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+ 01(. O artista popular não está
preocupado em colocar suas obras expostas em lugares prestigiados.
esse sentido, o mais importante na arte popular não é o objeto produzido, e sim o
próprio artista, o homem do povo, do meio rural ou das periferias das grandes
cidades. Por isso também a arte popular é sempre contemporânea a seu tempo. Por
exemplo, a arte popular do século XVIII (as cantigas, poemas e estórias registradas
pelos estudiosos) é bem diferente de outras formas de arte popular hoje, como o
rap, o hip hop e o grafitti, que acontecem nas periferias dos grandes centros
urbanos como São Paulo. O rap e o hip hop aparecem associados quase
especificamente à população negra, excluída socialmente.
A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que
é ligada à tradição mas incorpora novos elementos culturais. Muitas vezes a
incorporação de elementos modernos pela cultura popular (como materiais como
plástico por exemplo) a transformação de algumas festas tradicionais em
espetáculos para turistas (como o carnaval) ou a comercialização de produtos da
arte popular são, na verdade, modos de preservar a cultura popular a qualquer
custo e de seus produtores terem um alcance maior do que o pequeno grupo de
que fazem parte.
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A Indústria Cultural é uma indústria que não fabrica produtos concretos, vende uma
ideologia, vende visões do mundo, vende idéias, desejos. Feita para uma massa de
pessoas, esses bens culturais são veiculados pelos meios de comunicação de
massas, aí surge a cultura de massas (o produto da Indústria Cultural). A cultura
de massas não é uma cultura que surge espontaneamente das próprias massas,
mas uma cultura já pronta e fornecida por outro setor social (que controla a
produção da Indústria Cultural), a classe dominante. Portanto, na vida em cidades
(residência das massas) e com a Indústria Cultural a cultura passa a ser algo
externo às pessoas, não mais de produção delas mesmas.
ão é porque há, atualmente, no Brasil uma cultura comum a todas as parcelas da
sociedade que estas parcelas se misturam. O Brasil é hoje um país extremamente
audiovisual, a maioria da população não tem acesso a educação ou sequer é
alfabetizada, nessas condições é natural que o rádio e a televisão (que atingem
quase todo o território brasileiro) adquiram o status de principais (e únicos para
algumas pessoas) meios de comunicação de veiculação de bens culturais, meios
como jornais e livros por exemplo são de acesso restrito a uma parcela da
população. essa situação, imagine a quantidade de pessoas que costumam visitar
museus por exemplo.
as próximas partes desse trabalho o foco será a Bienal de São Paulo, porque ela
consiste em um evento de artes plásticas acessível à população que normalmente
não freqüenta exposições de arte. A Bienal, para esse público, aparece como algo
inusitado, incomum e completamente novo.
Segundo o filósofo alemão Walter Benjamin, uma obra de arte ao ser reproduzida
perde sua ³aura´, que seria seu caráter único e mágico (típico da cultura erudita),
mas em compensação isso possibilitou que elas saíssem dos museus e coleções
particulares para serem conhecidas por um número muito maior de pessoas, assim,
as técnicas de reprodução das artes poderiam contribuir para uma revolução na
própria política das artes plásticas, que antes eram exclusivas da elite e parte da
cultura erudita e passam a ser acessíveis às massas.
Mas, como será verificado no decorrer do trabalho, isso não significa uma
democratização da obra de arte, nem contribui para a conscientização das massas.
Isso não acontece com a reprodução das obras de arte e nem com outro fenômeno
que aproxima as massas da obra de arte: as mega exposições.