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História da Medicina no Século XX

Sandro Murilo Vilarinho Rezende

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Ao se analisar a evolução da Medicina ao longo dos séculos, um ponto
fortemente positivo do século XX em relação aos demais é o extermínio ou a
redução quase completa da incidência de doenças que chegaram a devastar
populações inteiras, como cólera, varíola e difteria. Além disso, no século XX,
um extraordinário desenvolvimento da cirurgia, das técnicas
imumocitoquímicas e da engenharia genética garantiram uma verdadeira
explosão de conhecimentos na área médica.

Avançando para o século de XXI é necessário uma análise retrospectiva da


estrada viajada pela ciência médica e ter uma aproximação da Medicina do
futuro:

A Medicina incorporou aspectos da psicologia, a qual ficou mais científica ao


explicar o comportamento do homem.
Foram descobertas muitas substâncias que dominam o organismo, os
antibióticos e esses que constituem a essência dos genes.
A cirurgia asséptica levou a passos grandes e deu lugar aos transplantes de
órgãos e à vídeo-cirurgia de invasão mínima.
A mulher chegou ao nível do homem, na Medicina que alcança os louros ao
obter Prêmios Nobel.
A explosão demográfica gerou enfermidades sociais diferentes e os médicos
tiveram que especialmente que lutar contra epidemias diversa. O medicamento
ecológico nasce como conseqüência das mudanças no ambiente.
Isso é apenas um pouco do que foi a Medicina do Século XX, o que nos leva a
crer que depois dela a Medicina tomou um novo rumo.

O que foi destaque na Medicina do Século XX

No século XX a Medicina, assim como outras Ciências, teve destaques


importantes em áreas específicas. Alguns desses foram:

Expectativa de vida

A expectativa de vida dos homens aumentou de 60 para 65 anos entre 1978 e


1998. Já entre as mulheres o aumento foi de 63 para 69 anos, no mesmo
período.

Doenças infecciosas e parasitárias

Doenças como diarréia, sarampo, malária, tétano, desidratação e tuberculose


são a segunda causa de morte no mundo, depois dos distúrbios
cardiovasculares. As vítimas principais são as mulheres e crianças que vivem
em condição de pobreza, nos países em desenvolvimento.

Complicações pré e após o parto, de origem infecciosa, provocadas pela falta


de assistência médica ou deficiências no estado geral de desnutrição das
gestantes, matam 2,5 milhões de mulheres todos os anos - quase o mesmo
número de mortes registrado pela AIDS.

AIDS

É a doença infecciosa que mais mata no mundo, isoladamente.

Desde seu surgimento, em 1981, o vírus HIV já infectou mais de 50 milhões de


pessoas, sendo 1,2 milhão de crianças, e causou 16 milhões de mortes.

Doenças sexualmente transmissíveis (DST)

Cerca de 330 milhões de pessoas estão contaminadas no mundo por algum


tipo de DST e, são registrados 5,8 milhões de novas ocorrências a cada ano.
As principais são: tricomona, a clamídia ou cândida, sífilis e gonorréia.

Tuberculose
São mais de 8 milhões de casos registrados atualmente no mundo. Os
principais agravantes para o recrudescimento da doença são a AIDS(debilita o
organismo tornando-o propício à infecção) e o aparecimento de novos bacilos
sobre os quais os medicamentos não conseguem fazer muito efeito.

Doenças do aparelho circulatório

Representam a primeira causa de mortes no mundo. As principais


manifestações são o acidente vascular cerebral e as doenças coronarianas.
Um em cada oito indivíduo sofre de doença cardiovascular no mundo.

Câncer

É uma das principais causas de mortes no mundo que está extremamente


vinculada ao processo de envelhecimento. Dentre os vários tipos o principal é o
câncer de pulmão. O segundo tipo que mais mata é o câncer de estômago
atingindo principalmente homens acima de 40 anos. Existem avanços
importantes nas pesquisas atuais sobre o combate ao câncer como as drogas
antiangiogênicas (impedem a gênese ou a multiplicação celular dos vasos
sangüíneos que nutrem o tumor) e os anticorpos monoclonais (reconhecem e
combatem proteínas específicas da célula tumoral conseguindo, assim,
interromper o crescimento do tumor).

Obesidade

Foi reconhecida como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em


função das doenças que acarreta a longo prazo como o diabetes e os
distúrbios cardiovasculares. Além desses temos o acidente vascular cerebral, a
hipertensão e alguns tipos de câncer.

