Professional Documents
Culture Documents
39f. il.
Monografia ( Conclusão do Curso de Química – Licenciatura
Plena ) – Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara, 2007.
Inclui anexos e bibliografia
CDU :.37:504
A educação ambiental está cada vez mais mobilizando os diferentes segmentos da sociedade,
portanto, devemos priorizá-la nas instituições de ensino de forma adequada. Este trabalho
propõe inserir a educação ambiental na realidade escolar dos alunos, utilizando temas
interdisciplinares para contextualização do Ensino de Química. A educação ambiental permite
aos alunos a formação de uma consciência ambiental e consequentemente uma formação
como cidadão. Para elaboração deste trabalho foram realizadas pesquisas em livros e artigos
que relacionassem Ensino de Química e Educação Ambiental. Posteriormente a este
levantamento bibliográfico foi elaborado um mini-curso para alunos do Ensino Médio com
um total de 24 horas/aula, sendo que estas 24h foram divididas em seis encontros de quatro
horas cada. Em cada encontro pode-se trabalhar com os alunos temas variados dentro do
ensino de Química, mostrando por meio de aulas práticas e teóricas que a Química esta
inserida em seu cotidiano. Por meio deste mini-curso pode-se desenvolver nos alunos uma
maneira diferente de se pensar em Química e de se estudar os conteúdos relacionados à
educação ambiental, utilizando o tratamento de efluentes industriais como material para
contextualizar as aulas. Com a aplicação deste trabalho percebeu-se que a educação ambiental
esta fora da realidade dos alunos e que a utilização da contextualização dos conteúdos de
Química por meio de assuntos do cotidiano do aluno torna a fixação do conteúdo mais efetiva
e as aulas são prazerosas. Estes resultados confirmam que os professores têm um papel
essencial, o de transformar a educação.
INTRODUÇÃO...............................................................................................................9
REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................................12
DESENVOLVIMENTO.................................................................................................25
CONCLUSÃO................................................................................................................32
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................33
ANEXOS........................................................................................................................35
INTRODUÇÃO
Não tem cor, não tem cheiro e, geralmente, não tem sabor, sua molécula é de
composição relativamente simples: um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio, representada
por H2O. Quase sempre é encontrada e consumida em forma líquida, mas também se
apresenta solidificada, como gelo, ou gasosa, como vapor.
Para quem está acostumado a recebê-la com o simples gesto de abrir a torneira, parece
um bem de pouco valor. Mas em regiões onde é escassa, chega ser a causa de conflitos
sangrentos. "Quando o poço está seco, é que nós entendemos o seu valor" (CARRUSO,
1998).
Estamos falando da água, esse bem tão abundante e, ao mesmo tempo, tão raro e
fundamental á sobrevivência humana.
O incrível volume de água que cobre a terra pode levar à conclusão falsa e perigosa de
que se trata de um bem abundante e inesgotável. Pelas contas de especialistas, 95,1 % da água
do planeta é salgada, sendo imprópria para o consumo humano. Dos 4,9 % que sobram 4,7%
estão na forma de geleiras, ou em regiões subterrâneas de difícil acesso, e somente os 0,147%
restantes são para o consumo humano em lagos, nascentes e em lençóis subterrâneos
(MACÊDO, 2004).
A economia mundial gira, na maioria das vezes, em torno das fontes de energia:
petróleo, carvão, gás natural etc. No entanto, existem substitutos para esses elementos. Para a
água não existe substituto. Uma pessoa não pode viver mais de uma semana sem água,
embora possa suportar mais de um mês sem alimentos (CARRUSO, 1998).
Na agricultura, a água é de suma importância, para que a mesma produza nos volumes
esperados se precisa do solo, dos fertilizantes e principalmente da água. E quando se fala de
consumo de água para a agricultura, os números são impressionantes. De toda a água doce
consumida no planeta, cerca de 70 % se destina ao setor agrícola (ibid).
10
Em nossos dias, a deterioração dos recursos hídricos tem aumentado. Os rios e lagos já
não são mais aqueles locais privilegiados, cujas águas podiam ser consumidas ou utilizada na
agricultura sem qualquer restrição. A implantação de indústrias que não dão a devida atenção
ao tratamento das águas residuais tem modificado de forma altamente perigosa à água.
