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PREJUÍZOS DA MACONHA À MEMÓ RIA SÃ O AINDA MAIORES

Estudo da Unifesp mostra que lesõ es ocorrem mesmo em pessoas que usam de
forma leve.

Por Antô nio Marinho (d’O GLOBO)

O há bito de fumar maconha freqü entemente, mesmo que em pouca quantidade,


pode danificar seriamente a á rea do cérebro responsá vel pela memó ria, Segundo
estudo feito na Universidade Federal de Sã o Paulo (Unifesp). Os resultados do
trabalho mostra que o déficit no armazenamento de informaçõ es e na evocaçã o da
memó ria nos usuá rios persistiram apó s um médio de 14 dias de abstinência.

Em media, os participantes do estudo fumaram um a dois cigarros de maconha por


dia, durante dez anos. E a pesquisa revelou que a parte do cérebro mais atingida é a
responsá vel pelo processamento, da memó ria e pela execuçã o de atividades
complexas que requerem o planejamento e o gerenciamento das informaçõ es.

Como o tempo, o usuá rio de maconha esquece até informaçõ es simples do dia a dia.
E se a pessoa começa a fumar antes dos 15 anos de idade, o risco de danos é ainda
maior, porque o cérebro nã o está totalmente formado. O feito tó xico e cumulativo do
tetrahidrocanabinol (THC, o principal composto químico psicoativo da canabis)
afeta o desempenho cerebral.

- O uso precoce de maconha desequilibra nosso sistema endocanabinoide, que


tem papel importante no controle da memó ria, do apetite, do sono e de
outros processos psicoló gicos – diz a neuropsicó loga Mara Alice Fontes,
autora da pesquisa que foi tese de doutorado e diretora da Clínica
Plenamente.

A pesquisa avaliou preliminarmente 173 usuá rios crô nicos de maconha e selecionou
104, sendo 49 de início precoce e 55 tardio; 34 usuá rios crô nicos abstinentes há
mais de sete dias e 55 controles nã o fumantes. A idade variou entre 18 e 55 anos, e o
estudo apontou danos nas funçõ es executivas do cérebro.

- A funçã o executiva do cérebro nos permite processar e organizar todas as


novas informaçõ es que nos sã o passadas diariamente e que necessitam do
planejamento, memó ria opereacional, atençã o sustentada, inibiçã o dos
impulsos, fluência verbal e pensamento abstrato – diz.

Pesquisa ajuda a orientar o tratamento do dependente

Segundo o professoa Acioly Tavares de Lacerda, do Departamento de Psiquiatria e


orienador da pesquisa, o estudo foi feito com a maior amostra no mundo de
usuá rios crô nicos; todos avaliados por meio de testes neuropsicoló gicos. Foi o
primeiro a indicar que ocorre déficit cognitivo no uso leve de maconha (cerca de um
a dois cigarros ao dia), porém crô nico.

Marial Alice recomenda teste de déficit neuropsicoló gico em usuá rios crô nicos da
droga para prevenir futuros danos.

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