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17 Reunião 19.10.10 - CPI - BANCOOP
17 Reunião 19.10.10 - CPI - BANCOOP
Aos dezenove dias do mês de outubro de dois mil e dez, às onze horas, inicialmente
no Plenário "Dom Pedro I" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
realizou-se a Décima Sétima Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito
constituída pelo ato nº 13, de 2010, com a finalidade de "investigar supostas
irregularidades e fraudes praticadas contra cerca de três mil mutuários da
Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo - BANCOOP, e
propor soluções para o caso", da Quarta Sessão Legislativa, da Décima Sexta
Legislatura, sob a presidência do Deputado Samuel Moreira. Presentes os Senhores
Deputados Bruno Covas, Chico Sardelli, Roberto Morais, Vanderlei Siraque, Vicente
Cândido (efetivos) e Celso Giglio (substituto). Presente o Senhor Deputado Antonio
Mentor que integra este Colegiado na qualidade de membro substituto. Presentes,
também, durante o decorrer da reunião, os Senhores Deputados Estevam Galvão e
Ricardo Montoro. Ausente o Senhor Deputado Waldir Agnello. Havendo número
regimental, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou à
secretária a leitura da ata da reunião anterior, que foi dispensada a pedidos e
considerada aprovada. O Senhor Presidente indagou sobre a presença dos
convocados a depor. Foi informado do não comparecimento do Senhor João Vaccari
Neto e da presença do Senhor José Carlos Blat, Promotor de Justiça, a quem
convidou para tomar assento à mesa. Pela ordem, o Senhor Deputado Bruno
Covas, tendo em vista o grande número de pessoas presentes à reunião, propôs a
transferência para um plenário maior, que pudesse acomodá-los. Aceita a proposta,
a reunião foi suspensa e reiniciada no Auditório "Teotônio Vilela". Dando sequência
aos trabalhos, o Senhor Presidente convidou o Senhor Promotor de Justiça para
tomar assento à mesa dos trabalhos. Pela ordem, o Deputado Antonio Mentor
indagou sobre a tomada de compromisso. O Senhor Presidente informou que o Dr.
José Carlos Blat não comparecera na condição de testemunha, uma vez que é o
responsável pelo inquérito em tramitação na justiça. Pela ordem, o Deputado
Vanderlei Siraque solicitou que o Procurador se manifestasse sobre a questão. O
Dr. Carlos Dutra informou ter baseado suas conclusões no artigo 3°, inciso II, da
Lei 11.124, de 10 de abril de 2002, que disciplina a atuação das Comissões
Parlamentares de Inquérito e afirma que a Comissão poderá "II - tomar
depoimentos, sob compromisso se assim entender necessário a Comissão;" e no
artigo 34-B, § 2º, ao final, do Regimento Interno. Indagado pelo Deputado
Vanderlei Siraque se o Dr. José Carlos Blat figuraria como parte, réu ou
testemunha, o Dr. Carlos Dutra informou que figura como autoridade, vem à CPI na
condição de Promotor de Justiça que oficia no inquérito policial e, portanto, a CPI
pode ouvi-lo na forma prevista ao final do § 2º, do artigo 34-B do Regimento
Interno: "Artigo 34-B A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá, observada a
legislação específica: ... II - determinar diligências, ouvir indiciados, inquirir
testemunhas sob compromisso, ... tomar depoimentos e requisitar os serviços de
quaisquer autoridades, inclusive policiais;" Por esses motivos, pode a CPI dispensar
o depoente de prestar compromisso, se assim entender conveniente. O Senhor
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Presidente
BANCOOP
19/10/2010
PRESIDENTE
prazo, porque o encerramento desta CPI é no dia 27, ainda deste mês. Mas será
apreciado e nós vamos tratar desse assunto com o senhor.
Presença do Dr. José Carlos Blat, que já se encontra entre nós. E eu gostaria,
então, de convidar o Dr. José Carlos Blat para que sentasse aqui, ao nosso lado.
Obrigado pela presença.
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – É que como tem inclusive algumas pessoas
de idade em pé, enfim, e até o Auditório Teotônio Vilela que é aqui neste mesmo andar.
* * *
* * *
O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Reabertos os nossos
trabalhos.
Mais uma vez agradecendo a presença do Dr. José Carlos Blat. Antes de passar a
palavra a ele, para que ele possa discorrer, para que ele possa falar o que ele puder falar
para contribuir com esta CPI sobre esse assunto, e depois pediríamos também Dr. Blat
que o senhor pudesse ouvir os deputados e interagir com eles.
Nós queremos esclarecer que o Dr. Blat não veio na condição de testemunha e,
por conta disso, nós vamos passar diretamente a palavra para ele.
O Deputado Antonio Mentor solicita que a gente esclareça essa condição em que
vem o Dr. Blat. Ele não vem na condição de testemunha e baseado na Lei nº 11.124, de
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(Manifestação na galeria)
está oficiando num inquérito policial sobre o assunto, mas não é testemunha de fatos. É
autoridade e vem falar sobre o seu ofício. Na nossa singela opinião.
O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ele foi convocado, mas ele vem como
autoridade acusadora, parte do processo.
E nós estamos propondo, por orientação da nossa Procuradoria, por desejo desta
Presidência, que nós vamos submeter à apreciação de cada Deputado, agora, neste
momento, que ele seja ouvido não na condição de testemunha e sim como autoridade. É
isso que nós estamos propondo e eu quero a permissão, se ninguém for fazer um aparte,
de colocar rapidamente em votação.
(Manifestação na galeria).
Então, Sr. Presidente, não me venha fazer distinção entre brasileiros, entre
depoentes aqui, porque em nossa Constituição, não está em nenhum lugar, não tem
nenhuma lei que diz o que está sendo dito aqui.
Então, Sr. Presidente, todos estão submissos à Constituição e o requerimento
aprovado, qualquer cidadão, porque nós respeitamos todos, todos têm de prestar
depoimento sob juramento, porque nós queremos a verdade aqui, senhor Presidente.
(Manifestação na galeria).
Regimento Interno das CPIs desta Casa. Não há oitiva de autoridades. Não há. Há
apenas dois casos.
Sr. Presidente, o senhor está muito apressado. Não sei por que essa ansiedade
toda. Estamos aqui tratando de um assunto tão importante. Queria saber qual foi a
piada? Está dando risada do quê? Está rindo do quê?
(Manifestação na galeria)
brilhante na fala dele. Só que nós não convidamos o Dr. Blat para prestar nenhum
serviço a esta CPI. Nós convocamos o Dr. Blat como parte acusadora da BANCOOP.
Quem está aqui para prestar serviços à CPI, de fato sim, tem aqui um representante da
Receita do Estado, até porque tem alguns sonegadores de impostos que vieram prestar
depoimento e nós pedimos para que fosse investigado, tem aqui outro que presta
serviços, o Procurador da Assembleia, que foi convocado para prestar serviços em
diversas CPIs, como, por exemplo, à CPI dos Precatórios Ambientais vieram diversos
Procuradores do Estado e também representantes do Ministério Público auxiliar os
trabalhos da CPI, o que acontece mesmo. Mas não é o caso do Doutor Blat.
