O texto que se segue é uma reprodução escrita, com
pequenas adaptações e esclarecimentos, do programa exibido pela Rádio e Televisão de Portugal, “2003 – Invasão do Iraque” integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007.
Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a informação
constante deste documento foi apresentada pela citada estação de televisão portuguesa, aquando da exibição do documentário referido.
Resta-me recordar, em último lugar, que no ano de 2007 a
Rádio e Televisão de Portugal celebrou o seu quinquagésimo aniversário. INVASÃO DO IRAQUE (2003)
2003, 20 de Março. Em Bagdade, são cinco e meia da
madrugada. Dorme a cidade e dormem os enviados das televisões de todo o mundo. Carlos Fino e Nuno Patrício captam, para a RTP, os primeiros bombardeamentos de uma guerra anunciada.
(Carlos Fino, jornalista da RTP em 2003, no momento do
começo da invasão) “Um verdadeiro trovejar sobre Bagdade! E tudo em redor começa a explodir… há um fogo-de-artifício aparente, fogo mortal sobre os céus de Bagdade…”
(Carlos Fino, jornalista da RTP em 2003, sobre a cobertura da
Invasão do Iraque) “Como nós não tínhamos informação privilegiada e estávamos acordados e vigilantes, nós pudemos reagir no preciso momento em que houve a primeira bomba. Os anglo-saxões, os das grandes estações internacionais esperavam, provavelmente, que a Guerra começasse mais tarde, não previram o inesperado e o inesperado foi que o Estado-Maior americano tinha considerado que Saddam Hussein estava, naquele momento, num dos palácios e decidiu tentar decapitar a liderança política iraquiana de um só golpe. Lançou as primeiras bombas e, assim, desencadeou o início da Guerra mais cedo do que previsto. Se algum mérito tivemos foi não estarmos a dormir.”
Dos primeiros bombardeamentos até à entrada dos tanques
em Bagdade, correm apenas dezanove dias. A ofensiva anglo- americana parece ser uma “guerra-relâmpago”. Numa conferência de imprensa em cenário invulgar, George W. Bush declara o fim das hostilidades.
(George W. Bush) “Na batalha do Iraque, os Estados Unidos e
os seus aliados triunfaram.”
No terreno, as coisas são bem diferentes. Reinou o caos. A
verdadeira Guerra ainda está a começar… Não é fácil informar sobre uma realidade incómoda. Os jornalistas alojados no Hotel Palestina também são alvo dos tanques.
(Carlos Fino) “Os norte-americanos sabiam que, naquele
hotel, estava a grande Imprensa internacional, incluindo a imprensa norte-americana e as vítimas foram, aliás, jornalistas da Reuters e da BBC, que estavam dois andares, dois pisos abaixo do piso em que nós (eu e o Nuno Patrício) nos encontrávamos. Nós tivemos ainda estilhaços na nossa varanda que, por acaso, não nos atingiram, porque, nesse momento, estávamos recolhidos. Mas vimos, inclusive, a câmara da televisão do México ficar completamente em chamas, no andar abaixo, e também o jornalista ser atingido.”
Perante o protesto internacional, os porta-vozes do Exército
norte-americano apresentam a sua versão:
«Os relatórios iniciais indicam que as forças de coligação que
operavam perto do hotel foram alvejadas a partir do hotel e ripostaram.»
(Carlos Fino) “Foi um gesto de, talvez, intimidação sobre a
Imprensa. Os norte-americanos não estavam muito satisfeitos com a forma como a imprensa estava a cobrir os acontecimentos, já tinham disparado também sobre a estação de televisão Al-Jazeera.”
Nos primeiros dias do pós-Saddam, desenha-se já uma Guerra