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TRANSPORTE III
1
Parte I
Escoamento Unidimensional de
Fluidos Compressíveis
2
Capítulo 1
Equações Governantes
• Equação de Estado.
3
CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES GOVERNANTES 4
Q − W = E2 − E1, (1.8)
onde:
Q é o calor fornecido (retirado) do V.C.
W é o trabalho realizado no V.C.
E2 é a energia do V.C. no estado 2.
E1 é a energia do V.C. no estado 1.
Portanto, podemos escrever que a variação total de energia em relação a t
pode ser dada como:
δQ δW dE
− = , (1.9)
δt δt dt
lembrando que:
E = ρe,
Q = ρq,
W = ρw.
E a energia e para uma substância pura pode ser escrita com:
V2
e = gz + + u, (1.10)
2
onde:
gz é a energia potencial do V.C.
V2 /2 é a energia cinética do V.C.
u é a energia interna específica do V.C.
A variação total de energia E no V.C. pode ser escrita como:
Z Z Z
dE ∂
= ρedV + ρeVn · dA. (1.11)
vc dt ∂t vc A
Daí, então podemos escrever que a equação da energia para um V.C., é dada
por:
Z Z Z Z
δQ δW ∂
− = ρedV + ρeVn · dA. (1.12)
vc δt vc δt ∂t vc A
O trabalho W , realizado no volume de controle pode ser dividido em dois
trabalhos. O trabalho exercido diretamente no V.C., denominado de trabalho de
eixo e, o trabalho realizado sobre a superfície do V.C. devido a entrada e saída
de massa através dessa superfície. Daí podemos escrever:
CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES GOVERNANTES 7
Wmassa = P V. (1.13)
Substituindo W por estas relações na equação da energia, obtemos:
Z Z Z
δQ δWeixo ∂
− = ρedV + (1.14)
vc δt vc δt ∂t vc
Z
+ ρ(e + P v)Vn · dA.
A
Temos que:
V2
e + P v = u + pv + + gz, (1.15)
2
onde por definição, a entalpia é dada por:
h = u + P v, (1.16)
portanto podemos escrever que:
V2
e + Pv = h +
+ gz. (1.17)
2
Substituindo esta relação na equação da energia para um V.C., obtemos a
seguinte equação para a energia:
Z Z Z µ ¶
δQ δWeixo ∂ V2
− = ρ u+ + gz dV + (1.18)
vc δt vc δt ∂t vc 2
Z µ ¶
V2
+ ρ u + pv + + gz Vn · dA.
A 2
d(mV) X
= Fext. , (1.19)
dt
onde o termo inercial pode ser escrito como:
Z Z Z
d(ρV) ∂
= ρVdV + ρVVn · dA. (1.20)
vc dt ∂t vc A
CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES GOVERNANTES 8
P v = RT. (1.22)
Onde:
P é a pressão termodinâmica do gás.
v é o volume específico do gás.
R é a constante do gás.
T é a temperatura absoluta do gás.
Capítulo 2
Considerações Termodinâmicas
9
CAPÍTULO 2. CONSIDERAÇÕES TERMODINÂMICAS 10
h = u + P v, (2.7)
e para um gás perfeito podemos escrever que:
h = u + RT. (2.8)
Como vimos que a energia interna é função somente da temperatura, podemos
verificar que o mesmo ocorre com a entalpia, portanto temos que:
µ ¶
∂h
dh = dT (2.9)
∂T P
e µ ¶
∂h
dP = 0. (2.10)
∂P T
Definindo os calores específicos a volume constante e a pressão constante,
respectivamente como:
µ ¶ µ ¶
∂u du ∂h dh
cv = = e cP = = . (2.11)
∂T v dT ∂T P dT
e podemos correlacionar estes dois calores específicos da seguinte forma:
dh d
cP = = (u + RT ) = cv + R, (2.12)
dT dT
portanto:
cP − cv = R, (2.13)
e a razão desses calores específicos é definida como:
cP
= k. (2.14)
cv
Daí obtemos as seguintes relações:
CAPÍTULO 2. CONSIDERAÇÕES TERMODINÂMICAS 11
k
cP = R (2.15)
k−1
R
cv =
k−1
A desigualdade de Clausius atesta que:
I
δQ
6 0, (2.16)
T
e a propriedade entropia S é definida como:
δQ
dS > . (2.17)
T
que para um processo reversível temos que:
δQ
dS = . (2.18)
T
Portanto para um processo reversível podemos dizer que:
δQ = T dS, (2.19)
ou •
Q = T (Se − Si ).
