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Bibliografia:
Direito da Família do professor/doutor Francisco Pereira Coelho e
Guilherme de Oliveira, Coimbra Editora;
O livro do professor Diogo Leite de Campos também é bom.
(1/10/08)
1
NOTAS:
Ver a nova lei do divórcio na internet e as observações feitas pelo
Presidente da República;
Ver acórdãos sobre divórcio.
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Alterações nova lei do divórcio:
Fim do divórcio litigioso, “quem tem a culpa”;
Basta um querer o divórcio para este existir;
No momento da partilha só poderá pedir compensação quem tiver
abdicado de proveitos profissionais por causa do casamento;
Pensão de alimentos é de tempo ilimitado.
No que diz respeito ao segundo ponto “basta um querer o divórcio para este
existir”:
O divórcio sem consentimento dos dois cônjuges terá que ser assente em
causas objectivas como a separação de facto por 1 ano consecutivo; a
alteração das faculdades mentais que dure há mais de 1 ano; a ausência, pelo
mesmo prazo, e por qualquer outro facto que mostre a ruptura definitiva do
casamento. Nesta última categoria inclui-se a violência doméstica.
A nova lei prevê que o cônjuge que contribui mais do que era devido para
os encargos da vida familiar adquira um crédito de compensação que deve ser
respeitado no momento da partilha.
Isto suscitou inúmeras dúvidas por parte de algumas posições partidárias –
supostamente a lei vem proteger mais as mulheres, pois continuam a ser elas
que mais investem no dever de cooperação, pois são elas que mais trabalham
em casa.
Enquanto um contribui financeiramente o outro também contribui para a
vida comum. Ambos valem créditos e os dois serão tidos em conta.
(8/10/08)
- Iremos analisar os seguintes artigos da Constituição: art.º 36º, 67º, 68º e 69º
da C.R.P..
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N.º 4 ---» princípio da não discriminação entre filhos nascidos dentro e
fora do casamento.
(15/10/08)
4
De realçar que o princípio da liberdade contratual vem regulado no art.º
405º do C.C. ---» art.º 219º do C.C..
Existe um decreto-lei que regula as cláusulas contratuais gerais, onde se
pode incluir o contrato de adesão.
No contrato de casamento não há normas supletivas, todas elas são
imperativas, vêm previstas na lei. Assim, existem deveres para ambos os
cônjuges (dever de fidelidade, de coabitação, de respeito, etc.) e todos eles
têm de ser respeitados, não podem os cônjuges prescindir deles.
NOTA: duas perguntas para reflectir: em que momento começa a vida? O que
é o embrião?
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Os direitos familiares são pessoais e relativos. Um exemplo desta
relatividade tem a ver com os impedimentos (incapacidade para casar, por
exemplo: se for menor de 16 anos).
Assim, há impedimentos relativos (por exemplo: a mãe não pode casar
com o filho) e absolutos (por exemplo: o menor de 16 anos não pode casar…
nem com a namorada nem com ninguém, é absoluto!) ao casamento (art.º
1601º e 1602º do C.C.).
Por fim, uma última característica do direito privado tem a ver com a
tipicidade dos direitos fundamentais, isto é, as pessoas podem celebrar
contratos não previstos no código civil, como podem, também, celebrar
contratos mistos.
No direito da família, não podemos celebrar contratos sem estarem
previstos na lei, nem podemos estipular condições contrárias à lei ---»
princípio da tipicidade dos direitos familiares.
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separação de bens, temos que fazer a partilha/dividir os bens que tínhamos no
antigo regime.
O casamento só é possível entre pessoas do mesmo sexo (art.º 1628º
do C.C.) e é um contrato pessoal num duplo sentido: produz efeitos pessoais;
tem, em regra, que ser celebrado pessoalmente.
É realizado por duas pessoas e só duas. Não é aceite a poliandria (uma
mulher e vários homens) nem a poligamia (um homem e várias mulheres). É
um negócio jurídico solene, sendo que esta de consubstancia na cerimónia (ver
pág. 208 do livro).
Actualmente, com o implemento do divórcio, diz-se que o casamento é
tendencialmente perpétuo, se bem que para a igreja católica o casamento é
visto como sendo perpétuo (para sempre).
(22/10/08)
O casamento
(pág. 247 e segs. do livro)
No entanto, nem todos podem casar. Para casar, ambas as pessoas têm
que ter capacidade para tal. Desta forma, existem normas que impedem o
casamento (art.º 1600º e segs. do C.C.).
