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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ANDERSON SILVA
2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Anderson Silva
Título da dissertação:
COMPORTAMENTO DIAFRAGMA DE PAREDES DE MADEIRA NO SISTEMA
LEVE PLATAFORMA.
Aos meus pais, Orestes e Francisca, pelo imenso amor e sábia educação diante das nossas
dificuldades. À minha irmã, Jeanne, pelo contra-ponto de caráter político, histórico e
humano. À minha namorada, Gisângela, pelo carinho, afeto e dedicação.
Ao Dr. Luís Augusto Conte Mendes Veloso pelo fornecimento de textos complementares e
dos resultados experimentais de sua pesquisa.
À todos os amigos e colegas de curso pelo constante incentivo durante essa etapa de vida.
SILVA, Anderson Comportamento diafragma de paredes de madeira no sistema leve
plataforma. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia Civil, Universidade
Federal de Uberlândia, 2004. 142p.
RESUMO
As edificações em madeira no sistema leve plataforma são comuns nos países norte-
americanos, europeus e asiáticos. Nelas, as paredes exercem a função estrutural e são
compostas por painéis, pinos metálicos e peças sólidas de pequena seção transversal.
As ações permanentes e sobrecargas são transmitidas à fundação por simples compressão,
enquanto que as ações eólicas e sísmicas pelo comportamento diafragma das paredes, as
quais são chamadas de Paredes Diafragma ou Paredes de Cisalhamento (Shearwalls).
No Brasil, estas estruturas são praticamente desconhecidas, o que torna seu estudo relevante
frente ao grande potencial do país para a produção de madeiras de reflorestamento.
Neste trabalho, desenvolveu-se um modelo numérico baseado no método dos elementos
finitos onde, essas paredes foram consideradas tridimensionalmente no programa
computacional ANSYS® utilizando-se os elementos SOLID45, PLANE42 e COMBIN39.
Os deslocamentos fornecidos por esse modelo foram comparados com os de protótipos
ensaiados em escala real, verificando-se uma equivalência entre ambos. Também foram
analisadas as condições de contorno, a ruptura, o posicionamento do painel, alguns
materiais, a rigidez das ligações e os elementos de borda, que em conjunto proporcionam
base teórica para a compreensão do comportamento diafragma das paredes. Nas análises
foram consideradas a não-linearidade geométrica das paredes e a não-linearidade física das
ligações com pinos.
ABSTRACT
Wood light platform frame constructions are common in the North American, European
and Asian countries. The walls have the structural function and are composed by panels,
metallic pins and solid pieces of small cross-section. The dead and live actions are
transmitted to the foundation by simple compression, while the winds and seismic actions
by the diaphragm behavior of the walls, which are denominated Verticals Diaphragms or
Shearwalls. In Brazil these structures are not common, what turns his study relevant
considering the great potential of the country for the production of reforestation woods.
In this work, a numeric model was developed based on the method of the finite elements
where walls were considered three-dimensional in the ANSYS® software using elements
SOLID45, PLANE42 and COMBIN39. The displacements supplied by that model were
compared to prototypes tested in real scale with good approach. Also were analyzed the
boundary conditions, the rupture, the positioning of the panel, some materials, the rigidity
of the connection and the border elements, which provide theoretical base for
understanding the behavior diaphragm of walls. The geometric non-linearity of the walls
and the physical non-linearity of the connectors were considered in the numerical analyses.
SÍMBOLOS
Letras romanas
A Área
Aa Área das aberturas
Ap Área da parede completa
b Largura do painel
bi Largura do painel i
bmax Largura máxima do painel
C Esforço de compressão
C1 Coeficiente de abertura
C2 Fator de redução
da Deslocamento do elemento de ancoragem
dp Deslocamento do pino de ligação
E Módulo de elasticidade
Ec Módulo de elasticidade à compressão
Eij Módulo de elasticidade na direção i e j
Em Módulo de elasticidade à flexão
Et Módulo de elasticidade à tração
fc Resistência à compressão
Fc,d Esforço de cálculo de compressão no montante externo
fm Resistência à flexão
Fp Força aplicada no pino de ligação
Fp,d,1 Resistência de cálculo do pino de ligação com uma seção de corte
Ft Esforço de tração no tirante
ft Resistência à tração
Ft,d Esforço de cálculo de tração no montante externo
Fv Força aplicada no topo da parede
Fv,d Resistência de cálculo da parede diafragma
Fv,u Resistência última da parede diafragma
fvp Resistência ao cisalhamento no plano
fvt Resistência ao cisalhamento na espessura
G Módulo de cisalhamento
Gij Módulo de cisalhamento na direção i e j
Gp Módulo de cisalhamento no plano
Gt Módulo de cisalhamento na espessura
h Altura da parede
i Contador numérico
I Inércia
j Contador numérico
L Comprimento
Lp Comprimento da parede
Ls Comprimento dos segmentos cheios
M Esforço de momento fletor
n Número de painéis
N Taxa de pinos
q Esforço uniformemente distribuído
s Espaçamento dos pinos de contorno
t Espessura do painel
T Esforço de tração
u Deslocamento horizontal no topo da parede
ui Deslocamento medido pelo transdutor de índice i
v Cisalhamento unitário (por unidade de unidade de comprimento)
vd Cisalhamento unitário de cálculo
Letras gregas
SIGLAS
2.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 6
2.2 SISTEMA LEVE OU DE TRAMADO LEVE ........................................................... 8
2.2.1 Conceituação e aplicação...................................................................................... 8
2.2.2 A primeira edificação ......................................................................................... 10
2.2.3 Tipologia do sistema leve ................................................................................... 11
2.2.4 Contexto mundial ............................................................................................... 13
2.2.5 Contexto nacional ............................................................................................... 18
3.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 20
3.2 FUNDAÇÃO ............................................................................................................. 21
3.2.1 Fundação em concreto ........................................................................................ 21
3.2.2 Fundação em madeira......................................................................................... 24
3.3 PAREDE.................................................................................................................... 25
3.3.1 Montantes ........................................................................................................... 26
3.3.2 Banzo inferior e superior .................................................................................... 27
3.3.3 Painéis de fechamento ........................................................................................ 27
3.3.4 Aberturas de portas e janelas .............................................................................. 29
3.3.5 Interseções de paredes ........................................................................................ 30
3.4 PISO .......................................................................................................................... 31
3.4.1 Quadro estrutural ................................................................................................ 31
3.4.2 Painéis de piso .................................................................................................... 32
3.5 COBERTURA ........................................................................................................... 34
3.5.1 Vigas retas .......................................................................................................... 34
3.5.2 Treliças ............................................................................................................... 34
3.5.3 Pórticos tri-articulados........................................................................................ 35
3.5.4 Painéis de cobertura............................................................................................ 35
3.6 MONTAGEM............................................................................................................ 37
4.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 41
4.2 CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................... 41
4.2.1 Painéis de lâminas .............................................................................................. 42
4.2.2 Painéis de tiras .................................................................................................... 43
4.2.3 Painéis de partículas ........................................................................................... 44
4.2.4 Painéis de fibras.................................................................................................. 45
4.3 PAINEL OSB ............................................................................................................ 46
4.3.1 Introdução........................................................................................................... 46
4.3.2 Conceitos ............................................................................................................ 46
4.3.3 Processo de fabricação ....................................................................................... 49
4.3.4 Parâmetros das propriedades do OSB ................................................................ 51
4.3.5 Usos e aplicações................................................................................................ 55
4.3.6 Normas e entidades............................................................................................. 57
4.3.7 Classificação dos painéis .................................................................................... 57
4.3.8 Requisitos gerais................................................................................................. 58
4.3.9 Propriedades mecânicas...................................................................................... 59
5.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 60
5.1.1 Caminho das ações verticais............................................................................... 60
5.1.2 Caminho das ações horizontais .......................................................................... 61
5.2 DIAFRAGMA HORIZONTAL ................................................................................ 63
5.2.1 Esquema estático ................................................................................................ 63
5.2.2 Configurações de montagem .............................................................................. 64
5.2.3 Classificação estrutural....................................................................................... 64
5.2.4 Dimensionamento............................................................................................... 65
5.3 DIAFRAGMA VERTICAL ...................................................................................... 67
5.3.1 Esquema estático ................................................................................................ 67
5.3.2 Principais parâmetros ......................................................................................... 68
5.3.3 Dimensionamento das paredes diafragma .......................................................... 76
5.3.4 Análise de paredes diafragma com aberturas ..................................................... 78
5.4 MÉTODOS DE ENSAIO.......................................................................................... 82
5.4.1 Ensaio ASTM E 564 de 1995 ............................................................................. 83
5.4.2 Ensaio ASTM E 72 de 1998 ............................................................................... 84
5.5 EXPERIMENTAÇÃO .............................................................................................. 85
5.5.1 Ensaio de Sugiyama (1981)................................................................................ 85
5.5.2 Ensaio de Veloso (2003) .................................................................................... 87
5.6 DEFORMAÇÃO DA PAREDE................................................................................ 89
6.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 92
6.2 MODELO NUMÉRICO DE VELOSO (2003) ......................................................... 92
6.3 MODELO NUMÉRICO DESENVOLVIDO............................................................ 93
6.3.1 Propriedades dos materiais ................................................................................. 98
6.3.2 Propriedades das ligações................................................................................... 98
6.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS ...................................................... 103
6.4.1 Etapa I (Condição de contorno Tipo I)............................................................. 103
6.4.2 Etapa II (Condição de contorno Tipo II) .......................................................... 106
6.5 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO.................................................. 109
6.6 ANÁLISE DA RUPTURA...................................................................................... 112
6.7 ANÁLISE DO POSICIONAMENTO DO PAINEL............................................... 119
6.8 ANÁLISE DOS MATERIAIS ................................................................................ 121
6.9 ANÁLISE DA RIGIDEZ DA LIGAÇÃO PAINEL-QUADRO............................. 123
6.10 ANÁLISE DOS ELEMENTOS DE BORDA ....................................................... 125
APÊNDICE A...................................................................................................................136
Capítulo 1 Introdução 1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Por razões culturais, as edificações em madeira são comuns nos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, Suécia, Finlândia e Japão. No primeiro, cerca de 90% das residências são
construídas em madeira no Sistema Estrutural Leve, o qual associa as qualidades desse
material a processos industrializados de construção, conforme mostra a Figura 1.1.
As poucas construções no Sistema Estrutural Leve são encontradas nos estados do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, região de colonização germânica, mas há uma
tendência no país de sua maior participação nos setores residencial, comercial e industrial,
devido à sua versatilidade arquitetônica, à sua grande leveza estrutural e ao avanço dos
processos industrializados na construção civil.
Capítulo 1 Introdução 3
Portanto, para fazer do Sistema Estrutural Leve em madeira uma alternativa viável no país,
sua concepção deve se iniciar não pela cópia dos modelos norte-americanos ou europeus,
mas por pesquisas que avaliem o comportamento dessas edificações às condições nacionais
e por projetos que envolvam a produção dos acessórios hidráulicos, elétricos e de
acabamento. Desta forma, torna-se significativo e necessário o aumento dos investimentos
público e privado no setor industrial madeireiro através de ações que preservem as
reservas naturais, incentivem a produção de espécies comerciais e ampliem as áreas de
reflorestamento, para que sejam maiores os benefícios sociais e econômicos.
