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Especial 25 anos depois POR SERGIO LIRIO idez da familia Miotto de aparece quando pergunto so bre a simples e colonda casa onde vive, “E un para antectpa-se Neiva. “Logo que Dotei os olhos reste pedago, pense ser aqui” Peto, o marido, interromy contemplacio ée horivante, ola em di- rega0 a esposa e balatica a cabeca em s nal de concordincia. Um banco de ma era, trés cadeirase duas rodas de carro de boi compGem o ambiente da varan da, de onde se avista um vale repleto de pines. Um pequeno gremado ¢ prote- sm diversos tous gido por deroma ¢pé: semclhantesa jabuticabas, que atraem ov pissaros “Ola eles ai”, aponta Camilo, 6 fille mais novo, enquanto seis on sete passe: rinhos brincam ao redor das érvores ‘Acasa dos Miotto seria igual 2 outrastan- tasda rea ruraldo extremo oeste de San- ta Catarina nao fosse por um detalher urra bandeira do MST pendurada na varancl Neivae Pedro, jénacasa dos 50 anos, per tencem leva dos primeiras recrutades pelo movimento ¢ “paraiea hoje &renltado direto da lata por terr nna regia, Mas nach neles, a excegan do apoio incondicional aos sern-terra, se en ‘alka no estere6tipado militante, Tinka a metade da idade atual quando decid- ram participar de uma invasio, 24 ancs MODELO TIPO EXPORTACAO Em Santa C: a produgao de leite de 16 assentamentos e fatura 8 CARTACAPITAL 2206 Mst Apés 0 encontro no Parana que criou a organizagao, em 1984, aluta pela posse da terra ficou menos desigual. Eis a razao para 0 odio visceral que o movimento desperta emi certos setores tras. Peiro,na verdad, fol sozinino (Net vaestava gravida de oto meses) “Era uina madrugada fra, a mals fla ‘em muito tempo’, recorda o lavrador *Safmos om virios caminhdes, Na est da, pedes da fazonéa fizerara ura bar ra, mas éramosem muitos eeles desist- tam. Nahhora de 07 te que desistin, ficou no e hioe nio quisd STEDILE A adrenalina, lembra Paraele.o Pedro, reduziu os efeitos MSTorganiza do frio e da auséucis da a*vntate ruler, Na casa os potres” com 0 maid, acahou dando i Iuz mais cede do queo previsto. O pai sé seria informado ¢o ode Dionir sete dias denois, am dos Iideres da ocupagao. 0 ficaram com medode pros ‘arina, a Cooperoeste industrializa seguir no movimento com um filho re cém-nascido? "Daa medo, sim, mas nunca 0 suficiente para a gente desistir” firma Neiva, O marido, mais uma ver, +a, aprova. Dicnir pas sou os trés primelros anos de vida tam barraco de lona em um acampamen >, 20 lado do: 1988. ano em que a Constituicio fixou os pardmetros das ters passives de de sapropriacio para a reforma agréria, os Miotto ganharam seu pedago de chio. Pedro, Neva, Dionir¢ Camilo rproduzem etn seumicrocosinoa histéra, as congui tas e os impasses do MST, ctiado ba 25 bde trabalhad: ina. Ema duas deca: meia, tarnowse o mais ativae relevant dos movimentos socials do Pais. Recolo cou tema da concentracio de terras na panta do debate, estimulou 0 surgimento de outtas 50 organizacées e fez caminhar um processo, ainda que incompleto, dea sentamentos, Em certos momentos, 2qui yocouse e foi obrigado a recolier as bate rias. Eviseerslimente odiado por serores —ligedos ace donos da SOs tlio terra, perdew popula- (atateo)acamparam ridade nas deeas ur portrésanes, _baras justamente du st@consegur ante 9 governo que umpedagode ——_apciaram, mas en. he, 20anes ars raizaram profunds ——————mentenocampoe no smaginino popular. “O MST