Assim, o art.º 1600º do C.C. dá-nos uma definição de impedimentos
pela negativa.
Deste modo, existem dois tipos de impedimentos: impedimentos
dirimentes absolutos (art.º 1601º do C.C.) e impedimentos dirimentes relativos
(art.º 1602º do C.C.).
De realçar que os impedimentos dirimentes absolutos são aqueles que
impedem uma pessoa de casar com alguém, enquanto que os impedimentos
dirimentes relativos são aqueles que impedem duas pessoas de casar.
Existem, ainda, os impedimentos impedientes (art.º 1604º do C.C.) que
têm como consequência uma “sanção”, mas não dá a anulação do casamento.
De notar que os impedimentos dirimentes (quer sejam absolutos, quer
sejam relativos) têm como consequência a anulação do casamento.
Por exemplo, se uma pessoa casar com menos de 16 anos, o
casamento não é nulo, mas sim anulável.
De realçar que os impedimentos estão taxativamente previstos na lei.
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(29/10/08)
Casos práticos:
Resposta:
São parentes em 3º grau na linha colateral. Assim, verifica-se um
impedimento impediente (art.º 1604º, al. c) do C.C.).
Art.º 1609º, n.º 1, al. a) do C.C..
Art.º 1639º, n.º 1 do C.C..
Art.º 1650º, n.º 2 do C.C..
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Apura-se que a Maria tinha sido casada com o Manuel e tinha-se
divorciado uma semana antes do Manuel, em segredo.
O António quer anular o casamento.
Resposta:
Art.º 1604º, al. c) do C.C..
Art.º 1605º, n.º 1 do C.C..
Art.º 1639º, n.º 1 do C.C..
Art.º 1643º, al. c) do C.C..
3- Francisco adoptou a Mariana, mas ela fugiu de casa aos 4 anos e ele
nunca mais soube dela.
Anos mais tarde o Francisco anuncia à família que se vai casar com a
Xana e apresenta a noiva à família.
A mãe do Francisco não estava presente (era contra o casamento com
uma pessoa tão nova), mas no dia do casamento comparece e diz que aquela
rapariga não se chama Xana, mas sim Mariana e que tinha sido adoptada pelo
Francisco quando era mais pequena.
A sogra tem legitimidade para pedir a anulação do casamento (visto que
eles não querem)?
Resposta:
Art.º 1604º, al. e) do C.C.
Art.º 1650º, n.º 2 do C.C.
Art.º 1639º, n.º 1 do C.C. (a sogra tem legitimidade para pedir a
anulação do casamento).
4- Maria casou com João a pensar que era o Manuel (irmão gémeo) e só
quando foram em lua-de-mel é que ela descobre, porque ele não tinha
um sinal nas costas que o Manuel tinha.
Resposta:
Art.º 1635º, al. b) do C.C.
5- Manuel casa-se com Maria porque esta o convenceu que se ele não
casasse com ela todas as dívidas do pai do Manuel para com o pai da
noiva seriam executadas em 1 mês.
Se se casasse, o pai dele perdoava as dívidas.
Resposta:
Coacção moral (art.º 1638º, n.º 2 do C.C.).
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(5/11/08)
NOTA:
Procurar jurisprudência sobre a violência doméstica (para acrescentar
no trabalho);
Procurar acórdãos sobre qualidades essenciais.
Promessa de casamento
(art.º 1591º e segs. do C.C.)
(pág. 212 à 222 do livro)
Casos práticos
1-
A e B prometeram casar, trocando e-mails, cartas, fax e mensagens via
telemóvel.
Marcaram casamento, restaurante e depois um deles arrependeu-se e
não queria mais casar.
Tem que se devolver os presentes? Há lugar a indemnização?
Resposta:
Vai ter que indemnizar, de acordo com o art.º 1594º, n.º 1 do C.C.
(indemnizações);
Os emails e mensagens não respeitam a forma, visto não estarem
assinados (art.º 410º do C.C.), assim, são nulos (art.º 220º do C.C.).
Já as cartas são assinadas;
Art.º 1592º do C.C.
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Convenções antenupciais
(art.º 1698º e segs. do C.C.)
(12/11/08)
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Regime da comunhão de adquiridos (art.º 1721º e segs. do C.C.):
É o regime escolhido pela maior parte das pessoas que se
casam;
Em regra, tudo o que se adquire depois do casamento, passa a
pertencer aos dois.
