentração de contaminantes e dos altos valores de condutividade elétrica no solo, o lençol
subterrâneo e o lago não sofreram danos relevantes, ou seja, não estão contaminados. Os
resultados das análises químicas do solo no depósito de lodo, em conjunto com os resultados
da perfilagem eletroresistiva foram utilizados para comprovar a contaminação do mesmo,
visto que os valores de resistividade obtidos nas verticais do cone resistivo foram alterados
pela baixa umidade da região.

- 98 -
7. No depósito de lodo foram utilizados os resultados das análises químicas do solo, os
valores de resistividade obtidos com a perfilagem eletrorresistiva e o histórico de uso do local
pela CAESB para confirmar a contaminação do terreno, visto que, em função da baixa
umidade do mesmo na região, haviam dúvidas em relação à confiabilidade dos dados obtidos
com o cone resistivo nesta área. Conclui-se, portanto, que o cone resistivo, isoladamente, não
é a ferramenta mais adequada para detectar a contaminação do solo em regiões não saturadas.

8. A análise conjunta de todos os ensaios realizados na ETE Norte, da CAESB, mostra


que a deposição do lodo afetou o solo da região e que o corpo d’água ainda não foi
comprometido, porém, com a continuação dessa prática tal comprometimento do lençol
freático poderá ocorrer.

5.3. SUGESTÕES

Sugere-se para pesquisas futuras as seguintes ações:

a) A instalação de poços de monitoramento no campo de futebol, no depósito de lodo e


na margem do lago, locados a partir dos resultados dos ensaios geofísicos, além do
monitoramento contínuo destes no sentido de determinar o possível agravamento da
contaminação. Além disso, um tratamento no solo da região, no intuito de evitar que o resíduo
do tratamento dos esgotos da estação de tratamento chegasse até o lençol freático, deveria ser
realizado;

b) A adaptação do amostrador de fluido para o solo da região, de forma a facilitar a


amostragem, e realização de coletas periódicas de amostras de fluido, acompanhando a
evolução da contaminação ao longo do tempo;

c) Avaliação de outras possíveis fontes de contaminação, utilizando o cone resistivo


em conjunto com outras técnicas de investigação geo-ambiental. Além disso, ensaios de
laboratório devem ser realizados para determinar os fatores que afetam a resistividade em
solos tropicais ou em solos predominantemente argilosos;

d) Realização de ensaios de cone resistivo em áreas contaminadas e não contaminadas


para obtenção direta de um possível contraste de resultados e aperfeiçoamento das correlações
aqui apresentadas.

- 99 -
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- 104 -
ANEXO 1 7

RESULTADOS DAS VERTICAIS DE CONE RESISTIVO


Vertical CR1 Vertical CR2
Local Depósito de lodo Local Depósito de lodo
Data 21/10/2003 Data 21/10/2003
Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm) Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm)
0,2 2274,89 0,2 3427,23
0,4 3478,81 0,4 3496,34
0,6 3559,15 0,6 3505,18
0,8 3577,51 0,8 3496,34
1 3577,51 1 3514,06
1,2 3605,41 1,2 3505,18
1,4 3514,06 1,4 3496,34
1,6 3577,51 1,6 1982,28
1,8 3368,96 1,8 3496,34
2 3559,15 2 2569,95
2,2 3577,51 2,2 3505,18
2,4 3183,38 2,4 3505,18
2,6 3296,89 2,6 3505,18
2,8 3385,40 2,8 2742,73
3 3540,98 3 3496,34
3,2 3444,25 3,2 3505,18
3,4 3540,98 3,4 3336,54
3,6 3496,34 3,6 3183,38
3,8 3522,99 3,8 3227,83
4 3577,51 4 3559,15