Capítulo 1 Introdução 4
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho é composto por sete capítulos, dentre os quais, os cinco primeiros apresentam
uma revisão bibliográfica do tema, e os dois últimos os modelos numéricos das paredes e
as análises realizadas. Todos resumidamente descritos a seguir:
CAPÍTULO 2
SISTEMA ESTRUTURAL
2.1 INTRODUÇÃO
A partir destes critérios, Ino (1992) e Rosário (1996) classificam os sistemas estruturais em
madeira como:
● Painel modular (Stressed skin panel): sistema com enfoque produtivo. Nele
painéis sanduíches pré-fabricados exercem a função estrutural e compõem o piso,
as paredes e a cobertura. As dimensões desses painéis são limitadas pelo peso ou
pelas condições de transporte e montagem, mas geralmente este sistema utiliza
pequenas equipes de trabalho sem o uso de máquinas pesadas (veja Figura 2.1d);
● Módulo espacial (Mobile home): sistema com enfoque produtivo utilizado nos
países com baixas temperaturas ou com alto custo de mão-de-obra. Nele unidades
volumétricas pré-fabricadas exercem a função estrutural e compõem o piso, as
paredes e a cobertura. Em outro segmento conhecido por “dobradura”, esses
elementos tridimensionais são dobrados na indústria em forma de pacote e
desdobrados no canteiro. Para ambos, a maior limitação está no uso de máquinas
pesadas para o transporte e montagem dessas unidades (veja Figura 2.1e).
Figura 2.2 – Sistema leve em madeira aplicado em edifício com seis pavimentos.
Fonte: Ellis e Bougard (2001).
Nos Estados Unidos, cerca de 90% das residências empregam estruturalmente esse sistema.
Dentre os aspectos técnicos e econômicos responsáveis por essa grande utilização
destacam-se: a flexibilidade de modulação, a industrialização das peças e o curto prazo de
construção devido ao baixo peso dos elementos (normalmente inferior a quarenta quilos)
(EINSFELD, 2000).
O sistema leve em madeira tem como primeira edificação a igreja de Saint Mary,
construída nos Estados Unidos em 1833 na região sudoeste da cidade de Chicago,
conforme mostra a Figura 2.4 (INO, 1989). Esta estrutura com 7 m de largura, 11 m de
comprimento e 4 m de altura se destacou pela versatilidade do seu sistema estrutural.
Três anos após sua construção, a igreja foi desmontada e transferida para a região noroeste
da cidade, suas dimensões foram ampliadas, e um campanário foi adicionado na estrutura
de cobertura, conforme Figura 2.5a. Entretanto, em 1843, para abrigar a nova catedral de
Chicago foi construída a primeira edificação em alvenaria cerâmica da região, conforme
Figura 2.5b. Ao término desta obra, a estrutura de madeira da igreja foi serrada ao meio e
destinada à construção de duas escolas. Uma das metades foi mantida no mesmo local e a
outra remontada ao lado da catedral. Todavia, aos 38 anos, ambas as estruturas de madeira
e a estrutura cerâmica foram totalmente destruídas por um grande incêndio que devastou a
cidade no ano de 1871 (OLD SAINT MARY, 2003).
a) Igreja de Saint Mary: 1836 a 1843. b) Catedral de Saint Mary: 1843 a 1871.
O Sistema balão (Balloon frame) apresenta uma estrutura esbelta que é formada por perfis
de madeira de pequena seção transversal e por painéis de fechamento. Este sistema se
caracteriza pela continuidade dos montantes de um piso ao outro, conforme ilustra a Figura
2.6. Sua utilização atualmente é rara devido à necessidade de peças longas e à dificuldade
de execução e montagem dos quadros.
Trave
Painel de forro
Duplo banzo
Fechamento
interno
Corta-fogo
Montante
Painel de piso
DETALHE 1 Trave
Painel de piso
Apoio da trave
Fechamento
interno Montante
DETALHE 1
Montante
Piso
Soleira
O Sistema plataforma (Platform frame), alvo de estudo deste trabalho, mantêm o conceito
estrutural do sistema balão, ou seja, pequenos perfis de madeira associados a painéis de
fechamento, mas diferencia-se pela interrupção dos montantes ao nível de cada piso,
conforme mostra a Figura 2.7. Esta descontinuidade permite a pré-fabricação das peças e
facilidade de execução e montagem dos quadros, uma vez que se manipulam peças com
menor comprimento, menor peso e menor riqueza de detalhes construtivos. Entretanto,
neste sistema se destaca o maior consumo de madeira em relação ao sistema balão.
Trave
Painel de forro
Duplo banzo
Fechamento
interno
Banzo
Montante Painel
de piso
Trave de
DETALHE 1 borda
DETALHE 1
Montante
Piso
Soleira
Nos Estados Unidos, o sistema leve é estudado pelo Consortium of Universities for
Research in Earthquake Engineering - CUREE, fundado em 1988. Recentemente, destaca-
se seu projeto Caltech Woodframe, este com cinco linhas de pesquisa: Testes e análises,
Normas e códigos, Investigações de campo, Aspectos econômicos e Educação.
A criação do Caltech Woodframe foi motivada pelo terremoto Northridge que atingiu a
região norte da Califórnia e matou 25 pessoas na madrugada do dia 17 de janeiro de 1994.
Dentre as vítimas, vinte e quatro morreram por falhas estruturais ocorridas no sistema leve
em madeira, conforme ilustra a Figura 2.8 (CUREE, 2003).
Capítulo 2 Sistema Estrutural 14
A B
b) Execução do 1º pavimento.
c) Execução do 2º pavimento.
a) Anterior ao ensaio.
Nos Estados Unidos, esta arquitetura é típica para pequenos condomínios multi-familiares,
que representaram uma parcela significativa nos prejuízos do terremoto de 1994 (veja
Figura 2.8c). No protótipo, o objetivo estendeu-se também ao estudo da torção devido à
assimetria das paredes resistentes da garagem.
No término da simulação, assim como na anterior, não foram registrados danos severos à
estrutura. No piso superior ocorreram pequenas fissurações no gesso e na argamassa,
principalmente nas regiões próximas às aberturas de portas e janelas. No piso inferior, em
determinados pontos, foram visíveis os deslizamentos dos painéis e o aparecimento dos
pinos no acabamento final. Danos que não impedem a utilização da edificação após uma
recuperação e confirmam o excelente desempenho do sistema leve mesmo sob condições
geométricas desfavoráveis (CUREE, 2003).
Mesmo assim, em algumas empresas os investimentos na madeira são cada vez maiores e
as edificações que eram restritas às classes, média e alta, começam a apresentar custos
compatíveis aos sistemas convencionais. A médio prazo, espera-se uma redução dos custos
com o aumento da escala de produção para que faixas mais populares do mercado também
possam ser atendidas, conforme mostra a Figura 2.12 (PARTEL, 2003).
A
C
B D
CAPÍTULO 3
SISTEMA CONSTRUTIVO
3.1 INTRODUÇÃO
COBERTURA
PISO
PAREDE
FUNDAÇÃO
3.2 FUNDAÇÃO
Estrutura da parede
Radier
≥ 20 cm
Nível do solo i=5%
Manta de polietileno
2d
Estrutura da parede
Estrutura do piso
≥ 20 cm
Alvenaria estrutural
Manta de polietileno
2d
10 cm
≥ 25 cm
Planta de piso ≥ 15 cm
Planta de piso
≥ 20 cm
Armadura de tela
10 cm
≥ 50 cm
≥ 40 cm
Planta de piso
≥ 25 cm ≤ 450 cm ≥ 20 cm
10 cm
≥ 60 cm Armadura de tela
Nível
≥ 25 cm do solo
Planta de piso
Estrutura da parede
Estrutura do piso
≥ 20 cm
Manta de polietileno
Painel de fechamento
Quadro de madeira
Soleira de base
Camada de brita e areia
3d
4
d
2d
3.3 PAREDE
Banzo superior
Painel interno
Montante
Painel externo
Banzo inferior
Contudo, visando-se uma adaptação desse sistema ao Brasil, não foram encontrados na
bibliografia nacional estudos referentes à redução dessas seções devido às diferenças das
ações permanentes (peso próprio e sobrecarga) e variáveis (vento, neve e terremotos).
Ressalta-se ainda que para determinadas edificações nos países de clima frio, onde a
diferença de temperatura entre o ambiente externo e interno pode chegar a 60°C, as
dimensões dos montantes dependem muito mais da espessura do isolamento térmico
interno à parede do que dos requisitos estruturais necessários (EINSFELD et al., 1998a).
Capítulo 3 Sistema Construtivo 26
3.3.1 Montantes
1 2 3 4 5 6 7 8 9. 10. 11. 12 . 13 .
Adaptada de CWC (1985).
Capítulo 3 Sistema Construtivo 27
No banzo inferior utiliza-se de modo geral uma única peça de seção transversal igual à do
montante. No banzo superior utilizam-se duas peças para travamento dos quadros e maior
rigidez à flexão, porém uma única peça é admitida quando a excentricidade de montantes
consecutivos não exceder a 50 mm (CWC, 1985).
a) Vertical. b) Horizontal.
Segundo Thallon apud Dias (2002), painéis horizontais proporcionam maior rigidez à
parede e evitam fissurações na argamassa. Mas, caso este revestimento seja aplicado sobre
painéis no sentido vertical, o CWC (1985) recomenda o contraventamento dos quadros
com peças de madeira ou tiras metálicas posicionadas diagonalmente.
Capítulo 3 Sistema Construtivo 29
No suporte das vergas, as aberturas inferiores a 180 cm devem utilizar duplos montantes,
um deles servindo como apoio direto para essas peças. As aberturas superiores 180 cm
devem utilizar triplos montantes, neste caso, dois deles servindo como apoio direto.
Também é permitido o uso de presilhas metálicas para vãos inferiores a 90 cm, conforme
mostra a Figura 3.9 (AWC, 2002).
Capítulo 3 Sistema Construtivo 30
As interseções das paredes exigem arranjos específicos entre os montantes para a fixação
dos painéis de fechamento internos e externos, e para o travamento entre os quadros,
conforme ilustra a Figura 3.10.
3.4 PISO
Painel de piso
Travamento
Trave
Nas bordas paralelas às traves, mantêm-se a seção dessas peças, e nas perpendiculares,
adota-se seção maciça de 19 mm de largura. Na fixação, o CWC (1985) recomenda pinos
com 82 mm de comprimento a cada 60 cm, para a ligação com os banzos, e dois desses
pinos para a ligação de topo com a trave.
Capítulo 3 Sistema Construtivo 32
Para evitar a instabilidade lateral das traves devem ser previstas peças de travamento pleno
nas extremidades e, internamente, quando a relação altura/largura exceder ao valor de 6.