Se ele estivesse prestando um serviço para auxiliar a nossa CPI, estaria correta a
interpretação dada aqui pelo Deputado Bruno Covas, mas o nosso requerimento é
convocação do Dr. Blat para que ele esclareça as acusações que ele fez à diretoria da
BANCOOP, as acusações que ele fez sobre desvio de verba da BANCOOP para
partidos políticos, as acusações que o Dr. Blat fez ao Jornal Nacional, fez em revista,
fez em diversos meios de comunicação.
Então, nós queremos que ele faça o depoimento sob juramento para saber se a
entrevista que ele deu está baseada em provas ou não. Essa é a questão. Tem prova ou
não tem prova das acusações, porque se tiver prova, aí nós vamos requerer essas provas
para que esta CPI tome as devidas providências, doa a quem doer.
Agora, se não tiver prova, aí respondam os acusadores, e aí o Conselho Nacional
de Justiça ou do Ministério Público, a Assembleia Legislativa é um poder autônomo,
independente e nós estamos aqui, nós não vamos submeter a Assembleia Legislativa a
nenhum outro poder, a nenhuma outra instituição, que nós respeitamos. O Judiciário, o
Ministério Público, são instituições importantes para a democracia, o Poder Executivo,
mas também é importante o Legislativo. Nós não estamos submissos ao juramento
prestado lá no Ministério Público, como o Judiciário também não está submisso ao
juramento que nós fizemos quando nós assumimos como Deputado Estadual. Toda vez
que vou ao Poder Judiciário eu presto juramento sim como testemunha. E por que nós
vamos fazer distinção entre os brasileiros? Não existe distinção. Aqui não tem distinção,
independente da função. Todas as funções, para nós, são importantes, especialmente a
do Ministério Público, tanto é que está aqui.
Agora, qual o problema? Não existe problema em prestar depoimento sob
juramento. Onde está o problema?
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persecução criminal. E, aliás, a ação penal que daqui a pouco vou me manifestar a
respeito dos envolvidos do caso da Cooperativa Habitacional dos Bancários.
Mas antes disso, queria fazer um rápido relato do cronograma da investigação
criminal. Ela, na verdade, teve início no ano de 2007, através de representação feita por
vitimas do empreendimento Torres da Mooca. E na sequência foi instaurado inquérito
policial junto ao 1º Distrito Policial da Capital. Esse inquérito foi distribuído entre os
120 promotores criminais da Capital e eu, obviamente, como Promotor de Justiça
natural, funciono desde então no aludido inquérito policial.
Esse inquérito policial hoje, Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Deputados, senhoras
e senhores, possui já 27 volumes, 68 anexos e agora também sendo apensado outro
inquérito policial que foi instaurado “a posteriori”. Inclusive, nesse inquérito policial
alguns dos investigados já foram ouvidos a respeito dos fatos, dentre os quais o Sr. João
Vaccari Neto.
Nós temos também algumas considerações a respeito da complexidade das
investigações. Quando aqui estive, em maio de 2008, s.m.j., perante a Comissão de
Defesa do Consumidor desta Casa, para relatar alguns fatos tratados na investigação
criminal, lá já se dava publicidade de vários desvios, várias fraudes praticadas por
dirigentes e ex-dirigentes da Cooperativa Habitacional dos Bancários. E não fui eu que
disse, mas, obviamente, analisando depoimentos que foram colhidos ao longo dessa
investigação criminal, que várias pessoas apontaram uma série de irregularidades que já,
já serão declinadas aqui, uma a uma.
Como membro do Ministério Público, nós, a partir de um requerimento feito ao
Poder Judiciário desta Capital, ao Departamento de Inquéritos Policiais, em março de
2010, pedindo a complementação da quebra de sigilo bancário e fiscal envolvendo,
nesse caso, dois dirigentes e ex-dirigentes: o Sr. João Vaccari Neto e a Sra. Ana Maria
Érnica, o Juiz não indeferiu o pedido; apenas pediu a complementação das informações.
Diante dessas circunstâncias e diante da complexidade, até porque foram
examinados ao longo dessa investigação pelo menos oito mil cheques, microfilmes de
cheques, milhares de transferências, extratos bancários, balanços contábeis, fiscais,
notas fiscais emitidas por fornecedores, enfim, diante do requerimento feito pelo Juiz
Corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais, muito embora entendesse que era
absolutamente dispensável a complementação, nós solicitamos ao Laboratório de
Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Estado de São Paulo,
que fizesse um exame mais aprofundado.
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punibilidade pela mortes dos agentes que faleceram no dia 12 de novembro de 2004, do
Sr. Luis Eduardo Saeger Malheiro, Alessandro Robson Bernardino e Marcelo Rinaldo.
No nosso pedido, da cota de oferecimento de denúncia, é claro que agora o Juiz
da vara poderá examinar o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal do Sr. João
Vaccari Neto e da dona Ana Maria Érnica, bem como também um requerimento que fiz
no sentido de ser aplicado o art. 4º da Lei nº 9613/98, que é a Lei de Lavagem de
Capitais, para que se proceda ao arresto ou seqüestro e apreensão dos bens daqueles que
participaram do esquema criminoso inerente à lavagem de capitais.
Então, Excelência, eu peço licença, tendo em vista que o processo é público a
partir de agora, obviamente ressalvadas as questões inerentes ao sigilo bancário e fiscal,
que permanecem sob sigilo, eu vou aqui narrar o que foi apurado pelo Ministério
Público, de 2007 até a presente data.
Então hoje, a partir de hoje não mais acompanhando a investigação criminal e
sim como Promotor de Justiça Criminal, natural da 5ª Vara Criminal, nós estamos
acompanhando a partir de agora a ação penal proposta em juízo.
Muito bem. Do crime de quadrilha ou bando, nós aqui relatamos como funciona
a estrutura e funcionamento da BANCOOP. A BANCOOP foi constituída em 1996 e
tinha em seu estatuto, como objetivo, proporcionar aos seus associados construção e
aquisição de unidades habitacionais sem almejar qualquer finalidade lucrativa,
conforme estatuto juntado nos autos.
A Cooperativa Habitacional dos Bancários deveria se sujeitar ao art. 29, § 4º, da
Lei do Cooperativismo. Todavia não foi o que se verificou na BANCOOP. Estou lendo
aqui termos constantes da nossa denuncio oferecida em juízo.
Então, esta BANCOOP, na verdade, acabou; todavia, não foi o que se verificou
na Cooperativa, uma vez que foram constituídas empresas para prestar serviços
exclusivos para aquela instituição, sendo que as referidas empresas particulares
pertenciam a dirigentes e pessoas vinculadas à Cooperativa Habitacional, desviando
recursos dos cooperados.
Os denunciados, na qualidade de diretores da Cooperativa, acobertando a
existência de esquemas criminosos, realizando assembleias gerais ordinárias e
extraordinárias fraudulentas, aprovando as contas da instituição, fraudando dados,
manipulando balanços e movimentações financeiras e contábeis, alguns dos
denunciados participando de sociedades comerciais ou como prestadores de serviços,
transformaram-na em negócio lucrativo, utilizando os benefícios da lei para lesar
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inclusive narrada pelo Sr. Walter Amaro da Silva, subempreiteiro contratado, que
inclusive repassou os cheques e esses cheques... Repassou valores ao senhor Hélio
Malheiro.
Da confecção, hoje, do segundo laudo, que foi entregue na data de ontem ao
Ministério Público, nós pudemos constatar várias movimentações financeiras do Sr.