Distúrbios mentais

Os médicos estimam em 2 milhões o número de casos novos só de deprimidos


clínicos, no mundo, por ano. Cerca de 330 milhões de pessoas sofrem de
algum tipo de distúrbio mental. Doenças como o alcoolismo, transtornos
bipolares, esquizofrenia e depressão são as principais doenças classificadas
no grupo de distúrbios mentais. Dos dez principais males que afetam a
população de 15 a 44 anos, quatro estão associados a distúrbios mentais.
Associado a tudo isso está também a alta taxa de estresse mundial que revela
os aspectos negativos dos hábitos da sociedade moderna.

Mortalidade infantil

Cerca de 12 milhões de crianças morrem, por ano, no mundo todo antes de


completar 5 anos de vida. As principais causas são: doenças infecciosas do
aparelho respiratório, diarréia, sarampo e malária. Em seguida temos as
complicações gestacionais e durante o parto.

Contribuições significativas
Engenharia genética

O estudo do DNA humano garantiu a exclusão definitiva da possibilidade de


duas pessoas serem exatamente iguais do ponto de vista de seu patrimônio
genético.

Em 1950, foi comprovada a existência de 46 cromossomos em células


somáticas humanas normais. A partir de então, grandes números de
aberrações cromossômicos foram descobertos, sendo a mais comum delas a
trissomia do 21, causa da Síndrome de Down ou mongolismo.

No final de 1960, foram desenvolvidas técnicas para diagnóstico pré-natal de


doenças genéticas a partir da análise de células extraídas do líquido amniótico,
o que permitiu a detecção de anormalidades fetais e expandiram a polêmica a
respeito da possibilidade de se selecionar para o nascimento apenas os fetos
saudáveis.

Todos esses avanços tecnológicos transformaram a genética em uma ciência


capaz de realizar diagnósticos, aconselhar e prevenir uma série de doenças.

Câncer

Apesar do desenvolvimento de técnicas cirúrgicas capazes de extrair tumores,


o temor ao câncer, doença já conhecida desde a Antigüidade, aumentou
consideravelmente, tendo-se em vista a imprevisibilidade de descoberta para a
cura da doença. Estu4os estatísticos comprovaram que neste século, a
freqüência de casos de câncer tem aumento consideravelmente e, além disso,
o órgão-alvo tem mudado; antes de 1900 o câncer de pulmão era raro, hoje é
uma das maiores causas de mortes sendo também elevado o número de casos
de câncer de colo e mama.

A herança genética foi descrita como fator causal relacionado ao câncer e


hormônios sexuais também foram apontados como elementos relacionados, o
que foi comprovado, por exemplo, pela melhora no quadro clínico de mulheres
portadoras de câncer de mama, após a retirada do ovário.

A associação entre câncer e radiação foi comprovada, sobretudo após o


aumento do número de casos de leucemia e outros tumores malignos em
pessoas expostas à bomba atômica de Hiroshima. O potente dano das
radiações foi tão enfatizado que afetou inclusive a conduta de profissionais que
trabalham regularmente com exames diagnósticos por raios-X. Unia grande
contribuição no diagnóstico do câncer foi dada por George Papanicolaou
(1928) que desenvolveu uni teste capaz de identificar células malignas a partir
da análise da secreção vaginal de mulheres portadoras de câncer de cérvix.

Outra grande conquista do século XX contra o câncer foi a quimioterapia. O


uso de componentes arsenicais no combate ao câncer surgiu a partir da
descoberta na Primeira Guerra e da confirmação na Segunda, de que o gás
mostarda e compostos químicos similares podem reduzir o crescimento de
células malignas em curto tempo. Mais tarde foi comprovada a eficácia de um
derivado do ácido fólico na inibição de leucemia aguda em crianças. Desde
então, umas séries de compostos químicas têm sido desenvolvidas de plantas
e micróbios, cada um agindo em diferentes estágios de transformação e
proliferação de células malignas. A principal limitação no tratamento do câncer
diz respeito à ação danosa dos medicamentos sobre as células normais, O
principal objetivo da quimioterapia é encontrar agentes com toxicidade mínima
capazes de agir seletivamente nos tumores malignos.

Antibióticos

Paul Ehrlich descobriu, no início do século XX, uma "bala mágica" que mata
germes no corpo sem destruir células que eram responsáveis pela síntese do
composto efetivo no tratamento da sífilis, mas os princípios que ele anunciou
não rumaram para uma efetiva batalha contra os microorganismos.

Michael Heidelberger trabalhou em pneumococos (causador da pneumonia)


investigando um soro especifico para cada tipo de germe pneumococos, mas
sem muitos resultados. Em 1917, Charles Heidelberger e W.A. Jacobs
relataram que a sulfanilamida destrói bactérias, mas nenhum investigador
atentou-se para esse fato. Na Alemanha, Gerhard Domagk, também testou a
atividade antibacteriana em várias colorações, relatando o prontosil, que ataca
o streptococo cm camundongo. A introdução da química em terapias foi então
alterada devido a muitas infecções que causavam até a morte. Trefouel na
França mostrou que o prontosil causou no corpo produção de sulfanilamida,
uma substância com atividadc antibacteriana. Estudos subseqüentes
descobriram derivados: sulfapiridina, sulfaguanidina e drogas para tratamento
de infecções urinárias.