A contaminação das águas é um crime de graves conseqüências, que deve ser
combatido a qualquer preço. Mas não é o que acontece. No Brasil e no mundo inteiro, grande
número de pessoas e empresas, consciente ou inconscientemente, degradam o meio ambiente
e os recursos hídricos.
As empresas deveriam pensar em ter uma política a respeito da utilização da água em
seus processos. Utilizando a menor quantidade de água possível, reutilizando-a sempre que
possível, e quando descartada ao meio ambiente, que ela esteja tão ou mais pura que a água
dos rios que recebem os efluentes (CARRUSO, 1998).
Para pôr em prática esta política, é necessário que todas as empresas investissem em
tratamento de seus efluentes e na conscientização de seus funcionários.
Em Itumbiara uma determinada empresa coloca esta política em ação usando, tratando
e reutilizando a sua água. A água que entra na empresa provém de poços artesianos e do
abastecimento municipal. Uma parte dela é clorada, a outra é desmineralizada para o uso em
caldeiras e uma terceira parte é usada como tal em limpeza geral (CARRUSO, 1998).
A água após ser usada no processo industrial sofre um pré-tratamento, com o objetivo
de remover o material graxo e os sólidos chamados de resíduos. Após a redução do resíduo
ela continua sendo tratada para corrigir o pH para que possa sofrer o tratamento físico-
químico e posteriormente o tratamento biológico. E, finalmente, o tratamento terciário no qual
esta água passa por outro processo físico-químico, depois passa por um filtro de areia. Depois
segue para um tanque de armazenamento de onde será reutilizada em torres de resfriamento.
Este processo, que também está em funcionamento em outras empresas da cidade, é
um grande passo para um aproveitamento dos recursos naturais, podendo reduzir
significativamente tanto o consumo de água, quanto o despejo como efluentes. E tem-se uma
redução em média até de 30 % sobre o consumo total (CARRUSO, 1998).
Que o empenho dos órgãos governamentais, das empresas, das organizações
ambientalistas e da sociedade em geral seja o anúncio de novos tempos na forma de tratar os
recursos naturais, principalmente às águas. E que seja uma palavra de ordem contra a morte
de nossos rios (ibid).
A escola em seu ambiente é privilegiada, porque conta com uma equipe de educadores
que deveriam assumir o papel de mediadores deste assunto. A educação ambiental está se
11
tornado cada vez mais escassa nas escolas, os alunos só aprendem que "não se deve jogar lixo
nas ruas", "que não se devem poluir os rios", "que não se deve desperdiçar a água" e etc.
Poderíamos enumerar diversos "nãos". Analisando este contexto podemos pensar diferente,
pensar que se tivermos uma educação ambiental eficiente nas escolas este processo pode se
difundir. Com isto teremos dentro de um tempo alunos transformados, teremos a maioria das
pessoas da sociedade com comportamentos ecologicamente corretos (VIÉGAS,
GUIMARÃES, 2004).
A importância da educação ambiental está cada vez mais mobilizando os diferentes
seguimentos da sociedade, portanto, devemos priorizá-la nas instituições de ensino de forma
integrada, contínua e permanente. Propondo a articulação da Química do Ensino Médio com a
educação ambiental por meio da contextualização dos conceitos de química inseridos nos
processos de tratamento de efluentes.
Este trabalho visa contribuir no processo de trabalho pedagógico interdisciplinar
pautado em ações ambientais inseridas na realidade do aluno, facultando a formação da
consciência ambiental e cidadã, conforme orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN).
O desenvolvimento da educação ambiental juntamente com a disciplina de Química
traz um novo desafio: a mudança de paradigmas, o qual enfatiza a Química Ambiental
correta, com a visão da Química como sinônimo de poluição. A tematização e
contextualização utilizando-se do tratamento de efluentes possibilitam uma abertura para se
discutir esta mudança.
A proposta de explorar o tratamento de efluentes industriais e sanitários proporciona
maior flexibilidade e aplicações dos conceitos químicos dentro do currículo do Ensino Médio,
além de favorecer uma discussão interdisciplinar. A utilização de materiais simples e de baixo
custo para a simulação das atividades experimentais que podem ser trabalhadas em sala de
aula permite, por meio de recursos visuais, que os alunos possam acompanhar as
transformações químicas, levando-os a elaborar suas próprias conclusões.
