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INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA – ULBRA

CIÊNCIAS LICENCIATURA EM QUÍMICA

RAPHAEL QUINTINO DOS SANTOS

PROMOVENDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DO ESTUDO DOS


PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

Itumbiara – GO, novembro de 2007.


RAPHAEL QUINTINO DOS SANTOS

PROMOVENDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DO ESTUDO DOS


PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

Monografia apresentada ao curso de


graduação em Ciências - licenciatura plena
em Química como requisito parcial para
conclusão do curso, orientado pela
professora Msc. Karla Amâncio Pinto
Field's.

Itumbiara – GO, novembro de 2007.


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S237p Santos, Raphael Quintino dos


Promovendo a educação ambiental por meio do estudo dos
processos de tratamento de efluentes industriais. / Raphael Quintino
dos Santos ; orientadora Professora mestre Karla Amâncio Pinto
Field’s. Itumbiara, 2007.

39f. il.
Monografia ( Conclusão do Curso de Química – Licenciatura
Plena ) – Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara, 2007.
Inclui anexos e bibliografia

1. Educação Ambiental 2. Consciência Ambiental 3.


Contextualização

CDU :.37:504

Bibliotecária Responsável: Terezinha Aparecida de Freitas Castro Piedade CRB/1 - 1384


PROMOVENDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DO ESTUDO DOS
PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

RAPHAEL QUINTINO DOS SANTOS

Monografia defendida e aprovada, em 19 de novembro de 2007, pela banca examinadora.

Profª. Msc. Karla Amâncio Pinto Field's


Orientadora

Profª. Especialista Sandra Cristina Marquez Araújo


Avaliadora

Profª. Msc. Vanessa Alves de Freitas


Avaliadora
Dedico este trabalho a minha esposa, ao meu filho e
aos meus pais que me acompanharam durante toda
essa trajetória na faculdade e que me apoiaram nas
vezes em que achava que não iria conseguir.
Agradeço a Deus por colocar ao meu redor pessoas
maravilhosas que me dão amor e carinho e que estão
ao meu lado para o que der e vier.
RESUMO

A educação ambiental está cada vez mais mobilizando os diferentes segmentos da sociedade,
portanto, devemos priorizá-la nas instituições de ensino de forma adequada. Este trabalho
propõe inserir a educação ambiental na realidade escolar dos alunos, utilizando temas
interdisciplinares para contextualização do Ensino de Química. A educação ambiental permite
aos alunos a formação de uma consciência ambiental e consequentemente uma formação
como cidadão. Para elaboração deste trabalho foram realizadas pesquisas em livros e artigos
que relacionassem Ensino de Química e Educação Ambiental. Posteriormente a este
levantamento bibliográfico foi elaborado um mini-curso para alunos do Ensino Médio com
um total de 24 horas/aula, sendo que estas 24h foram divididas em seis encontros de quatro
horas cada. Em cada encontro pode-se trabalhar com os alunos temas variados dentro do
ensino de Química, mostrando por meio de aulas práticas e teóricas que a Química esta
inserida em seu cotidiano. Por meio deste mini-curso pode-se desenvolver nos alunos uma
maneira diferente de se pensar em Química e de se estudar os conteúdos relacionados à
educação ambiental, utilizando o tratamento de efluentes industriais como material para
contextualizar as aulas. Com a aplicação deste trabalho percebeu-se que a educação ambiental
esta fora da realidade dos alunos e que a utilização da contextualização dos conteúdos de
Química por meio de assuntos do cotidiano do aluno torna a fixação do conteúdo mais efetiva
e as aulas são prazerosas. Estes resultados confirmam que os professores têm um papel
essencial, o de transformar a educação.

Palavra chave: educação, consciência ambiental, contextualização.


ABSTRACT

The environmental education is increasingly mobilizing the different segments of society,


therefore, must prioress it in the institutions of education adequately. This paper proposed that
the environmental education of school pupils in reality, using interdisciplinary topics for
conceptualizations of Education in Chemistry. The environmental education allows students
to formation of an environmental awareness and therefore training as a citizen. For
preparation of this work were conducted searches in books and articles that relacionassem
Teaching of Chemistry and Environmental Education. Later this bibliographic survey was
prepared for a mini-course students from high school with a total of 24 hours / classroom, and
they 24h were divided into six meetings of four hours each. At every meeting you can work
with the students in various areas of education in Chemistry, showing through theoretical and
practical lessons that the chemistry this inserted in their daily. Through this mini-course you
can develop in students a different way of thinking in chemistry and is studying the contents
related to environmental education, using the treatment of industrial effluents and
contextually the material for classes. With the application of this work realized that the
environmental education outside of this reality of the students and that the use of the
conceptualizations of the contents of Chemistry through the daily affairs of the student makes
the determination of the content more effective and the lessons are pleasant. These results
confirm that teachers have a key role, that of transforming education.

Keyword: education, environmental awareness, conceptualizations.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................9

REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................................12

DESENVOLVIMENTO.................................................................................................25

CONCLUSÃO................................................................................................................32

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................33

ANEXOS........................................................................................................................35
INTRODUÇÃO

Não tem cor, não tem cheiro e, geralmente, não tem sabor, sua molécula é de
composição relativamente simples: um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio, representada
por H2O. Quase sempre é encontrada e consumida em forma líquida, mas também se
apresenta solidificada, como gelo, ou gasosa, como vapor.
Para quem está acostumado a recebê-la com o simples gesto de abrir a torneira, parece
um bem de pouco valor. Mas em regiões onde é escassa, chega ser a causa de conflitos
sangrentos. "Quando o poço está seco, é que nós entendemos o seu valor" (CARRUSO,
1998).
Estamos falando da água, esse bem tão abundante e, ao mesmo tempo, tão raro e
fundamental á sobrevivência humana.
O incrível volume de água que cobre a terra pode levar à conclusão falsa e perigosa de
que se trata de um bem abundante e inesgotável. Pelas contas de especialistas, 95,1 % da água
do planeta é salgada, sendo imprópria para o consumo humano. Dos 4,9 % que sobram 4,7%
estão na forma de geleiras, ou em regiões subterrâneas de difícil acesso, e somente os 0,147%
restantes são para o consumo humano em lagos, nascentes e em lençóis subterrâneos
(MACÊDO, 2004).
A economia mundial gira, na maioria das vezes, em torno das fontes de energia:
petróleo, carvão, gás natural etc. No entanto, existem substitutos para esses elementos. Para a
água não existe substituto. Uma pessoa não pode viver mais de uma semana sem água,
embora possa suportar mais de um mês sem alimentos (CARRUSO, 1998).
Na agricultura, a água é de suma importância, para que a mesma produza nos volumes
esperados se precisa do solo, dos fertilizantes e principalmente da água. E quando se fala de
consumo de água para a agricultura, os números são impressionantes. De toda a água doce
consumida no planeta, cerca de 70 % se destina ao setor agrícola (ibid).
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Em nossos dias, a deterioração dos recursos hídricos tem aumentado. Os rios e lagos já
não são mais aqueles locais privilegiados, cujas águas podiam ser consumidas ou utilizada na
agricultura sem qualquer restrição. A implantação de indústrias que não dão a devida atenção
ao tratamento das águas residuais tem modificado de forma altamente perigosa à água.
A contaminação das águas é um crime de graves conseqüências, que deve ser
combatido a qualquer preço. Mas não é o que acontece. No Brasil e no mundo inteiro, grande
número de pessoas e empresas, consciente ou inconscientemente, degradam o meio ambiente
e os recursos hídricos.
As empresas deveriam pensar em ter uma política a respeito da utilização da água em
seus processos. Utilizando a menor quantidade de água possível, reutilizando-a sempre que
possível, e quando descartada ao meio ambiente, que ela esteja tão ou mais pura que a água
dos rios que recebem os efluentes (CARRUSO, 1998).
Para pôr em prática esta política, é necessário que todas as empresas investissem em
tratamento de seus efluentes e na conscientização de seus funcionários.
Em Itumbiara uma determinada empresa coloca esta política em ação usando, tratando
e reutilizando a sua água. A água que entra na empresa provém de poços artesianos e do
abastecimento municipal. Uma parte dela é clorada, a outra é desmineralizada para o uso em
caldeiras e uma terceira parte é usada como tal em limpeza geral (CARRUSO, 1998).
A água após ser usada no processo industrial sofre um pré-tratamento, com o objetivo
de remover o material graxo e os sólidos chamados de resíduos. Após a redução do resíduo
ela continua sendo tratada para corrigir o pH para que possa sofrer o tratamento físico-
químico e posteriormente o tratamento biológico. E, finalmente, o tratamento terciário no qual
esta água passa por outro processo físico-químico, depois passa por um filtro de areia. Depois
segue para um tanque de armazenamento de onde será reutilizada em torres de resfriamento.
Este processo, que também está em funcionamento em outras empresas da cidade, é
um grande passo para um aproveitamento dos recursos naturais, podendo reduzir
significativamente tanto o consumo de água, quanto o despejo como efluentes. E tem-se uma
redução em média até de 30 % sobre o consumo total (CARRUSO, 1998).
Que o empenho dos órgãos governamentais, das empresas, das organizações
ambientalistas e da sociedade em geral seja o anúncio de novos tempos na forma de tratar os
recursos naturais, principalmente às águas. E que seja uma palavra de ordem contra a morte
de nossos rios (ibid).
A escola em seu ambiente é privilegiada, porque conta com uma equipe de educadores
que deveriam assumir o papel de mediadores deste assunto. A educação ambiental está se
11