Outras drogas antibacterianas forma desenvolvidas. Foi provado nesse


momento o efeito do Isoniazid contra o bacilo da tuberculose, causando uma
revolução do tratamento da mesma.

Pasteur observou antagonismos entre bactérias. Investigadores tentaram


impedir o crescimento de uma espécie de bactéria por cultura ou extratos, mas
os resultados foram incertos ou também produziram toxinas.

Entretanto, publicações dos séculos XIX e XX indicaram que bactérias mais


fortes e fungos também destruíam certas bactérias. Em 1912, denominaram
essa bactéria Penicilium notatum. Em 1921, foi provado que o Penicilium
destruía os bacilos e impedia os estafilococos.

Depois disso, outros tipos forma descobertos rapidamente. Streptomicina


contra tuberculose. Cada antibiótico possui suas atividades potenciais, mas
também possui suas limitações. Com o tempo, essas bactérias vão adquirindo
resistência, necessitando de novas drogas. Além disso, comprovou-se que
cada bactéria é sensível a um tipo de antibiótico.

Diálise renal
Um dos mais corajosos produtos do século XX é a renovação de um órgão
doente e transplantá-lo por um órgão saudável de outra pessoa. O transplante
renal foi dos que conseguiram maior sucesso, mais isso não foi possível sem
que o paciente com o rim doente ficasse esperando enquanto se avalia o rim
do doador.

Em 1913, criou-se o rim artificial, utilizado primeiramente em cachorro. Esse


método foi muito útil para os humanos, contendo tubos com anticoagulantes e
todo o aparato para que fosse realizado o papel do rim. Em 1945, foi utilizado
com sucesso nos humanos. Esses pacientes sofrem assim diálise, ficando
horas necessárias freqüentemente até que seja descoberto um doador
compatível.

Transplante de órgãos

Cristian Barnard realizou em 1967 o primeiro transplante de coração. Até esse


momento, o público conhecia somente pesquisas sobre o fato ou sobre
transplantes renais. Esse transplante de coração, no entanto, teve bem mais
ênfase pela mídia do que o já existente renal.

Alexis Carrel, que ganhou prêmio Nobel de medicina em 1912 estabeleceu um


método para restabelecer a circulação sanguínea normal em um órgão
transplantado, além de que desenvolveu técnicas de sutura. Emile

Holman, na década de 50 estabeleceu os motivos da rejeição que eram


devidos a anticorpos agindo contra o tecido implantado.

Em 1954 foi realizado por The Peter Bent Brigham Hospital cm Boston, um
transplante com sucesso de rim ocorrendo entre irmãos. No entanto, o
transplante renal entre pessoas sem parentesco não ocorreu com sucesso
antes dos pesquisadores prevenirem a rejeição de transplantes e as drogas
que evitassem as respostas imunológicas. Depois que foram descobertas
essas drogas, o transplante passou a ser feito em larga escala.

Hipertensão

A primeira pessoa a medir a pressão sanguínea foi o clero Stephen Hales, em


1733, enfiando um tubo oco no pescoço de um cavalo e anotava até onde o
sangue ia a uma coluna de vidro.

Em 1876, Ritter Von Bash, criou um instrumento que poderia medir a pressão
sanguínea de um humano. Eles mediam, após a compressão do braço, a
pressão quando se sentia o primeiro pulsar, era no caso a pressão sistólica. Só
em 1905, com Korotkoff, com uni estetoscópio descobriu que quando o pulso
desaparecia, estabelecia a pressão da diástole. Investigadores descobriram no
inicio do século XX. a cxist3itcía de um complexo enzimático um mecanismo
hormonal de regulação da pressão sanguínea em que os rins, as adrenais e o
sistema nervoso possuíam importante participação. Tratamentos para controle
de alta pressão sanguínea são: dietas, operações nos rins, adrenais, artérias,
sistema nervoso simpático e agentes químicos.
Avanço nas especialidades

À medida que a humanidade foi conhecendo avanços tecnológicos a medicina


acompanhou esses avanços gerando novas áreas de atuação.

Durante a revolução industrial, visando diminuir a modalidade dos


trabalhadores, aumentando o tempo de exploração de mão de obra pelos
burgueses e aumentando seus lucros, foi criada a medicina industrial. Para tal,
os médicos passaram a observar os locais de trabalho e os galpões úmidos,
quentes, sem janelas e iluminação, recebendo transformações que os tornaram
menos abrasíveis à saúde para que o proletário saudável pudesse ser mais
explorado pelo patrão.