Também podem ser utilizados os travamentos contínuos ou diagonais, conforme ilustra a
Figura 3.12 (CWC, 1985).
Para os travamentos contínuos e diagonais são recomendadas peças com seção 19×64 mm
fixadas em cada trave com dois pregos de 57 mm de comprimento. Para os travamentos
plenos a altura da seção coincide com a da trave, o que possibilita apoio adicional aos
painéis e maior rigidez da estrutura (CWC, 1985).
Para o piso recebendo paredes estruturais sem continuidade no pavimento inferior são
idealizadas duas situações. A primeira, com paredes perpendiculares às traves. Neste caso,
essas podem ser dispostas aleatoriamente. A segunda, com paredes paralelas às traves.
Neste caso, essas necessitam de traves específicas quando coincidentes ou, de peças
complementares quando não coincidentes (CWC, 1985).
Os painéis de piso proporcionam uma superfície plana para o apoio das paredes e para a
aplicação do revestimento final. A seguir, destacam-se os mais usuais:
Na fixação desses painéis são utilizados pinos metálicos e colas adesivas que reduzem os
ruídos de atrito entre as peças. Entre as chapas, a ligação ocorre pelo sistema macho-fêmea
entalhado nas bordas (BREYER apud DIAS, 2002). No posicionamento são possíveis seis
configurações distintas em relação ao comprimento e à largura do piso, conforme mostra a
Figura 3.13 (POLLOCK et al., 2002).
3.5 COBERTURA
As coberturas são executadas em uma, duas, ou mais águas e associadas a diferentes tipos
de telha como cerâmica, madeira ou asfalto. Embora as telhas cerâmicas apresentem maior
durabilidade são pouco utilizadas, devido ao seu peso elevado que aumenta o custo da
estrutura. Por isto, as telhas leves de madeira ou asfalto são normalmente as utilizadas
(EINSFELD et al., 1998a).
Para os diversos formatos de cobertura definidos pela arquitetura existem, de modo geral,
três elementos estruturais básicos: as vigas retas, as treliças e os pórticos tri-articulados,
conforme ilustra a Figura 3.14.
As vigas retas devem ser evitadas por serem inadequadas na ventilação e no isolamento
térmico, mas quando utilizadas são fixadas nas paredes internas e externas e servem como
suporte para o forro (AWC, 2002).
3.5.2 Treliças
Os painéis de cobertura proporcionam rigidez à estrutura e uma face plana para apoio das
telhas. O OSB e o compensado são os materiais de uso padrão. Para o primeiro, a Tabela
3.5 relaciona a espessura mínima com o espaçamento da estrutura de cobertura.
Painel de cobertura
Banzo superior
Diagonais
Banzo inferior
Painel de cobertura
Colarinho
Trave superior
Trave inferior
3.6 MONTAGEM
ETAPAS 1 e 2
O preparo do solo prevê a retirada das raízes existentes, a imunização através de barreiras
químicas e a execução de uma rede hidráulica subterrânea para futuras manutenções.
Posteriormente, o terreno é revestido com camada de material drenante (areia, cascalho ou
brita) e manta de polietileno. Para a fundação, os procedimentos são os convencionais e a
fixação da soleira ao radier ocorre por meio de chumbadores mecânicos ou com presilhas
metálicas posicionadas anteriormente à concretagem.
ETAPAS 3 e 4
Os quadros externos são os primeiros a serem montados para garantir o vão de projeto da
cobertura. Nas interseções das paredes, os arranjos entre os montantes e mãos-francesas
temporariamente conectadas ao piso contraventam a estrutura em sua fase de construção.
ETAPAS 5 e 6
Os quadros internos seguem os mesmos procedimentos e são travados aos demais pela
fixação da segunda peça do banzo superior. Recomenda-se para esta fixação pinos de 76
mm espaçados a cada 60 cm (CWC, 1985). Em seguida, as traves de piso são posicionadas
sobre o duplo banzo e fixadas por meio de pregos e presilhas. Nesta etapa, merecem
especial atenção as peças de borda, por serem solicitadas a esforços de tração e compressão
pelo carregamento horizontal e a flexão pelo carregamento vertical.
ETAPAS 7 e 8
Os painéis de piso revestem rapidamente grandes áreas. São fixados por meio de pregos e
colas adesivas para limitar as deformações e os ruídos. Em seguida, os ambientes secos são
recobertos por papel betuminoso ou filme de polietileno, e os úmidos recebem mantas mais
Capítulo 3 Sistema Construtivo 38
ETAPAS 9 e 10
A cobertura finaliza a montagem dos elementos estruturais da edificação. Seus painéis são
separados nas bordas por 3 mm, para permitirem possíveis expansões devido à absorção da
umidade. Logo então, esses são recobertos com papel betuminoso que impede a passagem
de água, mas, não impede a troca de vapor d’água entre os ambientes.
ETAPAS 11 e 12
Os espaços internos das paredes e do piso são propícios para as instalações de água,
energia, telefone e aquecimento. Incorporam facilmente os novos sistemas flexíveis, que
dispensam o uso de conexões e reduzem significativamente o tempo de montagem. Para o
fechamento externo, os painéis devem ser separados de 3 mm nas bordas e de 15 mm em
relação ao nível inferior da parede. Neste caso, o papel betuminoso deve ser transpassado
nas emendas horizontais de 10 cm e nas verticais de 15 cm (CWC, 1985 e AWC, 2002).
ETAPAS 13 e 14
CAPÍTULO 4
PAINÉIS DE MADEIRA
4.1 INTRODUÇÃO
Neste setor, o Brasil apresenta condições favoráveis para aumentar a sua produção anual,
devido às experiências silviculturais com as espécies de madeira pinus e eucalipto, e às
condições climáticas que proporcionam uma curta rotação dos cultivos e reduzem
significativamente os custos (MENDES, 2001). Em 2001, a produção nacional dos painéis
de lâminas, partículas e fibras alcançou 2.976.000 m3 e foi totalmente destinada ao
mercado interno (JUVENAL e MATTOS, 2002).
4.2 CLASSIFICAÇÃO
Dentre estes painéis, destaca-se o compensado, composto por sucessivas lâminas horizontais
ortogonalmente coladas para equilíbrio das propriedades da placa na direção paralela e
perpendicular às fibras, conforme mostra a Figura 4.1 (TONISSI, 1983).
Dentre estes painéis, destacam-se o Wafer Board e o Oriented Strand Board - OSB,
conforme mostra a Figura 4.3. O primeiro é composto por tiras aleatórias em uma única
camada homogênea. O segundo é composto por tiras orientadas de acordo com a camada a
qual pertencem. Nas camadas externas, a orientação segue o sentido longitudinal da placa.
Na camada interna, a orientação é perpendicular à externa ou, aleatória. Assim, essa
orientação resulta ao OSB uma maior resistência mecânica e estabilidade dimensional se
comparado ao Wafer Board (MENDES, 2001).
Nesses painéis as tiras também se diferenciam pelas dimensões. As wafer são em torno de
40×40 mm e as strands em torno de 30×120 mm, conforme ilustra a Figura 4.4.
Segundo Maloney apud Mendes (2001), a relação entre o comprimento e a largura das tiras
deve ser no mínimo três, para uma melhor orientação durante o processo de fabricação.
Capítulo 4 Painéis de Madeira 44
Figura 4.4 – Formatos das tiras para a composição dos painéis wafer e strand.
Fonte: Mendes (2001).
A seção 4.3 deste capítulo aborda com maior ênfase as demais características do OSB:
o processo de produção, a classificação, as propriedades, as aplicações, as normas e os
valores de resistência e rigidez deste painel.
Os painéis rígidos apresentam densidade superior a 800 kg/m3 e superfície extremante dura
que permite acabamento com textura, resina, papel ou plástico. Segundo Juvenal e Mattos
(2002) a produção desse painel no Brasil visa atender o setor da construção civil e de
embalagens. São denominados High density fiberboard - HDF (Painéis de alta densidade).
Capítulo 4 Painéis de Madeira 46
4.3.1 Introdução
Atualmente o painel OSB é o mais utilizado nas paredes, no piso e na cobertura das
edificações leves. Por isto, esta seção 4.3 aborda com maior ênfase: os conceitos, o
processo de fabricação, as propriedades, as aplicações, a classificação, as normas e os
valores de resistência e rigidez deste painel.
4.3.2 Conceitos
O painel OSB é composto por sucessivas camadas de tiras longas, estreitas e extremamente
finas, que são aglutinadas por resina sintética e compactadas sob alta temperatura.
Nas camadas externas, as tiras são alinhadas longitudinalmente em relação ao
comprimento da placa. Nas camadas internas, são posicionadas transversalmente a essa
direção ou, aleatoriamente dispostas, conforme mostra a Figura 4.7 (EN 300 apud
EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION - CEN, 1997 e MENDES, 2001).
Tiras de madeira
Camada externa
direção longitudinal
Camada interna
direção transversal
As “tiras de madeira” surgiram em 1950 no Canadá com os primeiros painéis wafer board
para aproveitar as árvores inadequadas como madeira serrada da região de Saskatchewan.
A industrialização em escala comercial iniciou-se em 1955 nos Estados Unidos, mas,
conseguiu maior expressão em 1962 no Canadá com o wafer board denominado Aspenite.
Até 1976, a indústria não tinha registrado uma evolução significativa. Existiam somente
quatro fábricas no Canadá e uma nos Estados Unidos. Na década de 80, foram destinados
maiores investimentos na determinação das propriedades físico-mecânicas e no
Capítulo 4 Painéis de Madeira 47
reconhecimento das normas. Em 1981, os painéis wafer board com orientação das tiras
foram então designados: Oriented Strand Board - OSB (BRITO et al., 2002).
Com baixo custo e excelente desempenho estrutural, tornou-se a grande inovação das
edificações leves nos Estados Unidos, representando quase que a integralidade das
aplicações dos painéis nas residências. Recentemente, a produção e consumo ultrapassaram
a do compensado, conforme apresenta a Figura 4.8 (EINSFELD e PACHECO, 2000).
2,50
[bilhões de metros quadradros]
2,00
1,50
1,00
Painel compensado
0,50
Painel OSB
0,00
1998 1999 2000 2001 2002
Resistência ao
à compressão
plano xz e yz
cisalhamento
cisalhamento
elasticidade
elasticidade
elasticidade
Resistência
Resistência
Resistência
Módulo de
Módulo de
Módulo de
transversal
transversal
na flexão
plano xy
à flexão
à tração
TIPO DO
PAINEL
fm,0 ft,0 fc,0 fvt fvp Em,0 Gt Gp
[MPa] [MPa] [MPa] [MPa] [MPa] [MPa] [MPa] [MPa]
Estas vantagens, associadas aos aspectos econômicos, onde o custo do OSB é a metade do
compensado (MALONEY apud MENDES, 2001), explicam o crescimento do consumo
nos países norte-americanos e a expansão do mercado internacional. Neste sentido,
a América do Sul se tornou objeto de interesse desses países por dois motivos. Primeiro,
pela necessidade de aumentar o consumo mundial para evitar um colapso de suas
indústrias por excesso de produção. Segundo, pela intenção de explorar as áreas de
reflorestamento para a implantação de novos complexos (EINSFELD et al., 1998b).