Vimos que a equação da energia para um V.C. é dada por:
Z µ ¶
• ∂ V2
Qvc − Weixo = ρ u+ + gz dV + (2.20)
∂t vc 2
Z µ ¶
V2
+ ρ u + Pv + + gz Vn · dA.
A 2
du + P dv = 0, (2.22)
CAPÍTULO 2. CONSIDERAÇÕES TERMODINÂMICAS 12
ou
cv dT + P dv = 0. (2.23)
Podemos perceber que para o caso de um processo reversível e adiabático,
a entropia permanece constante, ou seja, é um processo isentrópico. Ainda,
podemos escrever a Eq.(2.23) em função da entalpia, lembrando que:
dh = du + P dv + vdP,
ou
cP dT = cv dT + P dv + vdP, (2.24)
substituindo esta relação na Eq.(2.23), obtemos:
cP dT − vdP = 0. (2.25)
Portanto, temos duas relações para a energia em um volume de controle infin-
itesimal. Dividindo, então a relação dada pela Eq.(2.23) pela a da Eq.(2.25),
obtemos:
cv dT P dv
=− ,
cP dT vdP
ou
1 P dv
=− , (2.26)
k vdP
rearranjando esta equação de forma a reagrupar as variáveis, obtemos:
dP dv
= −k . (2.27)
P v
Integrando esta equação, obtemos que:
ln P = −k ln v + ln C, (2.28)
ou
pv k = Cte. (2.29)
Esta é a equação que relaciona os estados em um processo adiabático e reversível
(isentrópico.).
Uma vez que para qualquer estado a Eq.(2.29) apresenta o mesmo valor,
podemos então escrever que:
µ ¶ k−1 µ ¶k−1
T2 P2 k
v1
= = (2.31)
T1 P1 v2
Capítulo 3
Características do Escoamento
Compressível
14
CAPÍTULO 3. CARACTERÍSTICAS DO ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL 15
Frente de
Propagação
dP
Ct Z
Frente de
Propagação
dV
Ct Z
Re fe rê ncia
Supe rfície M óve l
de Controle Volume de
Controle
P + dP P
h + dh h
ρ + dρ ( C - dV ) C ρ
(1) (2)
Cdt
Vimos que:
Z Z
∂
ρdV + ρVn · dA = 0, (3.1)
∂t vc A
como o escoamento está em regime permanente, o termo:
Z
∂
ρdV = 0. (3.2)
∂t vc
Temos, ainda, para este volume de controle as superfícies (1), (2), (3) e (4),
mas verificamos que não há fluxo através das superfícies (3) e (4), daí podemos
o termo:
Z
ρVn · dA = 0,
A
como:
Z Z
ρVn · dA − ρVn · dA = 0, (3.3)
A2 A1
integrando, obtemos:
V1 = (C−dV),
A1 = A.
Substituindo na Eq.(3.4), obtemos:
X
2 Z Z
¡ ¢ ¡ ¢
Fz = Vz ρVz · dA − Vz ρVz · dA . (3.9)
1 A2 A1
Fz1 = (P + dP ) A. (3.12)
Fz1 = P A
dP = ρC 2 − ρC (C − dV) ,
ou
dP = ρCdV. (3.14)
Da equação da continuidade vimos que:
dρ
dV = C ,
ρ
dP = C 2 dρ,
ou
dP
C2 = . (3.15)
dρ
Como esta relação está escrita na forma de derivada total, necessitamos
determinar qual o processo que esta variação ocorre. A determinação do processo
pode ser obtida escrevendo a equação da energia para o nosso volume de controle.
• Equação da Energia:
Z µ ¶
• ∂ V2
Qvc − Weixo = ρ u+ + gz dV +
∂t vc 2
Z µ ¶
V2
+ ρ u + Pv + + gz Vn · dA.