Hélio Malheiro para a BANCOOP, repercutindo exatamente a veracidade das suas
informações a respeito do dinheiro de caixa dois, corroborado para a BANCOOP e para
outros negócios escusos, inclusive campanhas político-partidárias, no valor aproximado
de 120 mil reais.
A organização criminosa ainda teve o cuidado de transformar a Germany, que
era uma pequena empresa, numa empresa de médio ou grande porte, isso em 24 de julho
de 2003.
Para dar continuidade a esses negócios criminosos, nós observamos o seguinte.
Segundo levantamento feito pelo Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de
Dinheiro, através dos integrantes da quadrilha que dirigiam a BANCOOP, a Germany, a
Germany recebeu, aproximadamente, em valores não totalizados, mas aproximados, em
respeito ao sigilo bancário, de mais de 80 milhões de reais. A Germany, todavia,
movimentou nas suas contas não mais do que 35 milhões de reais entre débitos e
créditos, aí resultando, portanto, um valor injustificado de caixa dois em que a Germany
recebeu um valor aproximado de quase 50 milhões de reais.
E mais. O Sr. Ricardo Luis do Carmo disse, afirmou, e nós pudemos constatar a
partir dos extratos de movimentações financeiras, que efetivamente era cobrada uma
taxa de superfaturamento dos trabalhos da Germany em 18 milhões de reais.
Além da Germany, temos a empresa Mizu Gerenciamento e Serviços, uma
empresa criada no centro de Poá, aonde, na verdade, era um endereço fantasma, onde
morava uma família, isso devidamente constatado por depoimentos; e segundo o
depoimento de um dos sócios da Mirante e ex-funcionário da Mizu, Sr. Fábio Luis
Silveira, que foi ouvido pelo Ministério Público, que disse que a Mizu Gerenciamento e
Serviços não tinha um objeto social claro e trabalhavam todos, a Mizu funcionava no
quinto andar da Rua Líbero Badaró, onde é a sede da BANCOOP. Isso, inclusive,
colocado pelo Sr. Fábio Luis Silveira, mas também pela Sra. Camila de Jesus Ribeiro,
que inclusive recebeu vários cheques que eram nominais a ela e ela, assim como o Sr.
Sérgio Luis Marcelino, eram obrigados a sacar esses valores e entregar nas mãos dos
diretores da BANCOOP.
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Tudo isso, obviamente, à luz do que nós observamos que a Mizu, muito embora
fosse uma empresa de gerenciamento e serviços, não tinha um objeto claro e não
prestava nenhum serviço para a BANCOOP, sangrou os cofres da BANCOOP, no ano
de 2002, em 500 e poucos mil reais, sendo que nesse período, em assembleia geral, foi
apurado um resultado líquido negativo da BANCOOP de mais de 600 mil reais, ou seja,
talvez o dinheiro da própria Mizu tivesse servido como justificativa. Claro que aqui se
trata de uma operação fraudulenta de estelionato em formação de quadrilha ou bando, e
depois, pelas movimentações financeiras e pelas condutas dos acusados, em efetiva
apuração de lavagem de capitais.
A Mizu Gerenciamento, segundo Fábio Luis Silveira, estabeleceu que é possível
detectar nos extratos internos da Mizu, que não estão sob sigilo e que vieram a público
em maio de 2008, que foi observado que é possível detectar vários lançamentos nesse
relatório interno com a rubrica Doação PT, porém tais lançamentos correspondem a
cheques nominais à BANCOOP, totalizando o valor de 40 e poucos mil reais para
aludido partido político, segundo Fábio Luis Silveira.
Inclusive nos autos, às folhas 3555 do volume 17 e também no apenso 9, nós
podemos verificar vários cheques com essa rubrica, destinados à BANCOOP, e quando,
na verdade, os relatos e extratos internos diziam que esses valores eram destinados a
outra finalidade, uma finalidade político-partidária.
Com relação a essa informação, obviamente que faz parte da fraude inerente ao
estelionato praticado contra as vítimas, nós pedimos à época que fosse encaminhado à
Procuradoria Geral Eleitoral para que tomasse as providências com relação a eventuais
crimes eleitorais.
Da mesma forma, o Sr. Sidney de Jesus, que era motorista da BANCOOP,
recebeu a quantia superior a 60 mil reais da Mizu e de outras empresas coligadas, sendo
que ele tinha um salário de 900 reais mensais. Esse senhor, Sidney de Jesus, que era
motorista da BANCOOP, não era cooperado e pertencia ao Conselho Fiscal da
BANCOOP; era ele que analisava os balanços e as contas a serem aprovadas em
assembleias pelo Sr. João Vaccari Neto, pela Sra. Ana Maria Érnica e tantos outros,
inclusive o Sr. Tomás Edson Botelho Fraga.
Nós temos também a empresa Mirante Artefatos de Concreto. Estou aqui,
rapidamente, porque são muitos detalhes, comprovados, detalhes que determinam a
possibilidade do oferecimento da denúncia, como o fiz nesta data, e a partir de hoje,
inclusive, eu quero dizer aos senhores da imprensa que à tarde será repassada uma nota
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à imprensa a respeito dessa denúncia, em respeito à Casa aqui, que não é o local de dar
esses esclarecimentos, mas, sim, aos Srs. Deputados, e a partir daí eu só vou me
manifestar nos autos do processo.
A empresa Mirante Artefatos de Concreto foi criada em sucessão à Mizu, que
era uma empresa fantasma, e tinha como principal finalidade a fabricação de blocos de
concreto. Esses blocos, segundo Ricardo Luis do Carmo, segundo Hélio Malheiro e
segundo Danilo Manuel Antunes, que era engenheiro da BANCOOP e funcionário da
BANCOOP, cooperado da BANCOOP, e durante o período em que era empregado da
BANCOOP figurou como conselheiro fiscal juntamente com sua esposa, disse que esses
blocos, todos eles disseram que esses blocos eram de baixíssima qualidade, obrigando a
BANCOOP a comprar outros blocos e os blocos utilizados para serviços secundários.
A Mirante recebeu, no período em que prestou serviços para a BANCOOP,
aproximadamente quatro milhões de reais, sendo que da movimentação feita pela
Mirante, Mizu, observadas pelo Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de
Dinheiro, tanto no laudo que foi entregue no dia 3 de setembro, quanto no laudo que foi
entregue na data de ontem, 18 de setembro, foi possível observar que existe uma
diferença de pelo menos dois milhões a mais recebidos pela Mirante nas suas
movimentações.
Também foram criadas várias empresas por pessoas ligadas à BANCOOP, como
por exemplo, a BAN Administradora de Condomínios, aonde tinha o principal objetivo
de manter sob vigilância os cooperados que recebiam seus imóveis sem escritura, sem
Habite-se e sem condições de regularidade quanto à propriedade, e obviamente, diante
dessas circunstâncias, não podiam inclusive ter o seu estatuto ou o seu regimento de
condomínio. Essa BAN Administradora recebeu da BANCOOP, fora o que ela recebeu
dos cooperados, a quantia superior a 800 mil reais.
Foi criada também uma empresa sucessora da BAN chamada Conservix, que
tinha como principal objetivo cuidar de portaria e de segurança dos prédios. Recebeu
mais de 300 mil reais.