Capítulo 4 Painéis de Madeira 49
No Brasil, a primeira fábrica de OSB foi concluída em 2001 e sua capacidade de produção
foi estimada em 200.000 m3/ano (JUVENAL e MATTOS, 2002). Nos Estados Unidos e
Canadá, os maiores produtores mundiais, existem respectivamente 21 e 39 fábricas, cada
uma com capacidade de produção acima de 300.000 m3/ano (MENDES, 2001).
Armazenamento
Limpeza
Descascamento
Retirada das tiras
Secagem
Umidificação
Alinhamento Mistura
Acabamento Expedição
Prensagem
O teor de umidade das tiras influencia a densidade e o tempo de prensagem dos painéis.
A elevada umidade acentua o gradiente de densidade entre a camada externa (mais densa)
e a interna (menos densa), portanto proporciona maior resistência à flexão. Porém, com
uma camada interna de fraca ligação interna, elevam-se os riscos do estouro do painel após
a abertura da prensa (MENDES, 2001 e BRITO et al., 2002).
Segundo Maloney apud Gouveia et al. (2003), a razão de compactação para a produção de
placas com boa resistência mecânica deve ser superior a 1,3. Assim, espécies de madeira
com densidade natural próxima a 500 kg/m3 resultariam em placas com 650 kg/m3. No
Canadá as densidades dos painéis produzidos variam entre 630 a 670 kg/m3 (MENDES,
2001). Nos países europeus variam entre 600 a 680 kg/m3 (EPF, 2003), e no Brasil entre
580 a 680 kg/m3 (MASISA, 2003).
Outro aspecto importante é a proporção do volume das tiras nas camadas internas e externas.
Segundo Cloutier apud Mendes (2001) as proporções ideais encontram-se no intervalo de
40:60 a 60:40, e são as utilizadas pelas indústrias canadenses e americanas. No Brasil, a
industrialização dos painéis utiliza a proporção convencional de 50:50, ou seja, 25% nas
duas camadas a 0º, e 25% nas duas camadas a 90º (MASISA, 2003 e MORAIS, 2003).
As resinas sintéticas mais utilizadas na produção industrial de painéis OSB são as seguintes:
● uréia formaldeído (UF): resistente à umidade mas não ao contato direto com a
água, temperatura de cura ambiente ou entre 90 à 130ºC, não resiste ao calor, e
proporciona tonalidade clara ao painel. O baixo custo é um atrativo comercial,
porém os painéis produzidos não admitem função estrutural;
A quantidade de resina utilizada varia entre 3 a 6%, e a de parafina entre 0,5 a 1,5%.
Valores que dependem do peso seco das tiras e do sólido resinoso, e que influenciam
diretamente no custo da produção e no valor final do painel OSB.
As principais aplicações do OSB são em elementos estruturais como alma de vigas I, como
base para pavimentos, paredes e coberturas, instalações provisórias em canteiro de obras,
tapumes, bandejas de proteção, fôrmas descartáveis para concreto, divisórias decorativas,
embalagens, portas internas e peças mobiliárias, conforme mostra a Figura 4.10 (MASISA,
2003 e MORAIS, 2003).
Capítulo 4 Painéis de Madeira 56
Móveis
Embalagens
Portas
Bandejas de proteção
Instalações provisórias
Alma de viga I
Aplicação em parede
Aplicação em cobertura
Aplicação em piso
As principais normas referentes aos painéis OSB são apresentadas na Tabela 4.5.
Posteriormente, na Tabela 4.6, são relacionadas algumas entidades (associações e
organizações) responsáveis por pesquisas científicas em parceria com as universidades e
pela certificação do processo de fabricação das indústrias desses painéis de madeira.
Estados
US PS 2 - Performance Standard for Wood-Based Structural-Use Panels de 1992
Unidos
Os requisitos gerais definidos pela EN 300 apud CEN (1997) são apresentados na Tabela 4.8.
Tabela 4.8 – Requisitos gerais dos painéis OSB definidos pela EN 300/97.
PROPRIEDADE NORMA REQUISITO
Tolerância na geometria:
Comprimento e largura EN 324-1 ± 3,0 mm
Espessura lixada EN 324-1 ± 0,3 mm
Espessura não lixada EN 324-1 ± 0,8 mm
Esquadro das bordas EN 324-2 1,5 mm/m
Esquadro das placas EN 324-2 2,0 mm/m
Tolerância na massa:
Variação de massa entre placas EN 323 ± 10%
Tolerância no teor de água:
OSB/1 e OSB/2 EN 322 2 a 12%
OSB/3 e OSB/4 EN 322 5 a 12%
Tolerancia no teor de formaldeído:
Classe 1 EN 120 ≤ 8 mg/100g
Classe 2 EN 120 > 8 e ≤ 30 mg/100g
Adaptada de EN 300 apud CEN (1997).
Capítulo 4 Painéis de Madeira 59
As propriedades mecânicas exigidas pela norma EN 300 apud CEN (1997) e os valores
característicos para projetos estruturais da norma EN 12369-1 apud CEN (2001), referentes
ao painel OSB tipo OSB/3 são apresentadas na Tabela 4.9 e na Tabela 4.10.
Flexão Tração
Compressão Cisalhamento Cisalhamento
Espessura Densidade [MPa] [MPa][MPa] plano xz e yz plano xy
[mm] [kg/m3] [MPa] [MPa]
Em Et Ec
0 90 0 90 0 90 Gt Gp
6a 9 550 4930 1980 3800 3000 3800 3000 1080 50
10 a 17 550 4930 1980 3800 3000 3800 3000 1080 50
18 a 25 550 4930 1980 3800 3000 3800 3000 1080 50
Adaptada de EN 12369-1 apud CEN (2001).
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 60
CAPÍTULO 5
COMPORTAMENTO ESTRUTURAL
5.1 INTRODUÇÃO
As ações horizontais são constituídas pelas forças de vento aplicadas sobre as superfícies
de arrasto e pelas forças sísmicas (quando for o caso) aplicadas sobre a massa da edificação.
São transmitidas à fundação por elementos de contraventamento chamados de Diafragmas.
A estrutura do piso e do forro formam os Diafragmas Horizontais. A estrutura das paredes
formam os Diafragmas Verticais, que também são denominados de Paredes Diafragma,
Paredes de Cisalhamento ou, internacionalmente, Shearwalls, conforme ilustra a Figura 5.2.
Conseqüentemente, o caminho percorrido pelos esforços internos não é tão simples e direto,
conforme esquematiza a Figura 5.3.
O diafragma horizontal, simplificadamente, pode ser idealizado como uma viga biapoiada
de seção I solicitada por um carregamento uniformemente distribuído que representa os
esforços incidentes. Assim, as traves de borda (veja Figura 2.7) correspondem às mesas do
perfil, resistindo às tensões normais de tração e compressão resultantes da flexão, e o
painel de piso corresponde à alma, resistindo às tensões tangenciais de cisalhamento,
conforme ilustra a Figura 5.5 (BREYER apud DIAS, 2002).
q AÇÃO
v L2 v
L1
Portanto, a reação (v) do diafragma horizontal, que atua como cisalhamento por unidade de
comprimento no diafragma vertical, pode ser calculada pela Equação (5.1).
q ⋅ L1
v= (5.1)
2 ⋅ L2
onde:
v = cisalhamento unitário (por unidade de unidade de comprimento).
q = esforço uniformemente distribuído
L1 = comprimento perpendicular ao carregamento
L2 = comprimento paralelo ao carregamento
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 64
Todavia, a mudança de direção desse carregamento (q) da posição de 90° (com esforços
atuantes no comprimento do piso) para a posição a 0° (com esforços atuantes na largura)
transforma as montagens 1, 2 e 3 respectivamente nas montagens 4, 5 e 6, e vice-versa.
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 65
5.2.4 Dimensionamento
Os procedimentos de cálculo obedecem às normas e aos códigos de cada país. Nos países
norte-americanos são comuns tabelas com informações preliminares que simplificam o
processo de dimensionamento. Nelas, determinam-se a partir do carregamento ou da
configuração dos painéis os demais parâmetros necessários para a elaboração do projeto.
Especificação do pino
- No contorno do diafragma
(todas as montagens)
- Na borda contínua do painel
(montagens 2 e 4)
- Em todas as bordas do painel
(montagens 3 e 6)
150 100 65 2 50 2 150 150
- Nas demais bordas do painel Montagens
[mm] [mm] [mm] 150 150 100 75 1 2,3,4,5,6
50 2,70 3,65 5,48 6,13 2,41 1,83
6d 32 8
75 3,07 4,09 6,13 6,94 2,70 2,04
Estrutural
O diafragma vertical, simplificadamente, pode ser idealizado como uma viga engastada de
seção I solicitada pelos esforços provenientes do diafragma horizontal. Assim, os duplos
montantes externos correspondem às mesas do perfil, resistindo às tensões normais de
tração e compressão resultantes da flexão, e o painel estrutural de fechamento corresponde
à alma, resistindo às tensões tangenciais de cisalhamento, conforme ilustra a Figura 5.8
(BREYER apud DIAS, 2002). Particularmente, devido ao grande comprimento da parede
as tensões cisalhantes na base apresentam-se uniformes, diferenciando-se da distribuição
parabólica encontrada nas vigas de pequena altura (CWC, 1999).
AÇÃO v
Fv
M
h
Lp
T M C
REAÇÃO
Portanto, as reações de tração (T) e de compressão (C) do diafragma vertival podem ser
calculadas pela Equação (5.3).
M = v ⋅ Lp ⋅ h (5.2)
M
T=C= = v⋅h (5.3)
Lp
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 68
onde:
M = esforço de flexão
v = cisalhamento unitário (por unidade de unidade de comprimento)
Lp = comprimento da parede
h = altura da parede
T = esforço de tração
C = esforço de compressão
b1 b1 b2 b1
Fv
T C
O IBC e o UBC estabelecem limites nas dimensões das paredes, por considerar inadequado
o comportamento dos trechos estreitos e altos quando submetidos às forças sísmicas.
A máxima relação entre a altura e a largura é de 2:1, mas de acordo com a categoria
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 69
sísmica e para trechos com altura máxima de três metros, situados lateralmente às aberturas
em edificações de um pavimento, é permitida a relação de 3,5:1 (POLLOCK et al., 2002).
Isoladamente, o quadro é incapaz de resistir a qualquer ação horizontal por ser um sistema
hipostático devido a ligação articulada entre o montante e o banzo, conforme ilustra a
Figura 5.10.