tornado cada vez mais escassa nas escolas, os alunos só aprendem que "não se deve jogar lixo
nas ruas", "que não se devem poluir os rios", "que não se deve desperdiçar a água" e etc.
Poderíamos enumerar diversos "nãos". Analisando este contexto podemos pensar diferente,
pensar que se tivermos uma educação ambiental eficiente nas escolas este processo pode se
difundir. Com isto teremos dentro de um tempo alunos transformados, teremos a maioria das
pessoas da sociedade com comportamentos ecologicamente corretos (VIÉGAS,
GUIMARÃES, 2004).
A importância da educação ambiental está cada vez mais mobilizando os diferentes
seguimentos da sociedade, portanto, devemos priorizá-la nas instituições de ensino de forma
integrada, contínua e permanente. Propondo a articulação da Química do Ensino Médio com a
educação ambiental por meio da contextualização dos conceitos de química inseridos nos
processos de tratamento de efluentes.
Este trabalho visa contribuir no processo de trabalho pedagógico interdisciplinar
pautado em ações ambientais inseridas na realidade do aluno, facultando a formação da
consciência ambiental e cidadã, conforme orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN).
O desenvolvimento da educação ambiental juntamente com a disciplina de Química
traz um novo desafio: a mudança de paradigmas, o qual enfatiza a Química Ambiental
correta, com a visão da Química como sinônimo de poluição. A tematização e
contextualização utilizando-se do tratamento de efluentes possibilitam uma abertura para se
discutir esta mudança.
A proposta de explorar o tratamento de efluentes industriais e sanitários proporciona
maior flexibilidade e aplicações dos conceitos químicos dentro do currículo do Ensino Médio,
além de favorecer uma discussão interdisciplinar. A utilização de materiais simples e de baixo
custo para a simulação das atividades experimentais que podem ser trabalhadas em sala de
aula permite, por meio de recursos visuais, que os alunos possam acompanhar as
transformações químicas, levando-os a elaborar suas próprias conclusões.
Por meio deste trabalho pretende-se transmitir aos alunos do Ensino Médio a
importância de se estudar sobre o meio ambiente, inserindo as questões ambientais em sua
realidade, possibilitando a eles a formação de uma consciência ambiental e da formação como
cidadão. Fazendo isto por meio da contextualização dos conceitos de química inseridos nos
processos de tratamento de efluentes.
REFERENCIAL TEÓRICO

O processo de desenvolvimento se inicia na infância, a responsabilidade de despertar o


interesse pela informação, formar valores, criticar comportamentos é compartilhada entre
governo, instituições de ensino, meio familiar e a comunidade empresarial (CHAN, 1998).
Como falar de qualidade para pessoas que não sabem ler, escrever ou sequer se
expressar corretamente? Pessoas com esse perfil não conseguem reter uma base de
conhecimentos para poder julgar, tomar decisões e geralmente são passivas ou do tipo "vai
atrás dos outros". É triste perceber que esta realidade está presente na sociedade brasileira já
no chamado Ensino Básico onde evasão escolar, professores não qualificados, trabalho
infantil, "aprovação em massa" dentre outros, são alguns dos fatores que contribuem para
piorar o quadro (ibid).
Para Loureiro (2004) ao se falar de educação no Brasil é sempre bom pensar em Paulo
Freire, pela densidade e coerência de suas formulações e pela admiração conquistada entre
educadores, militantes de movimentos sociais, inclusive ambientalistas, e governantes que
concordavam com suas idéias democráticas e populares. Seu conceito de educação,
compatível com a educação ambiental refere-se à ação simultaneamente reflexiva e dialógica,
que possui na transformação permanente das condições de vida (objetivas e simbólicas), o
meio para a conscientização, o aprender a saber e agir de educadores e educando
(LOUREIRO, 2004).

Educar é transformar pela teoria em confronto com a prática e vice-versa, com a


consciência na relação entre o eu o outro, nós (em sociedade) e o mundo. É,
portanto, exercer a autonomia para uma vida plena, modificando-nos
individualmente pela ação conjunta que nos conduz às transformações estruturais.
Logo, não se esgota em processos individuais e transpessoais. Engloba tais esferas,
mas vincula-as às práticas coletivas, cotidianas e comunitárias que nos dão sentido
de pertencimento a sociedade (LOUREIRO, 2004).
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A relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez mais desafiador
ressaltando emergência de novos saberes para apreender processos sociais complexos e riscos
ambientais que se intensificam (LOUREIRO, 2004).
A educação ambiental é um instrumento que visa à preservação, melhoria e
recuperação do meio ambiente, garantindo o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade
de vida da população (DIAS, 1992). É um fator decisivo para conscientização de preservação
dos recursos naturais. Entre esses recursos, está à água, elemento fundamental para a vida de
todos os seres vivos.
As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização
da crise ambiental demandam crescentemente novos enfoques de uma realidade
contraditória e geradora de desigualdades que transcendem a mera aplicação dos
conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis (JACOBI, 2004, p.31).

