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INJEGAO DE CARVAO PULVERIZADO NAS VENTANEIRAS DO ALTO-FORNO LUIZ FERNANDO ANDRADE DE CASTRO ROBERTO PARREIRAS TAVARES ANDERSON PETER MORELATO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALURGICA E DE MATERIAIS (FUNDAGAO CHRISTIANO OTTOND Belo Horizonte, outubro de 1997 INJECAO DE CARVAO PULVERIZADO NAS VENTANEIRAS DO ALTO- FORNO SUMARIO Introdugio 1, Aspectos Internos do Alto-Forno 1.1 Aspectos gerais das experiéncias de dissecagao 1.2 Zona de amolecimento e fusio 1.3 Zona granular 1.4 Zona de gotejamento 1.5 Aspectos dindmicos da estrutura interna do alto-forno 2, Modelo Operacional do Alto-Forno 2.1 Perfil de temperatura (zona de reserva térmica) 2.2 Divisdo do alto-forno em zonas 2.2.1 Zona de preparagao 2.2.2 Zona de elaboragao 2.3 Aplieagao do modelo operacional 3. Zona de Combustio do Alto-Forno 3.1 Caracteristicas da zona de combustio 3.2 Alteragdes com a injego de carvao 4, Temperatura de Chama 4.1 Importancia 4.2 Avaliagio da temperatura de chama 5, Combustio do Carvao Pulverizado 5.1 Fundamentos da queima do carvaio 5.2 Eficiéncia da combustao de carvao pulverizado na zona de combustio 5.2.1 Avaliagio e célculo da eficiéncia de combustao 5.2.2 Influéncia do teor de materiais volateis na eficéncia de combustdo do carvao pulverizado 5.23 Influéncia do diametro das particulas do carvao pulveri- zado na eficiéncia de combustao 5.24 Influéncia da temperatura do ar soprado na eficiéncia de combustdo do carvao pulverizado 5.2.5 Influéncia do enriquecimento de oxigénio na eficiéncia de combustio do carvao pulverizado Pag, 14 27 27 38 38 40 43 49 51 55 55 63 66 66 68 B B 84 84 87 93 93 99 5.2.6 Influéncia da taxa de injeg&o na eficiéncia de combustio do carvao pulverizado 5.2.7 Influéncia da posigdo e do tipo de langa de injeg#o na eficigncia de combustdo do carvao pulverizado 5.3 Propriedades dos carves pulverizados utilizados nas injegdes em altos-fornos 6. Efeitos da Injegio de Carviio Pulverizado no Alto-Forno 6.1 Aspectos gerais 6.2 Consumo de coque: taxa de sub: 6.3 Produtividade 6.3.1 Aspectos gerais 6.3.2 Permeabilidade na parte superior do alto-forno 6.3.3 Permeabilidade na parte inferior do alto-forno 6.4 Condigdes do ar soprado 6.5 Perdas térmicas 6.6 Qualidade do coque com injegio de carvao 6.7 Qualidade da carga metilica com injego de carvao 7, Dados Operacionais dos Altos-Fornos com Altas Taxas de Injecio de Carvao Pulverizado Medidas para a Operacao do Alto-Forno com Altas Taxas de cio e Alta Produtividade Bibliografia 99 106 42 115 11s 118 127 127 127 140 145 131 151 164 167 175 178 Introdusio No convénio entre USIMINAS e Fundagao Christiano Ottoni, ficou estabelecida a elaboragdo de um texto sobre injegdo de carvo pulverizado no alto-forno. A partir dele esta programada uma discussao entre os técnicos, onde decisdes praticas de operagiio do alto-forno serdo tomadas Portanto, foi realizada uma pesquisa bibliogrifica completa sobre o assunto, ¢ juntamente com a experiéncia dos autores do trabalho, foi possivel elaborar um texto. A idéia principal & ter os conceitos basicos do processo de produgio de gusa em altos- fornos completamente dominados e a partir dai sugerir agdes operacionais no sentido de se ter altas taxas de injegio com altas produtividades. Nos capitulos 1 a 4 foram resumidos os conhecimentos do processo, ja bem divulgados na literatura, Neles esto contidos os principais conceitos, que permitiréo uma melhor discussao posterior. No capitulo 5 foram discutidos os principios da combustio do carvao na zona de combustio, através dos fundamentos e das experiéncias realizadas em escalas de laboratério ¢ piloto. Esse capitulo é importante para se saber como otimizar a queima do carvao. © capitulo 6 utiliza todos os conceitos apresentados anteriormente e procura discutir cada item importante que € afetado no alto-forno pela injegio de carvao. Simultaneamente so colocadas as altemnativas de agdes no sentido de se evitar uma operagao irregular do alto-forno, Alguns dados operacionais de altos-fornos no mundo sio mostrados no capitulo 7. © capitulo 8 € um pequeno resumo das medidas mostradas anteriormente e que sio necessarias para uma boa performance do processo. 