A 2
CAPÍTULO 3. CARACTERÍSTICAS DO ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL 20
h = u + P v,
podemos escrever a Eq.(3.16) como:
Z µ ¶
V2
ρ h+ Vn · dA = 0. (3.17)
A 2
Para o nosso volume de controle esta equação é dada por:
Z µ ¶ Z µ ¶
V2 V2
ρ h+ Vn · dA − ρ h+ Vn · dA = 0. (3.18)
A2 2 A1 2
V22 V2
h2 + = h1 + 1 . (3.19)
2 2
Para a superfície (1), temos:
h1 = h + dh
V1 = (C + dV)
Para a superfície (2), temos:
h2 = h
V2 = C
Substituindo estas variáveis na Eq.(3.19), obtemos:
(C − dV)2 C2
h + dh + =h+ , (3.20)
2 2
expandindo os termos e rearranjando, obtemos:
dh = CdV. (3.21)
CAPÍTULO 3. CARACTERÍSTICAS DO ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL 21
h − vdP = 0,
ou
dP
h= . (3.22)
ρ
Substituindo h desta relação na Eq.(3.21), temos que:
dP
= CdV. (3.23)
ρ
Como vimos, através da equação de conservação de massa, que:
dρ
dV = C ,
ρ
substituindo esta relação na Eq.(3.23), obtemos:
dP dρ
= C2 ,
ρ ρ
ou seja:
dP
C2 = . (3.24)
dρ
Esta relação é exatamente a que obtivemos usando a equação de conser-
vação de quantidade de movimento, Eq.(3.15). E como a Eq.(3.24) foi obtida
considerando um processo isentrópico., podemos, então escrever esta equação
como:
µ ¶
2 ∂P dP
C = = . (3.25)
∂ρ s dρ
Vimos que a equação de estado para um processo isentrópico. é dada por:
P v k = Cte.,
ou
P
= Cte.,
ρk
como a Eq.(3.25) está na forma diferencial, temos que passar esta equação de
estado para a forma diferencial. Para isso, vamos passar esta equação para a
forma logaritmica, ou seja:
ln P − k ln ρ = ln Cte. (3.26)
CAPÍTULO 3. CARACTERÍSTICAS DO ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL 22
P v = RT,
substituindo na Eq.(3.28), obtemos:
µ ¶
∂P
= kRT,
∂ρ s
como µ ¶
2 ∂P
C = ,
∂ρ s
portanto, temos que a velocidade de propagação de uma pertubação. em um
meio elástico, C, é dado por:
s
√ P
C = kRT = k . (3.29)
ρ
)
2t
C(
Ct
C(
3T
)
onde Ct é a posição da onda de pertubação. no instante t se propagando
no meio elástico com uma velocidade C. Para este caso, vemos que as
ondas são concêntricas a fonte de pertubação. e que, M = 0.
Ct
V
C(
3T
)
Vt
V(3t)
Zona Não
Pertubada
T)
3
C(
2 t)
C(
Ct
V
Vt
V(3t)
Neste caso temos que M = 1 e o escoamento é sônico.. Note que este tipo
de escoamento temos duas regiões distintas, uma não pertubada e outra
pertubada pela onda de propagação e esta divisão forma uma tangente que
passa pela fonte de pertubação. Esta fronteira formada por esta onda de
choque é conhecida coma barreira do som.
Zona
Pertubada
Zona Não )
Pertubada C(3T
α 2t)
C(
Ct
V
Vt
V(3t)
1
sin α = , (3.31)
M
vemos, portanto que existe uma relação entre o ângulo formado pelo cone, 2α e
o número de Mach do escoamento.
Capítulo 4
Escoamento Isentrópico. num
Duto com Área Variável
P1
h1
ρ1
P2
• • h2
m V.C. m ρ2
(2)
(1)
V12 V2
h1 + = h2 + 2 ,
2 2
26
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL27
V12 V2
cp T1 + = cp T2 + 2 = Cte. (4.2)
2 2
Como esta equação é válida para qualquer posição, já que seu valor é sempre
constante, podemos definir um valor de referência. Para isso, vamos considerar
o seguinte caso:
V1
V0 = 0 Corpo
Sólido
P0
P1
Linhas
de Corrente
V12 V2
h1 + = h0 + 0 = Cte
2 2
e com V0 = 0, temos que:
V12
h1 + = h0 , (4.3)
2
onde h0 é conhecido como entalpia de estagnação, podemos ainda escrever esta
equação, como:
V12
cp T1 + = cp T0, (4.4)
2
onde T0 é a temperatura de estagnação.
Utilizando o diagrama da Fig. 4.1 e, utilizando a Eq.(3.8) podemos escrever
a equação de quantidade de movimento para uma linha de corrente, como:
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL28
V12 V2
Fz1 + ρ1 = Fz0 + ρ0 0 , (4.5)
2 2
sabendo que, Fz0 = P0 e que Fz1 = P1 , sabendo que Vz0 = 0, podemos escrever
a equação de movimento como:
V12 V2
P0 = P1 + ρ1 =P +ρ , (4.6)
2 2
onde P0 é denominada de pressão de estagnação.