Para Sorrentino Apud Jacobi (2004), os grandes desafios para os educadores


ambientais são, de um lado, o resgate e o desenvolvimento de valores e comportamentos
(confiança, respeito mútuo, responsabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa) e de
outro, estimular uma visão global crítica das questões ambientais e promover um enfoque
interdisciplinar que resgate e construa saberes.
Os educadores devem ser críticos e compromissados com a promoção das pessoas com
as quais vai trabalhar. O respeito às individualidades, à cultura e necessidades
socioeconômicas devem ser levados em conta. Devem-se enfatizar o presente, o passado e o
futuro para entender a realidade e construir um mundo melhor nesse planeta nesse Brasil,
nessa região, nessa cidade, nesse bairro, nessa comunidade (JACOBI, 2004).
Nos últimos anos com o crescimento industrial do país e também de nossa região, as
questões relacionadas ao meio ambiente começaram a ter uma maior importância. A
qualidade das águas dos rios, do solo e do próprio ar atmosférico tornou-se uma questão de
grande discussão. Os efeitos ao meio ambiente, causados pelas atividades industriais,
começaram a ser medidos e uma série de normas, leis e decretos na área ambiental foram
sendo elaborados pelos órgãos de controle.
O controle ambiental em uma indústria engloba as áreas de efluentes líquidos, resíduos
sólidos, emissão atmosférica, qualidade das águas subterrâneas, qualidade do subsolo e
impactos nas vizinhanças do empreendimento.
A necessidade de tratamento dos efluentes líquidos gerados, não só no processo
produtivo, como também daqueles provenientes dos esgotos sanitários é de vital importância.
Normalmente, esses efluentes tratados são descartados em rios, lagos, represas, no mar, ou até
mesmo infiltrados no próprio solo. Dependendo da natureza da atividade industrial, os
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sistemas de tratamento de efluentes podem ter concepção físico-química, biológica ou serem


uma combinação de ambos (FADEL; MATUSAKI, 2006).
Com a maior conscientização ambiental da população nesses últimos anos, associada à
elaboração de leis mais rígidas de proteção ao meio ambiente, uma grande parcela das
indústrias foi obrigada a instalar ou melhorar seus sistemas de tratamento de efluente líquidos.
Há tempos atrás havia uma resistência muito grande à implantação de projetos de controle
ambientais. Segundo os industriais era um investimento em uma área que não proporcionava
retorno financeiro (ibid).
Atualmente produtos que não tenham uma cadeia produtiva ecologicamente correta
estão sendo rejeitados pelos consumidores. Conseqüentemente, muitas indústrias implantaram
políticas ambientais de modo a conferir aos seus produtos o chamado selo verde que são os
certificados ambientais como a ISO 14000 (ibid).
Com a futura escassez de água e a implantação de tarifas para sua captação, a
implantação e melhorias de sistemas de tratamento de efluentes também foi
incentivada de modo a possibilitar cada vez mais o reuso dos efluentes tratados.
Existem dois tipos de reuso de água, o indireto, no qual a empresa capta a água de
uma bacia degradada e efetua o seu tratamento para o uso industrial, e o direto, no
qual o efluente da empresa é recuperado e reutilizado no processo ou em aplicações
"menos nobres", como lavagem de piso e equipamentos ou em reposição de torres
de resfriamento. E quando toda a água tratada pela empresa não é reutilizada em
seu processo, ela é lançada em córregos, rios, lagos, mananciais (FADEL;
MATUSAKI, 2006).

Mas, para que a empresa lance o seu efluente tratado em algum corpo receptor, ela tem
que respeitar uma legislação que estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes (SILVA, 2007).
Segundo a lei de Crimes ambientais 9.605, de 12/02/98, que dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Deixa
claro em seu art. 2° que "Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstos nesta lei, incide nas penas a estes cominados, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o gerente, o proposto ou o mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da
conduta criminosa de outrem, deixar de impedir as suas práticas, quando poderia agir para
evitá-lo" (GUERRA,2004).
Mas não é só a pessoa física que esta sujeita a ser punida, mas também a pessoa
jurídica, como sita o art. 3°, que observada a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; os antecedentes
do infrator quanto ao cumprimento da legislação ambiental; a situação econômica do infrator,
no caso de multa. E são diversas as condições que agravam o caso, como por exemplo: ter o
15

agente cometido à infração, para obter vantagem pecuniária, coagido outrem para a execução
material da infração e etc. (GUERRA,2004).
Observando a figura 1 podemos perceber que as leis e as legislações seguem uma
hierarquia tendo no topo desta a Constituição Brasileira.

Fig. 1 – Fluxograma da Hierarquia de Responsabilidades Sobre a Legislação Ambiental (SILVA, 2007).

As águas de todo território nacional foram classificadas, de acordo com sua salinidade,
como águas doces, salobras e salinas. Águas com valores de salinidade iguais ou inferiores a
0,50% são consideradas doces, águas com valores entre 0,50 e 30,0% é salobra e águas com
valores iguais ou superiores a 30,0% são ditas salinas. Em função dos usos foram
estabelecidos níveis de qualidade (classes) a serem alcançados e/ou mantidos em um
segmento de um corpo d'água ao longo do tempo, e foram estabelecidas nove classes em
função dos usos preponderantes (CONAMA, 2005).
Conforme o CONAMA – resolução n° 357, de 17 de março de 2005 as águas foram
divididas nas classes:
Art. 4° As água doces são classificadas em:
• Classe especial: destinadas ao abastecimento para consumo humano com simples
desinfecção, à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à preservação
dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção indígena.
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• Classe 1: abastecimento para consumo humano após tratamento simplificado, à


proteção das comunidades aquáticas, recreação de contato primário, irrigação de hortaliças
que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que são ingeridas
cruas, sem remoção de películas e à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
• Classe 2: abastecimento doméstico, após tratamento convencional; proteção das
comunidades aquáticas, à recreação de contato primário tais como, natação, esqui aquático e
mergulho, á irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte
e lazer, com os quais o público possa a vir ter contato direto, á aqüicultura e à atividade de
pesca.
• Classe 3: abastecimento doméstico, após tratamento convencional ou avançado, à
irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras, à pesca amadora, à recreação de
contato secundário e á dessedentação de animais.
• Classe 4: navegação e à harmonia paisagista.
Art. 5° As águas salinas são assim classificadas:
• Classe especial: à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral e à preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas.
• Classe 1: à recreação de contato primário, à proteção das comunidades aquáticas, à
aqüicultura e à atividade de pesca.
• Classe 2: à pesca amadora e à recreação de contato secundário.
• Classe 3: à navegação e à harmonia paisagística.
Art. 6° As águas salobras são assim classificadas:
• Classe especial: à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral e à preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas.
• Classe 1: à recreação de contato primário, à proteção das comunidades aquáticas, à
aqüicultura e à atividade de pesca, ao abastecimento para consumo humano após tratamento
convencional ou avançado e à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas
que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película e à
irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa a vir ter
contato direto.
• Classe 2: à pesca amadora e à recreação de contato secundário.
• Classe 3: à navegação e à harmonia paisagística.
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Os padrões de emissão de efluentes tratados, são os limites máximos para que


determinadas substâncias, sejam eles de natureza orgânica ou inorgânica nos efluentes
tratados possam ser descartada nos corpos d' água (FADEL; MATUSAKI, 2006).
No quadro 1, estão representados os padrões de emissão de efluentes líquidos tratados
em qualquer corpo receptor.

