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Os Possuídos (Bug, 2007)

Fernanda Resende http://facesdocinema.com

Filme realizado pelo mesmo diretor do “exorcista”, William Friedkin desta vez adota o
terror produzido pela natureza humana e não por algo sobrenatural,embora um seja
tão incontrolável quanto o outro

A maior parte do filme se passa no mesmo cenário, embora este sofra drásticas
transformações conforme o avançar do filme.Os atores se transformam psíquica e
fisicamente, ocorre uma degradação deles, que culmina no ato final, a total destruição.

O filme conta a história de uma garçonete solitária, que mora num motel à beira da
estrada e é marcada por uma grande perda em sua vida, o desaparecimento do filho
de seis anos no mercado. Ela vive alcoolizada e fragilizada.

Esta mulher conhece um homem, que pelo modo diferente como a trata, se destaca
dos outros. Desde o início, ele demonstra uma maneira estranha de agir, sem ter
muito tato social.

Ela se vê muito envolvida por aquela figura que a respeita e trata bem e rapidamente
se apega a ele de forma intensa.

Logo, ele começa a demonstrar excessiva preocupação com insetos na cama e no


corpo. Inicialmente, ela se opõe, mas ao perceber que aquilo o deixa irritado, passa a
aceitar também aquela infestação como real.

A partir daí, o isolamento se intensifica e s dois passam o tempo todo fechados no


quarto de hotel procurando por insetos. Os corpos começam a ser cortados em busca
destes insetos, com uma destruição progressiva, principalmente do corpo dele.

O apartamento passa a ser todo coberto de alumínio e com objetos pendurados, tudo
com o objetivo de combater esses insetos.

Além dos insetos, o delírio também tinha um conteúdo persecutório: o Exército estava
atrás dele, que era um desertor, pois fora utilizado como cobaia em uma experiência
na qual os ovos de insetos foram implantados nos seu corpo.

Na sequência final do filme, há uma revelação total, incluindo todos os personagens e


fatos do filme.
Eles seguem neste ciclo doentio até que atingem o ápice da situação com a única
solução possível, o total aniquilamento

O cenário limitado espacialmente ajuda a criar um clima angustiante e a atuação dos


autores consegue gerar uma grande tensão.

O psicótico feito pelo ator Shanon consegue convencer não apenas quando já está
evidente seu delírio, mas mesmo no inicio, com o comportamento introvertido, isolado
e poucas habilidades sociais, além da própria postura e gestos.

O quadro psiquiátrico que se observa neste filme chama-se “folie à deux”, que é um
transtorno delirante compartilhado por geralmente duas pessoas com determinadas
características.

O indivíduo doente, que tem o delírio primário, tem uma relação de superioridade com
o outro, que em geral é mais frágil e dependente do primeiro. Este segundo não é
doente, mas passa a compartilhar do delírio, devido a sua fragilidade psicológica.

O isolamento social também é um fator muito importante para o desenvolvimento


dessa relação.

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