É interessante observar que para um escoamento isentrópico. as propriedades
de estagnação se conservam, ou seja é constante para qualquer ponto considerado
da linha de corrente. Portanto podemos considerar o ponto de estagnação como
o ponto de referência do escoamento. Daí podemos escrever a Eq.(4.4), como:
T0 V2
=1+ , (4.7)
T 2cp T
como vimos que:
k
cp = R.
k−1
Substituindo na Eq. (4.7), temos:
T0 k − 1 V2
=1+ ,
T 2 kRT
como
V
C = kRT e M = ,
C
podemos escrever a equação como:
T0 k−1 2
=1+ M . (4.8)
T 2
Como T0 é o maior valor da temperatura em qualquer ponto do escoamento, é
mais adequado escrever a Eq. (4.8), como:
T 1
= k−1
. (4.9)
T0 1 + 2 M2
Lembrando das relações obtidas através da equação
P v k = Cte.,
vimos que:
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL29
µ ¶ k−1
T P k
= ,
T0 P0
µ ¶k−1
T ρ
=
T0 ρ0
portanto, temos que:
P 1
=¡ k ,
¢ k−1 (4.10)
P0 1+ k−1
M2
k
e também:
ρ 1
=¡ 1 .
¢ k−1 (4.11)
ρ0 1+ k−1
M2
k
Devemos, ainda, achar uma relação para as áreas transversais da passagem
do escoamento. Para analisar o que ocorre com o escoamento em função da
variação da área vamos utilizar a equação de conservação de massa, que é dada
◦
por, m = ρVA. Manipulando esta equação, obtemos a seguinte relação:
◦ r µ ¶ −(k+1)
m k k − 1 2 2(k−1)
= P0 M 1+ M , (4.12)
A RT0 2
Mas desejamos obter esta relação para uma variação de área infinitesimal
dA, daí então devemos escrever a equação de conservação de massa para esta
variação infinitesimal. Podemos fazer isto escrevendo a equação de massa na
forma logaritmica, assim:
³◦´
ln m = ln (ρVA) ,
expandindo esta equação e derivando, obtemos:
dρ dA dV
+ + = 0. (4.13)
ρ A V
Vimos que a equação de quantidade de movimento para uma linha de corrente
pode ser escrita como:
V12 V2
P1 + ρ1 = P2 + ρ2 2 ,
2 2
ou seja, para uma variação discreta, podemos escrever esta relação como:
∆V2
ρ − ∆P = 0,
2
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL30
dV2
ρ − dP = 0. (4.14)
2
Rearranjando esta equação, obtemos:
dP
dV = .
ρV
Substituindo esta relação na Eq. (4.13) e rearranjando, obtemos:
µ ¶
dA dP 1 dρ
= − , (4.15)
A ρ V2 dP
mas vimos que para um processo isentrópico. que:
µ ¶ µ ¶
dP ∂P
= = C2,
dρ ∂ρ s
portanto temos que:
µ ¶
dA dP V2
= 1− 2 ,
A ρV2 C
ou seja, temos que:
dA dP ¡ 2
¢
= 1 − M . (4.16)
A ρV2
Para um escoamento isentrópico., temos que um escoamento se acelerando,
teremos sempre uma queda de pressão, ou seja dP < 0. Podemos, portanto
analisar a Eq. (4.16) para esta condição e vemos que:
A*
M
M=1
dA
= 0,
A
isto significa que para a condição de M = 1, ocorre a mínima área da passagem
do escoamento A∗ e, uma vez que a massa é função da área, esta é uma condição
restritiva. Portanto o fluxo máximo permitido para um escoamento deve ocorrer
na seção de área mínima, uma vez que nesta região o fluido esta na sua condição
crítica, não permitindo adicional expansão ou contração, como podemos verificar
através da Fig. 4.2. Escrevendo, então a Eq. (4.12), obtemos:
◦ r µ ¶ −(k+1)
m k k − 1 2(k−1)
= P0 1+ . (4.17)
A∗ RT0 2
Como o escoamento é em regime permanente, significa que a massa é constante
em qualquer seção, portanto se fizermos a razão do escoamento mássico da seção
crítica, Eq. (4.17), pelo o e uma seção qualquer, Eq. (4.12), obtemos:
· µ ¶¸ k+1
A 1 2 k − 1 2 2(k−1)
= 1+ M (4.18)
A∗ M k+1 2
Da análise da Fig. 4.2, podemos fazer uma distinção entre escoamento
subsônico, M < 1, e escoamento supersônico, M > 1, em uma passagem
de área variável. Uma passagem que permite a aceleração do escoamento é
denominada de bocal e a passagem que permite a desaceleração do escoamento
é denominada de difusor. Podemos, portanto fazer a seguinte analogia:
P∞
V.C.