QUADRO 1: PARÂMETROS DE LAÇAMENTO


RESOLUÇÃO DECRETO 8.468 DECRETO 8.468
PARÂMETROS UNIDADE N°357 CONAMA DE 08.09.76 DE 08.09.76
(mg/L) 17.03.05 CORPOS D'ÁGUA REDE ESGOTO
(ART.21) (ART18 – SP) (ART.19 – SP)
ARSÊNIO As 0,5 0,2 1,5
BÁRIO Ba 5,0 5, -
BORO B 5,0 5,0 -
CÁDMIO Cd 0,2 0,2 1,5
CHUMBO Pb 0,5 0,5 1,5
CIANETO CN 0,2 0,2 0,2
CLOROFÓRMO - 1,0 - -
COBRE Cu 1,0 1,0 1,5
COMP. ORG. FOSF. CARB.TOTAIS - - - -
COMP. ORG. CL.NÃO LIST - - 0,1 1,5
CROMO TOTAL Cr 0,5 5,0 5,0
DBO O2 - 60 -
DICLOROMETANO - 1,0 - -
ESTANHO Sn 4,0 4,0 4,0
FENÓIS C6H5OH 0,5 0,5 5,0
FERRO SOLÚVEL (Fe2+) Fe 15,0 15,0 15,0
FLUR F 10,0 10,0 10,0
MANGANÊS SOLÚVEL (Mn2+) Mn 1,0 1,0 -
MATERIAL FLUTUANTE - Ausente - -
MERCÚRIO Hg 0,01 0,01 1,5
NÍQUEL Ni 2,0 2,0 2,0
NITROGÊNIO AMONIACAL N 20,0 - -
NITRITO - - - -
ÓLEOS VEGET. E GORD. ANIMAIS - 50 - -
ÓLEOS MINERAIS - 20 - -
ÓLEOS E GRAXAS - - 100 150
OXIGÊNIO DISSOLVIDO - - - -
pH - 5,0 – 9,0 5,0 – 9,0 6,0 – 10,0
PRATA Ag 0,1 0,02 1,5
RESÍUO SEDIMENTÁVEL - 1,0 1,0 20
SELÊNIO Se 0,30 0,02 1,5
SUBST. GOST/ODOR - - - -
SULFATO SO4 - - 1000
SULFETO S 1,0 - 1,0
SULFETO DE CARBONO - - - -
SULFITO SO3 - - -
TEMPERATURA - <40°C <40°C <40°C
TETRACLORETO DE CARBONO - 1,0 - -
TETRACLOROETENO - 1,0 - -
ZINCO Zn 5,0 5,0 5,0
Fonte: Apostila da IIR Training, 2006.
18

A água é caracterizada como um efluente quando esta somada a um ou mais


poluentes, os quais podem estar dissolvidos ou emulsionados (na forma de pequenas
partículas) (SILVA, 2007).
Segundo Sperling (1995) os diversos componentes presentes na água, e que alteram o
seu grau de pureza, podem ser retratados, de uma maneira ampla e simplificada, em termos
das suas características físicas, químicas e biológicas.
Para Silva (2007) a poluição é constituída geralmente pela:
• Matéria em solução: de natureza orgânica ou inorgânica, biodegradável ou não,
ionizável ou não. Ou ainda tóxicas ou inibidoras do crescimento da microflora e da fauna
aquática.
• Matéria em estado coloidal ou em emulsão: refere-se a óleos e graxas ou até
mesmo sob forma de filmes superficiais (hidrocarbonetos) ou espumas (agentes tenso-ativos).
• Matéria em suspensão: descartáveis ou não, de natureza orgânica ou inorgânica.
Fadel e Matusaki (2006) dizem que os principais constituintes que podem agravar a
poluição das águas são:
• Temperatura: Valores elevados de temperatura, ou seja, acima de 40° C, podem
causar muitos problemas aos corpos d'água principalmente devido á redução drástica do valor
de oxigênio dissolvido. Valores próximos de 0° C provocam a redução de atividade celular
dos microorganismos.
• Metais pesados: Em algumas indústrias, dependendo do processo, são utilizados
metais pesados como cádmio, chumbo, cobre, manganês, cromo trivalente e hexavalente e
níquel. A concentração desses parâmetros deve ser controlada, pois via de regra os metais
pesados causam doenças crônicas, devido ao seu potencial de bioacumulação.
• Cianetos: É um parâmetro que causa grande preocupação quando presentes em
efluentes industriais. Seu potencial tóxico é elevado e, em condições ácidas, são criadas
condições para a liberação do gás cianídrico que é altamente venenoso.
• Óleo e graxas: é um parâmetro que mede a quantidade de substâncias oleosas em
efluentes líquidos. A presença de óleos e graxas é um fator indesejável, não só do ponto de
vista estético, como também dificulta a troca de oxigênio entre o efluente e o ar devido à
formação de película oleosa que é mais leve do que a água.
• Índice de Fenóis: expressa a quantidade de fenol presente em um determinado
dejeto. Pelo fato do fenol ser uma substância muito tóxica, em alguns casos, quando não há
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uma adequada aclimatação do sistema de tratamento biológico, pode haver uma inibição ao
crescimento das bactérias.
• Tensoativos ou Detergentes: mede a quantidade de substância tensoativas nos
efluentes. A presença de detergente pode causar a formação de espumas.
• Nitrogênio e fósforo: estes dois parâmetros quando presentes em grandes
quantidades nos efluentes tratados favorecem o crescimento de algas nos corpos d'água onde
são lançados.
Assim,

O grau de tratamento de um determinado efluente sempre será função da qualidade


do corpo receptor e das características necessárias para o uso da água a jusante do
ponto de lançamento, da capacidade de autodepuração e diluição do corpo d'água,
da legislação ambiental e das conseqüências do lançamento destes efluentes
(SILVA, 2007).

O tratamento de efluentes é geralmente efetuado a partir da combinação de três tipos


de métodos:
• Físicos, em que são efetuadas unicamente operações físicas.
• Químicos, em que são utilizados produtos químicos.
• Biológicos, os quais são caracterizados pela utilização de microorganismos.
Observando o quadro 2, estão os tipos de tratamento físicos, químicos e biológicos e
também quais os seus objetivos.
Quadro 2: tipos e objetivos do tratamento (SILVA, 2007).

Segundo Silva (2007) o tratamento de efluentes pode incluir várias técnicas, de


maneira a garantir um grau de tratamento compatível com as condições desejadas pelo rio ou
receptor final. As diversas fases ou graus de tratamento costumam ser divididas como:
20

• Tratamento preliminar.
• Tratamento primário ou físico-químico.
• Tratamento secundário ou biológico.
• Tratamento terciário ou acabamento.
Ainda segundo Silva (2007) o tipo de tratamento dos efluentes líquidos depende de
uma série de fatores: composição e características do efluente, local de lançamento,
economicidade e eficiência.
Vejamos então algumas operações que compõe estas etapas:

1. Tratamento Preliminar
Este tratamento tem o objetivo de preparar o efluente para ser tratado, removendo
sólidos grosseiros (sedimentáveis ou flutuantes) e evitando problemas na rede hidráulica da
estação de tratamento, proporcionando uma melhor eficácia nas etapas seguintes
(FELICIANO, 2004).

a) Equalização/Correção do pH
A equalização é utilizada para superar a variações dos efluentes a serem tratados. E
tem como objetivos: minimizar as variações de vazão de despejos específicos, para que haja
uma vazão constante, neutralizar os despejos e minimizar as variações de concentração, como
a Demanda Bioquímica de Oxigênio (SILVA, 2007).
A correção do pH tem o objetivo de corrigir a acidez ou a alcalinidade do efluente,
para níveis aceitáveis que não comprometam a atividade biológica em estações de lodo
ativado, ou nos corpos receptores. Alem de controlar a corrosão (tanque e tubos metálicos) ou,
no caso de alcalinidade excessiva, a fragmentação do concreto (FADEL; MATUSAKI, 2006).
Normalmente os reagentes utilizados para elevar o pH são:
• Cal hidratado............................. Ca(OH)2
• Calcário ...................................... CaCO3
• Soda Cáustica ............................. NaOH
E para reduzir o pH são:
• Ácido Sulfúrico ........................... H2SO4
• Ácido Clorídrico .......................... HCl

b) Separação de sólidos grosseiros


21

A separação de sólidos grosseiros em suspensão, presentes em efluentes líquidos


podem ser feitos por meio das operações de gradeamento e peneiramento (MACÊDO, 2004).
c) Caixas de gordura
Os líquidos, as pastas e demais corpos não miscíveis com a água, mas que têm peso
especifico menor, tendem a flutuar na superfície e podem ser retirados por dispositivos muito
simples, denominados caixas de gordura (SILVA, 2007).