1. Aspectos Internos do Alto-forno 1. Aspectos Internos do Alto-Forno 1.1 Aspectos gerais das experiéncias de dissecagao A estrutura interna da carga dos altos-fornos s6 ficou bem conhecida com as experiéncias de dissecagiio, conduzidas inicialmente pelos russos e depois pelos Japoneses. Estas experiéncias constaram do resftiamento de altos-fornos comerciais em condigdes normais de operagao. Os fornos foram resfriados e dissecados. A partir dessas experiéncias dividiu-se 0 alto-forno em trés zonas distintas: a) zona granular: zona onde a carga metalica (sinter e/ou pelota e/ou minério) ¢ o termo- redutor (carvéo vegetal e/ou coque) e mais os fundentes descem sélidos em contra corrente com os gases; b) zona de amolecimento e fuso: zona onde a carga metilica fica no estado de amolecimento, até a fusdo completa; ©) zona de gotejamento: zona onde o metal e a escdria, ja liquidos, escoam através de um empilhamento de coque (ou carvao vegetal), em contra corrente com os gases, A zona de gotejamento engloba o homem morto e a zona de combustao. © homem morto é a coluna de coque (ou carvdo vegetal) por onde o metal e a escéria gotejam e que nfo alimenta a zona de combustao. A figura 1.1 mostra de maneira esquemética a divisdo da parte interna do alto-forno em varias zonas, Foi verificado que as varias camadas de minério e coque, da zona granular, mantinham- se inalteradas até o inicio do amolecimento, A figura 1.2 mostra, como exemplo, 0 estado das camadas de carga no alto-forno n° 4 de Kukioka (dissecado em 1971). Essa informagao é importante, pois confirmou a necessidade de se investir num sistema de carregamento do alto-forno. Antes poderia se alegar que a carga no se mantinha da ‘mesma maneira que era colocada no topo do forno. Coque Zona Granular Zona de Amolecimento e Fuso Zona de Gotejamento Zona de Combustio Homem Morto Escoria Gusa mostrando as varias zonas Figura 1.1 Esquema da regio interna do alto-forno, + Om Refratario 5 Corga misturade Caseto = a 10 eS ix eq _Camodas em Pel -omolecimento = Carga misturada jer amolecimento DISTANCIA A PARTIR DO NIVEL DA CARGA (m) IS £ ZI ray 4 Le iA A$ camaces semi- fA FAY tuncicas ie AY PA aa EN A 20 A A BS a KA B Fe BA Ventaneira 25 Tijolo de carbono Escbrla -Gusa 30 Refratrio Figura 1.2 Estado das camadas de carga na zona granular do alto-forno n° 4 de Kukioka, segunda Kanbara et alii Os trés altos-fornos da Nippon Steel que foram dissecados: n° 5 Higashida, n° 1 Hirohata, n’ 4 Kukioka. estavam operando de acordo com as caracteristicas mostradas na tabela 1.1. Tabela 1.1 Resultados operacionais dos altos-fornos da Nippon Steel durante o més de parada, antes da dissecago ITEM HIGASHIDA | HIROHATA KUKIOKA Inicio de sopro 25 JUN 56 27 ABR 66 30 NOV 61 Interrupgiio de sopro 31 OUT 68 23 JUL 70 25 MAI 71 Volume Interno (m°) 646 1407 1279 Didmetro do cadinho (m*) 6,2 85 7,9 Produgao média (tid) 580 2606 2071 Produtividade (/ m*/d) 0,90 1,85 1,62 Consumo de coque (kg/t) 625 502 394 Consumo de dleo (kg/t) 25 40 33 ‘Consumo de combustiveis (kg/t) 650) 342 477 ‘Temperatura de ar quente (°C) 900 1028 980 Relagaio M/C 26 3,12 3,96 % de sinter na carga_ 33,3 46,9 67,0 %de pelotas na carga 23,7 214 115 Qualidade do gusa produzido Fundigao Aciaria Aciaria A figura 1.3 mostra somente a zona de amolecimento e fustio dos trés altos-fornos, O alto-forno de Higashida foi o primeiro a ser dissecado, e apresentava problemas operacionais graves, por isso a zona de amolecimento e fusio estava sem uma forma definida. O alto-forno de Hirohata operava com marcha central, e a zona de amolecimento e fuso estava na forma de V-invertido. A zona de amolecimento e fusdio do alto-forno de Kukioka tinha a forma de um W, Pelos dados da tabela 1.1, observa-se que 0 foro de Hirohata apresentava uma maior produtividade e um maior consumo de combustiveis (kg/t), quando comparado com o foro de Kukioka. Esses primeiros altos-fornos dissecados foram congelados com a parada do sopro ¢ a utilizagdo de agua. Com isso as regides das ventaneiras ficaram distorcidas, pois os vazios das zonas de combustdo (devido a pressio do ar soprado) foram preenchidos por particulas de coque, conforme ¢ mostrado nas figuras 1.4 e 1,5. Observa-se que nao existe interferéncia de uma zona de combustio com a outra. Foi verificado que o perfil de distribuigdo de temperaturas coincidia com o perfil da zona de amolecimento ¢ fusio, como pode ser visto na figura 1.6,

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