As excepções a esta regra estão elencadas no art.º 1722º do
C.C. (bens próprios).
(19/11/08)
Deveres dos cônjuges (art.º 1672º do C.C.) (pág. 346 à 358 do livro):
Respeito;
Fidelidade;
Coabitação;
Cooperação;
Assistência.
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Ver acórdãos na internet:
Processo n.º 08A1918 de 30/9/2008 do Supremo Tribunal de Justiça;
Processo n.º 8914/2006-2 de 4/12/2006 do Tribunal da Relação de
Lisboa;
Processo n.º 087931 de 12/3/1996 do STJ;
Processo n.º 07B1315 de 6/3/2008 do STJ;
Processo n.º 03B4280 de 22/9/2005 do STJ;
Processo n.º 02B1290 de 16/5/2002 do STJ;
Processo n.º 7148/2005-6 de 30/6/2005 do Tribunal da Relação de
Lisboa;
Processo n.º 660/2006-6 de 23/2/2006 do Tribunal da Relação de
Lisboa;
Processo n.º 9668/06-2 de 15/2/2007 do Tribunal da Relação de Lisboa;
Processo n.º 1344/2008-6 de 13/3/2008 do Tribunal da Relação de
Lisboa.
CASOS PRÁTICOS
A casou com B.
Antes de casar A tinha uma casa = 300.000€ para onde foram viver.
B tinha uma casa de fim-de-semana = 180.000€. Cada um tinha o seu
automóvel = 50.000€ cada.
Depois de casar: empréstimo para ---» barco = 20.000€; jipe =
60.000€; casa no Algarve = 250.000€; e móveis para a casa = 200.000€.
A não trabalhava e B ganhava 8000€/mês. Depois foi despromovido
e passou a ter o ordenado de 1500€/mês.
Aconteceu uma catástrofe!!! Deixaram de pagar os empréstimos e
devem 500€ no talho e 1500€ na mercearia.
A tinha uma dívida de 6000€ de uma operação estética que “pagou”
com o cartão.
B tinha uma dívida de 2000€ de um anel que tinha oferecido a uma
amiga.
RESPOSTA:
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Se for o regime da comunhão de adquiridos (art.º 1721º e segs. do
C.C.):
Antes de casar os bens são próprios (art.º 1722º do C.C.);
Depois de casar os bens são comuns;
Art.º 1691º, n.º 1, al. b) do C.C. ---» depois de casar os bens são
comuns, logo, as dívidas são de ambos os cônjuges;
Se houve consentimento ---» art.º 1691º, n.º 1, al. a) do C.C.;
Se não houve consentimento ---» art.º 1692º, al. a) do C.C.;
Art.º 1695º, n.º 1 do C.C. ---» bens comuns ---» respondem os
bens comuns do casal;
Art.º 1696º, n.º 1 do C.C. ---» bens próprios ---» respondem os
bens próprios do casal.
(26/11/08)
Caso prático 1
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Quando António chega a casa, certa noite, Maria confronta-o com as
ditas mensagens e António, descontrolado, dá-lhe uma grande tareia.
Maria sai de casa, mas uma semana depois, comovida com o facto de
António ter oferecido um automóvel e ter pedido perdão, Maria volta para casa.
Para salvar o casamento, Maria usa o cartão de crédito e marca uma
viagem de uma semana para Paris.
António, por seu turno, vai a uma ourivesaria e compra para Maria, a
prestações, um anel muito valioso.
Foram de viagem e quando regressam António volta a ir jantar a casa da
mãe, sair até às tantas.
Em resultado do vício do jogo, António deixou de pagar o empréstimo da
casa, o carro que deu a Maria, as prestações do anel e nunca mais deu
dinheiro nenhum para o supermercado.
Maria não aguentando mais e aproveitando uma noite que António
estava quase em coma alcoólico, além de não lhe prestar socorro, muda-se
para casa de um amigo. Como agora Maria também tem mais despesas, deixa
de pagar o cartão de crédito e as rendas de um automóvel que, antes de casar,
tinha adquirido em leasing.
a) António quer saber se pode pedir a anulação do casamento com
base no comportamento da Maria?
Resposta:
António pode ou não pedir a anulação do casamento com base no
comportamento da Maria.