tomnou-se um espécte de onganlzador coletivo da rontade dos pobre’ define Joo Pedro Stedile, um dos entrevista é pg 14) mas de Pedro Neiva, assim como do MST, nao nas razbes elencadas pelos opositores do movi mento, mas nas mudancas ocorzidas no meio rural desde o fim da ditadura A Cooperunizo, da qual 0s Miotto fz gem parte, € uma das raras expeciéaclas totalmente coletivas em um assenti- mento. A fazenda pode abrigar 60 fami lias, mas ha algum tempo o niimero to- tal nao passa de 56, Ninguém tema es- crituradaterra - simcotas d ciedade. O patriménio da cooy ONHOS § Pedro e Neiva Miotto lutaram por uma terra onde pudessem plantar. Camilo, o filho mais novo, quer mais renda e estud: ccanracariTat 9 6 indivisivel e quem sai recebe 0 equiva Jente & sua cota. A renda mensal &cal colada por hora de trabalho. Quem tra- balha mais recebe mais. Frutas, legumes ‘e verduras sao plantados para garancir 2 subsisténcia. A maior parte da rends vem da ordenha do leite ¢ de uma pe- qucna fabrics que prods mil frangos resfeiados por dia, ‘A cooperativa integra um sistema empresarialmente berr-sucedido. E um dos dezesseis assentamentos fornece ddores de matéria-prima & Cooperoeste, cujo faturamento, em 2008, foi de 110 milhdes de reais. A Cooperoeste é a principal produrora de leit lorga-vida da regio. Sua marca, a Terre Viva, que se » simbolo do MST em celevo, éa mais vendida em vérias cidades do os: 1e de Santa Catarina ¢ do Parana. Ea snaiorarrecadadara de-irapostos de Sa Miguel do Oeste. Sua forga ¢ tamanha ‘que, em 2008, os moradares da cidade slegeram como prefeito oex-presidente da cooperativa, Nelson Foz AApesat de ligads a um sistema lucrat- v0, 08 Miotto nao levam ume vida faci 0 “pataiso’, a casa de alvenaris, 36 fot rguida em 2006 gragas a financiamer- tos federais. A renda riensal da familia gira em tarmo de 600 reais, algo impen savel na época em que Fedo e Neiva passavam fome, mas insuf ciente para satisfazer os a seins dos filhos. Dionir nao vive mais no assentamento. Apaixoncu-se por uma moga ‘de fora”, come diza re, ce sourse, separourse e, por fin, foi trabalnar em um trigerif co privado longe dos pats. Cz imilb, de 18 anos, técnico agr'> cola, garante que pretende f car, mas sonha em ter mais di nheire para comprar roupas, da moda, quem sabe uma mo- to ou umm arto, “Todo dia so tho coma volta do Dionir’ afinma Neiva, enquanto exw gas lagrimas ~ cla teme tam ém pela partida de Camilo Pedro abaixaa eabeca “Com o tempo, aprendemes que obtera terra éa parte me- MOROSIDADE, tempo de permanéncia nos acampamentos aumentor bastante ro govero Lula nos complicada. © problema ¢ obcer fi- nanciamento, produzis, pois ai de fto, ‘yoo! enfrenta as foreas poerosas do capi tal reflee Stee. “Sem aumentar a ren- danocampo€ difiell seguraros ovens” ‘O oeste de Santa Catarina é 0 exem: plo ideal dos efeitos da reforma agra- ria, Infelizmente, hd ponces iguais pe- lotesto do Pafs. Segundo o Ministério do Desenvelvimento Agrario, I milhéo de familias foram assentadas desde 0 fim da ditadura, metade (526 mil) no governo Lula. Por causa des bons anos Vividos pela agricultara, o: precos éas terras dispararam e dificuliaram ainda maisas desapropriagSesnoCentro-Sul ‘A maior parte do meio milhio de fami- lias que o ministério alega ter asentado ‘ccupam areas ne Amazbnia Legal, lon ¢g¢ dos censros de produc ¢ consumo, Guilherme Cassel, 0 ministro, defen de os avancos do modelo de reforma brasileiro, Pata ele, seo Pais assentar de 70 mila 80 el familias por ano na pr xima década, a demanda por terra se tornard residual. Sera? De acordo com (MST, existem 100 mil familias acam- padas & beirade estradas ¢ cerca de 18 milhoes de pobres ro campo. ‘Para Cassel, osmtimeros ecentes com: provam ¢ edagio das pressdes. 