LIDERANGA DE PLANTAQ
Enquanto todo mundo come peru,
eles trabalham sem parar no Natal
Executivos de setores estratégicos enfrentam pico de trabalho no perfodo de festas. Por Rafael Sigollo de Sao Paulo.
Enquanto boa parte da indtis-
tria teduz o ritmo conforme as
festas de fim de ano se aproxi-
mam, concedendo até mesmo fé-
rias coletivas, algumas empresas
tém seu pice de demanda ¢ pro-
dugdo nesse periodo, Para esses
‘executivos, a maior tradigao du-
rante o Natal eo dia de ano novo
nio € trocar presentes ou viajar
com a familia, mas ficar de olho
no BlackBerry e estar sempre de
prontidio para resolver qual-
quer problema.
Servigos de atendimento aos
clientes, empresas de tecnologia
da informacio e companhias de
turismo, por exemplo, enqua-
dram-se nesse quesito. Por mais
que estejam acostumadas a ope-
rar 24 horas por dia, 7 dias na se-
mana, elas precisam ter atengio
redobrada para dar conta do au-
mentodo volume denegécios do
més de dezembro.
“Nossas trés frentes - proces-
sos, teenologia e pessoas - preci-
sam estar totalmente integradas
¢ atuando com forca maxima’,
afirma Marcello Zappia, diretor
de desenvolvimento onganiza-
ciona! da Tivit. A empresa presta
servigos de terceirizagao de Tle
tem entre seus clientes diversas
companhias ligadas ao setor
bancério e meios de pagamento
como a Cielo.
“Em 2009 processamos mais
de 40 milhdes de transagdes fi-
nanceiras e neste ano némero
vai ser ainda maior”, diz. Zappia
revela que, além de celebrar as
datas festivas, os diretores, ge-
rentes ¢ colaboradores que fi-
cam fisicamente na empresa du-
rante os feriados comemoram
também os resultados eas metas
que sio batidas nos tiltimos dias
do ano. “O pico de pagamentos
com débito e crédito acontece
nesta €poca. Ficamos todos liga-
dos, acompanhando o trabalho
remotamente ¢ trocando men-
sagens inclusive com os clien-
tes" ressalta.
A multinacional americana
Convergys, voltada para sistemas
de suporteaosnegcios paraem-
presas de energia e telecomuni-
cagdese que tem entre seus clien-
tes Vivo, Telefonica e Oi, também
nao pode-diminuir o expediente.
Segundo Thereza Giovannini,
responsivel pela drea de “busi-
ness development” paraa Améri-
ca Latina da organizacao, a equi-
pe que ficana ativa durante os fe-
riados mantém contato direto
com os colaboradores dos outros
patses onde a empresa atua co-
mo Estados Unidos e[ndia.
“Fico recebendo as informacées
no celular ¢ dando suporte a ou-
tras unidades o tempo todo. Esta
Epoca é a mais critica da ano eno
tem como se desligar do trabalho”,
afirma Thereza, que jé est acostu-
madacoma situacioe passaré seu
tereciro fimde anoassim. Segundo
cla, & preciso levar em conta as di-
ferencas de horério, pois cada uni-
dade localizada no exterior come-
mora as passagens das vésperas
em horirios diferentes. “Fazemos
uma festinha com jantar e decora-
io para deior ‘0 ambiente mais
agradavel” diz.
1 pelo marketing
corporativo da Sonae eld Bee
sil, que proprietaria ¢ adminis-
tradora de dez shopping centers
‘no Brasil, Laureane Cavalcanti €
‘outra executiva que tem uma ro-
tina movimentada durante as
festas. H4 15 anos no setor, ela
comanda dez gerentes (um em
cada empreendimento) e chega
‘a supervisionar ages promacio-
nais em até trés shoppings na
grande Séo Paulo em um tinico
dia. Viagens para Manaus, Brasi-
lia, Campinas ¢ Franca, onde a
companhia possui shoppings,
também sio frequentes. “Na mi-
nha casa o ritmo € outro, O Natal
s6 acontece depois’, afirma.
‘Naopiniao de Laureane, que jé
atuou na sede da companhia em
Portugal,a correria nesta épocaé
muito maior no Brasil, “L4, 0 mo-
vimentoé bem equilibrado entre
0 Gltimos meses do ano. Aqui,
quanto mais perto da data, pior.
As pessoas deixam sempre para
tiltima hora e tem cliente fazen-
docompras até as 21h davéspera
de Natal”, ressalta. Nos dias pos-
teriores as festas, ela ainda coor-
denaa montagem ea desmonta-
gemdeestruturas de decoracioe
da suporte ao servico de atendi-
mentoao consumidor(SAC), que
recebe um alto ntimero de liga-
goes. “Geralmente sio pessoas
que querem trocar os presentes,
saber se determinada loja vai
abrir eem qual horario.”
Para Ricardo Amaral, diretor
geral da Royal Caribbean no Bra-
sil, ficar com 0 celular ligado 24
horas por dia é essencial nesta
€poca. A companhia de cruzeiros
tem trés navios programados pa-
raa temporada brasileira de fimdeano-omaior deles com 3.500
Passageiros ¢ 1.800 tripulantes -
¢ sao muitas as varidveis, “Temos
deestar preparados para resolver
todo 0 tipo de situacio, desde
atrasos ¢ questées portudrias até
lidarcom omau tempo" afirma,
‘A empresa tem um esquema
de suporte especial com direto-
res ¢ gerentes de cada setor que
podem ser chamados a qualquer
momento. Para garantir a efi-
ciéncia da companhia, Amaral
faz o que chama de “testes de
alerta’, “Entramos em contato
com determinadas pessoas da
equipe em um sSbado a noite,
por exemplo, expondo um pro-
blema. A partir dai analisamos 0
tempo que cadaum demora para
responder e o quanto levaria pa-
ra chegarao escrit6rio”, explica,
De acordo com Amaral, isso é
necessario devido a complexidade
cao perfil do segmento,“Trabalha-
mos.com o tempo livre com adi-
versio das pessoas. £ preciso ter
condicdes de resolver rapidamen-
tequalquerimprevisto". Oexecuti-
vo lembra que, noano pasado, es-
teveem uma “conferece call” resol-
vendo assuntos de trabalho du-
rante boa parte do réveillon. "Nes-
sas horas, a compreensio da fami-
lia €fundamental’, diz.