2. Tratamento primário ou físico-químico


O tratamento primário tem o objetivo de fazer com que o efluente passe para a etapa
seguinte com melhores características, ou seja, com menor teor de DBO (Demanda
Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda Química de Oxigênio), sólidos, óleos e graxas e
etc., nesta fase são utilizados os processos de coagulação, floculação e flotação (FELICIANO,
2004).

a) Coagulação
Trata-se de uma operação onde coagulantes químicos são misturados ao efluente,
notadamente sais catiônicos trivalentes (Sulfato de Alumino e Cloreto Férrico). Os sais
catiônicos têm uma ação importante na anulação das cargas superficiais negativas das quais
são dotados os sólidos em suspensão nos efluentes industriais. Anulando-se as cargas
superficiais anulam-se as forças de repulsão, favorecendo a coagulação (formação de flocos)
(FERIS, 2004).
Segundo Fadel e Matusaki (2006) os sais de alumínio e ferro em presença de
alcalinidade formam os hidróxidos respectivos, hidróxido de ferro Fe(OH)3, e o hidróxido de
alumínio Al(OH)3 que, além de favorecer a coagulação, precipitam, arrastando os sólidos em
suspensão. Reação do Sulfato de Alumínio:
Al2(SO4)3 + 6 HCO3- → 2 Al(OH)3 + 3 SO42- + 6 CO2
Reação semelhante ocorre com o Cloreto Férrico:
FeCl3 + 3 NaOH → Fe(OH)3 + 3 NaCl

b) Floculação
É a operação que ocorre logo após a coagulação. Por meio de agitação branda e maior
tempo de residência, é favorecido o crescimento dos flocos.
Normalmente são utilizados produtos químicos que auxiliam na floculação, dentre os
quais de destacam os polieletrólitos (polímeros). São observadas velocidades reduzidas de
22

sedimentação dos flocos formados pelos coagulantes metálicos (Alumínio e Ferro). A adição
de polímeros aumenta substancialmente a eficiência da decantação (FADEL; MATUSAKI,
2006).
Os polímeros aniônicos são efetivos em decantação primaria em conjunto com sais
metálicos de Alumínio ou Ferro. Os catiônicos são empregados em processos para
desaguamento de lodos de natureza biológica (ibid).

c) Flotação
A flotação é o movimento ascendente de partículas, provocado pelo aumento das
forças de empuxa em relação às gravimétricas. Essas forças de empuxo são causadas pela
adesão de bolhas de ar nas partículas sólidas (SILVA, 2007).
A flotação normalmente é precedida das etapas de coagulação e floculação. O flotador
pode ser utilizado em substituição dos decantadores, na separação de sólidos após o tanque de
aeração em sistemas de tratamento biológico.

3. Tratamento secundário ou biológico


É o processo no qual os microorganismos usam os componentes orgânicos presentes
no efluente, em presença de oxigênio, para produzir novas células (crescimento microbiano) e
os produtos finais são CO2 e água. A população microbiana presente no floco é um conjunto
extremamente complexo de microorganismos, tais como: bactérias, fungos e protozoários
(SILVA, 2007).
Sperling (1995) diz que o objetivo principal do tratamento secundário é a remoção da
matéria orgânica. Esta matéria se apresenta nas seguintes formas:
• Matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel), a qual não é removida nos tratamentos
preliminar e primário.
• Matéria orgânica em suspensão (DBO suspensa), a qual grande parte é removida
no tratamento primário, mas cujos sólidos de decantabilidade persistem na massa liquida.
Nem sempre, um composto orgânico pode ser assimilado diretamente pelas bactérias
via membrana plasmática. Nesse caso, são produzidas enzimas que conseguem quebrar as
cadeias mais longas, possibilitando então sua assimilação. As bactérias alimentadas se unem
formando flocos (lodo), que podem ser removidos por decantação ou floculação (FADEL;
MATUSAKI, 2006).
23

A decantação é o processo de separação física dos sólidos floculados em suspensão


(biomassa), pela ação da gravidade. A biomassa tem como característica a
sedimentação natural, devido às bactérias presentes possuírem uma matriz
gelatinosa, o que permite a aglutinação de outros microorganismos, formando
assim flocos biológicos densos (lodo). O lodo é atraído pela gravidade,
concentrando-se no fundo do decantador, ocorrendo deste modo o processo físico
de sedimentação dos sólidos, com separação das fases liquida e sólida (FADEL;
MATUSAKI, 2006).

Segundo Sperling (1995) o tratamento secundário geralmente inclui unidades para o


tratamento preliminar, mas pode ou não incluir as unidades para o tratamento primário. Existe
uma grande variedade de métodos de tratamento a nível secundário, sendo que os mais
comuns são:
• Lagoas de estabilização e variantes.
• Lodos ativados e variantes.
• Filtro biológico e variantes.
• Tratamento anaeróbico.
• Disposição sobre o solo.

4. Tratamento terciário ou acabamento


No tratamento terciário é feito inicialmente os mesmos processos do tratamento
primário tais como: coagulação, floculação e flotação. Após estes tratamentos seguem os
processos de filtração e desinfecção (FADEL; MATUSAKI, 2006).

a) Filtração em Areia
A filtração consiste em fazer água atravessar uma camada de material poroso, e em
função do diâmetro dos poros, a filtração ira reter as partículas em suspensão e até a carga
bacteriana será reduzida (MACÊDO, 2004).
Macêdo (2004) explica que existe vários processo para a realização da filtração dentre
eles estão:
• Filtração por membranas.
• Filtração lenta.
• Filtração direta.

b) Desinfecção
A desinfecção é realizada a fim de se ter certeza da boa qualidade da água, precisando
desinfetá-la ou esterilizá-la, ao final dos processos de tratamento. A substancia utilizada para
24

a desinfecção deve manter por um longo tempo, a ação esterilizante residual. Garantindo
assim um grau de proteção contra contaminação (HARDENBERGH, 1964).
Segundo Macêdo (2004) existem dois tipos de agentes utilizados nos processos de
desinfecção: o físico e o químico. Dentre os agentes físicos temos: a luz solar, o calor e
radiação ultravioleta. E dentre os agentes químicos temos: ozônio e peróxido de hidrogênio,
permanganato de potássio, íons metálicos, processos oxidativos avançados, dióxido de cloro e
derivados clorados (orgânicos e inorgânicos) (MACÊDO, 2004).
O processo de tratamento de efluentes tem se tornado um assunto muito comentado na
atualidade, se tratando de um assunto sobre a conservação de meio ambiente. Atualmente a
preocupação com o meio ambiente se tornou algo constante. Podemos por meio das salas de
aula, levar até os alunos conteúdos de química utilizando a estação de tratamento de efluentes
com um meio de contextualizar a aula. Assim,
Ao se propor qualquer ação, seja ela preventiva educativa ou terapêutica, têm-se em
primeiro lugar que saber as teorias, conceitos e representações sobre o tema com o
qual se pretende trabalhar. No caso da educação ambiental, é importante
compreender como as pessoas pensam, aprendem e agem no meio em que vivem.
Um dos pontos principais é ter conhecimento sobre a percepção que as pessoas têm
o mundo, das coisas e das outras pessoas (HIGUCHI; AZEVEDO, 2004).