Foi criada, visando à sucessão e o controle dos senhores cooperados, a empresa
Vitta, que foi, obviamente, teve seu arquivo de seu estatuto e figuravam como sócias a
Dra. Letícia Achur Antonio e também a senhora Henir Rodrigues de Oliveira.
Nós verificamos também algo que foi imperioso para o desvio de valores
fraudulentos da BANCOOP e que era de conhecimento de todos os denunciados. O
próprio Ricardo Luis do Carmo, em depoimento prestado ao Ministério Público, disse
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que Tomás, assim como outros, tinha como principal função escolher terrenos para os
empreendimentos da Cooperativa e contrataram os serviços da empresa Della Libera
Consultoria S/C, do Sr. Carlos Roberto Della Libera e de seu filho.
Marcelo Baker, outra testemunha ouvida, e cooperado do Recanto das
Orquídeas, afirmou ao Ministério Público que essa empresa cobrava valores
elevadíssimos da BANCOOP para a escolha de terrenos, sem qualquer critério técnico.
Bom, nós então procedemos na nossa investigação à verificação de escrituras,
coisa que qualquer um presente poderia fazê-lo, e verificamos que o Livro de Registro
nº 2 do Terceiro Cartório de Registro de Imóveis do Estado de São Paulo, Matrícula nº
68.779, referente a um terreno localizado no Horto Florestal, foi vendido em 12 de julho
de 2001 pela empresa Fator Empreendimentos para o Sr. Carlos Roberto Della Libera
Filho, pelo valor de 221 mil reais. No dia 1º de outubro de 2002, a BANCOOP assinou
um termo de compra desse terreno por um milhão, setecentos e cinquenta mil reais.
Dados que não são sigilosos, que estão nas escrituras e obviamente demonstram a
cooptação de empresas, de pessoas interessadas, de terceiros fornecedores com relação a
essa situação.
E mais. Nós ouvimos a Sra. Patrícia Policastro Nascimento, que trabalhou no
setor de custos de empreendimentos da Cooperativa. Ela trabalhou lá durante dois anos
e depois que saiu da BANCOOP ela foi concluir seu curso de engenharia civil e
apresentou um termo de conclusão de curso na Universidade Anhembi-Morumbi sob o
tema Planejamento Estratégico em Cooperativas Habitacionais, exatamente para
discutir, para criticar, e ela em mais de 70 laudas, esse material já está inclusive à
disposição da CPI há bastante tempo, ela coloca todos os entraves administrativos, ou as
malversações administrativas de todo o grupo.
Nós temos também o depoimento de dona Maria Angélica Covelo Silva, que foi
contratada pela BANCOOP supostamente para dar uma regularidade nos setores
administrativos. Essa senhora permaneceu durante alguns meses na BANCOOP e não
conseguiu sequer dar continuidade a um procedimento de boa administração da
BANCOOP.
Nós temos também a prestação de serviços de segurança para a BANCOOP.
Isso, por conta do que disse Andy Roberto Gurczynska, que disse também o Sr. Freud
Godoy em depoimento prestado a esta CPI, conforme depoimentos que nós temos,
assim como também depoimentos prestados que demonstram o seguinte. Na época em
que o Sr. Andy, a sua empresa foi contratada, eles receberam um montante de
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aproximadamente 400 mil reais. Quando o Sr. Freud Godoy, que na verdade a empresa
sequer é dele, pertence à mulher e outra pessoa, quando a Caso Sistemas de Segurança
foi contratada, a BANCOOP pagou mais um milhão e quinhentos mil reais para prestar
serviços de segurança desarmada, para cuidar de canteiros de obras abandonados,
porque a partir de fevereiro de 2005 poucas eram as obras em andamento e quase
nenhum desses canteiros tinha qualquer tipo de relevância patrimonial, segundo
informações prestadas por várias pessoas em depoimentos ao Ministério Público.
Nesse período, inclusive, a BANCOOP era dirigida por João Vaccari Neto e pela
denunciada Ana Maria Érnica, e em 2005 já apresentava um déficit superior a 70
milhões, segundo os próprios relatórios que se tem e balanços apresentados
publicamente. E obviamente que diante de tantas obras paralisadas, empreendimentos
em descontinuidade ou não continuados, segundo eles, foi possível pagar a quantia
milionária de um milhão e quinhentos mil reais para uma empresa de segurança.
Nós temos também a movimentação financeira criminosa da BANCOOP, que é
objeto também de investigação pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Nós, a partir de depoimentos prestados no Ministério Público, podemos constatar que há
também irregularidades e fraudes praticadas no levantamento de Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço, que foram malversados ou com destinação diversa daquela que
deveria ser com relação aos cooperados. Quem diz isso é o Sr. Ronaldo William de
Oliveira, que em 2002 foi chamado a uma reunião com o Presidente da BANCOOP, o
falecido Luis Malheiro, e com a denunciada Letícia, e começaram a agilizar
procedimentos para liberação de Fundo de Garantia, valores esses, superiores a dois
milhões de reais.
Em meados de março de 2003, com a liberação desses valores e de outros
valores, a quadrilha resolveu encerrar as contas correntes individuais das seccionais. Ou
seja, para cada seccional ou para cada empreendimento existia uma conta corrente com
o seu respectivo lançamento de débitos e créditos. Essas contas, propositalmente, foram
encerradas e foram abertas outras contas, sendo uma delas a chamada conta “pool”, no
Bradesco, e depois sucedida por outra conta “pool” do Bradesco, de outra agência, num
outro período, em que foi movimentado, nessas duas contas, mais de 700 milhões de
reais.
Nessas contas nós pudemos observar que existiram inúmeras situações que
levam, por exemplo, ao relatório do Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de
Dinheiro, que vários recursos foram desviados através de saques na boca do caixa, ou
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através dessa prática criminosa. E há um dado bastante interessante, que foi investigado
pelo Ministério Público na checagem dos cheques, dos microfilmes, dois cheques num
valor superior a 100 mil reais, os dois cheques de 50 mil reais e pouco cada um, um em
outubro de 2004 e outro em janeiro de 2005.
O primeiro cheque foi assinado pelo falecido Malheiro e pelo denunciado Tomás
Botelho Fraga, e endossado pelo Sr. Malheiro, ou seja, endosso em branco. E esse
cheque foi depositado em uma determinada conta. Da mesma forma, em janeiro de
2005, um cheque assinado por Vaccari e pelo Sr. Tomás Edson, num valor também
aproximado de 50 mil reais, endossado pelo Sr. João Vaccari Neto. Esse cheque caiu na
mesma conta do cheque anterior.
Fomos verificar a conta. A conta pertence ao Hotel Grand Hyatt de São Paulo,
aproximadamente 100 mil reais, e obviamente requisitamos as informações para saber a
que se destinava. Podia ser até uma assembleia, podia ser um evento da BANCOOP, um
lugar bastante adequado para se fazer uma assembleia dos cooperados, que são todas
pessoas que merecem todo o luxo e conforto, que não receberam da BANCOOP, e de
repente nós recebemos a seguinte informação do hotel: que se tratava, tanto o primeiro
cheque, quanto o segundo cheque, para reservas e pagamento de estadias para o Grande
Prêmio de Fórmula-1 de 2004 e o Grande Prêmio de Fórmula-1 de 2005.
