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1.

Só usamos 10% do nosso cérebro

Há quem assevere que esta afirmação surgiu como uma tentativa para

explicar o porquê da extraordinária inteligência de Einstein e também para tentar

justificar a razão porque algumas pessoas possuem capacidades paranormais.

Os cientistas afirmam que quando executamos uma tarefa, como por

exemplo tocar a viola, diversas zonas do nosso cérebro são activadas e trabalham

em conjunto para conseguir realizá-la. Referem que, para realizarmos uma tarefa

simples, poderá ser utilizada uma só parte do nosso cérebro e que, no entanto, para

podermos levar a cabo todas as nossas actividades quotidianas é necessário o

envolvimento das diversas partes deste órgão. Por isto atestam, em oposição à

afirmação da utilização do 10%, que nós utilizamos o nosso cérebro por completo.

Para complementar esta asserção baseiam-se também no facto de que, se

sofrermos alguma doença ou tivermos algum acidente em que o nosso cérebro fique

lesionado, embora parcialmente, poderemos ficar com sequelas graves como a

dificuldade/impedimento de realizar tarefas específicas, distúrbios das emoções e

dos sentimentos, alterações a nível comportamental e social, entre outras. Pelo

que, se ficássemos só com 10% do nosso cérebro as consequências seriam

catastróficas.

Sem em nada contradizer o anteriormente dito, eu pessoalmente, considero

que esse mito refere-se mais àquelas capacidades que não exploramos. Muitas
vezes não somos estimulados ou o somos parcialmente em algumas áreas e,

portanto, não conseguimos explorar todo o nosso potencial. É mais neste sentido

que considero que a frase se refere mas não consigo acreditar, em todo caso, que

só exploremos 10% do nosso potencial assim como penso que dificilmente uma

pessoa conseguirá explorar o 100% de todo o seu potencial cerebral. Também não

sei estimar qual a percentagem do potencial que utilizamos mas penso que seria um

tema interessante a estudar.

2. Burro velho não aprende línguas

Se fossemos nos deixar levar pelos provérbios populares, nos depararíamos

– e com justiça - com o seu oposto “Nunca é tarde para aprender”. Neste sentido, a

sabedoria popular precedeu à ciência e os estudos realizados indicam que as coisas

não são como se pensava. Os resultados afirmam que os adultos podem aprender a

falar outras línguas de forma tão fluente como falam a sua língua materna.

A capacidade de aprender línguas na infância, marcada principalmente pela

aquisição natural da língua materna, é modificada na idade adulta. Como o sujeito já

aprendeu a língua materna, a forma como se adquiria e processava a aprendizagem

linguística é desactivada no cérebro. É por este motivo que a aquisição de uma nova

língua na idade adulta faz-se de forma diferente e não tão automática, como na

infância.

Os investigadores salientam o facto de que, durante a aprendizagem da nova

língua, diversas áreas do cérebro que correspondiam às da aprendizagem da língua

materna eram activadas. A fluência e correcção com que utilizavam a nova língua

estava intrinsecamente relacionada com a correcção e fluência que estes indivíduos

falavam a sua própria língua.

Burro velho, afinal, sim aprende línguas.

3. O funcionamento do cérebro dos homens e das mulheres é igual


Estudos realizados comprovam que o cérebro dos homens difere do cérebro

das mulheres. O tamanho médio do cérebro masculino é maior do que o do cérebro

feminino. No entanto, pesquisas têm realçado que um cérebro maior não implica

uma maior inteligência e que a mulher não precisa de ter um cérebro tão grande

como o do homem para ter igual capacidade intelectual.

Os investigadores certificam que o cérebro funciona como um todo e que a

organização das diversas áreas envolvidas nas diversas acções pode ser diferente

entre homens e mulheres. Ao que parece a substância cinzenta, que se encarrega

dos centros de processamento da informação, é mais importante para os homens

enquanto a substância branca, que se encarrega das conexões dos diferentes

centros, é mais importante para as mulheres. A combinação das substâncias,

independentemente de que forma seja feita, produz os mesmos resultados.