O Ensino de Química proporciona um aprendizado da educação ambiental, baseado no


diálogo e integração em constante processo de recriação e reinterpretação de informações,
conceitos e significados. A escola pode se transformar no espaço onde o aluno poderá analisar
a natureza dentro de um contesto entrelaçado de teorias e práticas (JACOBI, 2004).
Um dos grandes desafios do Ensino de Química é construir um caminho entre o
conhecimento ensinado em sala de aula e o cotidiano dos alunos, e da sociedade de um modo
geral (FELICIANO, 2004).
DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho foi desenvolvido em uma escola pública da cidade de Itumbiara –


GO, por meio de um mini-curso com uma duração de 24 horas sendo que estas foram
divididas em seis encontros de quatro horas cada.
O mini-curso foi realizado nos dias 08, 15, 22 e 29 de Setembro e 06 e 13 de Outubro,
contando com a participação de cinco alunos do ensino médio. Durante estes seis encontros
foram trabalhados temas variados sobre o conteúdo deste trabalho, mas de forma clara e
objetiva para que os alunos compreendessem o objetivo das aulas que era ensinar educação
ambiental contextualizando com o tratamento de efluentes industriais.
O primeiro encontro iniciou-se com a apresentação do professor para os alunos e dos
alunos para o professor, para que houvesse uma maior interação, assim deixando-os mais
relaxados e mais próximos do professor. Ao chegarem, os alunos perceberam que havia
cartazes espalhados em toda a sala, e que havia frases e perguntas contidas neles, então depois
que eles os leram iniciou-se um debate com as questões ambientais contidas nos cartazes e
também respondendo as perguntas contidas neles. Para que os alunos pudessem acompanhar
melhor o debate eles receberam um texto "água e Paz" retirado da Revista brasileira de
educação ambiental falando a importância da água nos dias atuais (CATALÃO, 2004).
Durante o debate foi possível avaliar o conhecimento dos alunos por meio das
respostas obtidas das perguntas feitas pelo professor estagiário. Os alunos se mostraram
interessados na aula, apesar de serem de uma escola humilde os alunos surpreenderam com o
seu conhecimento não só nos conteúdos, mas também nos assuntos da atualidade e de seu
próprio convívio. Ao final do debate perguntou-se aos alunos o que eles acharam do texto
lido, responderam que iriam achar ótimo se fosse realmente introduzido à educação ambiental
dentro da sala de aula e que fosse trabalhado de forma diferente a tradicional. Os alunos
conseguiram acompanhar sem grande dificuldade o tema estudado sobre educação ambiental
26

e problemas ambientais. Após o debate iniciamos uma gincana de perguntas e respostas. Esta
consistiu em avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos durante o debate. Para a
realização a turma foi dividida em duas equipes para cada uma foi dado um apito, o professor
ia fazendo as perguntas e a equipe que soasse o apito primeiro tinha o direito à resposta e se
não conseguisse responder passaria a vez.
Durante a gincana pode-se perceber que realmente eles conseguiram assimilar e
aprender o que é um problema ambiental e como se pode estudar a educação ambiental.
Segundo Santos (2002), através de gincanas e jogos lúdicos o adulto é chamado a não deixar
morrer as qualidades que existem dentro de cada um. Estes exercícios proporcionam vivências
de alegria, conhecimento, comunicação e relaxamento. Antes de lidar com a ludicidade do
aluno, é preciso que o professor desenvolva a sua própria. A capacidade lúdica do professor é
um processo que precisa ser pacientemente trabalhada. Ela não é imediatamente alcançada.
Mas o professor que, não gostando de brincar, esforçasse por fazê-lo, normalmente assume
postura artificial, facilmente identificado pelos alunos.
Os alunos não estão acostumados com este tipo de didática, então aproveitaram à aula
para absorver os conhecimentos transmitidos pelo professor estagiário, um deles disse a
seguinte frase: "professor eu estou adorando esta maneira de se estudar, queria que os nossos
professores fossem assim". Ouvir isto de um aluno dá mais ânimo para seguir em frente.
Apesar de só terem comparecido cinco alunos a aula teve um bom aproveitamento, os alunos
conseguiram interpretar o texto desenvolvendo-se uma capacidade de argumentação. A turma
além de aprender se divertiu com a aula.
O segundo encontro iniciou-se com uma breve orientação sobre segurança de
laboratório, pois nesta aula os alunos realizaram na própria sala de aula uma prática na qual se
utilizou reagentes e vidrarias de laboratório. Foi mostrado a eles como se deve comportar
dentro de um laboratório e como devem ser manipulados os materiais utilizados. Dando
seguimento à aula foi distribuído um fragmento de texto retirado do livro "Química na
abordagem do cotidiano" de Canto e Peruzzo (1998), que abordava as definições de ácidos e
bases, e ensinava como se monta uma reação. Com este texto pode-se trabalhar a leitura e a
compreensão por parte dos alunos.
Após a leitura do texto com os alunos, deu-se prioridade as reações de ácido e base
principalmente àquelas ocorridas nas estações de tratamento de efluentes. Os alunos não
demonstraram dificuldade no conteúdo, pois muitos deles já haviam estudado o conteúdo
dentro da sala de aula, mas gostaram de aprender como ocorrem às reações em uma estação
de tratamento e qual a finalidade de cada uma. Depois da explicação do conteúdo foi passada
27

uma lista de exercícios (anexo 1) sobre ácidos e bases e com algumas reações para a
finalização da aula teórica e também para ser avaliado o rendimento da aula.
Para uma melhor compreensão do conteúdo foi feito uma aula prática utilizando
alguns processos da estação de tratamento de efluentes como a correção de pH e a utilização
de indicadores de ácido e base. Para esta aula foi coletada uma amostra de efluente bruto em
uma empresa da cidade Itumbiara-GO. Possibilitando a aplicação dos conceitos no cotidiano
de uma empresa. Os alunos transferiram o efluente para alguns béqueres e com o auxilio de
um pHmetro portátil identificaram se o efluente estava ácido ou básico. O pH (Potencial
Hidrogeniônico) de um efluente industrial precisa estar próximo do neutro (entre 6 e 8) para
que as reações entre a alcalinidade da água e o Sulfato de Alumínio aconteçam, tendo assim
um bom tratamento. Os alunos identificaram que o efluente estudado estava básico, ou seja,
com o pH em 10,7. Depois de identificado pode-se realizar a correção do pH utilizando uma
solução de ácido clorídrico e outra de soda caustica, os alunos conseguiram com a correção,
um pH de +/- 7,20 para o efluente.
Dando continuidade a aula prática, utilizou-se água da torneira como amostra, o
professor estagiário dividiu a amostra em três recipientes. No primeiro foi adicionado ácido
clorídrico, no segundo adicionou-se soda caustica e no terceiro só havia água pura. Com
auxilio de indicadores ácido-base os alunos identificaram em qual recipiente estava à amostra
ácida, a amostra básica e a amostra neutra. Foram utilizados os indicadores fenolftaleina e
alaranjado de metila, durante toda a aula prática os alunos se comportaram muito bem,
participando da prática e perguntando quando havia duvidas.
Indicador ácido-base é uma substância que apresenta uma determinada coloração em
meio ácido e outra em meio básico. Alguns dos indicadores ácido-base mais utilizado em
laboratórios são a fenolftaleina e o tornassol. Veja na tabela 1, a coloração apresentada pelos
indicadores em meio ácido e em meio básico.
TABELA 1: Indicadores Ácido-base
Fenolftaleina Alaranjado de metila Tornassol
Meio ácido Incolor Rósea Vermelho

Meio básico Rósea Alaranjado Azul


Fonte:: Canto e Peruzzo (1998)