P0 Pe
E Ve
*
T0 A Ae
Área
Projetada A
E − Ae (Pe − P∞ ) = ρe Ae Ve . (4.19)
Portanto a força de empuxo, E pode ser escrita, como:
E = ρe Ae Ve + Ae (Pe − P∞ ) (4.20)
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL33
Podemos notar, através da análise da Fig. 4.4 que para o escoamento isen-
trópico., ou seja escoamento sem atrito, a velocidade é constante em toda a
seção de saída, enquanto para o escoamento real o mesmo não acontece, há
uma variação de velocidade ocorrendo até a condição de velocidade zero na
parede do bocal. Portanto, para o escoamento real, a velocidade média será um
pouco inferior àquela do escoamento isentrópico. e, essa velocidade média pode
ser obtida através da seguinte equação:
Z
1
Vm = Vdy. (4.21)
Ae A
Consequentemente, a descarga mássica na saída para um escoamento real será
inferior a do escoamento isentrópico. Podemos relacionar este escoamento com
atrito em um processo adiabático, escrevendo a equação da energia, desta forma
temos que:
V12 V2
h1 + = h2 + 2 ,
2 2
e como o processo é irreversível devido ao atrito temos que:
s16= s2.
Fazendo o diagrama h × s para este processo, temos:
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL34
P1
h
h1 P2
hReal
h2
s1 s2 s
(h2 )Re al > (h2 )isentrópico . Podemos, portanto, medir esta variação definindo
uma eficiência de bocal, como:
³ 2´
V2
2
Re al
η=h i . (4.22)
V12
2
+ (h1 − h2 )
isent.
Nas condições de entrada, devido o fluxo mássico estar muito desacelerado,
podemos desprezar a energia cinética da entrada, assim:
³ 2´
V2
2
Re al
η= . (4.23)
(h1 − h2 )isent.
Para escoamento de vapor, normalmente é utilizada a seguinte formulação:
y = 1 − η.
Podemos, ainda, definir um coeficiente de descarga, como sendo a razão do
fluxo mássico real pelo fluxo mássico isentrópico., daí temos:
◦
mRe al
C≡ ◦ . (4.25)
misent.
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL35
E = ρe Ae Ve + Ae (Pe − P∞ ) ,
como vimos através da Eq.(4.20), onde P∞ é equivalente a Pb .
riormente, podemos considerar que o choque ocorre em uma região muito estreita
do escoamento e portanto, o atrito e a transferência de calor são desprezíveis
nessa região. Assim podemos supor que a variação de entropia no choque, ocorre
em um processo adiabático e sem atrito. Como, na análise do escoamento, um
processo considera somente o atrito e o outro somente a transferência de calor,
podemos assim supor que os dois pontos de intercessão das duas curvas sejam
os pontos de ocorrência do choque normal. Podemos, ainda, verificar que como
o choque é um processo irreversível ou seja, provoca um aumento na entropia, o
choque só pode ocorrer no sentido do escoamento supersônico para o subsônico.
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL40
Vx2 Vy2
cp Tx + = cp Ty + = Cte. (4.26)
2 2
O valor da constante nessa equação é equivalente a temperatura de estagnação.
Daí, então podemos escrever que:
Vx2
cp (T0 )x = cp Tx + (4.27)
2
Vy2
cp (T0 )y = cp Ty + ,
2
.Portanto, podemos verificar que a temperatura de estagnação é constante tanto
antes como depois do choque. Ainda, podemos exprimir as temperaturas de
estagnação em função do número de Mach M e da temperatura local T . Nós
vimos, Eq.(4.9),que :
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL41
T 1
= ,
T0 1 + k−1
2
M 2
µ ¶ µ ¶
k−1 2 k−1 2
(T0 )x = Tx 1 + Mx = (T0 )y = Ty 1 + My , (4.28)
2 2
ρAV = cte.
ou
ρx Ax Vx =ρy Ay Vy,
e com o choque ocorre em uma seção muito pequena do escoamento, podemos
dizer que:
Ax = Ay.
Portanto temos que:
V = CM,
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL42
Px − Py = ρy Vy2 − ρx Vx2 ,
ou
Py 1 + kMx2
= .