Por meio deste trabalho pretende-se transmitir aos alunos do Ensino Médio a
importância de se estudar sobre o meio ambiente, inserindo as questões ambientais em sua
realidade, possibilitando a eles a formação de uma consciência ambiental e da formação como
cidadão. Fazendo isto por meio da contextualização dos conceitos de química inseridos nos
processos de tratamento de efluentes.
REFERENCIAL TEÓRICO
A relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez mais desafiador
ressaltando emergência de novos saberes para apreender processos sociais complexos e riscos
ambientais que se intensificam (LOUREIRO, 2004).
A educação ambiental é um instrumento que visa à preservação, melhoria e
recuperação do meio ambiente, garantindo o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade
de vida da população (DIAS, 1992). É um fator decisivo para conscientização de preservação
dos recursos naturais. Entre esses recursos, está à água, elemento fundamental para a vida de
todos os seres vivos.
As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização
da crise ambiental demandam crescentemente novos enfoques de uma realidade
contraditória e geradora de desigualdades que transcendem a mera aplicação dos
conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis (JACOBI, 2004, p.31).
Mas, para que a empresa lance o seu efluente tratado em algum corpo receptor, ela tem
que respeitar uma legislação que estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes (SILVA, 2007).
Segundo a lei de Crimes ambientais 9.605, de 12/02/98, que dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Deixa
claro em seu art. 2° que "Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstos nesta lei, incide nas penas a estes cominados, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o gerente, o proposto ou o mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da
conduta criminosa de outrem, deixar de impedir as suas práticas, quando poderia agir para
evitá-lo" (GUERRA,2004).
Mas não é só a pessoa física que esta sujeita a ser punida, mas também a pessoa
jurídica, como sita o art. 3°, que observada a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; os antecedentes
do infrator quanto ao cumprimento da legislação ambiental; a situação econômica do infrator,
no caso de multa. E são diversas as condições que agravam o caso, como por exemplo: ter o
15
agente cometido à infração, para obter vantagem pecuniária, coagido outrem para a execução
material da infração e etc. (GUERRA,2004).
Observando a figura 1 podemos perceber que as leis e as legislações seguem uma
hierarquia tendo no topo desta a Constituição Brasileira.
As águas de todo território nacional foram classificadas, de acordo com sua salinidade,
como águas doces, salobras e salinas. Águas com valores de salinidade iguais ou inferiores a
0,50% são consideradas doces, águas com valores entre 0,50 e 30,0% é salobra e águas com
valores iguais ou superiores a 30,0% são ditas salinas. Em função dos usos foram
estabelecidos níveis de qualidade (classes) a serem alcançados e/ou mantidos em um
segmento de um corpo d'água ao longo do tempo, e foram estabelecidas nove classes em
função dos usos preponderantes (CONAMA, 2005).
Conforme o CONAMA – resolução n° 357, de 17 de março de 2005 as águas foram
divididas nas classes:
Art. 4° As água doces são classificadas em:
• Classe especial: destinadas ao abastecimento para consumo humano com simples
desinfecção, à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à preservação
dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção indígena.
16
uma adequada aclimatação do sistema de tratamento biológico, pode haver uma inibição ao
crescimento das bactérias.
• Tensoativos ou Detergentes: mede a quantidade de substância tensoativas nos
efluentes. A presença de detergente pode causar a formação de espumas.
• Nitrogênio e fósforo: estes dois parâmetros quando presentes em grandes
quantidades nos efluentes tratados favorecem o crescimento de algas nos corpos d'água onde
são lançados.
Assim,
• Tratamento preliminar.
• Tratamento primário ou físico-químico.
• Tratamento secundário ou biológico.
• Tratamento terciário ou acabamento.
Ainda segundo Silva (2007) o tipo de tratamento dos efluentes líquidos depende de
uma série de fatores: composição e características do efluente, local de lançamento,
economicidade e eficiência.