Segundo os cientistas a evolução criou, pelo menos duas, formas de

organização cerebral que realizam as mesmas tarefas e atingem os mesmos

resultados. É por isto que, quando comparamos os danos cerebrais na mesma região

em pessoas de sexos diferentes, vemos que as consequências cognitivas para a

mulher diferem das do homem.

As novas técnicas de imagiologia cerebral têm ajudado muito nas pesquisas

para tentar desvendar as diferenças funcionais do cérebro masculino e feminino.

As mulheres possuem um córtice frontal maior bem como algumas áreas do sistema

límbico, isto traduz-se numa maior ocupação com tarefas cognitivas superiores e

maior envolvimento emocional. Os homens, por sua vez, têm mais desenvolvido o

córtice parietal, que intervém na percepção do espaço e da amígdala, que participa

nas emoções e respostas face o stress.

Diversas experiências relatam que a amígdala poder ter um funcionamento

diferente nos homens e nas mulheres. A concentração dos receptores de

serotonina, que é um neurotransmissor que controla a ansiedade e previne a

depressão, aumentava nos indivíduos do sexo masculino quando eram submetidos a

situações stressantes enquanto nos indivíduos do sexo feminino o nível decrescia.

Os cientistas pensam que isto poderia explicar a razão pela qual as meninas
padecem com mais frequência de ansiedade do que os meninos. A área da amígdala

encarregada de receber os sinais de stress estabelece diversas relações com o

cérebro nas pessoas de sexos diferentes. Nos homens conecta-se

preferencialmente com áreas que processam estímulos externos enquanto que nas

mulheres relaciona-se mais a áreas que processam estímulos internos. Desta forma,

parece que a natureza prepara as mulheres para as mudanças profundas que se

realizam no seu ser, ou seja, a gravidez e a maternidade.

As experiências têm relatado também que é diferente a parte que se

estimula perante um factor causador de stress. Nos machos estimula-se a parte

direita enquanto que nas fêmeas é estimulada a parte esquerda. Em termos

práticos isto sugere que os homens processam mais os aspectos globais de uma

situação enquanto que as mulheres processam a informação mais em pormenor.

Isto, entre outras implicações, poderia por exemplo significar que a forma como

as pessoas respondem ao stress pós-traumático pode diferir entre homens e

mulheres.

Cabe salientar que, na resposta a factores de stress, o hipocampo tem um

papel importante. Este facto baseia-se em que esta estrutura cerebral é essencial

para o armazenamento das lembranças e para a representação espacial. O seu

tamanho é maior nas mulheres do que nos homens. Os investigadores referem que

este deve ser o motivo pelo qual as mulheres guiam-se principalmente lembrando-

se dos factos-chave de determinados contextos e que os homens, para orientar-se,

recorrem mais ao cálculo de distâncias e direcções a seguir.

Ainda entre as diferenças que apresentam o cérebro masculino e o feminino,

encontramos a aparente predisposição a doenças mentais mais ligadas a um ou

outro sexo. Os dados indicam que o cérebro masculino produz mais 52% de

serotonina do que o cérebro feminino, assim, poderia ficar explicada a razão

porque as mulheres costumam sofrer mais de depressão do que os homens.

Tudo aponta para que, enquanto o Homem vai descobrindo mais acerca do

nosso maravilhoso computador natural chamado cérebro, surgem mais e novas


evidências que ratificam as diferenças funcionais do mesmo entre ambos os sexos

e que estão na base das diversas divergências naturais entre os mesmos.

4. O cérebro funciona por áreas estanques

No final do século XIX predominava a ideia de que o cérebro era constituído

pela junção de centros de imagens visuais, motoras, auditivas e outras. Quando uma

pessoa era vítima de uma lesão cerebral, pensava-se que as incapacidades que

apresentava estavam directamente ligadas à região onde o dano foi sofrido. No

entanto, durante o século XX e até a actualidade foram efectuados mais estudos

na área da neuropsicologia que reivindicam que é errado estabelecer uma relação

linear entre a lesão e os problemas que a mesma está a ocasionar e que há que

realizar, porém, um estudo mais exaustivo que inclua o quadro geral do paciente.