Com o advento da era atômica a medicina atômica, baseada em diagnósticos


por radioisótopos e terapias radioativas contra o câncer, teve crescente
importância na luta contra tais doenças e prevenção contra acidentes com
detritos radioativos, contaminação de alimentos e testes nucleares. A corrida
espacial talvez criou a mais drástica a área da medicina, a medicina espacial
que analisa o comportamento do organismo dos astronautas sob condições de
aceleração, pressão, extremos térmicos, ausência de peso, nutrição, excreção,
ciclos fisiológicos, distorções sensoriais e psicológicas, e possíveis mutações
por radiações cósmicas.

Analisando o avanço nas diversas especialidades médicas:

Imunologia

Nessa área, os cientistas conseguiram explicar porque as pessoas que


contraem certas infecções como a varíola, tornam-se resistentes a ela quando
expostas novamente ao contato com o agente infeccioso. Essa explicação foi
importante, sobretudo, para se estudar formas de indução de resistência antes
que a doença ocorra.

A descoberta de que nosso organismo era capaz de combater agentes


estranhos pôde ser diretamente relacionada aos insucessos freqüentes das
cirurgias de transplantes de órgãos; o organismo tende a reagir ao órgão
enxertado como reagiria a um agente infeccioso qualquer que nele penetrasse.

Em 1930, foi descoberto que as proteínas moleculares responsáveis pela


resposta imunológica do organismo estavam presentes na fração gama
globulina do sangue, sendo capazes de um grande número de interações
funcionais (por exemplo com o vírus da poliomielite e com as toxinas do tétano
e da difteria).

Virologia
A invenção do microscópio eletrônico no inicio do século XX permitiu o exame
da estrutura dos vírus com grandes detalhes e o estudo de suas relações com
as células que infectam. Além disso, as pesquisas também avançaram no
sentido de se buscar a compreensão dos fenômenos de multiplicação e
mutação vir ais.

O vírus que causa a paralisia infantil foi isolado pela primeira vez em 1909 e,
em 1954 foi desenvolvida nos Estados Unidos a primeira vacina contra a
doença, garantindo, nos anos seguintes, redução considerável de sua
incidência.

Descobriu-se também que a rubéola, embora raramente provocasse


complicações e praticamente nunca fosse fatal em crianças e adultos, caso
uma mulher contraísse rubéola durante a gravidez, seu bebê poderia também
ser infectado pelo vírus, podendo sofrer sérios danos permanentes ou morrer.
A partir daí a vacina contra a rubéola passou a fazer parte das políticas de
imunização em vários países.

Cardiologia

Nos primeiros anos do século XX, WilIem Einthoven descobriu um instrumento


que providenciou a marcação da atividade elétrica do coração humano no
eletrocardiograma. Pôde descobrir a taxa cardíaca e seu ritmo. Assim,
aumentou-se a preocupação com o estudo das coronárias, promovendo uma
redução na taxa de mortes por doenças cardíacas.

Estudos na primeira metade do século XX sobre pressão alterada e sopros no


coração em animais, isso ocorrendo naturalmente ou de forma induzida gerou
os primeiros fundamentos para a moderna cardiologia e para a cirurgia
cardíaca.

No início dos anos 40, André Cournande e Dickinson W. Richards em Nova


York evidenciaram um método para a medida da pressão do coração humano.
Além disso, várias drogas foram descobertas contra doenças cardíacas. Enfim,
essas descobertas foram essenciais para o desenvolvimento da cardiologia.
Assim, entendendo as bases moleculares das doenças cardíacas trarão
benefícios para principalmente duas áreas (arteriosclerose e arritmias).

Cirurgia Cardíaca

Por um longo período o coração era considerado fora dos limites da cirurgia.
Até que em 1896, Ludwig Rehn reparou uma laceração no coração.
Primeiramente, descobriram-se métodos sobre a anestesia para uma operação
no tórax, até que se introduziram gases anestésicos na traquéia, conseguindo
êxito em 1948, quando Robert Cross fez uma cirurgia de enxerto de tecido na
aorta de um paciente. Em 1952, Hufnagel implantou uma válvula sintética. Em
1956 foi permitida a visualização da cateterização cardíaca vendo o interior do
coração através da injeção de substâncias radiopacas. Além disso, houve
grande avanço das cirurgias para correção de anomalias congênitas.
História da Medicina no Século XX
Com o grande desenvolvimento dos estudos foi possível realizar também operações de obstrução das artérias
coronárias (infarto). Em 1967, Cristiaan Bamard na África do Sul realizou o primeiro transplante cardíaco em humanos.
Em 1969, conseguiu-se implantar um coração por dois dias e meio enquanto o paciente esperava o transplante. Assim,
o avanço do transplante cardíaco será maior com o melhor entendimento do mecanismo imunológico.