Vejamos então algumas operações que compõe estas etapas:
1. Tratamento Preliminar
Este tratamento tem o objetivo de preparar o efluente para ser tratado, removendo
sólidos grosseiros (sedimentáveis ou flutuantes) e evitando problemas na rede hidráulica da
estação de tratamento, proporcionando uma melhor eficácia nas etapas seguintes
(FELICIANO, 2004).
a) Equalização/Correção do pH
A equalização é utilizada para superar a variações dos efluentes a serem tratados. E
tem como objetivos: minimizar as variações de vazão de despejos específicos, para que haja
uma vazão constante, neutralizar os despejos e minimizar as variações de concentração, como
a Demanda Bioquímica de Oxigênio (SILVA, 2007).
A correção do pH tem o objetivo de corrigir a acidez ou a alcalinidade do efluente,
para níveis aceitáveis que não comprometam a atividade biológica em estações de lodo
ativado, ou nos corpos receptores. Alem de controlar a corrosão (tanque e tubos metálicos) ou,
no caso de alcalinidade excessiva, a fragmentação do concreto (FADEL; MATUSAKI, 2006).
Normalmente os reagentes utilizados para elevar o pH são:
• Cal hidratado............................. Ca(OH)2
• Calcário ...................................... CaCO3
• Soda Cáustica ............................. NaOH
E para reduzir o pH são:
• Ácido Sulfúrico ........................... H2SO4
• Ácido Clorídrico .......................... HCl
a) Coagulação
Trata-se de uma operação onde coagulantes químicos são misturados ao efluente,
notadamente sais catiônicos trivalentes (Sulfato de Alumino e Cloreto Férrico). Os sais
catiônicos têm uma ação importante na anulação das cargas superficiais negativas das quais
são dotados os sólidos em suspensão nos efluentes industriais. Anulando-se as cargas
superficiais anulam-se as forças de repulsão, favorecendo a coagulação (formação de flocos)
(FERIS, 2004).
Segundo Fadel e Matusaki (2006) os sais de alumínio e ferro em presença de
alcalinidade formam os hidróxidos respectivos, hidróxido de ferro Fe(OH)3, e o hidróxido de
alumínio Al(OH)3 que, além de favorecer a coagulação, precipitam, arrastando os sólidos em
suspensão. Reação do Sulfato de Alumínio:
Al2(SO4)3 + 6 HCO3- → 2 Al(OH)3 + 3 SO42- + 6 CO2
Reação semelhante ocorre com o Cloreto Férrico:
FeCl3 + 3 NaOH → Fe(OH)3 + 3 NaCl
b) Floculação
É a operação que ocorre logo após a coagulação. Por meio de agitação branda e maior
tempo de residência, é favorecido o crescimento dos flocos.
Normalmente são utilizados produtos químicos que auxiliam na floculação, dentre os
quais de destacam os polieletrólitos (polímeros). São observadas velocidades reduzidas de
22
sedimentação dos flocos formados pelos coagulantes metálicos (Alumínio e Ferro). A adição
de polímeros aumenta substancialmente a eficiência da decantação (FADEL; MATUSAKI,
2006).
Os polímeros aniônicos são efetivos em decantação primaria em conjunto com sais
metálicos de Alumínio ou Ferro. Os catiônicos são empregados em processos para
desaguamento de lodos de natureza biológica (ibid).
c) Flotação
A flotação é o movimento ascendente de partículas, provocado pelo aumento das
forças de empuxa em relação às gravimétricas. Essas forças de empuxo são causadas pela
adesão de bolhas de ar nas partículas sólidas (SILVA, 2007).
A flotação normalmente é precedida das etapas de coagulação e floculação. O flotador
pode ser utilizado em substituição dos decantadores, na separação de sólidos após o tanque de
aeração em sistemas de tratamento biológico.
a) Filtração em Areia
A filtração consiste em fazer água atravessar uma camada de material poroso, e em
função do diâmetro dos poros, a filtração ira reter as partículas em suspensão e até a carga
bacteriana será reduzida (MACÊDO, 2004).
Macêdo (2004) explica que existe vários processo para a realização da filtração dentre
eles estão:
• Filtração por membranas.
• Filtração lenta.
