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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 2
2. OBSERVAÇÃO DO CÉU
Localize-se!............................................................................................... 3
Tudo se movimenta..................................................................................................... 4
As diferenças das estrelas............................................................................................ 4
As constelações.................................................................................................. 5
Usando a carta celeste................................................................................................. 7
Constelações da época................................................................................................. 8
Condições para observações astronômicas........................................................... 8
3. SISTEMAS DE MEDIDAS
O tempo universal............................................................................................... 11
Magnitude aparente............................................................................................. 11
Tamanho aparente................................................................................ 12
Esfera celeste...................................................................................................... 13
Como localizar um astro?.................................................................................... 15
Outra maneira de localizar um astro..................................................................... 17
Medindo os astros............................................................................................... 19
Medindo distâncias aparentes.............................................................................. 20
Medindo distâncias reais............................................................................. 21
A unidade astronômica......................................................................... 21
O ano-luz........................................................................................................... 22
4. INSTRUMENTOS ASTRONÔMICOS
O telescópio........................................................................................................ 24
Tipos de telescopios..................................................................................................... 24
A ampliação de um telescópio.............................................................................. 26
Ampliação máxima de um instrumento................................................................. 26
As oculares................................................................................................ 27
O campo da ocular............................................................................... 28
Medindo a resolução e a luminosidade relativa de um telescópio............................ 29
A Lente Barlow........................................................................................................... 29
Outro acessório importante: a carta celeste................................................................... 30
Localizando os astros na carta celeste.......................................................................... 31
Mapas estelares.................................................................................................. 31
Mapas lunares.................................................................................................... 32
Sugestões para uma observação com telescópios........................................................... 32
5. NOSSO SISTEMA SOLAR
A Lua........................................................................................................................ 36
Quando observar a Lua.............................................................................................. 36
O que observar na Lua............................................................................................... 37
O Sol......................................................................................................................... 39
Quando observar o Sol............................................................................................... 39
O que observar no Sol................................................................................................ 40
A observação dos planetas................................................................................. 41
Júpiter....................................................................................................................... 42
O que observar em Júpiter.......................................................................................... 42
Saturno...................................................................................................................... 43
O que observar em Saturno........................................................................................ 43
Marte........................................................................................................................ 44
O que observar em Marte........................................................................................... 44
Vênus........................................................................................................................ 45
O que observar em Vênus........................................................................................... 45
Mercúrio.................................................................................................................... 48
O que observar em Mercúrio...................................................................................... 48
Urano........................................................................................................................ 49
O que observar em Urano........................................................................................... 49
Netuno....................................................................................................................... 49
O que observar em Netuno......................................................................................... 49
Plutão........................................................................................................................ 50
O que observar em Plutão.......................................................................................... 50
Asteróides.................................................................................................................. 50
Como observar os asteróides...................................................................................... 50
Cometas.................................................................................................................... 51
Como observar os cometas ........................................................................................ 51