Cirurgia arterial

Matas, no fmal do século passado, desenvolveu a primeira operação de um aneurisma arterial. Na mesma época, o
russo Eck fez uma conexão entre as veias porta e cava. Ao longo do século XX, diversas técnicas cirúrgicas foram
sendo desenvolvidas.

Robert Cross foi o primeiro a utilizar fragmentos arteriais de pessoas mortas em acidentes para criar uma comunicação
entre as circulações pulmonar e sistêmica. Dos Santos recanalizou artérias obstruídas com trombos ou placas
escleróticas

A primeira ressecação da aorta em aneurisma e que foi colocado um enxerto foi em 1952 em Paris (Dubost). Outras
substâncias foram desenvolvidas para realizar esse enxerto (silicone, polietileno).

Além disso, nas últimas décadas Ibram desenvolvidas técnicas para reimplantação de membros. Para isso foram
definidas severas disciplinas para a cirurgia, para que o membro tivesse grandes chances de sobreviver e ter suas
funções restauradas.

Gastroenterologia

Raramente um campo da ciência desenvolve-se da noite para o dia, mas pode-se dizer que a gastroenterologia
moderna nasceu na manhã de 6 de junho de 1822, quando o Dr. William Beaumont tratou uma grave ferida de um
paciente que deixou seu estômago exposto através da parede abdominal. Os vários experimentos conduzidos por
Beaumont provaram a presença do ácido clorídrico no suco gástrico, estabeleceram a intima relação entre o estado
emocional, a secreção gástrica e a digestão, ou seja, abriram as fronteiras para pesquisas fisiológicas na
gastroenterologia.

Em 1902, William Bayliss e Ernest Starling descobriram que uma substância química do tecido intestinal (a que eles
chamaram de secretina) era capaz de estimular a secreção pancreática. Esse fato revolucionou as ciências biológicas
ao provar que a função de um órgão pode ser regulada por substâncias químicas.

Em 1905, William criou a palavra hormônio (do grego: provocar atividade) que designava todas as classes de
mensageiros químicos como a secretina do mesmo tempo, John Edkins demonstrava a presença de uma substância
química estimuladora da secreção gástrica no estômago de cães, a que ele nomeou gastrina.

Em 1965, num laboratório de genética na Filadélfia, B.S. Blumberg e seus colegas descobriram, por acaso, um
antígeno viral que tornou-se a chave para o mistério da hepatite transmitida pelo soro, pelo qual ele recebeu o prêmio
Nobel em 1976.

Um dos mais not4veis avanços na Medicina do século XX foi a descoberta de que uma deficiência nutricional
associada à ausência de ácido no estômago era responsável péla doença fatal anemia perniciosa. Após muitos anos
de estudos e experiências, George Richards Minot relatou a cura de uma pessoa com essa doença pela ingestão de
grande quantidade de fígado. Depois disso, William Parry Murphy, George Whipple e outros provaram que o fator
ausente era a vitamina 812. Ivlinot, Murphy e Whipple receberam o prêmio Nobel em 1934.

Endocrinologia

Talvez a mais famosa contribuição para a endocrinologia foi o isolamento da insulina por Frederick Banting e Charles
Best em 1921.

Na década de 20 foram descobertos os princípios da estimulação dos órgãos sexuais pela glândula pituitária. Pouco
depois, as estruturas químicas dos hormônios sexuais femininos foram delineadas e sua relação com o ciclo

menstrual explicada. Baseado nisso, os contraceptivos orais foram, posteriormente, introduzidos na década de 50.

A descoberta, após 1900, que substâncias da camada interna das glândulas adrenais aumentavam a pressão
sanguínea, possibilitou aos médicos diagnosticarem os efeitos dos tumores das adrenais e levou ao entendimento do
mecanismo de hipertensão.

Com o acúmulo de mais informações, a glândula pituitária foi vista como sendo a estação central de controle de todas
as outras glândulas endócrinas.
Oftalmologia

Na virada do século, muitas das ferramentas básicas da oftalmologia já eram conhecidas. As estruturas microscópicas
do olho na saúde e na doença eram bem conhecidas, mas detalhes completos de como o olho funciona ainda não
tinham sido estudados. Em termos de tratamento, havia uma cirurgia grosseira para eliminação de cataratas e alguns
procedimentos para o glaucoma.

Por volta de 1900, urna operação razoavelmente satisfatória substituiu a antiga técnica em que a catarata era
simplesmente empurrada para fora da linha da visão. No século XIX a remoção da lente era feita consideravelmente de
modo mais prático com o advento da anestesia local. Com o passar dos anos, o aperfeiçoamento dos instrumentos e
das técnicas cirúrgico fez com que a cirurgia se tomasse mais segura e eficaz.