Px 1 + kMy2
Temos, portanto, duas relações para a razão de pressão. Igualando estas duas
relações, obtemos:
2
1−k
− Mx2
My2 = 2k
. (4.31)
1+ 1−k
Mx2
Substituindo esta relação na Eq.(4.29), obtemos:
¡ ¢ 2 ¡ 2k 2 ¢
Ty 1 + k−1
2
M x k−1
Mx − 1
= , (4.32)
Tx (k+1)2
M2
2(k−1) x
e
Py 2k k−1
= Mx2 − . (4.33)
Px k+1 k+1
Embora víssemos que a temperatura de estagnação permanecesse constante,
o mesmo não acontece para a pressão de estagnação. Lembrando a relação dada
pela Eq.(4.10):
Px 1
=¡ k ,
¢ k−1
(P0 )x 1+ k−1
Mx2
k
ou
Py 1
=¡ ¢ k−1
k
(P0 )y 1+ k−1
My2
k
³ k+1
´ k−1
k
2
Mx2
(P0 )y 1+ k−1
2
Mx2
=¡ 1 .
¢ k−1
(P0 )x 2k
Mx2 − k−1
k+1 k+1
Outra expressão relacionado a queda de pressão de estagnação pode ser obtida
através da equação de conservação de massa dada pela Eq.(4.17), onde podemos
escrever:
◦ r µ ¶ −(k+1) ◦ r µ ¶ −(k+1)
m k k − 1 2(k−1) m k k − 1 2(k−1)
= (P0 )x 1+ e ∗ = (P0 )y 1+ ,
A∗x RT0 2 Ay RT0 2
combinando estas equações, obtemos que:
A∗x (P0 )y
= . (4.34)
A∗y (P0 )x
Podemos verificar, através da análise dessa equação que as áreas críticas não são
as mesmas e portanto a área crítica após o choque não será a mesma da área
da garganta do bocal.
◦
s µ ¶
m k k−1 2
= PM 1+ M . (4.35)
A RTi 2
A vazão mássica máxima isentrópica é dada pela relação, Eq.(4.17), obtida
na região da garganta do bocal como:
◦ r µ ¶ −(k+1)
m k k − 1 2(k−1)
= P0 1+ ,
A∗ RT0 2
que é a vazão mássica teórica. Também podemos escrever esta equação como:
v
u
◦
misent. u k µ 2 ¶ (k−1)
(k+1)
t
= Pi . (4.36)
Ag RTi k + 1
Vimos, anteriormente que podemos correlacionar o escoamento mássico teórico
com o real, através da definição de um escoamento de descarga, como:
◦
mRe al
C≡ ◦ ,
misent.
como a Eq.(4.35) representa o escoamento em qualquer seção do bocal, podemos
então considerar o escoamento na seção divergente, onde existe o atrito, tendo
uma vazão mássica real como:
CAPÍTULO 4. ESCOAMENTO ISENTRÓPICO. NUM DUTO COM ÁREA VARIÁVEL45
v
u s
u k µ 2 ¶ (k−1)(k+1)
k
µ
k−1 2
¶
◦ t
mRe al = CAg Pi = P MA 1+ M .
RTi k + 1 RTi 2
(4.37)
Manipulando esta equação, obtemos:
v
µ ¶ u ¡ ¢ k+1
1u
2 k−1
1 AP t k+1
= ,
C Ag Pi M 1 + k−1 2
M 2
µ ¶ · µ ¶¸ k+1 µ ¶ −k
1 AP 1 2 k − 1 2 2(k−1) k − 1 2 k−1
= 1+ M 1+ M .
C Ag Pi M k+1 2 2
Note que o membro direito desta equação é o produto da razão de áreas pela
razão de pressões, dadas respectivamente pelas Eqs.(4.18) e (4.10). Portanto,
podemos escrever que:
µ ¶ µ ¶
1 AP AP
= . (4.38)
C Ag Pi A∗ P0 isent.
Esta equação é bastante útil, uma vez que ela relaciona uma condição isentrópica
com uma outra não isentrópica. Para escoamentos onde não há descolamento
de camada limite e esta não é muito espessa, ( Reynolds > 106 ) o coeficiente de
descarga C pode ser considerado como igual a 0.99.
Capítulo 5
Escoamento Adiabático com
Atrito (Escoamento Fanno)
46
CAPÍTULO 5. ESCOAMENTO ADIABÁTICO COM ATRITO (ESCOAMENTO FANNO)47
A ρV2
Fτ = f L, (5.1)
Dh 2
onde Dh é o diâmetro hidráulico. Podemos, portanto, verificar que a força de
atrito é uma função direta da condição da superfície do tubo e também do seu
comprimento.
Escoamento Subsônico
Vamos, então considerar um duto escoando uma massa por unidade de área, G1 ,
conforme ilustrado na Fig.(5.2), e a condição de entrada seja àquela do ponto
a e, o duto tem um comprimento tal que o escoamento na saída do duto seja
igual a Mach um.