Com os resultados os alunos puderam organizar suas idéias e interpretar e analisar os


dados. Através da aula os alunos conseguiram estabelecer relação entre conceitos e
aprenderam a manipular reagente e materiais de laboratório com segurança.
28

Ao final da aula os alunos agradeceram ao professor estagiário por estar mostrando a


eles outras maneiras de se aprender aquele conteúdo ou até mesmo outros conteúdos. Nesta
aula pode-se perceber um entrosamento bem maior entre alunos e professor diferente da
primeira.
No terceiro encontro a aula foi sobre processos físicos de separação de misturas. A
exposição desta aula foi preparada com a utilização de transparências, mas ao chegar à escola
para iniciar, a coordenadora disse que a escola não dispunha de retro projetor. Então houve a
necessidade de mudar a maneira de dar o conteúdo proposto. Trocando as transparências pelo
quadro negro e explicando o tema em forma de tópicos. Mesmo com outra didática o objetivo
que se esperava, foi atingido e a compreensão dos alunos em relação ao conteúdo foi à
esperada.
Ao terminar a aula teórica, realizou-se uma prática muito simples de separação de
misturas, utilizando misturas simples e que fazem parte do cotidiano dos alunos como: água e
óleo, água e areia, água e sal, feijão e milho e etc. Com a realização desta prática os alunos
puderam compreender melhor o assunto trabalhado, sempre ressaltando os processos de
separação utilizados no tratamento de efluentes que é o assunto principal do mini-curso.
Finalizando as práticas o professor estagiário disse aos alunos que iriam preparar um café, no
começo eles não acreditaram, mas explicou-se a eles que quando se faz um café se realiza
muitos métodos de separação de misturas. Durante o preparo do cafezinho os alunos se
mostraram interessados querendo participar pondo a "mão na massa".
Antes de terminar a aula pediu-se aos alunos que cada um fizesse um desenho
expondo o que conseguiram compreender com a aula teórica e também com as práticas
desenvolvidas. O resultado foi ótimo, pois se pode perceber que todos conseguiram assimilar
o conteúdo e que também se divertiram ao aprender, ou seja, tiveram prazer em aprender. E
para finalizar a aula todos tomaram um copinho do café feito por eles.
Por meio da avaliação contínua durante a aula percebeu-se que os alunos conseguiram
confrontar os conceitos dados na sala de aula com o seu cotidiano e através das práticas
estabeleceram relação entre conceitos estudados.
O quarto encontro foi sobre reações químicas e estequiometria, nesta aula utilizou-se
a forma expositiva teórica para explicar o conteúdo. Pode-se perceber por parte dos alunos
que eles não gostam deste tipo de didática, o qual é utilizado pela maioria dos professores.
Mas, no entanto não deixaram de prestar atenção na aula. Durante a explicação do conteúdo
foram inseridas de uma forma compreensiva as reações do Sulfato de Alumínio e do Cloreto
Férrico utilizadas durante os processos de tratamento do efluente. Logo após a explicação do
29

conteúdo foi distribuída uma lista de exercícios (anexo 2) para que os alunos respondessem.
Durante esta aula os alunos sentiram uma maior dificuldade, pois não estavam conseguindo
fazer os balanceamentos das reações. O balanceamento da equação química consiste em
colocar os coeficientes da equação de tal modo que o numero de átomos de certo elemento
seja igual em ambos os membros. Na correção dos exercícios deu-se uma maior importância
para os balanceamentos resolvendo-os várias vezes até que os alunos conseguissem assimilar
o conteúdo.
Depois que os alunos compreenderam o conteúdo fizemos uma brincadeira de montar
utilizando símbolos, moléculas e elementos químicos escritos em pequenos quadrados de
cartolina. A brincadeira funciona da seguinte forma: o professor estagiário foi até o quadro e
escreveu por extenso as reações químicas e os alunos com o auxilio dos símbolos escritos nos
cartazes montaram as reações químicas. Exemplo:

Carbono + Oxigênio → Dióxido de Carbono


C O2 CO2

Hidróxido de Sódio + Ácido Clorídrico → Cloreto de Sódio + Água


NaOH HCl NaCl H2O

Esta brincadeira proporcionou aos alunos um melhor aprendizado sobre reações


químicas, e pelo contentamento dos alunos percebeu-se que eles gostaram da forma diferente
de aprendizado.
Logo depois da brincadeira ainda muito eufóricos iniciamos uma dinâmica de
perguntas e respostas, a seguinte dinâmica teve como objetivo avaliar os alunos. Para a
realização da dinâmica os alunos foram postos em círculo. Com o auxilio de um mini system
tocou-se uma música para que os alunos passassem entre si uma caixa contendo perguntas
sobre o conteúdo estudado, quando a música parava, aquele que estivesse com a caixa retirava
uma pergunta, se respondesse corretamente receberia um brinde e depois continuaria a
dinâmica sucessivamente. O brinde citado acima na dinâmica não serviu simplesmente para
presentear, mas sim como uma forma de incentivo para que aquele aluno continuasse
acertando não só no mini-curso, mas também em outras atividades desenvolvida por ele em
seu cotidiano.
No final da aula os alunos saíram da sala dizendo que não iriam mais esquecer o que
aprenderam. Pôde-se perceber que os alunos conseguiram aprender a montar e balancear uma
equação química traduzindo a linguagem discursiva em linguagem simbólica.
30

No quinto encontro estudou-se a química envolvida em um processo industrial. O


conteúdo foi explicado por meio de fluxograma (anexo 3) para que se alcançasse uma melhor
compreensão. Nesta aula foram estudados por partes, os processos de tratamento de efluentes
industriais. Durante a aula os alunos demonstraram muito interesse pelo assunto, participando
da explicação juntamente com o professor. No decorrer da explicação o professor estagiário ia
abordando a importância de uma empresa fazer o tratamento de seus efluentes e quais seriam
os aspectos ambientais causados se este tratamento não for realizado pelas empresas.
Com o fim da explicação pediu-se aos alunos que criassem em uma folha em branco
um modelo, um desenho ou uma redação que demonstrasse uma forma de gerenciar os
resíduos formados em suas casas. Contribuindo assim com a diminuição dos problemas
ambientais. Teve-se um bom resultado, pois os alunos conseguiram passar para o papel como
eles iriam gerenciar seus resíduos domésticos. Isto significa que o conteúdo explicado pelo
professor estagiário teve efeito desenvolvendo no aluno a capacidade de estabelecer relação
entre conceitos e a observar, interpretar e analisar as informações adquiridas.
Para uma maior compreensão do conteúdo realizou-se uma aula prática demonstrando
os processos e as reações envolvidas nos processos de tratamento de efluentes. A prática
consistiu em mostrar os processos de correção de pH, coagulação, floculação e flotação. Para
a realização da aula prática foram utilizados materiais de laboratório e reagentes. Utilizou-se
os seguintes reagentes: solução de ácido clorídrico, solução de soda caustica, Sulfato de
Alumínio (coagulante) e polímero (floculante).
Os alunos trabalharam com um efluente coletado em uma empresa de Itumbiara-GO.
O efluente foi transferido para um béquer e com o auxilio de um phmetro portátil eles
mediram o pH que se encontrava em 9,6, ou seja, básico. Para a correção do pH foram
utilizadas as soluções de ácido clorídrico e soda cáustica, estabelecendo um pH de +/- 7,00
para que se realizasse a próxima etapa. Dando seqüência adicionou-se lentamente o Sulfato de
Alumínio para que houvesse a coagulação dos resíduos, posteriormente adicionou-se o
polímero para efetuar a floculação dos flocos formados na coagulação. Os flocos formados
tendem a flotar (flutuar) separando o efluente em duas fazes uma liquida (limpa) e outra
sólida (resíduos).
Com a avaliação da aula pode-se observar que os alunos conseguiram estabelecer
relação entre os conceitos químicos estudados e aprenderam a aplicar os conhecimentos
básicos de química na resolução de situações-problemas, ou seja, a química é utilizada na
resolução de um problema ambiental como o tratamento de efluentes.
31