0 total de mores decorrentes de conflitos caiu de 43, em 2003, para 2, em 2008, Nio hraveris mais, segundo 0 ministro, ne mhuma drea simb6lica ainda em litigio, ‘como eram 0s casos de fazendas em Per nambuco e Bahia. “A deman- da esté diminuindo. Esta no fim 0 processo de desapro- priacio de 25 mil hectares no Rio Grande do Sul que dara conta de todas reivindica sGes no estado’, garante. E crescents que 9 nove mapa agririo, a ser divulgado em abril, mostraré um cendrio mais equilibrado: um aumen: to no niimero de proprieté rose uma redugio na exten slo média das propriedades Aestratégla€ 0s datos do mt sists ofp contestdos por to dos os ados da dzputa. Para o: rurdlists,diswbulrtera éuma politica atasada que atrapa- thaa modernizagdo da prod 0 agricola nacional. Mesto DIVERGENCIA O governo afirma ter assentado mais de 500 mil famflias desde 2003.0 MST ae Lula fez menos neste quesito do que Fernando Henrique 10 carracartraL 2605 ssizo0= 2003 entidades mais progressistas comoa So- Ciedacle Rural Brasileira (SRB). que evita a defesa rasteira do latifindio improdu- tivo e nao prega a reagiio violenta aos sem-terra, repetem o discurso de que o MST teria trocado a inta pela terra por abjetivos “politicos” (os flosofos gregos {4 diztam que todo ser humano é essen: Glalmente politico). “Eles querer mu daro sistema, de capitalista para socia- lista’, afirma Cesirio Ramalho, atual presidente da SRB. “Se assentanem 100 mil familias vio aparecer mais 100 mil, 200 mil, pois hoje elas sio recrutadas nnas periferias das cidades. Mas traba thar no campo exige certas caraterist cas, nao é para qualquer um. Do lado dos sem-terra, qu se, sobreiudo, os indicadores oficiais. Entre 2003 ¢ 2007, 0 goverao Lula te fia ascentado, de fato, 163,2 mil arn ias, menos do que fez. antecessor Fer- nando Henriqyte Cardasa, No ana pat sado, apenas 18 mil. As outras 2857 mil familias que inflariam os dados do ministério corresponderiam a casos de regularizag3o de posse de assentamen. (05 existentesoua realocacaode atin: aidos por barragens. A maior parte na Amazinia Legal. 0 quecs defensocesda reforma agraria chamam de coloniza 20. No Centro-Sul, foram 52 mil fami lias, calcula o MST. “O governe Lula nio fez a reforma agréria onde 0 agro negécio ndo queria e fez a regulariza 80 fundiaria onde ele permitin’, diz Arfovaldo Umbelino, professor do De- portamento de Geogralia da USP. Rolf Hackbart, presente co Instituto de Colonizacio ¢ Reforma Agraria (Inera alirma que se tata le criticasinfundadas. ‘Qs assentamentos na Amazonia garar tem crédito a papolagies ribeirinhas © 2 agricultores que tém ima relacio saudé vel ccm 0 meio ambiente. Nao é um sim: ples processo de colonizagao nos moldes des anos 70°, arguinerta, “Hs um preson cceito sulsta, Converse com as faifias a sentadas no entorvo de Belém para ver se she nan estan sistas” (Osefeitos da ascensio de Lula ao po- der divide o movimento dos sem-terra. Aliado historico do FT, o MSTsohava com uma ampla reforma agraria du- rante o governo do metaliirgico. A rea- lidade as. O tempo médio de permanéncia