Vertical CR3 Vertical CR4


Local Depósito de lodo Local Depósito de lodo
Data 21/10/2003 Data 21/10/2003
Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm) Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm)
0,2 3803,13 0,2 1373,68
0,4 3393,69 0,4 1692,08
0,6 2934,21 0,6 2202,64
0,8 3505,18 0,8 3154,42
1 3461,44 1 3304,74
1,2 3643,29 1,2 3385,40
1,4 3478,81 1,4 3227,83
1,6 3304,74 1,6 3154,42
1,8 3385,40 1,8 3227,83
2 3304,74 2 3304,74
2,2 3559,15 2,2 3304,74
2,4 2775,67 2,4 3227,83
2,6 3050,36 2,6 2775,67
2,8 3385,40 2,8 3227,83
3 3406,19 3 2500,45
3,2 3427,23 3,2 3227,83
3,4 3427,23 3,4 2274,89
3,6 3586,76 3,6 2523,19
3,8 3614,80 3,8 3084,28
4 3605,41 4 3154,42

- 105 -
Vertical CR5 Vertical CR6
Local Depósito de lodo Local Margem do lago
Data 21/10/2003 Data 28/10/2003
Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm) Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm)
0,2 352,95 0,2 872,49
0,4 640,74 0,3 274,37
0,6 3470,10 0,4 519,53
0,8 3452,83 0,5 651,27
1 3496,34 0,6 872,49
1,2 3514,06 0,7 61,29
1,4 3030,37 0,8 70,70
1,6 3368,96 0,9 54,29
1,8 654,34 1 122,19
2 139,45 1,1 84,92
2,2 110,95 1,2 216,26
2,4 36,14 1,3 321,06
2,6 23,47 1,4 80,00
2,8 26,87 1,5 52,05
3 287,33 1,6 229,61
3,2 1760,82 1,7 101,47
3,4 1765,30 1,8 460,84
3,6 2633,38 1,9 195,12
3,8 2873,42 2 219,65
4 2897,43 2,1 121,89
2,2 108,57
2,3 40,48
2,4 31,30
2,5 31,86
2,6 30,10
2,7 24,93
2,8 32,03
2,9 56,34
3 59,61
3,1 72,55
3,2 76,38
3,3 82,30
3,4 83,29
3,5 85,63
3,6 88,89

- 106 -
Vertical CR7 Vertical CR8
Local Margem do lago Local Margem do lago
Data 28/10/2003 Data 28/10/2003
Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm) Profundidade (m) Resistividade Elétrica (Ωm)
0,2 46,99 0,2 91,57
0,3 232,77 0,3 438,97
0,4 197,15 0,4 457,80
0,5 139,58 0,5 548,29
0,6 600,51 0,6 549,37
0,7 760,12 0,7 554,20
0,8 171,75 0,8 555,53
0,9 95,12 0,9 557,10
1 40,92 1 558,44
1,1 54,97 1,1 500,41
1,2 245,16 1,2 530,46
1,3 205,68 1,3 414,69
1,4 22,25 1,4 66,93
1,5 709,57 1,5 198,17
1,6 384,78 1,6 345,91
1,7 130,81 1,7 117,83
1,8 60,32 1,8 76,31
1,9 233,13 1,9 100,66
2 111,76 2 312,76
2,1 323,40 2,1 176,13
2,2 25,97 2,2 353,94
2,3 22,78 2,3 150,50
2,4 24,13 2,4 48,41
2,5 26,51 2,5 56,30
2,6 27,78 2,6 58,02
2,7 28,75 2,7 58,46
2,8 32,49 2,8 64,96
2,9 41,86 2,9 71,70
3 58,24 3 82,74
3,1 67,98 3,1 82,79
3,2 72,38 3,2 102,70
3,3 69,41 3,3 89,94
3,4 88,17 3,4 88,58
3,5 92,12 3,5 94,94
3,6 90,48 3,6 96,57
3,7 91,18 3,7 97,44
3,8 92,12 3,8 99,35
3,9 92,91 3,9 101,27
4 96,02 4 102,22
4,1 103,33
4,2 96,20
4,3 93,83

- 107 -
ANEXO 2
COMPOSIÇÃO DO LODO DE ESGOTO DA ETE NORTE – BRASÍLIA - DF

Componente Faixa de Concentração (%)

pH 7,9
W 83
M.O. 52,5
N 5,5
P 3
K 0,35
Ca 4,5
Mg 0,35
Fe 3
Al 2
Na 0,15
Cu 0,015
Mn 0,015
Zn 0,065

- 108 -
ANEXO 3
RESULTADOS DA DIFRATOMETRIA DE RAIO - X

- 109 -
- 110 -
- 111 -

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