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elementos textuais)
Relevância (elementos focais)
1. Continuidade
2. Descontinuidade
Por ruptura tópica – introdução de um tópico que não
chega a se desenvolver porque um dos interlocutores
muda logo o foco para um outro tópico;
Por cisão de tópico – (inserção e alternância);
Por expansão tópica;
Por transição, superposição e movimento de tópicos.
Conversação natural ou espontânea
Atividade co-produtiva construída a cada intervenção
(3)
566 H03 é...o tempo num dá...pá chegá...melhorô
567 muito...aqui ta melhorado muito...
568 num tem nem compara...eu saí daí uma
época...eu era garoto assim...assim
570 ((aponta pra uma menina com
aproximadamente 8 anos)) ( ) uns dei zano...
(2)
Contexto: Três alunos (duas mulheres – M33 e M34 e um homem – H28) do curso de Letras conversando em uma sala, esperando a aula começar. Sabem da gravação.
01 H28 bora gente...tenho aula...( ) daqui a ( ) minutos
02 M33 sinceramente...se fosse se fosse uma oculta era muito melhor
03 H28 não...isso é besteira...o papo rola...a gente já falou aqui quem
04 é feminista...[M.H.
05 M34 [M.H...é ((rindo))
06 H28 é você
07 M34 não tem nada a ver
08 H28 [do-minadora
09 M34 [dominadora não...é o seguinte...eu acho que...é um assunto
10 que não se entra em discussão porque são direitos iguais e
11 acabou-se se...então não tem o que discutir...
12 H28 mas...mas eu noto assim
13 M33 [[mas eu garanto que muita coisa
14 H28 [[eu acho eu acho é a autoridade
15 M33 você você você é a favor do do machismo
16 por isso eu digo por isso eu digo que eu sou meio feminista
17 H28 você é uma feminista machista
18 M34 isso não existe
19 H28 é...existe...[você ( ) do homem...
20 M33 [pera aí...você acha...pera aí...pera aí
21 H28 você acha machismo do homem...mas você é assim...veja
22 bem...você acha assim o machismo do homem...mas você tem que analisar
23 assim a mulher pode ser machista pelo lado dela [tá entendendo?
24 M34 [lógico...admito
25 ser que a mulher pode machista só que eu tô querendo dizer é o
26 seguinte que [eu não sou feminista
27 M33 [mas ela é contra a mulher machista...sabia?
28 M34 eu sou a favor de direitos iguais...com isso eu não to querendo
29 é dizer que...é: o homem num deva...num possa ser cavalheiro [porque...
30 M33 [mas
31 M34 isso aí ele ta deixando...tá...não...
32 M33 isso faz parte do machismo...
33 M34 o cavalheirismo num faz parte do machismo
(Fonte: Projeto Linguagem da Mulher, UFPE, 1989)
Sistematização por Steinberg (1988) dos recursos não-
verbais normalmente usados pelos falantes em uma dada
interação:
Paralinguagem: sons emitidos pelo aparelho fonador,
mas que não fazem parte do sistema sonoro da língua
usada (ex: sons onomatopéicos);
Cinésicos: movimentos do corpo (gestos, postura,
expressão facial, olhar e riso);
Proxêmica: a distância mantida entre os interlocutores;
Tacêsica: o uso de toques durante a interação;
Silêncio: ausência de construções linguísticas e de
recursos da paralinguagem.
Segundo Steinberg, os atos paralinguísticos e os cinésicos
desempenham funções variadas no curso da interação, e de
acordo com essas funções podem ser classificados como:
Lexicais (não-verbal com significado próprio – “shhh”, indicando
“fique quieto”)
Descritivos (suplementa o significado do diálogo através dos
ouvidos e dos olhos)
Reforçadores (enfatizam o ato verbal)
Embelezadores (movimento do corpo para realçar a fala)
Acidentais (os que ocorrem por acaso, sem função semântica)
Os turnos, quanto ao desenvolvimento
do tópico:
Nucleares – dão andamento ao tópico, pois exigem que
as intervenções subsequentes estejam relacionadas
com o turno anterior. Exemplos de turnos nucleares no
diálogo citado: 02, 03, 07, 08, 11, 12, 13 e 14. São
considerados nucleares porque estão dando andamento
ao tópico (comportamento de M34)
Inseridos – produções marginais em relação ao
desenvolvimento tópico da conversa (exercem função
meramente interacional). Exemplos: 04, 05, 06, 09 e 10.