deravelmente — e poucos tiveram pa- cincia para esperar o acesso i terra (Os programas sociais também reduzi- ram o impeto de quem era potencial candidato a engrossar as 2 desmoronar muitas esperar: va fore ¢ fileiras do movimento. Avcercade 300 quilémetros da Coo- peruniio, nos arredores de Chapecs, Lurdes Pereira da Silva estava feliz. Fi nalmente parou de ouvir as reclama: ges diuturnas do marido, Dur: seis anos, Geomiro Rosa, surdo e tumaz pessimista, tentou demover a mulher da ideia de permanecer no acampamento. “Ele falava: ‘Isso nao val dar certo’ Foi dificil aguentar, viu afirma Lurdes, combeteira, Até maio, os 380 hec sapados sirario oficialmente um assentamento O que a fer resistir ans apelos do mari do? “Vivo nesta lona, sem espaco, mas meus filhos comem todos os dias e es #o na escola” Sio seisas criangas. Jail son, de 19 anos, o mais velho, frequen- ta um curso agricola profissionalizante DIMENSAO Segundo Guilherme Cassel, ministro do Desenvolvimento Agrério, assentar de 700 mila 800 mil familias ern 10. anos tornaria a demanda residual © quer farerfaculdade, diz amae, orgie Ihosa, Gisele, de 15 anos, segue os pas- sos do irmao. Lutdes Silva aparenta ter mais que os 42 anos declarados. Pode ser pela quan- ‘dade de filhos, pela cura viea no acam- pamento ou por caust do marido ran- inza, Mas 2 iminéncta de tornar-se dona de sua propria terra dew-Ihe uma aura de confianga. digridade que tal- vyez a vida na periferia de Chapecé ti verse destruido completamente. Luz- des clha nos olhos.do interleentorefala de forma articulada, O que ela deseie? “Uma casa bem grande, para abrigar os meus filhose ter um espago para as vi sitas. Gosto de receber meus parentes, meus amigos.” Net todos que partici- param da invasio, eis anos ats, tive- Tam « petsisténcia de Lusdes ~ entre 25 © 40 lamilias serio asven‘adks Oocvaziamento da veforma aria, 20 ‘menos no modelo defencido pelos sem- ‘terra, fol compensada pelo governo Lula de otra manera Hi maiscretite dix ponivel, um programa federal garantea Compra mintra da. produssee 0 Luz Para Todos, plano de eletificacao rural, ampliou as possbilidades de instalaga0 de pequenas indistrias nos acamps- tenton. Ae wniversidades pablieas tom dado apoio 3 atwal apostado MST, acri- ‘0 de cursos superiores adaptados as necessidades dos militantes. Os cursos universitérios também se tornaram 0 novo foco de embates com os oposito- res, Procuradores estaduaise federais, alam de politicos e ruralistas, questio- nama legitimidade dos acordes, pols calagio de vages exclusivas a militantes ADISPUTA PELA TERRA sem-torra fore 2 igualdade de aces- so ao.ensino pibico saperior. “Precisamos de cursos adapta. des paraconsezuir fixarojovern no campo. Se ele ficar 0 ano todo fo- 1a, no fim ele nao voltard, vai en- grossar a massa em busca de ent prego nas cidade. Por isso, eles f- aun Ue, quatro meses e volta a0 assentamento, E vai assim até se formarem’, defonde Stedile. "As afinidades com Lula € cer- tera de que dificilmente haverd ‘outro gavemo tio disposto a dia- logar ~ somadas aos cfeitos da pro: ppria expansio ~ tornaram 0 NST ‘mais calmo e burocritico. Ainda que parte da imprensa nao teaha perdido 0 cacoete de anuncler © NOVAS CARAS. Marina ds Santos ¢ uma liderenge.. aUiilouo setembro vermelho (me ses de intensas ocupagées), 0: confli- tos diminuiram sentiveimente. O mo- vvimento tentou até chamar a atencio coma invasio