A fim de evitar qualquer confusão, até porque a confusão negocial que se
estabeleceu na BANCOOP era de grande monta, poderia ser possível que esses cheques
pertencessem, eventualmente, à pessoa que reservou ou que pagou o hotel, que é uma
empresa. Nós entramos em contato com essa pessoa responsável pela empresa, ela é
uma pessoa que cuida inclusive do circuito internacional de Fórmula-1, ela arregimenta
pessoas para assistirem as corridas de Fórmula-1 nos paddocks, cujo ingresso é,
segundo ela, foi até a título de curiosidade, chega a mais de oito mil reais por pessoa, e
que esses valores, segundo essa pessoa, ela já está inclusive arrolada na denúncia para
prestar esclarecimentos ao juízo, que podem servir não só para estadia como também,
na época, para translado de helicóptero do Hotel Grand Hyatt para o Grande Prêmio de
Fórmula-1 em Interlagos.
Nós, obviamente, tomamos o cuidado de perguntar a essa senhora se ela tinha
algum negócio com a BANCOOP, porque durante o período investigado verificamos
vários cheques, inclusive para pessoas conhecidas do grande público, políticos etc., que
receberam valores estornados porque não quiseram mais participar da Cooperativa. Isso
é perfeitamente plausível e nós verificamos várias pessoas nessas circunstâncias. E
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perguntei, então, a essa senhora se ela tinha algum apartamento, ou se ela tinha vendido,
de repente poderia ter vendido um terreno superfaturado, a exemplo dos outros que nós
verificamos aqui, e na verdade foi observado que ela desconhece por completo e não
sabia dizer quem seriam as pessoas que a contrataram. Mas essa medida me parece que
é necessária e essencial e agora, no curso da ação penal, para que o hotel responda quem
são as pessoas hospedadas.
Para nós, a importância que tem, tecnicamente, é que o dinheiro foi desviado, e é
um exemplo muito claro de como funcionava o esquema criminoso dentro da
BANCOOP, com esses milhares de lançamentos que eram feitos.
Aliás, nesse período, João Vaccari Neto, Ana Maria Érnica e os demais
denunciados acabaram aprovando as contas de 2004 e 2005, e sendo que nesse período,
segundo depoimento da própria Ana Maria Érnica a esta CPI, e esclarecimentos
prestados, que estão juntados nos autos, porque é oficial, a oitiva do Sr. João Vaccari
Neto na CPI das ONGs e na Comissão Mista da Câmara dos Deputados, e esses
depoimentos estão constantes dos autos e fazem parte do período pré-processual e
absolutamente válidos. E nesse período já apresentava um endividamento aproximado
de 70 milhões de reais.
Então, o que alegam os denunciados é que os recursos para, que a falta de
recursos para a conclusão dos empreendimentos ocorreu por conta da suposta falta de
planejamento e previsão de gastos, ou pela necessidade de pagamento de valores
residuais por parte dos cooperados. A verdade é outra, pois a falta de recursos da
BANCOOP se deve única e exclusivamente aos desvios fraudulentos praticados pelos
denunciados, que formaram uma verdadeira organização criminosa, prejudicando
milhares de cooperados.
Na sequência, na nossa denúncia, nós narramos todos os prejuízos sofridos por
empreendimento, sendo que a cobrança indevida desses aportes, segundo a
demonstração, inclusive pelos depoimentos colhidos, documentos juntados nos autos,
representam crimes de tentativa de estelionato, no período compreendido entre o ano,
mais ou menos, de 1999 a 2008, dependendo do empreendimento.
Aliás, foram denunciados por esses crimes, e aqui vai o número exato das vezes
em que essas pessoas estão incursas no crime de estelionato tentado e estelionato
consumado: estelionato consumado, 1133 vezes; estelionato tentado, 2362 vezes;
obviamente isso de acordo com as regras de concurso material, formal e crime
continuado, e para a questão de dosimetria penal, obviamente que não serão condenados
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à prisão, o que daria prisão perpétua. Obviamente que há regras técnicas jurídicas para
estabelecer, mas é necessário que na denúncia nós esclareçamos quais foram as vítimas,
porque cada vítima, cada apartamento, cada unidade habitacional houve uma espécie de
negociação de contrato, houve, obviamente, as suas peculiaridades, e portanto isso está
representado em nossa denúncia.
Além dos empreendimentos, nós verificamos o seguinte. No afã de cobrir os
rombos inerentes a essas construções todas, foi feita uma espécie de tentativa de
cobrança, que é apenas mencionada, para outros empreendimentos, e esses
empreendimentos, que são vários, representam mais 2096 pessoas que foram cobradas
indevidamente e à época o valor cobrado para cobrir os rombos da BANCOOP chegava
a aproximadamente 23 milhões, 994 mil reais. Esses dados não são sigilosos e constam,
obviamente, nas Atas e nos documentos apresentados pelas testemunhas e vítimas.
Além disso, nós observamos que no período investigado foi possível determinar,
entre prejuízos e desvios, o valor aproximado de 170 milhões de reais. Ou seja, a
BANCOOP hoje é deficitária em 165 milhões de reais, segundo o último balanço
apresentado por seus dirigentes, e na verdade ela representa exatamente, ou
praticamente, o rombo e os desvios praticados, seja pelo desvio dos cheques nominais,
saque na boca do caixa, através utilização de empresa fantasma, através do
superfaturamento e utilização de caixa dois da empresa Germany e assim por diante.
Os crimes de lavagem de capitais ficaram devidamente estabelecidos por conta
do seguinte. Essa dinâmica, que é muito bem explicitada aqui na denúncia, sobre o
desvio, a dissimulação e a ocultação da movimentação, destinação e origem dos
recursos se deu exatamente com o enceramento das contas das seccionais da
BANCOOP e abertura de uma conta “pool”, impossibilitando que qualquer um dos
cooperados pudesse ter acesso efetivo à movimentação financeira ocorrida.
Nós verificamos que a concentração de recursos captados pela BANCOOP
foram sistematicamente desviados em um montante aproximado de quase 70 milhões de
reais e também determinou um desvio, um prejuízo, melhor dizendo, de mais de 100
milhões de reais pelas unidades não construídas, pelas unidades não acabadas, pelos
valores de mercado à época em que os imóveis foram lançados.
E mais. Nós aqui não computamos os valores inerentes aos aportes financeiros,
porque muitas das associações, e aqui quero deixar registrado de público que todas as
associações adquirentes e vítimas da BANCOOP, a partir, se o Juiz assim entender, a
partir do momento que venha a receber a denúncia formalmente, os senhores podem
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ingressar nos autos do processo-crime como assistentes da acusação, para levar essas
informações espúrias, essas informações escandalosas, esdruxulamente escancaradas,
sob a égide dessa organização criminosa, para que os juízes cíveis tenham
conhecimento, porque há uma grande distinção, e eu ouvi muita bobagem de advogado
que não conhece nada de Código de Processo Penal, inclusive me ofendendo
publicamente, pessoas que na verdade precisariam voltar aos bancos acadêmicos para
entender um pouquinho mais do Código de Processo Penal e a legislação penal, que não
se confunde a investigação civil da investigação criminal.
Muitos me cobraram, inclusive cooperados, para que eu criticasse um Termo de
Ajustamento de Conduta com a esfera cível da Promotoria do Consumidor. Quero dizer
que são objetos absolutamente distintos e obviamente repercute de maneira
absolutamente distinta cada um na sua esfera de atribuição.