Ligação articulada
entre o montante e
o banzo do quadro
Para esta ligação, considerada articulada, o CWC (1985) recomenda dois pinos com Ø 3,77
× 83 mm e configuração conforme o processo construtivo. Para os quadros montados in
loco sobre o banzo inferior, esses pinos são aplicados descendentemente em montantes
antecipadamente perfurados, de modo a evitar o fendilhamento dessas peças, conforme
mostra a Figura 5.11.
montante
Inclinação ≈ 30°
banzo
montante
Inclinação ≈ 30°
banzo
Em protótipos, Dias (2002) e Santos (2002) adotaram dois pinos com Ø 4,40 × 89 mm e
Veloso (2003) dois pinos com Ø 3,50 × 75 mm para esta ligação montante-banzo.
Para a ligação dos quadros entre os pavimentos são recomendados outros elementos de
fixação como tirantes, parafusos, presilhas e pinos, de acordo com a função estrutural ou,
simplesmente, como reforço, conforme mostra a Figura 5.13.
Tirantes
Parafusos
Pinos
Pinos
Presilha Presilha
Presilha
5.3.2.5 Deslocamentos
Para o estudo destes deslocamentos ilustrados na Figura 5.15, definem-se duas análises no
comportamento global da estrutura, que são caracterizadas por:
∆V
∆H
a) Mudança de posição: Translação e rotação da parede.
Portanto, para uma análise global das paredes diafragma, conforme mostra a Figura 5.17,
os parâmetros envolvidos na mudança de posição e forma exigem dos ensaios de
protótipos em escala real um alto grau de sofisticação. Assim, os modelos numéricos se
tornam ferramentas importantes na determinação da rigidez e resistência dessas estruturas.
β
α
∆st ∆sh
∆V
∆H
Onde:
∆V = deslocamento vertical γ = deformação angular do quadro
∆H = deslocamento horizontal ∆st = deformação da ligação do quadro
α = deformação angular dos pinos ∆sh = deformação da ligação dos pinos
β = deformação angular dos pinos
∆ t = ∆b + ∆ v + ∆n + ∆a (5.4)
8 ⋅ v ⋅ h3
∆b = (5.5)
E ⋅ A ⋅ Lp
v⋅h
∆v = (5.6)
Gp ⋅ t
3
∆n = ⋅ h ⋅ dp (5.7)
4
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 75
h
∆a = ⋅ da (5.8)
Lp
onde:
∆t = Deslocamento total da parede
∆b = Deslocamento devido ao esforço de momento
∆v = Deslocamento devido ao esforço de cisalhamento
∆n = Deslocamento devido à deformação da ligação dos pinos
∆a = Deslocamento devido à ligação da ancoragem
v = Cisalhamento unitário
h = Altura da parede
E = Módulo de elasticidade do montante externo
A = Área da seção transversal do montante externo
Lp = Comprimento da parede
Gp = Módulo de cisalhamento do painel
t = Espessura do painel
dp = Deslocamento dos pinos de ligação
da = Deslocamento dos elementos de ancoragem
a) Momento. b) Cisalhamento.
c) Pinos. d) Ancoragem.
Nos países norte-americanos são comuns tabelas com informações preliminares que
simplificam o dimensionamento. Nelas, determinam-se a partir do carregamento ou da
configuração dos painéis os demais parâmetros necessários para a elaboração do projeto.
Especificação do pino
Nos países europeus, a resistência das paredes diafragma rigidamente ligadas à fundação,
seja por dispositivos de ancoragem ou pela ação de carregamentos verticais, pode ser
determinada por ensaios de protótipos ou modelos de cálculo. Segundo o Eurocode 5 de
1993 apud Veloso (2003) a resistência de cálculo (Fv,d) com painel estrutural em um dos
lados é dada pela Equação (5.9).
2
n b b max
Fv, d = ∑ Fp, d,1 ⋅ i ⋅ (5.9)
i =1 b max s
onde:
Fv,d = Resistência de cálculo da parede diafragma
n = Número de painéis
Fp,d,1 = Resistência de cálculo do pino de ligação com uma seção de corte
bi = Largura do painel i
bmax = Largura máxima do painel
s = Espaçamento dos pinos de contorno
bi bi bi bi
Fvd
Verifica-se que essa Equação (5.9) minora proporcionalmente a resistência das unidades de
menor largura a partir da maior, admitida como referência da parede, através do termo
(bi/bmax)2 (VELOSO, 2003). Destaca-se também que essa equação é válida somente para as
seguintes condições:
● ausência de aberturas nos painéis que, em conjunto, superem a 400 cm2. Caso
contrário, os mesmos devem ser desconsiderados;
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 78
O montante externo comprimido deve ser dimensionado para resistir ao esforço dado pela
Equações (5.10), no caso de painel estrutural em um dos lados, ou (5.11), no caso de painel
estrutural em ambos os lados.
h
Fc, d = 0,67 ⋅ Fv, d ⋅ (painel estrutural único) (5.10)
Lp
h
Fc, d = 0,75 ⋅ Fv, d ⋅ (painel estrutural duplo) (5.11)
Lp
onde:
Fc,d = Esforço de cálculo de compressão no montante externo
Fv,d = Resistência de cálculo da parede diafragma
h = altura da parede
Lp = comprimento da parede
O montante externo tracionado deve ser dimensionado para resistir ao esforço da Equação
(5.12), indistintamente da configuração dos painéis.
h
Ft, d = Fv, d ⋅ (5.12)
Lp
onde:
Ft,d = Esforço de cálculo de tração no montante externo
Fv,d = Resistência de cálculo da parede diafragma
h = altura da parede
Lp = comprimento da parede
As portas e janelas reduzem a resistência e a rigidez das paredes diafragma, pois estas
aberturas diminuem o comprimento efetivo das paredes (Lp) e aumentam o cisalhamento
unitário (v) para uma mesma intensidade de força, conforme ilustra a Figura 5.20 e as
Equações (5.13) e (5.14).
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 79
Fv v1
h h
Lp Lp
v1
Fv v2 v2
h h
v2 v2
F
v1 = v (5.13)
Lp
Fv
v2 =
(
L p1 + L p2 ) (5.14)
Segmento cheio
Âncoras Chumbadores
É a metodologia mais usual, onde somente os segmentos cheios da parede, isto é, sem a
presença de aberturas, são considerados resistentes aos esforços horizontais. Desta forma,
a resistência da parede é obtida pelo somatório das resistências parciais de cada segmento
(LINE apud DIAS, 2002).
Ressalta-se que os segmentos devem ser ancorados isoladamente, mas na prática, há uma
série de negligências nessas fixações, devido a maior quantidade de âncoras que apresentam
um processo de instalação mais trabalhoso (SUGIYAMA apud POLLOCK, 2002).
Parede perfurada
Âncoras Chumbadores
Aa
α= (5.15)
Ap
Ls
β= (5.16)
Lp
1
C1 =
α (5.17)
1 +
β
C1
C2 = (5.18)
(3 − 2 ⋅ C1 )
onde:
α = Índice de abertura
Aa = Área das aberturas
Ap = Área da parede completa
β = Índice de comprimento
Ls = Comprimento dos segmentos cheios
Lp = Comprimento da parede
C1 = Coeficiente de abertura
C2 = Fator de redução
O IBC também admite a aplicação do fator de redução (C2) de acordo com a Tabela 5.3.
Contudo, seus fatores são menos conservadores se comparados aos determinados pela
metodologia de Sugiyama (LINE apud DIAS, 2002).
Ressalta-se que a parede perfurada (PSW) é analisada como um todo, portanto, a disposição
dos elementos de ancoragem mantêm-se convencional, ou seja, âncoras nas extremidades e
chumbadores ao longo de todo o comprimento (veja Figura 5.22).
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 82
A American Society for Testing and Materials - ASTM regulamenta o ensaio mecânico da
norma ASTM E 564 de 1995 (Standard Practice for Static Load Test for Shear Resistance
of Framed Walls for Buildings) e da norma ASTM E 72 de 1998 (Standard Test Methods
of Conducting Strength Tests of Panels for Building Construction).
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 83
Aplicação
da carga Fixação
Viga do pórtico
Transdutor de
deslocamento 1
Transdutor de
deslocamento 5
Transdutor de
deslocamento 2
Transdutor de Transdutor de
deslocamento 3 deslocamento 4
Laje de reação
Fixação
2 ⋅ v ⋅ h 2 + L 2 + v2
(u 3 − u 2 ) ⋅ h 5 p 5
u = (u1 − u 4 ) − = (5.19)
Lp 2 ⋅ Lp
onde:
u = deslocamento horizontal no topo da parede
ui = deslocamento medido pelo transdutor de índice i, conforme mostra a Figura 5.23.
h = altura da parede
Lp = comprimento da parede
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 84
O carregamento inicial deve ser aplicado em ciclos de 5 minutos com 10, 33 e 66% da
resistência estimada e, posteriormente, até a resistência última da parede (Fv,u), a qual é
caracterizada pela ruptura dos elementos da parede ou por deslocamentos no topo da
parede superiores a 100 mm (VELOSO, 2003).
Aplicação Rolete
da carga Viga do pórtico Fixação
Transdutor de
deslocamento 1
Tirantes Anteparo
para impedir
a translação
Transdutor de Transdutor de
deslocamento 3 deslocamento 4
Laje de reação
Fixação
5.5 EXPERIMENTAÇÃO
Sugiyama apud Pollock et al. (2002) ensaiou protótipos em escala real com 2,4 m de
comprimento, 2,4 m de altura, abertura interna de 80×80 cm, montantes e banzos com
seção de 38×89 mm em madeira Douglas Fir-Larch, painel OSB em uma das faces com
espessura de 11,1 mm e pregos metálicos espaçados a 100 mm com Ø 3,33 × 64 mm,
conforme mostra a Figura 5.25.
Aplicação
da carga
Dimensão
da parede
2,4 × 2,4 m
Dimensão
da abertura
80 × 80 cm
A fixação na base de apoio seguiu a metodologia perfurada PSW, com âncoras nas duas
extremidades (veja Figura 5.22), mas sem nenhum chumbador intermediário.
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 86
O carregamento foi aplicado até que a parede alcançasse seu mecanismo de falha pela
ruptura da ligação painel-quadro (veja Figura 5.26), pelos excessivos deslocamentos que
provocam o rasgamento do painel e a deformação da ligação montante-banzo (veja Figura
5.27) e pela própria ruptura dos elementos estruturais do quadro (veja Figura 5.28).
Veloso (2003) ensaiou protótipos em escala real com 2,4 m de comprimento, 2,4 m de altura,
montantes e banzos com seção de 35×90 mm em madeira Jatobá, painel compensado em
uma das faces com espessura de 12,5 mm, pregos metálicos com Ø 2,60 × 47 mm
espaçados a 75 ou 150 mm, e segundo os procedimentos da norma ASTM E 72 de 1998.
As paredes foram divididas em dois grupos. No Grupo I, com três protótipos, os pregos
externos ao painel foram espaçados a 75 mm, que é o valor mínimo na prática construtiva.
No Grupo II, com quatro protótipos, os pregos externos foram espaçados a 150 mm, que é
o máximo valor permitido pelo Eurocode 8 de 1995. Em ambos, os pregos internos foram
espaçados de 300 mm, conforme mostra a Figura 5.29.