Ortopedia

Por muitas décadas, ortopedistas eram médicos e cirurgiões interessados em doenças e deformidades músculo-
esquelética, tais como escoliose, infecções dos ossos e articulações, paralisia devido à poliomielite, defeitos
congênitos, além de fraturas e deslocamentos.

Em 1908, Erich Lexer relatou, aparentemente, grande sucesso com transplante de toda articulação do joelho de uma
pessoa para outra, mas este procedimento nunca foi assumido por outros ortopedistas, provavelmente porque
resultados tardios não confirmavam as expectativas. Em 1911, Russel Hibbs revolucionou o tratamento de escoliose e
tuberculose espinhal por criar uma cirurgia de fusão espinhal que continua a ser aperfeiçoada e modificada.

O deslocamento do disco intervertebral foi reconhecido como sendo causa comum de dores na parte inferior da coluna
em 1911. Uma hérnia de disco foi removida pela primeira vez em 1934.

Neurologia

Na primeira década do século XX, a estrutura e função das fibras e células nervosas foram esclarecidas pelas
investigações de Camillo Golgi e Santiago Ranión. Os métodos de cultura de tecido criados em 1907 para determinar
como as fibras nervosas regeneravam após uma lesão tornaram-se uma ferramenta essencial para pesquisa em outras
áreas, como cirurgia vascular e virologia. Charles Sherrington e Edgar Adrian receberam um prêmio Nobel em 1932
por suas investigações em reflexos, impulsos nervosos e no mecanismo da sensação. Posteriormente George Wald e
Ragnar Granit também receberam prêmio Nobel em 1967 por suas descobertas na fisiologia da visão.

Nos últimos vinte anos, as neurocirurgias têm sido utilizadas não só para a remoção de tumores e aneurismas, mas
também para o alívio da dor, redução de tremores e comportamentos anormais, e modificações benéficas dos
mecanismos hormonais no tratamento do câncer.

Aspectos da profissão e conduta médica

No século XX, o papel do médico foi intensificado. A conscientização pública da importância da saúde aumentou sua
responsabilidade e os avanços científicos tornaram difícil a atualização.

No início do século o clínico trabalhava sozinho, tinha na cabeça todo o conhecimento essencial e em sua mala,
praticamente todo o arsenal farmacêutico. Os hospitais eram para os indigentes. Hoje o médico é membro de uma
equipe onde cada um é especializado em uma área diferente, com auxílio de técnicos, laboratórios, tecnologias,
grande estrutura farmacêutica, órgãos de pesquisa. O médico não apenas diagnostica e trata, mas previne e
acompanha a cura do paciente reabilitando-o.

Outro aspecto importante que a modernidade trouxe para os médicos foi a rapidez das vias de informação. Por meio de
fax, email, Internet, teleconferências e celular a medicina aproximou tanto o médico do conhecimento e de sua
atualização. Além de ter colocado médico e paciente em maior contato.

Práticas alternativas

A medicina convencional, baseada na alopatia, no combate aos sintomas e em intervenções de modo geral agressivas
ao organismo do paciente, está aos poucos perdendo a sua posição hegemônica nos países ocidentais. Surpreendida
pela revolução comportamental que varreu o Ocidente nas últimas décadas do século XX, questionando vários dos
princípios iluministas que regem a cultura européia - e seus herdeiros nas Américas -, a medicina convencional passou
a dividir espaço com a homeopatia, a acupuntura, a ioga, a meditação e dezenas de outras práticas terapêuticas não-
invasivas, quase todas de origem oriental, antes confinadas entre nós ao terreno do curandeirismo.
Chame-se a isso de medicina alternativa ou complementar, integrativa ou holística, a verdade é que algo está
mudando numa área vital para as pessoas: a manutenção da saúde. E a tendência de mudança não reflete apenas o
interesse dos indivíduos por tratamentos mais suaves e com menos riscos de efeitos adversos. Há ai também indícios
de uma abertura em direção a um novo paradigma científico, cujo impacto na maneira de o homem lidar com a
medicina, com as doenças e com sua própria vida promete ser avassalador.

A velocidade com que as coisas estão acontecendo espanta. Atualmente, 75% das escolas de medicina dos Estados
Unidos oferecem cursos de especialização em terapias alternativas ou desenvolvem estudos sobre o tema. Calcula-se
que metade dos 270 milhões de americanos costuma recorrer a algum tipo de tratamento não-convencional. O
fenômeno se repete no Brasil, ainda que em menor escala.