Os turnos inseridos podem ser classificados como turno
de esclarecimento, avaliação, concordância,
discordância, entre outros.
Trecho do segmento 2
01 H28 bora gente...tenho aula...( ) daqui a ( ) minutos
02 M33 sinceramente...se fosse se fosse uma oculta era muito melhor
03 H28 não...isso é besteira...o papo rola...a gente já falou aqui quem
04 é feminista...[M.H.
05 M34 [M.H...é ((rindo))
06 H28 é você
07 M34 não tem nada a ver
08 H28 [do-minadora
09 M34 [dominadora não...é o seguinte...eu acho que...é um assunto que
10 não se entra em discussão porque são direitos iguais e
11 acabou-se se...então não tem o que discutir...
12 H28 mas...mas eu noto assim
13 M33 [[mas eu garanto que uma coisa
14 H28 [[eu acho eu acho é a autoridade...
Gestão de turno
diz respeito à troca dos falantes, através de passagem de turno e de assalto ao
turno, e à sustentação da fala.
A troca de turno pode ser requerida pelo falante (quando este entrega o turno
de forma explícita) ou consentida (quando a entrega é implícita).
Assalto de turno
Com deixa – acontece durante hesitações, alongamentos, entonação
descendente, pausas pelo falante que possui o turno;
Sem deixa – intervenções bruscas, provocando sobreposições de vozes ,
desistência do turno por um dos interlocutores que deixa que o outro o assuma.
Marcadores linguísticos
Verbais: conjunto de partículas, palavras, sintagmas, expressões
estereotipadas e orações, expressões não-lexicalizadas (ahã,
uhrum, ué) – situam-se no contexto geral, pessoal ou particular
da conversação, não contribuindo com informações novas para
o desenvolvimento do tópico.
Prosódicos: apesar de sua natureza linguística, são de caráter
não-verbal (pausas, tom de voz, ritmo, velocidade,
alongamentos de vogais, entre outros)
Grupos de MCs linguísticos:
MCs simples: realizam-se com um só item lexical
(mas, éh, olha, aí, então, etc.)
MCs compostos: realizam-se como sintagmas (“sim
mas”, “bom mas aí”, etc.)
MCs oracionais: realizam-se como pequenas orações
(“eu acho que”, “sim mas me diga”, etc.)
MCs prosódicos: realizam-se como recursos
prosódicos (entonação, pausa, hesitação, tom de voz)
e geralmente são acompanhados por algum MC
verbal.
Marcadores paralinguísticos ou não-
verbais
Estabelecem, mantêm e regulam a interação, por meio
de risos, olhares, gestos, meneios de cabeça.
(7)
10 Inf. M. eu não acho que tem...não tem apenas a a mulher
normalmente
11 é mais: mais delicada [tem sentimento
12 Doc. [uhrum
13 Inf. M essa coisa...não é?
14 Doc é exato
15 Inf. M no todo...não é?
16 Doc sim de forma genérica
17 Inf. M a a a mulher tem mais sensibilidade...não é?
18 Doc uhrum
19 Inf.M tem mais: a educação mais apurada...não é?
20 Doc certo
21 Inf.M e: tem mais sensibilidade pra coisas be:las en en entendeu?
Construção da compreensão do texto
falado
Segundo Marcuschi, (1998b), “admite-se, hoje, que a
compreensão, na interação verbal face-a-face, resulta
de um projeto conjunto de interlocutores em atividades
colaborativas e coordenadas de co-produção de sentido
e não de uma simples interpretação semântica de
enunciados proferidos.”
O autor ressalta ainda que colaboração não implica
concordância. À análise de interação face-a-face cabe a
identificação dos processos de compreensão, que em
caráter colaborativo, há estratégias e resoluções para
prosseguimento do tópico, sem, no entanto, ser
necessária a concordância entre os interlocutores.
A partir da análise de materiais do corpus do NURC, o autor
apresenta algumas atividades de compreensão na interação
verbal:
Negociação – no processo de interação verbal, a
(Wittingenstein)
raquel_wa@hotmail.com