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‘
Debruça-se sobre o Homem, no seu constante devir - é uma luta permanente
para transformar a sociedade. ‘
Para isso, usa a técnica da Distanciação Histórica e o realismo.‘

Y preciso procurar um facto histórico mais remoto e compará-lo com a realidade


próxima que se quer denunciar. Ao criticar o passado, consegue transpor a
mensagem para o presente, obtendo assim um paralelismo fiável. ‘
Os actores não interagem com o auditóri o. O papel deles é apresentar uma ideia
e não criar empatia. Deste modo, atinge-se a lucidez à o público formula juízos de
valor.‘

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 c - Levar a sociedade (público) a tomar consciência da realidade.‘

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- A tomada de consciência leva à acção. ‘
- A acção leva à mudança.‘

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empo da História: século XIX ‘

empo da Escrita: século XX ‘

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Y possível agrupar algumas personagens segundo as suas posições. ‘

1. Os do Poder: ‘
. D. Miguel Forjaz ‘

. Marechal Beresford‘

. Principal Sousa ‘

2. O Povo: ‘
. Manuel, o mais consciente dos populares ‘

. Rita ‘

. O Antigo Soldado ‘

. Vicente‘

3. Os Delatores: ‘
. Morais Sarmento‘

. Andrade Corvo ‘
. Vicente‘

As individuais: ‘
. Frei Diogo de Melo, o homem sério da igreja ‘

. António de Sousa Falcão, o amigo ‘

. Matilde de Melo, a companheira de todas as horas ‘

. General Gomes Freire de Andrade‘

 ota: Vicente é a única personagem que evolui na obra: começa como membro
do povo e acaba no grupo dos delatores, elevado a chefe da polícia. ‘

Manuel:‘

. Representa o povo oprimido e esmagado.‘

. Y lúcido e consciente. ‘

. Usa uma linguagem popular que combina com o realismo da obra. ‘

General Gomes Freire: ‘


. Único ‘

. Com valores, íntegro‘

. Politicamente liberal, igualitário ‘

Vicente: ‘

. Desrespeita/ Despreza o povo ± FALSO HUMANI RIO ‘

. Y contra o general ‘

. raidor, calculista ‘

. Ambicioso, materialista‘

. Subtil, inteligente ‘

. Egoísta ‘

D. Miguel Forjaz: ‘
. Anti-progressista/ retrógrado ‘

. Conservador ‘

. Autoritário ‘

. Medroso ‘
. Sem escrúpulos/ mercenário‘

. Corrupto ± deixa-se corromper e tenta corromper os outros‘

. Vê o liberalismo como anarquia e caos ‘


. Acha-se superior ± absolutista: ³Um mundo em que não se distinga a olho nu
um nobre de um popular não é mundo em que eu deseje viver´ ‘
. Falso demagogo ³Deus, Pátria e Família´‘

Marechal Beresford:‘

. Mercenário‘

. Lúcido e consciente‘

. Mau soldado, mas bom estratega ‘

. Pragmático‘

. Calculista ³não é prudente ainda dizê-lo´‘

. Ardiloso ± trama a confusão mas não a integra‘

Principal Sousa: ‘
. Corrompido pelo poder ‘

. Deveria semear a paz e semeia o confronto‘

. Hipócrita‘

. Contra o liberalismo ± odeia os francesas por causa das suas ideias‘

. Anti-progressista‘

. Cínico ‘

Frei Diogo:‘

. O lado bom da igreja ‘


. Homem com compaixão‘

. Conforta Matilde ‘

. Defende Gomes Freire ± corrobora a sua inocência‘

. Opõe-se ao Principal Sousa‘

Matilde de Melo: ‘
. Y a força do segundo acto ‘

. Está desesperada‘

. Luta por: lealdade, justiça, verdade ‘

. Digna‘

. Apaixonada e devota a Gomes Freire‘

. Por vezes, parece um pouco alucinada ‘

. Culta, vivida‘

. Forte, lutadora, destemida‘


. Inteligente‘

. Grande poder de Argumentação (ver discussão com Principal Sousa) ‘

. Oscila entre dois pólos: ‘


. uma mulher feminina, frágil, consumida pela angústia, a suplicar pelo amor
da sua vida, não temendo sequer contrariar princípios. ‘
. uma mulher forte, destemida, que acusa os males do seu povo e denuncia a
corrupção e a falta de índole, a tirania.‘