Segundo alguns médicos mais céticos, o que funciona nos tratamentos alternativos é o efeito placebo. Outros
profissionais acreditam que o efeito placebo é uma conseqüência da participação do estado psíquico na cura do
paciente, o leva a inferir que a saúde física resulta do bem-estar psicossomático. Já alguns cientistas, que vislumbram
a possibilidade de encontrar novas técnicas de terapia médica, dedicam suas pesquisas nessa área. É o caso do
pesquisador Jack Benveniste, que comprovou que preparações homeopáticas são capazes de degranular basófilos
humanos.

As principais linhas terapêuticas alternativas são:

Homeopatia

Reconhecida oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina como especialidade médica, trata doentes com doses
muito diluídas de substâncias cuja ação, em doses maiores provoca os mesmos sintomas da doença a ser tratada.
Defende a tese de que o indivíduo deve ser medicado de acordo com as características de sua personalidade.

Acupuntura

Prática milenar chinesa. Atua por meio de estímulos em pontos específicos do corpo do paciente. Em geral, esses
estímulos são feitos com agulhas especiais, mas também podem ser elétricos, térmicos, magnéticos, luminosos e
químicos. Cada ponto está relacionado ao funcionamento de um órgão ou sistema. Baseia-se na idéia de que o
universo é regido por forças opostas e complementares. A saúde é resultado do equilíbrio entre elas.

Calatonia

Terapia corporal desenvolvida na década de 40 pelo psicoterapeuta Pether Sandor. Seu método se constitui em toques
suaves com as mãos sobre o corpo do paciente.

Fitoterapia

Apoiada nos princípios ativos presentes em algumas plantas recorre ao uso de chás, infusões, ungüentos e xaropes de
folhas, raízes e flores, para o restabelecimento da saúde ou prevenção de doenças. Alguns centros de pesquisa já
descobriram propriedades farmacológicas e clínicas em várias plantas adotadas como remédio pela população.

Florais de Bach

Essências de 38 flores diluídas em conhaque, desenvolvidas pelo médico inglês Edward Bach, na década de 30, às
quais se atribuem propriedades curativas. Têm como pressuposto que as plantas possuem vibração energética, que
podem tratar de problemas como depressão, insônia, ansiedade e medo.

Quiropatia

Desenvolvida pelo médico norte-americano David Palmer e que consiste em liberar nervos através da manipulação
precisa da coluna. Através dessa prática é possível aliviar dores de coluna e também vários outros males que
aparentemente não estão ligados à coluna, como enxaqueca, gastrite e até certos tipos de surdez.

Os obstáculos a serem transpostos

• Medicamentos que provocam diversos efeitos colaterais altamente lesivos ou mesmo letais;
• Incapacidade de diagnosticar pequenas anomalias, quando a conseqüência é principalmente psicossomática;
• Altos custos dos medicamentos, a indústria farmacêutica se preocupa cada vez mais e somente com os lucros
financeiros;
• Concentração de médicos nos grandes centros;
• Médicos mal preparados e sofrendo de alto índice de estresse, levando-os ao álcool, às drogas ou suicídio.

Cronologia

1901 – O japonês Jokichi Takamine isola a epinefrina (adrenalina).

1902 – O francês Charles Robert Richet descobre a anafilaxe (sensibilidade anormal do paciente a tratamento com
soro) e a forma de testa-la.

1904 – O norte-americano William Crawford Gorgas desenvolve o modo de erradicar a febre amarela.

1906 – O austríaco Clemens von Pirquet define a sintomatologia da alergia.

1907 – O geneticista norte-americano Thomas Hunt Morgan estuda como as características da mosca-das-frutas são
transmitidas às crias. Percebe, então, que essas características passam de pai para filho gravadas em pedaços de
cromossomos.

1909 – A palavra gene é criada pelo botânico dinamarquês Wilhelm Ludvig Johannsen. Ele quis usar uma expressão
curta para designar os pedaços de cromossomos identificados por Thomas Morgan.

1912 – O norte-americano Paul Ehrlich usa a acriflavina como anti-séptico. O inglês Frederick Hopkins descobre a
importância das vitaminas na prevenção e tratamento de raquitismo, escorbuto e beribéri.

1913 – Aprofundando o estudo das vitaminas, o bioquímico norte-americano Elmer Cerner McCollum demonstra que
elas são essenciais à saúde.

1914 – O francês Aléxis Carrel faz a primeira operação cardíaca bem-sucedida em um cachorro.

1916 – O romeno Toma Ionescu faz a primeira simpatectomia (remoção de parte do sistema nervoso simpático), para
aliviar a angina pectoris. É descoberto o processo de refrigeração do plasma sanguíneo para transfusões.

1920 – O norte-americano Harvey Williams Cushing desenvolve técnicas de cirurgia cerebral.