Meteoros ................................................................................................................... 52
Como observar meteoros ........................................................................................... 53
6. O CÉU PROFUNDO
As estrelas................................................................................................................. 55
Estrelas duplas........................................................................................................... 55
Estrelas variáveis....................................................................................................... 56
Aglomerados estelares................................................................................................ 57
Aglomerados abertos.................................................................................................. 57
Aglomerados globulares............................................................................................. 58
Nebulosas.................................................................................................................. 59
Galáxias.................................................................................................................... 60
7. FENÔMENOS CELESTES
Satélites artificiais...................................................................................................... 63
Chuvas de meteoros.................................................................................................... 63
Ocultações.................................................................................................................. 63
Trânsitos.................................................................................................................... 64
Novas e supernovas.................................................................................................... 64
Eclipses...................................................................................................................... 65
Eclipses solares.......................................................................................................... 65
Eclipses lunares.......................................................................................................... 66
8. PROJETOS
Ficha de observação................................................................................................... 67
Gabaritos de observação............................................................................................. 67
Lua............................................................................................................................ 67
Planetas...................................................................................................................... 68
Chuvas de meteoros.................................................................................................... 68
Variáveis.................................................................................................................... 69
Eclipses lunares.......................................................................................................... 69
Eclipses solares.......................................................................................................... 69
Sol............................................................................................................................. 70
Cometas..................................................................................................................... 70
Ocultações................................................................................................................. 71
Analisando detalhadamente cada constelação.............................................................. 71
Astrofotografia........................................................................................................... 72
O CCD...................................................................................................................... 75
9. APÊNDICES
Apêndice nº 1 – Nomes das constelações e suas abreviaturas............................... 77
Apêndice nº 2 – A astrologia não é científica............................................................. 79
Apêndice nº 3 – Mapas dos eclipses solares totais e anulares............................... 80
Apêndice nº 4 – Eclipses lunares................................................................................ 81
Apêndice nº 5 – Tabelas de astrofotografia................................................................. 82
Apêndice nº 6 – Mapa simples da Lua........................................................................ 85
10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA............................................................................... 86
1. INTRODUÇÃO
Este curso preparado especialmente para todos os que desejam saber mais a
respeito do imenso Universo, tem por objetivo aguçar o nosso anseio pelo aprendizado a
respeito desta maravilhosa ciência.
Além disso, conhecer um pouco mais sobre o Universo, nos fará entender
melhor qual é a nossa real posição e quais são as nossas responsabilidades como seres
humanos.
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2. OBSERVAÇÃO DO CÉU
Localize-se!
Leste
Norte Sul
Oeste
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Tudo se movimenta
Ao observar o céu ao longo das horas, notará que os objetos celestes não estarão
mais na posição onde inicialmente você os observou. Isto acontece porque eles estão se
movimentando. O Sol, por exemplo, ao se movimentar pelo céu ao longo do dia,
provoca a variação da posição das sombras na superfície da Terra, ou de qualquer outro
planeta. Mas, por que se dá este movimento? E em que direção? Este movimento se dá
porque o nosso planeta está girando e nós estamos em cima dele. Então na verdade,
apenas temos a impressão de que os corpos celestes se movimentam.
Leste
Norte Sul
Oeste
Olhe para o céu estrelado. Consegue perceber as diferenças entre uma estrela e
outra? Se fixar o seu olhar perceberá que elas diferem basicamente em brilho e cor.
Algumas brilham mais, outras menos, e ainda outras brilham tão fracamente que nem as
enxergamos. Este brilho aparente das estrelas é chamado de magnitude. Quanto a sua
coloração, algumas são visivelmente brancas, outras são avermelhadas. A sua cor varia
conforme a temperatura da superfície da estrela. As estrelas mais quentes tendem a ser
brancas, enquanto as menos quentes são avermelhadas. Conforme a temperatura, as
estrelas recebem uma letra para indicar o seu tipo (tabela 2.1).
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Tipo Coloração Faixa de temperatura (k) Estrela como exemplo
O Azul 28.000 a 45.000 δ orionis
B Azul 10.000 a 28.000 Rigel (β orionis)
A Branco-azulada 10.000 a 7.500 Sirius (α canis majoris)
F Branca 7.500 a 6.000 Procyon (α canis minoris)
G Branco-amarelada 6.000 a 5.000 Sol
K Alaranjada 5.000 a 3.500 Arcturus (α boötis)
M Vermelho-alaranjada 3.500 a 2.500 Antares (α scorpii)
Tabela 2.1 – Classificação de estrelas conforme sua temperatura.