Escoamento Supersônico
Vamos, também, considerar um duto com a condição de entrada de M > 1 e
pressão constante, ponto b da Fig.(5.4) e, este duto tem um comprimento tal
que a condição de saída seja de M = 1.
Escoamento Subsônico
Vamos agora analisar o caso em que as condições de entrada no duto são con-
stantes, condição a, e escoando uma massa G1 , Conforme a Fig.(5.2), e iremos
alterar a condição de pressão na saída do duto. Se a pressão na saída é maior
que a pressão P1 podemos verificar que o escoamento na saída será de M < 1.
Quando a pressão na saída atingir o valor P1 o escoamento terá M = 1. Se a
pressão na saída for diminuída além de P1 , como o escoamento não pode mais
se alterar pois atingiu a sua máxima variação de entropia, o escoamento per-
manecerá com M = 1 e, haverá choques de expansão na saída do duto para
ajustar a pressão de saída do duto com a externa.
Escoamento Supersônico
Para o escoamento supersônico podemos considerar duas classes de escoamento:
2. Neste caso temos Pe < P ∗ e Pb > Pe . ainda neste caso o duto terá um
comprimento menor que LM áx.
Neste caso ainda não ocorrerá choque no interior do duto e aparecerá
choques oblíquos de compressão fora do duto para ajuste da pressão de
saída Pe e a pressão externa PB , sendo que o escoamento na saída será su-
persônico Se a pressão externa PB continuar aumentar e tornar-se superior
a pressão crítica P ∗ , aí então, aparecerá um choque plano no interior do
duto para ajustar esse escoamento e, na saída o escoamento será subsônico
e no máximo sônico.
ρV = Cte.,
tomando a diferencial logaritmica, como já visto antes, obtemos:
dρ dV
+ = 0. (5.2)
ρ V
dF τ
−dP − = ρVdV,
A
onde dFτ representa as forças de atrito sobre a superfície de controle. Podemos
escrever dF τ como visto na Eq.(5.1), tal que:
A ρV2
dFτ = f dZ,
Dh 2
daí a equação de movimento pode ser escrita como:
f ρV2
dP + dZ + ρVdV = 0. (5.3)
Dh 2
cP dT + VdV = 0. (5.4)
É interessante escrever esta equação em função do número da Mach, dai então
temos que:
V = MC,
ou ainda: √
V = M kRT. (5.5)
CAPÍTULO 5. ESCOAMENTO ADIABÁTICO COM ATRITO (ESCOAMENTO FANNO)54
dM 2 2 dT
dV2 = V2 + V , (5.6)
M2 T
ou ainda:
dT (k − 1) M 2 dM 2
=− . (5.8)
T 2 + (k − 1) M 2 M 2
Equação de Estado
Para um gás perfeito a equação de estado é dada por:
P v = RT,
escrevendo esta equação na forma diferencial logaritmica, obtemos:
dP dρ dT
= + . (5.9)
P ρ T
Analogamente ao que foi feito na equação da energia, usando as Eqs.(5.5) e
CAPÍTULO 5. ESCOAMENTO ADIABÁTICO COM ATRITO (ESCOAMENTO FANNO)56
P = ρRT,
substituindo na equação de movimento, temos:
dP f 1 dV2
=− kM 2 dZ − kM 2 2 . (5.10)
P 2Dh 2 V
Substituindo a relação de densidade dada pela Eq.(5.2) na equação de estado,
dada pela Eq.(5.9), obtemos:
dP dT 1 dV2
= − , (5.11)
P T 2 V2
podemos substituir a relação de temperatura na equação acima, pela relação
dada pela Eq.(5.6), daí temos que:
dP 1 dV2 dM 2
= − (5.12)
P 2 V2 M2
Portanto, temos duas relações para a variação da pressão, uma dada pela Eq.(5.10)
e a outra dada pela Eq.(5.12). Igualando estas duas relações, obtemos que:
1 dV2 dM 2 f 2 1 2 dV
2
− = − kM dZ − kM ,
2 V2 M2 2Dh 2 V2
agrupando os termos, temos:
1¡ ¢ dV2 dM 2 f
1 + kM 2 2
− 2
=− kM 2 dZ.
2 V M 2Dh
Substituindo a relação de velocidade pelas Eqs.(5.5), (5.7) e (5.8), agrupando
os termos, temos que:
1 − M 2 dM 2 fk
k−1
= dZ.
1 + 2 M2 M4 Dh
Esta equação pode ser integrada, desde que admitamos um valor médio para f,
assim podemos considerá-lo como constante dentro do intervalo de integração.