E mais. Posso aqui assegurar aos senhores, posso aqui assegurar aos senhores,
que esta investigação jamais foi sonhada, jamais foi pensada ou imaginada por algum
Promotor de Justiça do Consumidor, porque eles não tiveram acesso a esses dados. Ao
contrário, tiveram acesso aos balanços forjados, às contas manipuladas, aos extratos
sem qualquer controle financeiro.
Aliás, nesse sentido nós observamos que existe, são muitas coisas, mas a gente
vai destacando o mais importante. A BANCOOP, só para os senhores entenderem o que
estou dizendo aqui, há um crime de falsidade ideológica que salta aos olhos e que faz
parte da investigação, para que eu possa explicar melhor a lavagem de dinheiro. Vejam
só os senhores. O Sr. Tomás Botelho Fraga, junto com a Sra. Letícia Achur Antonio,
fizeram inserir declaração falsa consistente na elaboração do instrumento particular de
substituição de dação em pagamento por pagamento em dinheiro e quitação de crédito
hipotecário tendo como credor hipotecário um Sr. Pedro Fuchter e sua esposa, e tendo,
obviamente, como devedora, a BANCOOP, representada por Tomás, sendo que esse
contrato falso foi confeccionado por Letícia Achur Antonio. E obviamente com a
participação de Ana Maria Érnica, de João Vaccari Neto e dos outros falecidos.
O que aconteceu? Esses documentos me foram apresentados pelos Sr. Fábio
Luis Silveira, que foi sócio da Mirante e que trabalhou na Mizu. Segundo ele, inclusive
esses documentos já tinham sido trazidos pelo jornalista Sandro Barbosa, em 2008, mas
não havia... Com a existência dos documentos nós não sabíamos exatamente do que se
tratava. Então, o que aconteceu? O Sr. Fábio Luis Silveira explicou.
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Foi feito um contrato entre a BANCOOP e esse cedente, porque ele vendeu um
terreno para a BANCOOP e não quis ficar com os apartamentos que lhe foram
oferecidos e resolveu então negociar com a BANCOOP, que recomprou os
apartamentos. Esse é o contrato. Mas o contrato real revela outra situação. Na verdade,
foi feito um contrato de gaveta entre o Sr. Pedro Fuchter e a BANCOOP e que
funcionava da seguinte forma, inclusive narrado por quem assina os cheques, a gerente
administrativa da BANCOOP à época, a Sra. Rosilene Cristina dos Santos Flausino,
ouvida pelo Ministério Público e obviamente que constatou esta fraude, que era a
seguinte.
A cessão hipotecária, por força do falso instrumento particular assinado pela
BANCOOP, com assessoria da Dra. Letícia, estabeleceu lançamento na contabilidade
oficial da BANCOOP da recompra dos aludidos apartamentos, como se fosse a
BANCOOP que estivesse comprando os 16 apartamentos. E esses imóveis foram
colocados à venda juntamente com os outros imóveis do empreendimento Veredas do
Carmo, observando que 43,59% desses 16 apartamentos e garagens pertenciam a
Malheiro e à Mizu.
Ora, nessas circunstâncias, o que nós observamos é que foi colocado na
contabilidade oficial da BANCOOP como se os apartamentos todos fossem dela. Esses
apartamentos foram vendidos, foi feito o lançamento no balanço e aprovação de contas
por parte da BANCOOP, e na verdade esses 43 vírgula “x” por cento acabaram,
obviamente, sendo desviados pelas condutas criminosas já noticiadas. Cheque sacado na
boca do caixa, cheque nominal à BANCOOP da própria BANCOOP, cheques nominais
à instituição Bradesco e assim por diante.
Então, só para encerrar, Sr. Presidente, com relação à lavagem de dinheiro, que
nós observamos nessas investigações que tiveram, infelizmente, um período de
interrupção, em maio de 2008 eu depus aqui nesta Casa a respeito das investigações, já
dizia o que digo hoje, não retiro nenhuma palavra, em absoluto, até mesmo como titular
da Ação Penal, acusador neste caso junto à 5ª Vara Criminal, todos os fatos, inclusive
noticiados pela imprensa, e é bom que se diga, os cooperados desesperados procuraram
muitas e muitas vezes a imprensa e depois, através da imprensa, nós tivemos
conhecimento de muitos desses depoimentos. Foi exatamente a ordem inversa, e
obviamente, os fatos foram noticiados, como devem ser, com transparência, porque a
Cooperativa deveria, em tese, pertencer aos milhares de cooperados, mas na verdade
serviu a um pequeno grupo criminoso.
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Nós temos também algo que é importante destacar aqui, Excelências, com
relação ao “modus operandi” da BANCOOP. Nós ouvimos os Srs. Ronaldo William de
Oliveira, Sr. Flávio Fernandes, Sra. Rosilene Cristina dos Santos Flausino e outras
pessoas que narraram o seguinte. As assembleias gerais, inclusive a que escolheu para
presidente da BANCOOP, em 2005, o Sr. João Vaccari Neto e a diretora administrativa
financeira Ana Maria Érnica, as assinaturas foram colhidas depois, ou antes, sem a
presença das pessoas que assinaram, dentre os quais, inúmeros, entre aspas,
funcionários cooperados, que sequer tinham conhecimento do que era discutido em
assembleia. Então, era colhido, e isso foi devidamente certificado e isso está constando
da denúncia.
Nós temos também uma situação muito grave com relação ao Conselho Fiscal. O
Conselho Fiscal não fiscalizava absolutamente nada e nem por isso nós denunciamos os
conselheiros, até porque eles, na verdade, não foi possível determinar que agiram de
forma dolosa. É o depoimento de Danilo Manuel Antunes, é o depoimento de Adriana
Lage Correia, é o depoimento prestado por Sidnei de Jesus e outras pessoas, inclusive
da própria Rosilene Santos Flausino, que era gerente administrativa, outras pessoas que
trabalharam em outros setores da BANCOOP, que relataram que eram manipulados os
dados. Esses dados eram apresentados “a posteriori”, em 24 horas para os conselheiros
fiscais, que não tinham acesso a qualquer tipo de movimentação financeira, contratação
etc. E submetida à aprovação, a organização criminosa conseguia aprovar as suas
contas.
E mais. Já estou encerrando, Excelência, desculpem aqui, mas são muitas as
vertentes da investigação.
tratamos. Não houve da minha parte qualquer interesse político, qualquer interesse
pessoal, qualquer interesse que não fosse apuração do que nós denominamos verdade
real. Aqui nós defendemos a sociedade.
Em especial, muito nos comoveu - na qualidade de operadores do direito –
verificar que as pessoas pagaram por suas casas e pagaram por seus apartamentos,
pagaram para a obtenção do sonho da casa própria, e hoje vivem um verdadeiro
pesadelo.
Quero também dizer, e repetir mais uma vez aos senhores cooperados que
participam das Associações de Adquirentes e Vítimas da BANCOOP, não há a menor
possibilidade, pelo que nós verificamos nas contas da própria BANCOOP e de alguns
dos investigados, a possibilidade de recuperação desse prejuízo, pelo menos a nosso ver.