As constelações
Cada constelação possui o seu nome próprio e ocupa uma determinada área no
céu. Por exemplo, temos a constelação de Órion (um caçador, cujo cinto é formado
pelas famosas “três marias”), a constelação de Escorpião (um animal), a constelação do
Cruzeiro do Sul (um objeto), e assim por diante.
www.seds.org/Maps/Pics/orion.gif
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www.learnwhatsup.com/astro/constellations/crux.shtml
Além destes nomes, algumas estrelas possuem nomes próprios, que foram dados no
decorrer da história da humanidade. Por exemplo, a estrela α orionis (ou alfa de Órion)
chama-se também Betelgeuse. A estrela α canis majoris (ou alfa do Cão Maior) chama-
se Sírius, que é a estrela mais brilhante do céu noturno, e também a quinta mais próxima
de nós (tab. 2.3).
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Nome Classificação Constelação
Sirius α Canis Major
Canopus α Carina
Proxima Centauri α Centaurus
Arcturus α Boötes
Veja α Lyra
Rigel β Orion
Capella α Auriga
Agena β Centaurus
Altair α Áquila
Betelgeuse α Orion
Tabela 2.3 – Nomes próprios de algumas estrelas e suas constelações.
Mas ao olhar para o céu infinitamente estrelado, como podemos distinguir estas
constelações no firmamento? Para sermos capazes de identificar as constelações no céu
estrelado, é necessário utilizar um mapa celeste, conhecido como carta celeste. Ali
encontramos as constelações que visualizamos a partir do local em que estamos situados
na superfície da Terra. Isto significa que existem constelações que só são visíveis em
outras partes do planeta. Também percebemos na carta celeste os pequeninos círculos
pintados de branco ou amarelo que representam as estrelas, e estes círculos variam de
tamanho para indicar o brilho (ou magnitude) da estrela; ou seja, as “bolinhas” maiores
denotam estrelas mais brilhantes, e as menores, as menos brilhantes.
Pegue uma carta celeste (fig. 2.5). Perceberá que ela é na verdade um mapa
giratório. Em sua borda, encontramos doze divisões que correspondem aos doze meses
com seus respectivos dias, contados de cinco em cinco. Para se obter a representação
correta do céu em uma determinada hora, basta segurar a carta com a mão esquerda,
sobre a cabeça, alinhando os pontos cardeais, e com a outra mão girar o disco, até fazer
coincidir a data do mês (no disco) com a hora (na cobertura fixa) correspondente ao
momento da observação astronômica. Por exemplo: para
encontrar o aspecto do céu visível às 20h 30min do dia
www.muranet.com.br/@stronomia/ CartaCeleste1.htm
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Constelações da época
Quais são algumas condições para se realizar uma boa observação astronômica?
São muitas, mas as mais comuns são: condições atmosféricas, iluminação externa, local
da observação e conforto. Analisemos cada uma delas.
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chuvas (verão) dificilmente o céu estará aberto para realizarmos uma pesquisa, pois as
nuvens surgem em grandes quantidades, embora nestas épocas, depois de uma forte
chuva, o céu pode ficar incomparavelmente limpo. Por outro lado, nas épocas de intenso
frio (inverno) a quantidade de nuvens torna-se reduzida, o que facilita as observações,
sem contar que o ar geralmente fica mais seco, o que evita a formação de orvalho na
lente do telescópio.
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1. Imagem imóvel, de excelente qualidade;
2. Pequena oscilação da imagem ou ondulações lentas;
3. Agitação da imagem com breve visão dos pormenores;
4. Rodopios e misturas de contrastes e pormenores;
5. Perturbação intensa, com invisibilidade dos pormenores.
Tabela 2.5 – Escala para avaliação da qualidade da atmosfera.
Onde observar? Locais em grandes altitudes são os melhores, enquanto que nos
litorais, por exemplo, a qualidade do céu noturno cai consideravelmente, pois a luz do
objeto celeste deve atravessar uma camada mais grossa de atmosfera antes de atingir
nossos olhos. Não se esqueça também que os locais mais afastados dos centros das
cidades são os melhores, pois estão mais longe da iluminação urbana.