Capítulo 5 Comportamento Estrutural 88
Unidade: [mm]
No grupo I, todos os protótipos foram carregados até a ruptura. No grupo II, somente o
último foi rompido. Todavia, os transdutores de deslocamentos foram retirados do pórtico
de ensaio antes do colapso da parede para evitar a danificação desses aparelhos.
50 50
40 40
30 30
Fv [kN]
Fv [kN]
20 20
Protótipo 1
Protótipo 1 Protótipo 2
10 10
Protótipo 2 Protótipo 3
Protótipo 3 Protótipo 4
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50
u [mm] u [mm]
a) Grupo I (75 mm): a) Grupo II (150 mm):
Fv,u (médio) = 58,70 kN. Fv,u (Protótipo 4) = 27,93 kN.
Segundo Veloso (2003) na análise dos resultados ressalta-se que o ensaio do Protótipo 1 do
grupo I teve de ser interrompido, devido a problemas no arranjo do pórtico, mas
posteriormente foi reiniciado com uma única rampa de carregamento e o Protótipo 4 do
grupo II sofreu uma umidificação do painel que pode ter afetado seu comportamento.
Destaca-se também que, devido à excentricidade dos painéis em relação ao eixo da parede,
os esforços atuantes nas ligações painel-quadro provocam flexo-torção nos montantes e
nos banzos do quadro, conforme ilustra a Figura 5.32 e Figura 5.33 que foram elaboradas a
partir dos deslocamentos dos modelos numéricos desenvolvidos neste trabalho.
Segundo Veloso (2003) estes esforços de flexão e de torção no quadro são pouco influentes
no comportamento diafragma das paredes, pois variando-se significativamente o módulo
de elasticidade dos montantes e dos banzos obtiveram-se diferenças de 5% na força (Fv)
aplicada para deslocamentos equivalentes.
Porém, em uma análise que envolva os esforços das ações verticais (flexão dos banzos e
compressão dos montantes) com os esforços das ações horizontais (tração e compressão
dos montantes externos e flexo-torção do quadro) estes esforços e suas deformações se
tornam importantíssimos diante da instabilidade dos elementos estruturais da parede.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 92
CAPÍTULO 6
MODELOS NUMÉRICOS
6.1 INTRODUÇÃO
A partir de 1980, há uma extensa bibliografia internacional que mostra a evolução dos
modelos numéricos pelas comparações com os resultados experimentais. Neste sentido,
diversos modelos para análises de forças estáticas, dinâmicas, monotônicas e cíclicas,
podem ser vistos nos trabalhos de Easley; Foomani e Dodds (1982), Itani; Tuomi e
McCutcheon (1982), Itani e Cheung (1984), Gupta e Kuo (1987a), Gupta e Kuo (1987b),
Dolan e Foschi (1991), Foliente (1995), Write e Dolan (1995), He; Lam e Foschi (2002),
Filiatrault; Isoda e Folz (2003) e Veloso (2003).
Veloso (2003) usou o método dos elementos finitos para modelar numericamente no plano
(2D) seus protótipos ensaiados em laboratório (veja Figura 5.29). Os montantes e os
banzos foram discretizados no programa computacional ANSYS® por elementos barra
BEAM 3, os painéis por elementos planos PLANE 42 e os pregos da ligação painel-quadro
por elementos de molas COMBIN 39, conforme ilustra a Figura 6.1.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 93
0.00
Montantes - BEAM 3
nó
Ligação do
quadro articulada
Fv v
Eixos de referência:
Y
Z X
(Y)
∆ = Restrição ao deslocamento
na direção de referência.
(X)
A dimensão da malha limitou-se ao espaçamento dos pregos (75 e 150 mm). A ligação do
quadro foi considerada articulada. A excentricidade do painel em relação à parede não foi
considerada. A condição de contorno, em analogia ao ensaio da ASTM E 72 de 1998,
restringiu os deslocamentos verticais (eixo Y) e horizontais (eixo X) do banzo inferior.
As análises computacionais consideraram a não-linearidade geométrica da parede.
Os montantes e os banzos foram discretizados por elementos sólidos SOLID 45, os painéis
por elementos planos PLANE 42 e os pregos da ligação painel-quadro por elementos de
molas COMBIN 39, estes nas duas direções ortogonais do plano da parede, conforme
representado na Figura 6.3.
A dimensão da malha limitou-se não somente aos espaçamentos dos pregos, 75 e 150 mm,
mas também ao posicionamento desses em relação ao quadro. Desta forma, foram gerados
elementos diferenciados para os montantes externos, internos, banzos e painéis, que
obrigatoriamente coincidem nos nós relativos aos pinos, conforme ilustra a Figura 6.4.
Quadro
Mola
eixo x
Mola Painel
eixo y
A ligação do quadro foi considerada articulada, o que permite o livre giro entre as peças.
Para isto, somente os nós posicionados no eixo dos montantes foram solidarizados aos nós
dos banzos, conforme mostra a Figura 6.5a. Todavia, em modelos numéricos ainda mais
refinados a sobreposição dos volumes, ilustrada na Figura 6.5b, deve ser eliminada
considerando o contato entre os elementos.
A condição de contorno foi analisada por duas hipóteses. Na primeira, denominada Tipo I,
reproduziu-se esquematicamente o ensaio da ASTM E 72 de 1998 (veja Figura 5.24).
Restringiu-se o deslocamento em X na posição do anteparo e dos parafusos de fixação.
Restringiu-se o deslocamento em Y com tirantes discretizados no programa computacional
ANSYS® por elementos unidirecionais LINK 8. Também em Y, restringiram-se os trechos
do banzo inferior comprimidos pelo giro dos painéis, fazendo-se uma analogia ao contato
existente entre o quadro e a fundação. Restringiu-se o deslocamento em Z na parte inferior
e superior da parede, conforme mostra a Figura 6.6a.
Fv v Fv v
(Z) (Z)
Eixos de referência:
Y
Z X
∆ = Restrição ao
(Z) (X) (Z) (X) deslocamento na
(Y) (Y) direção de referência.
(X) (X)
a) Tipo I. b) Tipo II.
O carregamento foi aplicado por meio de passos sucessivos de 1 kN (steps) sobre todos
os nós superficiais do banzo superior, conforme mostra a Figura 6.8. As análises
computacionais consideraram a não-linearidade geométrica da parede (nlgeom) (veja
Apêndice A).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 98
A norma americana ASTM D 1761 de 2000 (Standard test methods for mechanical
fasteners in wood) determina que para o ensaio de ligação com um pino entre o painel e a
peça de madeira sólida, o arranjo expertimental é conforme ilustrado na Figura 6.9,
a velocidade de carregamento é de 2,54 mm/min (±25%), devendo-se fazer o registro da
força aplicada quando os deslocamentos são 0.25, 0.38, 1.27, 2.54, 5.08 e 7.62 mm,
além da força máxima e do início da ruptura (DIAS, 2002).
Amostra de madeira
Transdutor de
deslocamento
Pino da ligação
Painel estrutural
Anteparo
Veloso (2003) por considerar este arranjo da norma americana mais complexo do que o
necessário para a realização do ensaio, adotou os procedimentos da norma européia EN
26891 de 1991 (Timber structures - Joints made with mechanical fasteners - General
principles for the determination of strength and deformation characteristics) para ensaiar
cinco ligações com um único prego de Ø 2,6 × 47 mm, painel compensado e madeira
Jatobá, conforme ilustra a Figura 6.10 e Figura 6.11.
Amostra de madeira
Transdutor de
deslocamento
Pino da ligação
Painel estrutural
2,00
1,50
Fp [kN]
1,00
Ensaio 1 Rp,u=1,78 kN
Ensaio 2 Rp,u=1,74 kN
0,50 Ensaio 3 Rp,u=1,74 kN
Ensaio 4 Rp,u=1,51 kN
Ensaio 5 Rp,u=1,37 kN
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
dp [mm]
Com base nos ensaios, a Tabela 6.2 apresenta quatro funções elementares segundo Veloso
(2003) que podem representar a curva força × deslocamento dessa ligação.
C
C Potencial Fp = C1 ⋅ d p 2
−C ⋅ d
D Exponencial assintótica Fp = C1 ⋅ 1 - e 2 p
A função adotada por Veloso (2003) foi a racional (Tipo A), que apresentou um coeficiente
de correlação 0,9908 e erro padrão igual a 0,0564 na determinação da Equação (6.1).
1,5293 ⋅ d p
Fp = (6.1)
0,4517 + 1,2527 ⋅ d p − 0,0428 ⋅ d 2p
onde:
Capítulo 6 Modelos Numéricos 101
Neste trabalho, adotou-se a Equação (6.1) como função representativa da ligação painel-
quadro e da curva CR-I, conforme mostra a Figura 6.12.
2,00
1,63
1,50
8,57
Fp [kN]
1,00
Curva CR-I
0,50 Função A
Ruptura da ligação
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
dp [mm]
A resistência da ligação (1,63 kN) foi obtida pela média dos ensaios (veja Figura 6.11)
e o deslocamento de ruptura (8,57 mm) foi determinado na curva CR-I.
Força
Ruptura Ruptura
Deslocamento Deslocamento
a) Funções A e C: Crescentes. b) Funções B e D: Assintóticas.
Portanto, adotou-se neste trabalho uma segunda curva representativa CR-II, considerando a
função A até o deslocamento de 6 mm, a partir deste ponto, determinou-se na Figura 6.11
uma reta de inclinação média (3,74%) até o deslocamento de ruptura (8,57mm). Assim,
obteve-se uma nova resistência da ligação (1,53 kN), conforme mostra a Figura 6.14.
2,00
1,63
1,50 1,53
8,57
Fp [kN]
1,00
Curva CR-II
0,50 Curva CR-I
Ruptura da ligação
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
dp [mm]
Os pontos destacados nas curvas CR-I e CR-II estão apresentados na Tabela 6.3 e foram
efetivamente utilizados para definir o comportamento dos elementos de molas COMBIN
39 no programa computacional ANSYS®.
Fp dp Fp dp Fp dp Fp dp
Nº Nº Nº Nº
[kN] [mm] [kN] [mm] [kN] [mm] [kN] [mm]
1 0,000 0,00 11 1,053 1,67 1 0,000 0,00 11 1,053 1,67
2 0,265 0,10 12 1,076 1,83 2 0,265 0,10 12 1,076 1,83
3 0,437 0,20 13 1,098 2,00 3 0,437 0,20 13 1,098 2,00
4 0,557 0,30 14 1,200 3,00 4 0,557 0,30 14 1,200 3,00
5 0,647 0,40 15 1,280 4,00 5 0,647 0,40 15 1,280 4,00
6 0,716 0,50 16 1,355 5,00 6 0,716 0,50 16 1,355 5,00
7 0,839 0,75 17 1,428 6,00 7 0,839 0,75 17 1,428 6,00
8 0,920 1,00 18 1,629 8,57 8 0,920 1,00 18 1,524 8,57
9 0,980 1,25 19 1,630 10,00 9 0,980 1,25 19 1,525 10,00
10 1,027 1,50 - - - 10 1,027 1,50 - - -
Capítulo 6 Modelos Numéricos 103
No modelo numérico, a mesma curva (CR) foi utilizada para representar o comportamento
da ligação (mola) nas direções X e Y, pois para pinos com diâmetro até 8 mm, estudos
comprovam a independência da rigidez em relação à direção das fibras da madeira
(RACHER apud VELOSO, 2003). Assim, considera-se a isotropia da ligação, ou seja,
comportamento equivalente em todas as direções do plano cisalhante da parede.