• Filtração direta.
b) Desinfecção
A desinfecção é realizada a fim de se ter certeza da boa qualidade da água, precisando
desinfetá-la ou esterilizá-la, ao final dos processos de tratamento. A substancia utilizada para
24
a desinfecção deve manter por um longo tempo, a ação esterilizante residual. Garantindo
assim um grau de proteção contra contaminação (HARDENBERGH, 1964).
Segundo Macêdo (2004) existem dois tipos de agentes utilizados nos processos de
desinfecção: o físico e o químico. Dentre os agentes físicos temos: a luz solar, o calor e
radiação ultravioleta. E dentre os agentes químicos temos: ozônio e peróxido de hidrogênio,
permanganato de potássio, íons metálicos, processos oxidativos avançados, dióxido de cloro e
derivados clorados (orgânicos e inorgânicos) (MACÊDO, 2004).
O processo de tratamento de efluentes tem se tornado um assunto muito comentado na
atualidade, se tratando de um assunto sobre a conservação de meio ambiente. Atualmente a
preocupação com o meio ambiente se tornou algo constante. Podemos por meio das salas de
aula, levar até os alunos conteúdos de química utilizando a estação de tratamento de efluentes
com um meio de contextualizar a aula. Assim,
Ao se propor qualquer ação, seja ela preventiva educativa ou terapêutica, têm-se em
primeiro lugar que saber as teorias, conceitos e representações sobre o tema com o
qual se pretende trabalhar. No caso da educação ambiental, é importante
compreender como as pessoas pensam, aprendem e agem no meio em que vivem.
Um dos pontos principais é ter conhecimento sobre a percepção que as pessoas têm
o mundo, das coisas e das outras pessoas (HIGUCHI; AZEVEDO, 2004).
e problemas ambientais. Após o debate iniciamos uma gincana de perguntas e respostas. Esta
consistiu em avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos durante o debate. Para a
realização a turma foi dividida em duas equipes para cada uma foi dado um apito, o professor
ia fazendo as perguntas e a equipe que soasse o apito primeiro tinha o direito à resposta e se
não conseguisse responder passaria a vez.
Durante a gincana pode-se perceber que realmente eles conseguiram assimilar e
aprender o que é um problema ambiental e como se pode estudar a educação ambiental.
Segundo Santos (2002), através de gincanas e jogos lúdicos o adulto é chamado a não deixar
morrer as qualidades que existem dentro de cada um. Estes exercícios proporcionam vivências
de alegria, conhecimento, comunicação e relaxamento. Antes de lidar com a ludicidade do
aluno, é preciso que o professor desenvolva a sua própria. A capacidade lúdica do professor é
um processo que precisa ser pacientemente trabalhada. Ela não é imediatamente alcançada.
Mas o professor que, não gostando de brincar, esforçasse por fazê-lo, normalmente assume
postura artificial, facilmente identificado pelos alunos.
Os alunos não estão acostumados com este tipo de didática, então aproveitaram à aula
para absorver os conhecimentos transmitidos pelo professor estagiário, um deles disse a
seguinte frase: "professor eu estou adorando esta maneira de se estudar, queria que os nossos
professores fossem assim". Ouvir isto de um aluno dá mais ânimo para seguir em frente.
Apesar de só terem comparecido cinco alunos a aula teve um bom aproveitamento, os alunos
conseguiram interpretar o texto desenvolvendo-se uma capacidade de argumentação. A turma
além de aprender se divertiu com a aula.
O segundo encontro iniciou-se com uma breve orientação sobre segurança de
laboratório, pois nesta aula os alunos realizaram na própria sala de aula uma prática na qual se
utilizou reagentes e vidrarias de laboratório. Foi mostrado a eles como se deve comportar
dentro de um laboratório e como devem ser manipulados os materiais utilizados. Dando
seguimento à aula foi distribuído um fragmento de texto retirado do livro "Química na
abordagem do cotidiano" de Canto e Peruzzo (1998), que abordava as definições de ácidos e
bases, e ensinava como se monta uma reação. Com este texto pode-se trabalhar a leitura e a
compreensão por parte dos alunos.