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3. SISTEMAS DE MEDIDAS
Tudo à nossa volta parece ter sido cuidadosamente medido e calculado. O céu
estrelado não deixa de ser uma espantosa prova disso. Portanto, para
conseguirmos localizar determinados astros, conhecer seus movimentos, seu brilho,
suas dimensões, seus horários corretos de observação, e suas características, temos
de usar alguns sistemas de medidas, bem como um pouco de matemática e
geometria simples.
O tempo universal
Conforme a Terra vai girando em torno de si mesma, o Sol vai iluminando uma
parte dela, e a outra fica na escuridão: são os dias e as noites. O resultado é que cada
lugar do mundo possui o seu próprio horário, pois enquanto em alguns países o céu
ainda se encontra claro, em outros já é noite. Isto é chamado de fuso horário. Alguns
periódicos de astronomia fornecem dados de certos fenômenos astronômicos que
poderão ser observados por todos. Por exemplo, um determinado eclipse lunar começará
em certo dia às 23h 30min. Mas, se este fenômeno será observado por tantos países, o
horário fornecido é para quem? Justamente para se eliminar este problema, adotou-se
um horário padrão que serve para todos: o tempo universal (o tempo universal é na
verdade o horário local do meridiano de Greenwich). Assim, os fenômenos são
informados em TU (Tempo Universal), e cada país se encarregará de transformar o
horário em TU para seu próprio horário local, ou TL (Tempo Local). Por exemplo, para
o local onde nos encontramos, em São Paulo, temos que subtrair 3 horas do TU. Desta
forma, se ouvirmos que um eclipse lunar ocorrerá às 23:30 TU, na verdade para nós ele
ocorrerá às 20:30 TL (pois 23:30 menos 3h é igual a 20:30).
Magnitude aparente
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Esta designação de brilho é chamada de magnitude aparente, pois estrelas de
maior brilho não necessariamente estão mais próximas de nós, ao passo que estrelas
menos brilhantes podem estar bem mais próximas. Portanto, só porque determinada
estrela brilha mais que a outra, isto não significa que obrigatoriamente ela está mais
próxima de nós. Por exemplo, considere duas lâmpadas exatamente iguais de 100 Watts
cada uma. Coloquemos uma a apenas 1 metro de nós, e a outra a 100 metros. Ao
observa-las, os brilhos aparentes delas são diferentes, pois nos dá a impressão de que a
mais próxima brilha mais e a afastada brilha menos, mas na verdade, as duas são de 100
Watts e, portanto, possuem o mesmo brilho. Estrelas são semelhantes, pois além de
possuírem distâncias diferentes em relação à Terra, também possuem um brilho próprio
diferente umas das outras (tab. 3.1).
Tamanho aparente
O mesmo se dá ao olharmos para o céu, pois é difícil para nós daqui da Terra
percebermos a noção de distâncias dos corpos celestes. Por isso, temos a impressão de
que todos os astros estão na mesma distância de nós, como se estivessem “grudados”
numa enorme esfera transparente bem acima de nossas cabeças e nós estivéssemos bem
no centro desta esfera.
Portanto, assim como acontece com a magnitude, o tamanho dos astros que
enxergamos também é aparente, e só porque um astro aparenta ser do mesmo tamanho
que outro, ele na verdade pode não ser, como acontece com a Lua e o Sol, por exemplo.
Por outro lado, um astro pode parecer tão pequenino e frágil, mas na verdade é muito
maior do que imaginamos, como acontece com as estrelas, por exemplo, onde
encontramos algumas que são dezenas de vezes maiores que o próprio Sol, a nossa
estrela. Então, se o Sol é apenas uma estrela comum, por que brilha tanto assim, bem
mais do que as outras estrelas no céu? Lembre-se do que acabamos de considerar: ele só
brilha tanto assim por estar bem mais perto de nós do que qualquer outra estrela, e por
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isso todas elas apenas nos parecem pequeninos pontos de luz no céu, por estar tão
afastadas de nós.