70
40
60
50 30
40
Fv [kN]
20
30 Ensaios *
Ruptura (ensaio): Fv,u=58,70 kN *
20 10
Modelo 2 D: Fv,u=58,74 kN *
10 Modelo 3 D: Fv,u=62,05 kN
0
0 10 20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.15 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo I e ligação CR-I.
* Fonte dos dados: Veloso (2003).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 104
35
20
30
25 15
20
Fv [kN]
10
15 Ensaios *
Ruptura (ensaio): Fv,u=27,93 kN *
10 5
Modelo 2 D: Fv,u=29,93 kN *
5 Modelo 3 D: Fv,u=32,00 kN
0
0 5 10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.16 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm), contorno tipo I e ligação CR-I.
* Fonte dos dados: Veloso (2003).
Na Figura 6.15 e Figura 6.16 verifica-se de maneira geral uma equivalência entre os
deslocamentos numéricos e os experimentais. Todavia, são analisados a seguir aspectos
importantes relacionados ao comportamento dos modelos.
Na fase elástica, observa-se uma melhor aproximação dos resultados do modelo 3D aos
deslocamentos experimentais em comparação ao 2D. Todavia, destacam-se no modelo 3D
o refinamento da malha, os passos de carregamento e os elementos sólidos do quadro.
Na fase plástica, principalmente para o grupo II, próximo a 23 kN, nota-se no modelo 3D
uma perda de rigidez em relação aos ensaios, conseqüentemente, maiores deslocamentos.
Atribui-se a esta perda à deformação dos tirantes de 10 mm que possibilitam o movimento
de corpo rígido da parede (rotação). Entretanto, deve-se lembrar que os deslocamentos
experimentais foram corrigidos para esse movimento (veja item 5.5.2).
Na fase de ruptura, para o modelo 2D, observa-se no grupo I uma proximidade no valor da
resistência última. Porém, para o grupo II a diferença entre os valores se explica pela
ruptura de somente um protótipo, o qual sofreu umidificação do painel que pode ter
afetado seu comportamento (veja item 5.5.2) (VELOSO, 2003).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 105
Na fase de ruptura, para o modelo 3D, notam-se nos dois grupos maiores valores da
resistência última das paredes. Aspecto este que reflete o comportamento crescente ou
assintótico da curva da ligação no início da fase de colapso. Por isto, nas análises seguintes
considera-se a curva representativa CR-II para a comparação entre os resultados.
Os diagramas da força aplicada (Fv) em função do deslocamento do topo da parede (u) para
os grupos I e II, e curva da ligação CR-II são mostrados na Figura 6.17 e Figura 6.18.
70
40
60
50 30
40
Fv [kN]
20
30 Ensaios *
Ruptura (ensaio): Fv,u=58,70 kN *
20 10
Modelo 2 D: Fv,u=58,74 kN *
10 Modelo 3 D: Fv,u=59,00 kN
0
0 10 20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.17 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo I e ligação CR-II.
35
20
30
25 15
20
Fv [kN]
10
15 Ensaios *
Ruptura (ensaio): Fv,u=27,93 kN *
10 5
Modelo 2 D: Fv,u=29,93 kN *
5 Modelo 3 D: Fv,u=30,00 kN
0
0 5 10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.18 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm), contorno tipo I e ligação CR-II.
* Fonte dos dados: Veloso (2003).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 106
Na Figura 6.17 e Figura 6.18 verifica-se no modelo 3D que as fases elástica e plástica
mantiveram-se as mesmas (como esperado). No entanto, na fase de ruptura observa-se uma
proximidade ao valor da resistência última. Desta forma, a curva da ligação CR-II mostra-
se mais adequada nas análises numéricas posteriores deste trabalho.
Os diagramas da força aplicada (Fv) em função do deslocamento do topo da parede (u) para
os grupos I e II, e curva da ligação CR-II, são mostrados na Figura 6.19 e Figura 6.20.
70
40
60
50 30
40
Fv [kN]
20
30 Ensaios *
Ruptura (ensaio): Fv,u=58,70 kN *
20 10
Modelo 2 D: Fv,u=58,74 kN *
10 Modelo 3 D: Fv,u=61,43 kN
0
0 10 20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.19 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo II e ligação CR-II.
* Fonte dos dados: Veloso (2003).
Na Figura 6.19 e Figura 6.20 verifica-se uma maior rigidez das paredes em comparação à
condição de contorno anterior, pois restringiu-se o deslocamento do montante externo
tracionado e eliminaram-se os tirantes. Desta forma, também foram eliminados quaisquer
deslocamentos provenientes da mudança de posição. Todavia, são analisados a seguir
aspectos importantes relacionados a esta condição de contorno.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 107
35
20
30
25 15
20
Fv [kN]
10
15 Ensaios *
Ruptura (ensaio): Fv,u=27,93 kN *
10 5
Modelo 2 D: Fv,u=29,93 kN *
5 Modelo 3 D: Fv,u=31,00 kN
0
0 5 10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
u [mm] fase elástica.
40 20
30 15
Fv [kN]
Fv [kN]
20 10
10 5
0 0
0 10 20 0 5 10
u [mm] u [mm]
a) Grupo I (75mm). b) Grupo II (150mm).
Legenda: Ensaios *, 3D: Tipo I 3D: Tipo II.
70
60
Fv [kN]
50
40
30
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
u [mm]
a) Grupo I (75mm).
35
30
Fv [kN]
25
20
15
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
u [mm]
b) Grupo II (150mm).
Legenda: Ensaios *, Ruptura *, 3D: Tipo I 3D: Tipo II.
Além das condições de contorno I e II, abordadas anteriormente, mais duas condições
foram propostas para o estudo das reações de apoio e do cisalhamento puro das paredes.
Na terceira, denominada Tipo III, aplicou-se a reação de tração idealizada pelo binário da
Equação (5.3) (veja Figura 5.8) como se fosse a carga dos tirantes do ensaio ASTM E 72.
Restringiu-se o deslocamento em X na posição do anteparo e dos parafusos de fixação, o
deslocamento em Y nos trechos do banzo inferior comprimidos pelo giro dos painéis e o
deslocamento em Z na parte inferior e superior das paredes, conforme ilustra a Figura 6.23a.
Ft Fv v
Fv v (Y)
(Z) (Z)
Eixos de referência:
Y
Z X
∆ = Restrição ao
(Z) (X) (Z) (X) deslocamento na
(Y) (Y) direção de referência.
(X) (X)
a) Tipo III. b) Tipo IV.
70
40
60
50 30
40
Fv [kN]
Condição de contorno 20
30 Tipo I : Fv,u=59,00 kN
Tipo II : Fv,u=61,43 kN 10
20
Tipo III: Fv,u=59,00 kN
10 Tipo IV: Fv,u=64,00 kN
0
0 10 20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
35
20
30
25 15
20
Fv [kN]
Condição de contorno 10
15 Tipo I : Fv,u=30,00 kN
Tipo II : Fv,u=31,00 kN 5
10
Tipo III: Fv,u=30,00 kN
5 Tipo IV: Fv,u=33,00 kN
0
0 5 10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.25 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm) e ligação CR-II.
Para a condição tipo III, na fase elástica, observa-se a equivalência com a condição II. Isto
demonstra que os esforços induzidos nos tirantes do ensaio igualam-se aos valores
determinados pelas Equações (5.3) e (5.12) (análogas). Neste sentido, a partir da análise de
uma condição de contorno adicional (Tipo II-A), verificou-se numericamente que a reação
de apoio vertical pode ser idealizada por um binário na extremidade da parede, conforme
mostra a Figura 6.26.
Eixos de referência:
Y
Z X
∆ = Restrição ao deslocamento
na direção de referência.
Fv v
(Z)
(Z) (X)
(Y)
(X)
Figura 6.26 – Binário das reações para a condição de contorno tipo II-A.
Para a condição tipo III, na fase plástica, os maiores deslocamentos da parede interferem
no ponto de aplicação da força vertical (Ft), o que proporciona para esta condição uma
perda de rigidez em relação à condição II.
Para a condição tipo IV, observa-se o aumento da rigidez da parede devido à eliminação
dos esforços de flexão. Para trabalhos futuros, talvez esta condição possa ser admitida
como um parâmetro limite em analogia ao efeito favorável das ações verticais (permanentes
e sobrecargas) que também restringem a rotação e a flexão das paredes diafragma.
Para a condição tipo IV, na fase de ruptura, destaca-se que os deslocamentos foram
corrigidos após o colapso das ligações, devido ao fato da ligação articulada do quadro
transmitir esforços axiais e restringir maiores valores na fase de ruptura (linha tracejada).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 112
As paredes alcançam seu mecanismo de falha pela ruptura da ligação painel-quadro, pelos
excessivos deslocamentos que provocam o rasgamento do painel e a deformação da ligação
montante-banzo e pelo próprio colapso dos elementos (veja Figura 5.26). Neste trabalho,
analisou-se numericamente somente o primeiro estágio deste mecanismo, caracterizado
pela ruptura da ligação com pinos entre o painel e o quadro.
b
Fv, d = 2 ⋅ Fp, d,1 ⋅ (6.2)
s
onde:
Fv,d = Resistência de cálculo da parede diafragma
Fp,d,1 = Resistência de cálculo do pino de ligação com uma seção de corte
b = Largura do painel
s = Espaçamento dos pinos de contorno
Para os grupos I e II, os pontos A, B e C são mostrados na Figura 6.27 e Figura 6.28 nos
diagramas da força aplicada (Fv) em função do deslocamento do topo da parede (u).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 113
70
60
50
40
Fv [kN]
35
30
25
20
Fv [kN]
Nestes pontos, verificou-se em cada pino do painel esquerdo da parede o esforço para cada
força (Fv). Para isto, eles foram numerados conforme ilustra a Figura 6.29 e os valores dos
esforços apresentados na Tabela 6.4 e Tabela 6.5. Todavia, são analisados posteriormente
os aspectos relacionados à forma de ruptura.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 114
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 10 11 12 13 14 15 16 17 18
65 103
64 102 33 55
63 101
62 72 100 32 40 54
61 99
60 98 31 53
59 97
58 71 96 30 39 52
57 95
56 94 29 51
55 93
54 70 92 28 38 50
53 91
52 90 27 49
51 89
50 69 88 26 37 48
49 87
48 86 25 47
47 85
46 68 84 24 36 46
45 83
44 82 23 45
43 81
42 67 80 22 35 44
41 79
40 78 21 43
39 77
38 66 76 20 34 42
37 75
36 74 19 41
35 73
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Legenda: Pinos abaixo da ruptura (< 1,53 kN). Pinos acima da ruptura (= 1,53 kN).