1921 – Os franceses Albert Calmette e Camille Guérin preparam a vacina BCG contra a tuberculose. O alemão
Friedrich Dessauer faz a utilização terapêutica dos raios-X.

1922 – Começa a ser usada no tratamento da diabetes a insulina artificial. O francês Aléxis Carrel descobre os
glóbulos vermelhos do sangue.

1924 – A insulina é purificada pelo médico canadense Frederick Grant Banting e seu assistente Charles Herbert Best.
Extraíram a substância diretamente do pâncreas de um cachorro.

1928 – Por puro acaso, o bacteriologista escocês Alexander Fleming descobre a penicilina, o primeiro antibiótico. Por
esquecimento, ele deixa sem proteção um caldo de micróbios que estava criando no laboratório. No dia seguinte, vê
que um pouco de mofo tinha crescido em alguns pontos do caldo e que, nesses locais, os micróbios estavam mortos.
Purificando o mofo, observa que é capaz de liquidar diversos tipos de micróbios.

1930 – O norte-americano Max Theiler desenvolve vacina contra a febre amarela.

1935 – O alemão Gehard Domagk cria o prontosil, a primeira droga da linha das sulfas para o tratamento de infecções
estreptocócicas.

1936 – O francês Aléxis Carrel desenvolve o primeiro coração artificial.

1939 – Os norte-americas Philip Levine e Rufus Stetson descobrem o fator Rh no sangue.

1940 – A penicilina é convertida em antibiótico do uso prático.

1944 – O bacteriologista norte-americano Oswald Theodore Avery descobre que a molécula de ácido
desoxirribonucléico (DNA) é a matéria-prima da qual são feitos os genes.
1948 – Fundação da Organização Mundial da Saúde.

1949 – O norte-americano Phip Showalter Hench descobre a cortisona.

1952 – Produzida a primeira pílula anticoncepcional.

1961 – Uso indiscriminado da talidomida provoca o nascimento de crianças deformadas.

1967 – O biólogo inglês John B. Gurdon cria o primeiro clone de um vertebrado adulto, uma rã. O clone se desenvolveu
com base em uma célula comum, extraída do intestino de sua "mãe". Primeiro transplante do coração.

1970 – Os microbiologistas norte-americanos Hamilton Othaniel Smith e Daniel Nathans encontram enzimas capazes
de quebrar a molécula de DNA, tornando possível realizar alterações no DNA. Cria-se o primeiro gene artificial.

1973 – Os bioquímicos norte-americanos Stanley H. Cohen e Herbert BW. Boyer realizam a primeira experiência bem
sucedida em engenharia genética.

1975 – Descoberta de substâncias produzidas pelo próprio organismo que aliviam a dor, as endorfinas.

1976 – O químico indiano Har Gobind Khorana consegue introduzir um gene sintético dentro de uma célula viva.

1981 – O raio laser é utilizado, no Japão, para extirpar um câncer de estômago.

História da Medicina no Século XX

1982 – É implantado o primeiro coração artificial, mas o paciente morre três meses depois.

1987 – O AZT é introduzido no combate à AIDS.

1988 – Desenvolvido teste de diagnóstico de HIV no organismo humano.

1991 – A varíola é a primeira doença erradicada no mundo.

1992 – Desenvolve se primeira vacina contra hepatite A

1995 – Ortodontistas norte-americanos, Garry D. Hack e Gwendolyn F. Dunn, identificam um músculo, até então
desconhecido, no rosto – o sphenomandibularis.

1996 – O médico norte-americano David Ho cria um coquetel de drogas, chamadas inibidoras de protease, com as
quais consegue eliminar em alguns pacientes, até 99% dos HIVs.

1997 – Nasce o primeiro clone de um mamífero adulto. A experiência, feita pelo embriologista escocês Ian Wilmut,
utiliza uma célula da teta de uma ovelha, dessa célula nasce um clone batizado de Dolly.Almanaque Abril – 1993,
1994, 1995, 1999 e 2000

Revista Super Interessante – Ano 15, nº 5, Maio 2001 – "A Medicina Doente" e "Um outro jeito de curar"

Revista Istoé – 02/09/1998 – "Consultório Virtual"

Scliar, Moacyr. A paixão transformada: história da medicina na literatura. São Paulo: Companhia da Letras, 1996.

http://omega.ilce.edu.mx:3000/sites/ciencia/volumen3/ciencia3/154/htm/sec_16.htm

http://www.imbiomed.com.mx/Sucre/Suv65n116/espanol/Wsu116-09.html

http://www.geocities.com/CollegePark/Library/2622

Outros Autores: Daniel Lemos da Silva Araújo, Dilson Palhares Ferreira, Jean Massa, Luiz Gustavo Borges Teles
e Thiago Corrêa do Carmo

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