E mais, não é na esfera criminal que nós vamos cuidar dessas questões. Aqui na
esfera criminal o nosso único objetivo é, de acordo com a individualização das
condutas, verificar se esses denunciados devem ser ou não condenados. O oferecimento
da denúncia não quer dizer um pré-julgamento. O oferecimento da denúncia quer dizer
que existem indícios de autoria e materialidade suficiente, independentemente da pessoa
que está sendo investigada, ora denunciada. Seja ela pertencente a partido político A, B,
C ou D.
Aliás, quando vim aqui em maio de 2008, na sequência nós fizemos uma
investigação enorme que envolveu a denominada Máfia dos Fiscais 2. Naquela época eu
fui acusado de petista. Na CPI da Favela Naval, quando foi dada a possibilidade de
extinguir a Polícia Militar, eu fui acusado de petista. Quando fiz a investigação da
Máfia dos Fiscais, ao lado de José Eduardo Martins Cardozo, eu fui acusado...
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
Para que vocês tenham uma ideia, o inquérito policial, ele na verdade foi
encaminhado...
pediu que fosse encaminhada cópia integral do inquérito civil para apuração, lá naquela
época já, apuração de crime de formação de quadrilha ou bando, independentemente das
providências cíveis adotadas. Foi nesse sentido.
2362 pessoas, ou cooperados, que não cooptaram pela adesão a esse pagamento
indevido, que obviamente estava sendo cobrado para tentar acobertar, ou para jogar nas
costas dos próprios cooperados a responsabilidade pelo gasto ou pelos desvios sofridos.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Cento e vinte mil pela Mizu, obviamente
também um cheque, isso já é de conhecimento público, inclusive está registrado no
Tribunal Regional Eleitoral, que a Germany doou para o PT.
É bom que se diga também que àquela época o Sr. Luis Malheiro era candidato a
Vice-Prefeito da Cidade de Praia Grande. Então, a doação feita ao partido era uma
doação absolutamente legal. Nós não podemos responsabilizar o Partido dos
Trabalhadores pelo recebimento de um cheque nominal. O problema não está no cheque
nominal ao PT. Poderia ser para qualquer outro partido. O problema está na formulação
interna para destinar esse valor para aquela campanha eleitoral.
O que nós temos de concreto são esses lançamentos e, obviamente, os
depoimentos prestados por várias pessoas – Hélio Malheiro, Fábio Luis Silveira, enfim,
e tantos outros, os senhores terão acesso a todos esses depoimentos, em que eles narram,
peremptoriamente, que a BANCOOP foi usada para fins escusos, seja para enriquecer
os seus diretores, seja para fomentar campanhas políticas eleitorais. Não sou eu que
estou dizendo.
Obviamente que o dado concreto. O que eu fiz? Na medida em que eles diziam,
afirmavam alguma coisa referente à doação de campanha ou alguma irregularidade
eleitoral, foram encaminhados, naquela época, e agora nós vamos complementar,
porque chegaram os laudos que podem dar alguma justificativa melhor. Então, à medida
que a gente recebia essas informações ou depoimentos, eram encaminhados à
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2004 e tinha movimentação financeira até 2008 das suas contas. Não sei como. Está ali.
Não sou eu que estou dizendo, é o laudo que diz.
(Manifestação na galeria)
* * *
* * *
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Veja. Existe inclusive em nossa denúncia aqui
devidamente estabelecida prejuízo de 100 milhões; desvios de, aproximadamente, 70
milhões. Totalizando, obviamente, 100 milhões de prejuízo mais desvio de 70,
obviamente é um número sempre aproximado. Não há a menor possibilidade. Aliás, a
primeira denúncia de lavagem de dinheiro que foi oferecida no Brasil foi oferecida por
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nós, à época. E, de lá para cá, pouca coisa mudou, no seguinte sentido: é impossível
rastrear absolutamente tudo. A partir do momento que há uma, duas, três, quatro, cinco
ou 10 operações, esses valores acabam sendo diluídos e impossibilitam o investigador
de fazê-lo. Normalmente, o que nós fazemos é o seguinte: a investigação, e nesse caso
da BANCOOP é perfeitamente plausível e está indicada nos autos, com relação à
primeira fase dos desvios e à última fase representada efetivamente nos prejuízos e nos
desvios detectados e na falta ou na ausência das moradias e na ausência dos prédios não
edificados e dos problemas todos que foram detectados.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Sim. Eu vou explicar. Inclusive isso já foi
passado, os senhores já têm acesso a esses volumes todos que na última vez que nós
encaminhamos documentos em compartilhamento de informações.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Mas como faz parte da denúncia e a denúncia
traduz um processo público, obviamente não vou traduzir valor e número de cheque
etc., mas a gente pode dizer o seguinte. Que dois cheques nominais à BANCOOP, de
titularidade da BANCOOP endossados pelo Luís Malheiro, quando presidente, e pelo
senhor João Vaccari, quando presidente, foram depositados numa conta do Grand Hyatt
Hotel. O Grand Hyatt Hotel nos informou que uma determinada empresa teria efetuado
os pagamentos. Aliás, esses cheques fazem parte, integram um pagamento com outros
cheques de outras pessoas que a gente não tem acesso, exatamente para pagamento,
segundo o Grand Hyatt em ofício ao Ministério Público dizendo que esses valores
correspondem a reservas e pagamentos de estadias para os Grandes Prêmios de Fórmula
1 de 2004 e 2005. Não quer dizer que, eventualmente, surja alguém como titular desse
crédito e perfeitamente legítimo.
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Agora, por que isso foi destacado a exemplo de outras questões? Exatamente a
manipulação, a forma como as movimentações financeiras aconteciam impossibilitavam
qualquer tipo de controle por parte dos cooperados ou de quem quer que seja. Inclusive,
a própria auditoria contratada pela BANCOOP traduz essa impossibilidade de
verificação de contas, dados contábeis, financeiros e assim por diante. Está tudo na
denúncia.
devolução de recurso é muito pequena. Eu queria saber o que a gente pode deixar para
os cooperados com algum sinal de esperança.
acesso a quem é o credor? Primeiro por questões de juros, por questões obviamente da
captação, da transparência da captação e assim por diante.
Então, hoje, a única coisa que eu posso dizer aos senhores cooperados é que nós
vamos seguir na esfera penal, na individualização... Não é a BANCOOP que está no
banco dos réus, eventualmente, se for recebida a denúncia. São as pessoas que
participaram da direção ou de alguma forma interferiram na BANCOOP.
legal, o contraditório e a ampla defesa, apresentar a defesa preliminar e, quiçá, talvez até
mesmo a denúncia não seja recebida pelo Juiz criminal.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Ele foi ouvido. Eu não tenho, agora, o dado
precisamente. Mas foi depois de março, abril, maio. Nós fizemos o seguinte, deputado.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Este ano, por conta do quê? Eu vou lhe
esclarecer mais um assunto que eu acho que precisa ficar claro para todos.