´ ortam-se as árvores para não fazerem sombra aos arbustos!´‘

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Existem as didascálias normais, que se seguem ao texto, e as didascálias
marginais, típicas do teatro de Brecht. Estas corroboram o distanciamento
histórico.‘

Luz/Sombra: ‘
. A falta de luz no cenário (escuridão total) mostra o clima da época ± o regime
opressor, a ignorância do povo, a obscuridade. ‘

. A intensa luminosidade no Manuel (primeira cena) corrobora a indicação inicial


³Manuel, o mais consciente dos populares´. Luz é conhecimento, lucidez. ‘


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A Moeda:‘

- a miséria do povo, a esmola‘

- o compromisso que o povo tem para com o General: ‘

. Y como uma medalha de honra para Matilde.‘

. Y símbolo da fé que o povo tem no General. ‘

. Mostra que povo não luta porque não pode. ‘

- a traição da igreja (à semelhança de Judas, a igreja vende-se em nome do


dinheiro e do poder) ‘

A Fogueira:‘

- Por D. Miguel: símbolo de purific ação, limpeza‘

. Quem não está connosco, está contra nós, é preciso afastar.‘

. Semelhança com a Santa Inquisição‘

- Por Matilde e Sousa Falcão: ‘


. Profecia de mudança‘

. Purificação, redenção, chama da esperança‘


. Renascimento, advento ‘

A Saia Verde:‘

- Em vida: ‘
. Esperança ‘

. Liberdade - Paris, Revolução Francesa‘

. Pureza, Inocência - neve branca‘

- Após a Morte: ‘

. A alegria do reencontro‘

. A esperança de que a morte do General não seja em vão‘

. A esperança da mudança‘

O Preto de Sousa Falcão:‘

- Luto por si mesmo ‘

- Auto-recriminação por não ter tido a coragem do General ‘

- Se ele partilhava os mesmos ideais que o General, deveria ter dado a cara e
lutado com ele‘

- Arrepende-se da sua cobardia‘

³Há homens que obrigam todos os outros a reverem-se por dentro´‘

O ítulo: ‘

- Por D. Miguel: ‘
. ³Felizmente há luar´ para se verem melhor as execuções e para que o medo
conseguido seja maior a abranja mais pessoas.‘

. A Lua: monotonia, falta de liberdade de acção e expressão. ‘

. al como a lua, os regimes déspotas só sobrevivem se os mais fortes


estiverem controlados. Brilham com a luz dos outros. ‘

- Por Matilde: ‘
. O luar permite que mais gente veja a fogueira, mais gente vença o medo,
mais gente se revolte e se una para mudar.‘

. O luar aumenta a amplitude da purificação. Mais irão percorrer em direcção


à luz, à liberdade, ao conhecimento, à justiça, à democracia.‘

Relação entre a carga dramática de Matilde, o tempo da história e o tempo da


escrita: ‘
Escrito no século XX, em pleno auge do regime ditatorial de Salazar, e remetido
para o século XIX, em pleno regime déspota, Felizmente há luar mostra-nos,
claramente a censura e a falta de liberdade de acção, pensamento e expressão
que se viveu nestes dois tempos. ‘
Matilde aparece como a força do segundo acto, carregada de emoção, provocando
o clímax da história. Y ela quem denuncia e quem se revolta contra o movimento
castrador que se desenvolvia por todo o país, quem ousa enfrentar o poder
absoluto em prol da liberdade, da mudança e da democracia. Usa frases simples,
mas fortalecidas com grande energia, coragem e direcção: ³Cortam-se as árvores
para não fazerem sombra aos arbustos´. Mostra-nos que toda e qualquer ameaça
ao poder conservador e unidireccional era, imediatamente, aniquilado. ‘

Matilde oscila entre dois pólos: num é uma mulher frágil e comovida que luta
exclusivamente pelo marido inocente, vítima dos interesses mais altos do reino;
noutro é a mulher forte e destemida que grita as condições do povo, a podridão
das relações da igreja, a falta de índole da nobreza e a ignorância do povo. No
entanto, em ambos os casos é uma lutadora, ávida por justiça, que acorda o
público/sociedade para a lástima de pessoas que governavam em Portugal. As
crises são cíclicas. Foi no século XIX, foi no século XX e foi em muitas outras
ocasiões anteriores porque o Homem é assim: não aprende.‘

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