Capítulo 6 Modelos Numéricos 115
Legenda: Pinos abaixo da ruptura (< 1,53 kN). Pinos acima da ruptura (= 1,53 kN).
Na Tabela 6.4 e Tabela 6.5, nota-se no ponto A, a ruptura dos pinos mais distantes ao
centro de gravidade do painel, o que caracteriza o término da primeira etapa do colapso da
ligação painel-quadro, conforme a anotação (1) da Figura 6.30. Portanto, a Equação (5.9)
do Eurocode 5 de 1993 se mostra eficaz na verificação da segurança ao estado limite último.
No ponto B, com 95% da força última, observa-se a ruptura iminente dos pinos localizados
nos montantes externos ao painel (esquerdo e direito) e a ruptura da maioria dos pinos
localizados nos banzos, conforme a anotação (2) da Figura 6.30.
No ponto C, com 98% da força última, nota-se que os pinos dos montantes externos
(esquerdo e direito) atingiram a ruptura antes dos pinos dos banzos. A parede somente
resiste a pequenos incrementos de força (suportados pelos últimos pinos dos banzos),
tendendo a apresentar grandes deslocamentos, conforme a anotação (3) da Figura 6.30.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 116
Posição deformada
do painel
(3) Ruptura dos últimos
pinos dos banzos.
Esforços atuantes Ponto C = 0,98·Fv,u
nos pinos
Figura 6.30 – Etapas de ruptura da ligação com pinos entre o painel e quadro.
Na análise das Equações (5.9) e (6.2) (análogas) do Eurocode 5 de 1993, que determinam a
resistência das paredes ao final da primeira etapa de ruptura, concluiu-se que o termo (b/s)
se refere a taxa de pinos dos banzos em 25% da largura (b) do painel, conforme apresenta a
a Equação (6.3) e a Figura 6.31.
b
= 4⋅ N = 4⋅
(0,25 ⋅ b )
(6.3)
s s
onde:
b = Largura do painel
s = Espaçamento dos pinos de contorno
N = Taxa de pinos em cada canto do painel de comprimento 0,25·b
Capítulo 6 Modelos Numéricos 117
Desta forma, foram propostos novos trechos para a determinação da taxa de pinos,
definidos em 20% e 15% da largura (b) do painel, conforme ilustra a Figura 6.32.
Figura 6.32 – Taxas de pinos nos banzos em 20% e 15% da largura do painel.
b
Fv, d = 2 ⋅ Fp, d,1 ⋅ 0,8 ⋅ (taxa em 20% de b, coeficiente 0,8) (6.4)
s
b
Fv, d = 2 ⋅ Fp, d,1 ⋅ 0,6 ⋅ (taxa em 15% de b, coeficiente 0,6) (6.5)
s
Capítulo 6 Modelos Numéricos 118
onde:
Fv,d = Resistência de cálculo da parede diafragma
Fp,d,1 = Resistência de cálculo do pino de ligação com uma seção de corte
b = Largura do painel
s = Espaçamento dos pinos de contorno
Nestas equações (6.4) e (6.5), os valores obtidos para os grupos I e II são respectivamente
definidos pelos pontos D e E e ilustrados na Figura 6.33 e Figura 6.34.
70
60
50
40
Fv [kN]
35
30
25
20
Fv [kN]
Portanto, observa-se na Figura 6.33 e Figura 6.34 que o ponto E e a Equação (6.5), ambos
referentes à ruptura dos pinos em 15% da largura do painel, são bons indicadores do início
da plastificação das paredes.
2440
75 ou 150
300
2440
75 ou 150
1202
300
70
40
60
50 30
40
Fv [kN]
20
30 Painel vertical: Fv,u=61,43 kN
Painel horizontal: Fv,u=63,40 kN
20 10
Ponto D: Fv=39,25 kN u=15,83 mm
10 0
0 10 20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.36 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo II e ligação CR-II.
35
20
30
25 15
20
Fv [kN]
10
15 Painel vertical: Fv,u=31,00 kN
Painel horizontal: Fv,u=33,17 kN
10 5
Ponto D: Fv=19,62 kN u=11,80 mm
5 0
0 5 10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.37 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm), contorno tipo II e ligação CR-II.
Na Figura 6.36 e Figura 6.37 nota-se na fase elástica uma semalhança no comportamento
das paredes. Na fase plástica, observa-se um gradativo aumento da rigidez para os painéis
horizontais e uma maior diferença entre os resultados do grupo II, devido ao colapso mais
intenso no rasgamento das chapas e nas deformações das ligações do quadro.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 121
As propriedades elásticas do painel OSB e da madeira pinus são apresentadas na Tabela 6.6,
as propriedades do compensado e do jatobá foram apresentadas na Tabela 6.1.
70
40
60
50 30
40
Fv [kN]
20
30 Compensado / Jatobá: Fv,u=61,43 kN
OSB / Jatobá: Fv,u=61,47 kN
20 10
OSB / Pinus: Fv,u=60,91 kN
10
0
0 10 20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.38 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo II e ligação CR-II.
35
20
30
25 15
20
Fv [kN]
10
15 Compensado / Jatobá: Fv,u=31,00 kN
OSB / Jatobá: Fv,u=31,01 kN
10 5
OSB / Pinus: Fv,u=30,83 kN
5
0
0 5 10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Detalhe da
fase elástica.
u [mm]
Figura 6.39 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm), contorno tipo II e ligação CR-II.
Na Figura 6.38 e Figura 6.39 verifica-se a igualdade no comportamento das paredes. Assim
sendo, a utilização de painéis com melhor desempenho ao cisalhamento, como no caso do
OSB, somente se justifica estruturalmente quando estes forem afixados ao quadro por meio
de ligações bem mais rígidas. Portanto, entende-se que a influência dos materiais no
comportamento diafragma das paredes é muito mais pontual do que global, principalmente
na determinação da curva de rigidez da ligação com pinos entre o painel e o quadro.
Capítulo 6 Modelos Numéricos 123
2,50
CR·1,50
2,00
CR·1,25
CR·1,10
1,50 CR (padrão)
Fp [kN]
CR·0,90
CR·0,75
1,00
CR·0,50
0,50
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
dp [mm]
90 CR·1,50: Fv,u=90,14 kN
80 CR·1,25: Fv,u=75,58 kN
70 CR·1,10: Fv,u=66,79 kN
CR·1,00: Fv,u=60,91 kN
60
CR·0,90: Fv,u=54,99 kN
Fv [kN]
50
CR·0,75: Fv,u=46,03 kN
40 CR·0,50: Fv,u=30,83 kN
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
u [mm]
Figura 6.41 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo II, ligação CR-II,
painel OSB e quadro de madeira pinus.
50 CR·1,50: Fv,u=46,03 kN
45 CR·1,25: Fv,u=38,39 kN
40 CR·1,10: Fv,u=33,92 kN
35 CR·1,00: Fv,u=30,83 kN
30 CR·0,90: Fv,u=27,73 kN
Fv [kN]
25 CR·0,75: Fv,u=23,17 kN
20 CR·0,50: Fv,u=15,33 kN
15
10
5
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
u [mm]
Figura 6.42 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm), contorno tipo II, ligação CR-II,
painel OSB e quadro de madeira pinus.
Duplo montante
2440
2440
75 ou 150
75 ou 150
300
300
Figura 6.43 – Modelagem das paredes para análise dos elementos de borda.
70
60
50
40
Fv [kN]
30
Simples borda: Fv,u=60,91 kN
20
Dupla borda: Fv,u=61,41 kN
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
u [mm]
Figura 6.44 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo I (75mm), contorno tipo II, ligação CR-II,
painel OSB e quadro de madeira pinus.
35
30
25
20
Fv [kN]
15
Simples borda: Fv,u=30,83 kN
10
Dupla borda: Fv,u=30,76 kN
5
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
u [mm]
Figura 6.45 – Força (Fv) em função do deslocamento no topo da parede (u)
para o grupo II (150mm), contorno tipo II, ligação CR-II,
painel OSB e quadro de madeira pinus.
Na Figura 6.44 e Figura 6.45 verifica-se que a dupla borda, como esperado, somente
interfere na fase de plastificação e não altera significativamente a resistência última das
paredes.
Capítulo 7 Conclusão 127
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Das análises realizadas neste trabalho, podem ser obtidas algumas conclusões listadas a
seguir.
Os tirantes utilizados nos ensaios de Veloso (2003), segundo a norma ASTM E 72 de 1998
e conforme a condição de contorno Tipo I deste trabalho, não restringem completamente o
movimento de corpo rígido dos protótipos para a aplicação de forças elevadas, o que
compromete a análise da fase plástica e a determinação da resistência última das paredes
(veja Figura 6.21, pág. 107 e Figura 6.22, pág. 108). Embora, a diferença entre as forças
aplicadas (Fv) seja pequena, os deslocamentos associados a estas são significativos,
principalmente frente à possibilidade de patologias nos materiais de acabamento.
As reações de apoio das paredes diafragma podem ser idealizadas, simplificadamente, por
um cisalhamento uniforme ao longo do banzo inferior e por um binário na extremidade da
parede, tracionando e comprimindo os montantes externos, uma vez que os esforços
induzidos nos tirantes do ensaio (condição de contorno Tipo III) igualam-se aos valores
determinados pelas Equações (5.3) e (5.12) (análogas).
Capítulo 7 Conclusão 128
O processo de ruptura da ligação painel-quadro se inicia com o colapso dos pinos mais
distantes ao centro de gravidade do painel, devido às deformações diferenciadas entre o
painel rígido estrutural e o quadro de madeira hipostático (veja Figura 5.31, pág. 90).
Todavia, este mecanismo não se associa diretamente ao posicionamento geométrico dos
pinos em relação ao centro de gravidade, isto porque eles são simplesmente solicitados
pelos esforços internos de cisalhamento, uma vez que o carregamento horizontal é aplicado
diretamente sobre o quadro.
Na análise das Equações (5.9) e (6.2) (análogas) do Eurocode 5 de 1993, que determinam a
resistência das paredes ao final da primeira etapa de ruptura, concluiu-se que o termo (b/s)
se refere à taxa de pinos dos banzos em 25% da largura (b) do painel. Por meio de novos
trechos de análise (20 e 15%), apresenta-se a Equação (6.5), referente à ruptura dos pinos
em 15% da largura do painel, como indicadora da força (Fv) para o início da fase de
plastificação das paredes. Para trabalhos futuros, pode-se aumentar a taxa de pinos somente
nesses trechos e/ou estudar outros trechos sob os esforços atuantes exclusivamente nos
banzos, idealizando-se um carregamento triangular simplificado.
A partir da análise dos materiais (madeira Jatobá e Pinus, Painel compensado e OSB),
entende-se que a influência desses materiais sobre o comportamento das paredes diafragma
é muito mais pontual do que global, principalmente na determinação da curva de rigidez
(CR) da ligação com pinos entre o painel e o quadro. Portanto, a utilização de painéis com
Capítulo 7 Conclusão 129
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APÊNDICE A