Esta integração será efetuada em relação a um estado qualquer até a um estado
CAPÍTULO 5. ESCOAMENTO ADIABÁTICO COM ATRITO (ESCOAMENTO FANNO)57
Z
M=1 Z mx.
Z=L
1 − M 2 dM 2 fk
k−1 4
= dZ,
1+ 2 M M2 Dh
M Z=0
que obtemos:
· ¸
1 − M2 k + 1 (k + 1) M 2 fk
2
+ ln 2
= L, (5.13)
M 2 2 + (k − 1) M Dh
onde L é a distância da posição dos dados de entrada do conduto até a extrem-
idade do tubo onde temos M = 1, que é equivalente ao Lmx. . O comprimento
de duto necessário para que o escoamento varie de um número de Mach inicial
de M1 até outro número de Mach de M2 poderá ser encontrado, usando-se a
seguinte relação:
µ ¶ µ ¶
fk fk fk
L= Lmx. − Lmx. ,
Dh Dh M1 Dh M2
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
fk fk fk fk fk
Lmx. − Lmx. = Lmx. − Lmx. − L.
Dh Mx Dh My Dh M1 Dh M2 Dh
CAPÍTULO 5. ESCOAMENTO ADIABÁTICO COM ATRITO (ESCOAMENTO FANNO)58
ZT ZM
dT (k − 1) M 2 dM 2
= , (5.14)
T 2 + (k − 1) M 2 M 2
T∗ M=1
e o outro modo seria através da relação dada pela Eq.(4.8), que diz:
T0 k−1 2
=1+ M ,
T 2
como a temperatura de estagnação T0 é constante, podemos então escrever que:
T k+1
∗
= . (5.15)
T 2 + (k − 1) M 2
De modo análogo podemos escrever outras relações, tais como:
s
P 1 k+1
∗
= , (5.16)
P M 2 + (k − 1) M 2
s
· ¸ k+1
P0 1 2 + (k − 1) M 2 k−1
= , (5.17)
P0∗ M k+1
s
· ¸ k+1
∗ kR 2 k+1 k
s−s = ln M . (5.18)
k−1 M 2 [2 + (k − 1) M 2 ]
Capítulo 6
Escoamento em Dutos sem Atrito
e com Transferência de Calor
(Escoamento Rayleigh)
59
CAPÍTULO 6. ESCOAMENTO EM DUTOS SEM ATRITO E COM TRANSFERÊNCIA DE CALOR (E
1 Q2 1¡ 2 ¢
= cp (T2 − T1 ) + V2 −V21 . (6.5)
∆m 2
Vamos considerar, agora, que o escoamento é desacelerado isentrópicamente para
as condições de estagnação, tanto para a condição 1 com para a 2, podemos
então escrever a equação da energia para este caso, como:
V12
cp T1 + = cp (T0 )1
2
e
V22
cp T2 + = cp (T0 )2 .
2
Substituindo estas relações na equação da energia, Eq.(6.5), obtemos:
1 Q2
= cp [(T0 )2 − (T0 )1 ] . (6.6)
∆m
Podemos notar, portanto, que a temperatura de estagnação não permanece con-
stante neste processo de escoamento.
Integrando a Eq.(6.2) e utilizando a equação de estado, obtemos que:
CAPÍTULO 6. ESCOAMENTO EM DUTOS SEM ATRITO E COM TRANSFERÊNCIA DE CALOR (E
P1 1 + kM22
= ,
P2 1 + kM12
fazendo que no estágio 2 o escoamento seja àquele do estado crítico, ou seja
onde M = 1, obtemos que:
P 1+k
∗
= . (6.7)
P 1 + kM 2
Usando a equação de estado podemos achar uma correlação para a temperatura,
como:
· ¸2
T (1 + k) M
= , (6.8)
T∗ 1 + kM 2
e ainda:
ρ V (1 + k) M 2
= = .
ρ∗ V∗ 1 + kM 2
Podemos, ainda achar as correlações para as condições de estagnação como:
T (k + 1) M 2 [2 + (k − 1) M 2 ]
= (6.9)
T0 (1 + kM 2 )2
e
· ¸ k
P k+1 2 + (k − 1) M 2 k−1
= (6.10)
P0 1 + kM 2 k+1
Uma anomalia do escoamento Rayleigh ocorre em um ponto do escoamento
subsônico, onde a razão T /T ∗ é máxima, obtendo-se nesse ponto que:
1
M=√ . (6.11)
k
A adição de calor além desse ponto irá produzir uma diminuição na temperatura
do fluido, contrariando a nossa intuição. Reciprocamente, a retirada de calor
além deste ponto irá provocar um aumento na temperatura.