de prédios puiblicos ou de reas de grandes empresas, como as da Vale e de Monsanto. Liderancas justificam as agbes: se- riam parte do processo de amadurect mento e da compreensio de que, alm de lusar pela posseda tera, € preciso de- fender um modelo agropecsiio capa de gorantir a seguranga alimentar dos brasiiaimos. Na pritiea,asatos foram mal recebidos pela sociedade— eno sé pela porcio da elite que tem urticaria 56 de pensur na existncia do MST. Marina dos Santos é uma lider emer- gente e reflete anova fase do movimen- to, Nos anos 70, seus pais acreditaram no slogan da ditadura “plante queo gor vern garante” Plantaram, 0 governo nnio garantia 0.08 Santos tiveram de en- tregar 0 pequenositio ao banco. Aos 8 anos, Marina passou a viver com afami- liana periferia de Cascavel (PR). Os pais €¢0s irmios mais velhos viraram béias- frias, Aos 15, tinha a conricsao granitica de que viraria reira, até conhecer um acampamento do MST (quem 2 vé hoje, ‘os 35 anos, eloquente, expansiva, die ‘cilmente seria capaz de imaging-la em ‘um habito), “Fai rezar uma missa.e nun: cavoltei paca casa, recorda Marina viveu 13 anos em acampamen- tos, engajou-se nz militincia, concluiu ensino médio e ganhou voz no movi- ‘mento, Atvalmente mora em Brasilia © a principal interlocutora éo MS? com ogorerno federal. Além de lutar pelo acess0 dos mufitantes educagio, Masi mm defende o aumento de crédito e da SSS NEM TUDO E OURO Os resultados recordes do setor agricola griaram a sensacao de que a agricultura brasileira é homogeneamente eficiente. um engano ‘em ascensto, Lundes Siha resitiu por sis anos & abujee de marido, até ganhar sua tera capaz de fermitira instalagao de pequc aasagroindistrias e processos integra dos. ideia de preservacio do meio am Piente. “O que defendemos é um novo modelo de desenvolvimento, Marina repete um discurso comum en- tre liderane: Eque taml Ministério do Desenvolvimento Agr’ rio, apesar das divergéncias sobre os avimeros da reforma agraria. Ainda que ‘© arcahouto teérico se erga sobre obras de pensacores de esquerti, nomes ca pazes de trazer panico a muitas almas stormentadas e claudicantes nos cen- ‘ros urbanos, o MST defende, a0 me- nos no discurso dos principais dirigen tes, uma reforma agréria capitalista, que contribua para 0 aumento da pro dutividade no campo, gore emprogos ¢ renda (e. por consequéncia, mercado consumidor) e que garanta aseguranca alimentar da populacio, Stedile a cha- ma de “popular’, mas nao hi uada de eelers eoie, tronicamente, quando o MST baixon a guarca, «reagan conservadora ornou- se mais forte. No ano passadlo, © Minis Aério Pablico do Rio Grande do Sul pro posa dissolugio do movimento e refor gauuima critica constante: 0 fato de o movimento nia ser hrdicamente cons tituido, o que dificultaa responsabiliza- .assentadose acampatios. mse ouve no Incra © no 6 dos lideres em casos de ataques 20 patriménio pablico, por exemplo. Mes ‘mo assim, de acordo com levantamento da Folha de S Paulo, mais de 600 proces- sos foram abertos contra 0 movimento. Jaentre os acusados de matar ou orde- nar oassassinato de militantes sem-ter ra (31 mortes, 6 do lado do MST), ne nihtim cumpte pena, Pata Stele, a pos sede Lula, simpético a luta dossem ter 1a, levou os ruralistas e os eriticos do ‘movimento se agarrarem a daasinst tuigGes, o ludicirio ea midia (3s resultados espantosos das saftas também contribuiram para a consolida- a0 do discurso