O sexto encontro foi sobre o tratamento de efluentes industriais, nesta última aula foi
realizado um trabalho de campo em uma indústria de Itumbiara-GO. Foi marcado com os
alunos um encontro na escola antes da visita, para que se explicasse a eles como deveriam se
comportar dentro da empresa. No encontro anterior (quinto encontro) foi dito aos alunos que
para irem à visita deveriam estar de sapato fechado, de calça comprida e blusa fechada, pois
ao se marcar a visita na empresa, é pedida a utilização destes requisitos para que haja a
segurança dos alunos. Pediu-se aos alunos que durante a visita eles fossem anotando os dados
transmitidos em uma folha, que ao voltar eles iriam entregar um relatório final da visita. Este
relatório deveria conter dados coletados durante a visita e também opiniões de como foi fazer
o mini-curso.
Os alunos foram levados à indústria, com o intuito de mostrar como ocorre na prática
todas as reações e processos estudados durante as aulas do mini-curso. Chegando a indústria
os alunos foram acompanhados por um técnico em segurança do trabalho que os levou aos
setores de envase de óleos, laboratório e estação de tratamento de efluentes. Durante a visita
os alunos puderam realizar perguntas aos colaboradores dos setores visitados. Quando se
chegou ao setor de tratamento de efluentes os alunos puderam constatar como funciona todo o
processo, e conseguiram sistematizar os conhecimentos adquiridos nas aulas.
Durante toda a visita os alunos se comportaram muito bem e pode-se perceber que eles
souberam aproveitar a chance de estar visitando uma indústria de grande porte. Os alunos
disseram durante a visita que desde que eles estudam nunca tiveram a oportunidade de estar
visitando uma indústria.
Ao chegar de volta à escola, os alunos foram conduzidos à sala de aula para que fosse
feito o fechamento do mini-curso. O professor estagiário pediu aos alunos que redigissem um
relatório para finalizar a aula constando os dados que eles anotaram durante a visita e que
relatassem como foi o decorrer de todo o mini-curso. Após a entrega dos relatórios o
professor estagiário fez a distribuição dos certificados. Com a leitura dos relatórios percebe-se
uma grande satisfação por parte dos alunos em terem participado do mini-curso e que com a
visita técnica eles puderam assimilar e compreender parte dos assuntos tratados nas aulas. Os
alunos o agradeceram pela oportunidade de ter concluído o mini-curso e pediram para que o
professor estagiário montasse outro curso em outra oportunidade.
CONCLUSÃO

As múltiplas experiências, em diversos níveis de abrangência devem possibilitar uma


clareza de que o aluno é parte constituinte de uma realidade coletiva onde os direitos e
deveres são dimensões de um mesmo processo de construção da cidadania. Portanto, a
educação ambiental deve trabalhar com duas dimensões básicas: estimular as habilidades
individuais e munir esse aluno com habilidades sociais que permitam ações coletivas na busca
da cidadania ambiental.
Nota-se que a educação ambiental está muito distante da realidade dos alunos das
redes públicas de ensino. Com a aplicação deste trabalho pode-se perceber que os alunos estão
fora de sua própria realidade, ou seja, estudam apenas através de livros e deixam o mundo ao
seu redor passar em branco. Com a aplicação das aulas notou-se que, a contextualização
através dos processos de tratamento de efluentes, além de levar aos alunos um assunto da
atualidade os fez aprender conteúdos químicos de maneiras diferentes. Os professores como
mediadores, podem transformar a educação ambiental nas salas de aula por meio da
contextualização dos temas do cotidiano do aluno. Levando até eles um assunto novo,
divertido e prazeroso de se trabalhar dentro ou fora da sala de aula.
Conclui-se afirmando que o papel dos professores é essencial para impulsionar as
transformações de uma educação que assume um compromisso com a formação de valores de
sustentabilidade, como parte de um processo coletivo.
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ZILBERMAN, Isaac. Introdução à Engenharia Ambiental. Canoas: ULBRA, 1997.


ANEXOS
36

ANEXO 1

LISTA DE EXERCÍCIOS – 1° ENCONTRO

01 – Defina o conceito de ácido e exemplifique.

02 – Defina o conceito de base e exemplifique.

03 – Na reação de ácido e base quais são os produtos formados?

04 – Faça as reações de ácido-base:


a) Hidróxido de Sódio e Ácido Clorídrico
b) Hidróxido de Alumínio e Ácido Sulfúrico
c) Hidróxido de Magnésio e Ácido Clorídrico
d) Hidróxido de potássio e Ácido Fosfórico
e) Hidróxido de Sódio e Ácido Sulfúrico

05 – Dê nome aos seguintes sais:


a) MgNO3
b) CaSO4
c) Fe2S3
d) Al2(SO4)3
e) NaCl
37

ANEXO 2

LISTA DE EXERCÍCIOS – 2° ENCONTRO

01 – Dê o produto das seguintes reações e faça o balanceamento quando necessário:


a) N2 + H2
b) C + H2 + O2
c) Cl2 + MgBr2
d) Al + HCl
e) NaOH + HCl
f) AgNO3 + NaCl
g) CaCl2 + Na2CO3
h) C + O2

02 – O Fósforo branco (P4) é uma substância muito empregada para finalidades bélicas, na
confecção de bombas incendiárias e granadas luminosas. Ele é obtido pelo aquecimento, m
forno elétrico, de fosfato de cálcio, areia e coque. A equação química não balanceada é:

Ca3(PO4)2 + SiO2 + C → CaSio3 + CO + P3

Os coeficientes estequiométricos da equação, respectivamente, são:


a) 1, 3, 2, 3, 2, 1
b) 2, 6, 10, 6, 8, 1
c) 1, 3, 5, 3, 5, 1
d) 2, 6, 10, 6, 10, 1
e) 4, 12, 20, 12, 10, 1

03 – Ao participar de um festa, você pode comer beber de mais, apresentando sinais de má


digestão ou azia. Para combater a acidez, ocasionada pelo excesso de ácido clorídrico no
estômago, seria bom ingerir uma colher de leite de magnésia que irá reagir com este ácido. A
equação que representa esta reação é:
a) Mg(OH)2 + 2HClO → Mg(ClO)2 + 2H2O
b) Mg(OH)2 + 2HCl → MgCl2 + 2H2O
c) Mg(OH)2 + 2HClO3 → Mg(ClO3)2 + 2H2O
d) Mn(OH)2 + 2HClO2 → Mg(ClO2)2 + 2H2O
e) Mn(OH)2 + 2HCl → Mg(ClO)2 + 2H2O
38

ANEXO 3

FLUXOGRAMA DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Efluente Bruto

Tanque de Equalização

Floculador tubular

Lodo Úmido Caixa de lodo


Flotado Água
Água
Contipres
Reator Biológico Lodo Seco

Caçamba

Retorno do lodo biológico


Reator Biológico

Lodo Biológico
Tanque de recalque
Decantador Secundário
de lodo
Água

Tanque de Segurança

Tanque de Segurança

Floculador tubular
Lodo
Úmido
Flotador Caixa de lodo Contipress
Lodo Seco

Filtros de areia
Caçamba
Reutilização,
Desinfecção Jardinagem,etc.

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