Quando nós pedimos a quebra do sigilo, Deputado Mentor, chegou às nossas
mãos contas, e os senhores vão ter acesso a esses laudos. A hora que chegaram os
extratos ou as contas correntes movimentadas, chegou em papel, eram milhares e
milhares de lançamentos. A partir dali, isso já em meados de 2009. O cronograma
depois eu posso até mandar aos senhores, dos pedidos, a gente foi pedindo. Primeiro nós
pedimos a quebra. Chegaram informações a respeito não só da BANCOOP, dessas
empresas e de alguns diretores. A partir dali nós pedimos os extratos e as informações
para quê? Para poder começar fazer a seleção dos documentos investigados. Porque não
é possível numa investigação dessa natureza pegar um extrato, por exemplo, deputado,
de um lançamento de mil reais a 200 milhões. O que a gente faz normalmente? Esse é
um procedimento padrão. Selecionam-se os valores maiores, inclusive aqueles que
parecem ter mais pertinência. E depois, em dezembro de 2009, para o senhor ideia, a
Juíza deferiu a complementação da nossa quebra de sigilo com a remessa dos bancos
dos chamados microfilmes, porque quando a gente enxerga o extrato bancário só se tem
números, não se sabe a origem e o destino. Então, selecionado isso, e foi feito um
trabalho de aproximadamente um mês e meio, selecionados esses trabalhos, esses
cheques e esses lançamentos, isso só chegou ao Dipo, ao Departamento de Inquéritos
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registrado. Toda impressão que deu em todo o seu relato, Dr. José Carlos Blat, nos dá a
impressão absolutamente sincera de que esse relatório tem objeto político definido.
(Manifestação na galeria)
tem domínio dele. E isso nos dá aqui bastante argumento, Sr. Presidente, para voltar a
uma tese anterior, lá no início da CPI, que a Bancada do PT propôs da necessidade de
ouvir primeiro, de um dos primeiros a ser ouvido aqui seria o Promotor. E,
conjuntamente, até fizemos o requerimento em conjunto para ouvir, naquela ocasião, o
João Vaccari Neto, porque é onde poderia desdobrar em várias perguntas e indagações e
até a linha de investigação aqui por parte da CPI. Então, trazer o Promotor aos 47
minutos do segundo tempo do jogo com um arsenal de argumentos e documentos que só
ele tem domínio, onde nós temos apenas mais uma sessão da CPI, nós nos sentimos
extremamente prejudicados em poder indagá-lo, em poder discutir e até talvez solicitar
dele mais contribuição para a própria CPI. Então, diante disso, talvez seja apenas uma
coincidência, mas protocolar a ação dois minutos antes da instalação da penúltima
sessão da CPI, pode ser uma mera coincidência, mas também pode ser algo bastante
planejado.
Dentro dessa linha, ainda, é verdade que o Promotor tem a liberdade para
estender o período para investigação, de quando ele acha que iniciou até onde ele acha
que termina, mas me parece que carrega aqui muito a tonalidade da investigação a um
presidente hoje licenciado da BANCOOP que em todos os depoimentos que vieram
aqui nesta Casa talvez não isentaram, mas não teve nenhuma acusação forte,
contundente com provas em cima da pessoa do João Vaccari Neto. Pelo contrário. Pelo
menos é a minha interpretação.
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
que ele cometeu? E quais são as provas que o senhor tem para nos apresentar aqui nesta
CPI? As provas.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – O senhor quer que eu leia a denúncia de novo?
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Não. Não é opinião. Isso aqui não é opinião. É
uma acusação formal.
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Para nós quem tem a informar não são
os cooperados. Gostaria que o Doutor Blat...
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – São “n”. Aqui, se o senhor quiser, a gente fica
até...
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
83
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
de investigar as provas, como estão jogando para nós aqui, hoje. Olhem nos autos! Nós
não vamos olhar. Quem afirmou aqui é que tem de apresentar para nós, seja quem for.
Seja o Ministério Público, ou seja, qualquer pessoa da sociedade, que nós respeitamos a
todos de forma igual, pelo princípio da igualdade.
Mas, continuando aqui a leitura...
(Manifestação na galeria)
(Manifestação na galeria)
operação muito simples eles poderiam prover uma transferência desses dados para um
CD que nos daria acesso facilmente a essas informações. Inexplicavelmente, isso não
foi feito, apesar de nós estarmos já com três horas e quarenta e cinco minutos de CPI.
Coisas que, instantaneamente, seriam feitas a partir do primeiro requerimento que foi
apresentado nesta sessão da nossa CPI.
Segundo. Ao requerimento apresentado há instantes pelo Deputado Vanderlei
Siraque solicitando que, evidentemente, o depoimento do senhor José Carlos Blat fosse
sustentado em provas, nós ouvimos aqui durante uma hora e meia, não sei, por quanto
tempo, depoimento minucioso do Promotor José Carlos Blat e, ao final, solicitamos que
as suas afirmações fossem sustentadas em provas, provas preferencialmente
documentais. Porém esse requerimento do Deputado Vanderlei Siraque também foi
negado. Pedimos, por fim, que fosse individualizada a conduta criminosa daqueles que
foram aqui citados na denúncia pelo senhor José Carlos Blat, o que também não foi
feito. Não sei por que razões essas questões não foram atendidas, questões simples de
alguém que está, há quatro anos, debruçado sobre essa questão, sobre essa investigação;
não pôde mostrar as provas do que disse, não pôde nos oferecer uma cópia do relatório,
não pôde individualizar a conduta criminosa das pessoas que foram aqui acusadas.
Eu penso que o competente Promotor de Justiça nos deve, nos deve e muito,
porque a CPI, apesar de ter momentos diferenciados, ela tem um objetivo claro definido
que é a defesa do interesse da sociedade. E, neste momento, a defesa do interesse dos
cooperados. É isso que nós queremos fazer aqui, nós queremos encontrar solução. E
queremos punir, realmente, aqueles que cometeram irregularidades. Então, fica
devendo.
Nós estamos há meses, Promotor, aguardando este depoimento de hoje. Foi o
primeiro requerimento aprovado nesta Comissão Parlamentar de Inquérito, portanto, há
quase seis meses, senhor Presidente.
(Manifestação na galeria)
O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quem aqui foi atrás da documentação, foi
já estudando as provas a que ele se referiu hoje.
O SR. JOSÉ CARLOS BLAT – Eu peço desculpas de ter ido duas vezes ao
banheiro, mas é que eu estou tomando alguns remédios controlados por conta de um
tratamento de saúde e não consigo segurar. Por isso peço desculpas aos senhores se me
ausentei, não foi em absoluta falta de respeito aos senhores Deputados. Por favor.
Eu só queria esclarecer que a denúncia oferecida em juízo será disponibilizada
aos senhores e a cada tópico a menção dos documentos pelas quais nós fizemos as
afirmações.
E gostaria de dizer também que eu preciso me ausentar por conta de
compromissos no Ministério Público em São Paulo.
E me comprometo a qualquer tempo, a qualquer hora, a solicitação de V. Exas.
para qualquer tipo de esclarecimento necessário.
Seria importante, antes de a gente fazer qualquer outra consideração, que V.
Exas. tenham conhecimento do teor dos documentos que acompanham a denúncia,
inclusive dos documentos que já estão em poder da CPI. A documentação é muito
extensa, os depoimentos colhidos são muito extensos, a exemplo do que acontece aqui,
por exemplo, quando os senhores ouvem determinada pessoa, são 40 ou 50 laudas a
respeito de “n” assuntos, então a gente precisa buscar esses documentos todos, eles
estão aqui, estão devidamente selecionados. Obviamente que nós vamos encaminhar
essa denúncia agora, enfim, a gente precisa ver como vai viabilizar essa questão.
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* * *