de que a reforma agréria seria um empecilho ao sucesso co meio rural. Avangos inegaveis em diversos se ores ~ eset peso decisivo paraos suces- sivos recorde’ no superivit comerci criaram a falsa sensagdo de que a age Dacios oficiais e FAMILIAS ASSENTADAS oe culture brasileira ¢ homogeneamente eficiente ¢ compettivae que seu suces $0 € fruto exclusivamente do trabalho em grandes propriedades. E um engana Cerca de 30% dasojaécultivada em pro- priedades pequenas, de até 200 hecta Iho (50%) e da pecusria bovina (30%) Nese ease, ot grandes produzem 20% Cerca de 80% da safra necional de gris & concentrad, em dois produto sojae milho, Desde 1992, a produgao de arrez, fijao.e mandioca nao cresce. Ho- Janda, Franga e Alemanha, nacdes de fronteiras recuzdas, exportam mais ou xno mesmo petamar que 0 Brasil de for sma geral, que tem espago a perder de vists ¢ um lima incomparivl Por equivocos de ambos os lados es tabeleceu-se um embate ideol6gico que cria uma falsa dicotomia: a refor ma agriria destmuiria 0 agronegécio ¢ vice-versa, Neste jogo, em que o sem: term nio tem voz, ficou preestabeleci- do que os “mega-agricultores” repre- seniam a modemidade e 9 MST, a bar barie. A quem eaxerge 0 mundo dessa perspectisa, bastaria analisar os mime: ros, Apenas 3% das propricdades ocupam 7% das terras agriculturaveis, con- impersavel em qualquer pais ‘que se pretende moderno (a mudanca xo mapa agririo citado pelo ministro Cassel nao deve alterar o quadro de forma significativa) O professor Ariovaldo Umbelino ci ta ontras dados. Alem de concentrada, 4 proptledade de terras no Brasil many ténrse& maigem o ordenamento ju fidico (contratos claros, egitimos e Carrey ren ESTRUTURA MEDIEVAL }4 82 milhdes de hectares de terras brasileiras griladas. Em 2008, foram libertados quase 5 mil trabalhadores em regime de escravidao CCARTACAPITAL E2008 13 Especial DESENVOLVIMENTO Para Joao Pecro Stedile, uma reforma agraria “popular” nao ésd6 uma questo de justica social. E também de eficiéncia econdmica JEanhecido do MST (nara os ruralistas lepate de imprensa. ele € a encarna (oho da besta-fera),recebeu CartaCapital rnasece raulsta do movimento. A seguir, ‘os principals trechos daentrensta = Stal iaslogoe rostomas CartaCapita: Como osenhor definira oMST? Joo Pere Stedie: 0 NIST se ransfermou rhumaespecte de oiganizador coletio da vontade dos pobres, Por masque a classe dominate tenna fala mal 8 née, cenha nos reprimida, perzeguid, tentado nos lowrotar.corro fer aplongedahistoriacom ‘tecosos movimentes camponeses, nds te sisimos, sobrevvemos. A simples existen ‘ciao MST é uma vitéria da classe traba. ‘naclora contra aqueles setores da sociede- respeitadus ado sto um mantra dos neohbetais?). Ao menus 152 milhdes de hectates nao possuent regisiro for mal. Eis a conta do pesquisador: O ‘brasil teu 890 muilhoes de hectares de diva ol. Quando se suman as dtess es urbanas, indigenas, estrada, te dustradus nv Tucrs, chega-se & soma de 698 milhdes de hectares Pior:do total de iméveis declaiades no Incte, 82 milhdes de hectares sao te tas piblicas indevidamente aproprig dis por privadus. E a famosa grilagem, «que ganhow 0 nome por causa da tecni Gausada no passado para dar aparéncla AVANGOSE RECUOS. Com o tempo, oMST depurou sua organizaglo. suas teses€ seus obetvos euvelhecidaa umn documento de posse falso — 0 papel era colocado em uma

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