Após a leitura do texto com os alunos, deu-se prioridade as reações de ácido e base
principalmente àquelas ocorridas nas estações de tratamento de efluentes. Os alunos não
demonstraram dificuldade no conteúdo, pois muitos deles já haviam estudado o conteúdo
dentro da sala de aula, mas gostaram de aprender como ocorrem às reações em uma estação
de tratamento e qual a finalidade de cada uma. Depois da explicação do conteúdo foi passada
27
uma lista de exercícios (anexo 1) sobre ácidos e bases e com algumas reações para a
finalização da aula teórica e também para ser avaliado o rendimento da aula.
Para uma melhor compreensão do conteúdo foi feito uma aula prática utilizando
alguns processos da estação de tratamento de efluentes como a correção de pH e a utilização
de indicadores de ácido e base. Para esta aula foi coletada uma amostra de efluente bruto em
uma empresa da cidade Itumbiara-GO. Possibilitando a aplicação dos conceitos no cotidiano
de uma empresa. Os alunos transferiram o efluente para alguns béqueres e com o auxilio de
um pHmetro portátil identificaram se o efluente estava ácido ou básico. O pH (Potencial
Hidrogeniônico) de um efluente industrial precisa estar próximo do neutro (entre 6 e 8) para
que as reações entre a alcalinidade da água e o Sulfato de Alumínio aconteçam, tendo assim
um bom tratamento. Os alunos identificaram que o efluente estudado estava básico, ou seja,
com o pH em 10,7. Depois de identificado pode-se realizar a correção do pH utilizando uma
solução de ácido clorídrico e outra de soda caustica, os alunos conseguiram com a correção,
um pH de +/- 7,20 para o efluente.
Dando continuidade a aula prática, utilizou-se água da torneira como amostra, o
professor estagiário dividiu a amostra em três recipientes. No primeiro foi adicionado ácido
clorídrico, no segundo adicionou-se soda caustica e no terceiro só havia água pura. Com
auxilio de indicadores ácido-base os alunos identificaram em qual recipiente estava à amostra
ácida, a amostra básica e a amostra neutra. Foram utilizados os indicadores fenolftaleina e
alaranjado de metila, durante toda a aula prática os alunos se comportaram muito bem,
participando da prática e perguntando quando havia duvidas.
Indicador ácido-base é uma substância que apresenta uma determinada coloração em
meio ácido e outra em meio básico. Alguns dos indicadores ácido-base mais utilizado em
laboratórios são a fenolftaleina e o tornassol. Veja na tabela 1, a coloração apresentada pelos
indicadores em meio ácido e em meio básico.
TABELA 1: Indicadores Ácido-base
Fenolftaleina Alaranjado de metila Tornassol
Meio ácido Incolor Rósea Vermelho
conteúdo foi distribuída uma lista de exercícios (anexo 2) para que os alunos respondessem.
Durante esta aula os alunos sentiram uma maior dificuldade, pois não estavam conseguindo
fazer os balanceamentos das reações. O balanceamento da equação química consiste em
colocar os coeficientes da equação de tal modo que o numero de átomos de certo elemento
seja igual em ambos os membros. Na correção dos exercícios deu-se uma maior importância
para os balanceamentos resolvendo-os várias vezes até que os alunos conseguissem assimilar
o conteúdo.
Depois que os alunos compreenderam o conteúdo fizemos uma brincadeira de montar
utilizando símbolos, moléculas e elementos químicos escritos em pequenos quadrados de
cartolina. A brincadeira funciona da seguinte forma: o professor estagiário foi até o quadro e
escreveu por extenso as reações químicas e os alunos com o auxilio dos símbolos escritos nos
cartazes montaram as reações químicas. Exemplo:
O sexto encontro foi sobre o tratamento de efluentes industriais, nesta última aula foi
realizado um trabalho de campo em uma indústria de Itumbiara-GO. Foi marcado com os
alunos um encontro na escola antes da visita, para que se explicasse a eles como deveriam se
comportar dentro da empresa. No encontro anterior (quinto encontro) foi dito aos alunos que
para irem à visita deveriam estar de sapato fechado, de calça comprida e blusa fechada, pois
ao se marcar a visita na empresa, é pedida a utilização destes requisitos para que haja a
segurança dos alunos. Pediu-se aos alunos que durante a visita eles fossem anotando os dados
transmitidos em uma folha, que ao voltar eles iriam entregar um relatório final da visita. Este
relatório deveria conter dados coletados durante a visita e também opiniões de como foi fazer
o mini-curso.