Ou seja, nesta análise há que incluir variáveis tais como a idade, o sexo, o nível de

escolaridade, a lateralidade cerebral, etc.

No cérebro encontramos áreas que dirigem e dispõem actividades e

comportamentos específicos, no entanto, as mesmas não estão compartimentadas

nem são estanques. Este facto pôde ser apreciado na reaquisição de funções que

tinham sido perdidas como consequência de algumas lesões. A retoma das

capacidades perdidas não se devia à regeneração das células nervosas e sim às

novas conexões que se estabeleceram no cérebro a raiz da lesão. Este facto fica

mais claro se tivermos em consideração que qualquer função que se realiza é o

resultado da actividade integrada das diversas regiões conectadas por ordem

hierárquica. A lesão sofrida produz alterações das funções complexas que lhes são

subjacentes, por este motivo, a essência e o sentido da função são alteradas em

concordância à localização e quantidade de componentes lesionados. Mas o cérebro

tem a capacidade de funcionar como um todo onde cada elemento é valorizado de

per si e pela função das relações que estabelece com o resto em determinado

momento. Existem inúmeras possibilidades de estabelecer conexões pois o sistema

nervoso está dotado de muita plasticidade e adapta-se aos comandos que lhe faz o
organismo. É assim como o cérebro lesionado consegue voltar a realizar as funções

que perdeu aquando do acidente/doença.

 Em suma, o cérebro está composto por diversas regiões que se encarregam

de determinadas funções que, no entanto, guardam uma permanente relação de

interdependência e não funcionam como áreas estanques, isto é, áreas autónomas e

independentes.

A soma das partes do cérebro é inferior à sua relação global, ou seja, o

cérebro como um todo é maior que a aglomeração dos seus componentes.

5. Se uma parte do cérebro for afectada perdemos definitivamente essa

função

 Os investigadores afirmam que há lesões que são muito profundas e que por

isso afectam permanentemente algumas conexões no cérebro, as quais, se tornam

impossíveis de recuperar. Sempre que há alguma lesão, o cérebro procura a forma

de restabelecer as conexões perdidas e corresponder àquilo que o organismo lhe

exige, por isso é possível a aquisição parcial de funções nas lesões mais graves. A

propriedade que permite a realização das novas conexões com as outras áreas do

cérebro é denominada plasticidade neural. Esta propriedade do cérebro origina-se

pelo comportamento e pela experiência do indivíduo o que se traduz na

possibilidade da aprendizagem contínua do indivíduo e no incessante

desenvolvimento humano. Mas esta capacidade pode-se ver minguada com o

decorrer dos anos.

Nas etapas do desenvolvimento humano, desde o nascimento até se tornar

adulto, qualquer lesão é mais fácil de recuperar porque o cérebro tem mais

capacidade de realizar as conexões com outras regiões. No entanto e apesar da

idade, sempre será possível estimular o cérebro para que realize novas conexões.

Neste sentido é necessária a participação de uma equipa multi-disciplinar na

reabilitação do paciente: médico, psicólogo, fisioterapeuta, etc. Quanto mais


estimulado for o paciente mais conexões se realizam e isto traduz-se na aquisição

de uma maior qualidade de vida.

6. Os neurónios nascem connosco

Os cientistas acreditavam que nós nascíamos com um determinado número

de neurónios e que o mesmo não aumentava ao longo de toda a vida. Porém, existem

estudos recentes que contradizem esta ideia. Investigações aprofundadas neste

campo revelaram que o cérebro adulto possui células-mãe que podem criar novos

neurónios e que estes, uma vez formados, integram-se nos circuitos já existentes

no cérebro.

Elaborado por:

Dalila Freitas

(Turma distal da Madeira)

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