Partimos do art.º 1631º, al. b) do C.C. (causas de anulabilidade do
casamento), que nos remete para o art.º 1636º do C.C. (erro que vicia a
vontade).
Se partirmos do princípio que os três requisitos do art.º 1636º do C.C.
se verificam, então António pode pedir a anulação do casamento; no
entanto, se não se verificarem os três requisitos (ou basta que falte um
deles), António não pode pedir a anulação do casamento.
Podíamos aqui falar dos deveres dos cônjuges (art.º 1672º do C.C.),
bem como do art.º 1627º do C.C.
Resposta:
A resposta é em tudo idêntica à anterior.
Assim, art.º 1631º, al. b) e 1636º do C.C.
Resposta:
A casa de solteiro de António ---» é um bem próprio (art.º 1692º, al. a)
do C.C.): assim, respondem os bens próprios e, subsidiariamente, a
meação dos bens comuns (art.º 1696º, n.º 1 do C.C.).
15
O automóvel e o anel que António ofereceu a Maria ---» são bens
comuns (art.º 1691º, n.º 1, al. c) do C.C.): assim, respondem os bens
comuns (art.º 1695º do C.C.).
As dívidas relativamente aos empréstimos de António ---» são bens
comuns.
O automóvel que Maria ainda estava a pagar a leasing ---» o bem nem é
próprio nem é comum: assim, o bem ainda é da locadora. Até porque
Maria celebrou o contrato antes de casar (art.º 1722º, n.º 1, al. c) do
C.C.). No entanto, respondem os bens próprios de Maria (e,
subsidiariamente, a meação) ---» art.º 1692º, al. a) do C.C.
Maria deixou de pagar o cartão de crédito (devido à viagem de ambos):
o bem é comum (art.º 1691º, al. c) do C.C. ---» art.º 1695º do C.C.).
NOTA:
As pessoas continuam casadas na mesma;
O dever de fidelidade e de respeito mantém-se.
A nova lei do divórcio não mexe nestas duas matérias.
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Caso prático 2
Resposta:
Todos os bens que Maria adquiriu antes do casamento são dela; os
bens que ela adquiriu depois do casamento, por herança, são dela
também (art.º 1722º, n.º 1, al. c) do C.C.).
Tanto o barco que Maria adquiriu para os dois, como o automóvel que
adquiriu para ela, bem como o automóvel que ofereceu ao marido são
bens comuns. No entanto, ver art.º 1726º ---» art.º 1723º, al. c do C.C.
Os frutos (pomar e olival) são bens comuns ---» art.º 1728º, n.º 1 do
C.C.
A administração dos bens ---» art.º 1678º, n.º 2, al. g) do C.C.
António precisava de autorização de Maria. Assim, violou o art.º 1682º,
n.º 3, al. b) do C.C.. Desta forma, é anulável, de acordo com a sanção
imposta pelo art.º 1687º, n.º 1 do C.C. ---» bens comuns e pelo art.º
1687º, n.º 4 do C.C. ---» bens próprios.
Aceitação de doações e sucessões (art.º 1683º do C.C.).
Assim, Maria podia pedir a separação de bens (art.º 1767º do C.C.).
Caso prático 3
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No dia seguinte ao casamento, António devido a um pormenor
insignificante apercebeu-se que ela não era a sua Maria, pelo que ficou
bastante triste.
O que pode António fazer?
Resposta:
António pode anular o casamento, de acordo com o art.º 1635º, al. b)
do C.C., visto ele estar em erro acerca da identidade física do outro
contraente.
Caso prático 4
Resposta:
Tudo leva a querer que haja coacção moral (art.º 1638º do C.C.), visto
que os três requisitos estão preenchidos.
Assim, Maria pode pedir a anulação do casamento.
Caso prático 5
Resposta:
As jóias são bens comuns, visto não entrarem no art.º 1733º do C.C.
As roupas/vestidos são bens próprios, (art.º 1733º, n.º 1, al. f) do C.C.).
As pratas da sogra são bens comuns.
Assim, Pancrácia podia vender os vestidos. No entanto, ela não podia
vender as jóias (art.º 1732º do C.C.) (art.º 1678º ---» 1682º do C.C.).
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Zacarias não podia vender as pratas (art.º 1732º e 1678º ---» 1682º do
C.C.).
(3/12/08)
- Teste de avaliação.
(10/12/08)
(17/12/08)
Poder paternal
(responsabilidades parentais)
(art.º 1877º e segs. do C.C.)
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