Os alunos foram levados à indústria, com o intuito de mostrar como ocorre na prática
todas as reações e processos estudados durante as aulas do mini-curso. Chegando a indústria
os alunos foram acompanhados por um técnico em segurança do trabalho que os levou aos
setores de envase de óleos, laboratório e estação de tratamento de efluentes. Durante a visita
os alunos puderam realizar perguntas aos colaboradores dos setores visitados. Quando se
chegou ao setor de tratamento de efluentes os alunos puderam constatar como funciona todo o
processo, e conseguiram sistematizar os conhecimentos adquiridos nas aulas.
Durante toda a visita os alunos se comportaram muito bem e pode-se perceber que eles
souberam aproveitar a chance de estar visitando uma indústria de grande porte. Os alunos
disseram durante a visita que desde que eles estudam nunca tiveram a oportunidade de estar
visitando uma indústria.
Ao chegar de volta à escola, os alunos foram conduzidos à sala de aula para que fosse
feito o fechamento do mini-curso. O professor estagiário pediu aos alunos que redigissem um
relatório para finalizar a aula constando os dados que eles anotaram durante a visita e que
relatassem como foi o decorrer de todo o mini-curso. Após a entrega dos relatórios o
professor estagiário fez a distribuição dos certificados. Com a leitura dos relatórios percebe-se
uma grande satisfação por parte dos alunos em terem participado do mini-curso e que com a
visita técnica eles puderam assimilar e compreender parte dos assuntos tratados nas aulas. Os
alunos o agradeceram pela oportunidade de ter concluído o mini-curso e pediram para que o
professor estagiário montasse outro curso em outra oportunidade.
CONCLUSÃO
CARRUSO, Rubens. Água, Vida. Campinas: Fundação Cargil, 1998. 112p. ilust.
CATALÃO, Vera Lessa. Água e Paz. Revista Brasileira de Educação Ambiental. Brasília,
v.0, n.0, p.140-141, nov.2004.
CHAN, Richard. Qualidade na educação requer ações conjuras. Banas Qualidade, São
Paulo, p.76-78, nov.1998.
FERIS, Liliana Amaral. Gestão de Resíduos. Canoas: ULBRA, 2004. 73p. (caderno
universitário, 167).
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, 18° edição.
GUERRA, Sidney. Direito Ambiental: Legislação. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. 2.
ed. 704p. 23 cm.
34
HIGUCHI, Maria Inês Gasparetto; Genoveva Chagas de. Educação como processo na
construção da cidadania ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental. Brasília,
v.0, n.0, p.63-70, nov.2004.
MACÊDO, Jorge Antônio Barros de. Águas & Águas. 2.ed. Belo Horizonte - MG: CRQ-
MG, 2004.
QUÍMICA E DERIVADOS. São Paulo: editora qd. ano. XLI, n.444, dez.2005. 73p.
ROCHA, Julio César; ROSA, André Henrique; CARDOSO, Arnaldo Alves. Introdução a
Química Ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2004.
SILVA, Jorge Wilson Pereira da. Tratamento de emissões, efluentes e resíduos sólidos na
indústria de alimentos. Curso de pós-graduação em Controle de Qualidade na Indústria de
Alimentos. Módulo V. Uberaba-MG: FAZU, 2007.
ANEXO 1
ANEXO 2
02 – O Fósforo branco (P4) é uma substância muito empregada para finalidades bélicas, na
confecção de bombas incendiárias e granadas luminosas. Ele é obtido pelo aquecimento, m
forno elétrico, de fosfato de cálcio, areia e coque. A equação química não balanceada é:
ANEXO 3
Efluente Bruto
Tanque de Equalização
Floculador tubular
Caçamba
Lodo Biológico
Tanque de recalque
Decantador Secundário
de lodo
Água
Tanque de Segurança
Tanque de Segurança
Floculador tubular
Lodo
Úmido
Flotador Caixa de lodo Contipress
Lodo Seco
Filtros de areia
Caçamba
Reutilização,
Desinfecção Jardinagem,etc.