Esfera celeste
Agora, imagine uma linha que parte desde o ponto cardeal Sul, percorre a
superfície circular da esfera celeste, cruza o zênite e termina no ponto Norte. Esta linha
curva imaginária, na verdade um arco de circunferência, é o meridiano celeste. Com o
decorrer das horas, todos os astros seguem os seus movimentos de Leste para Oeste e
sempre acabam cruzando esta linha. Este cruzamento é chamado de passagem pelo
meridiano. Por exemplo, o Sol cruza o meridiano celeste sempre ao meio-dia (fig. 3.2).
Se observarmos noite após noite e dia após dia, notaremos que existe uma faixa
no céu, por onde percorrem o Sol e a Lua, no decorrer das horas. Eles nunca estarão,
por exemplo, pelos lados do horizonte Sul, ou do horizonte Norte, aqui em São Paulo.
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Parece que eles percorrem um caminho pré-determinado. Este caminho, ou faixa
imaginária, é chamada de faixa da eclíptica, que não é percorrida apenas pelo Sol e pela
Lua, mas também pelos planetas e asteróides principais, ao nascerem no Leste e se
esconderem no Oeste. Nesta faixa da eclíptica, encontramos o caminho que o Sol
percorre, que é uma linha imaginária, chamada linha da eclíptica ou simplesmente
eclíptica (o nome eclíptica significa “a linha dos eclipses”).
Figura 3.3 – Na esfera celeste, encontramos a faixa da eclíptica, onde percorrem todos os planetas, a
Lua e grande parte dos asteróides. Nesta faixa vemos a linha da eclíptica propriamente dita, que é
percorrida pelo Sol, com o passar do tempo. Note que a eclíptica cruza a linha do meridiano, onde o
Sol a atravessará sempre ao meio-dia do local.
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Como localizar um astro?
Olhe para o horizonte ao seu redor e sinta-se como estando de pé bem no centro
de um enorme círculo plano no solo, cuja extremidade é o próprio horizonte. Sabemos
que uma volta completa na circunferência é de 360°, e que se der uma volta completa
em torno de si mesmo, esta volta foi de 360°, se der meia volta é de 180°, e finalmente
se der um quarto de volta, é de 90°. Mas, a partir de que ponto é iniciado a contagem
dos graus? É justamente a partir do ponto cardeal Norte (fig. 3.4).
Localize o ponto Norte no horizonte a sua volta. Fique de frente para ele e vá
girando o corpo lentamente para a direita. Contando desde o Norte, teremos 90° (ou um
quarto de volta) até o Leste; 180° (ou meia volta) até o Sul; e 270° (ou três quartos de
volta) até o Oeste. Esta medida circular, em graus, contada a partir do Norte para a
direção do Leste até completar uma volta é chamada de azimute.
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Figura 3.5 – Medindo a altura de pontos diferentes. Aqui temos duas alturas
diferentes (45º e 90º), mas pode-se medir qualquer altura numa faixa de 0º a 90º.
Deste modo, fica muito simples e fácil localizar um astro quando conhecemos o
seu azimute e sua altura no momento que fazemos a observação. Estas são chamadas de
coordenadas altazimutais (fig. 3.6).
Mas os astros não se movimentam? Sim, e a cada segundo estão numa posição
diferente do céu. Por isso, as coordenadas altazimutais de um determinado astro variam
conforme o passar dos minutos. É como se estas coordenadas altazimutais estivessem
impressas em uma outra esfera celeste transparente e fixa, e os astros ficassem se
movendo atrás deste sistema de coordenadas. A cada momento cada astro teria uma
coordenada altazimutal diferente.
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Outra maneira de localizar um astro
Existe ainda um outro tipo de sistema de coordenadas que facilita encontrar uma
estrela ou astro. Este outro sistema não muda com o passar dos minutos, pois estão
praticamente fixos para cada estrela no céu. Este sistema é muito simples: é como se
fosse a latitude e longitude do nosso planeta. Por exemplo, um certo local na superfície
esférica do planeta possui uma determinada localização, dada em latitude e longitude.
Porém, caso se trate de um veículo móvel (um ônibus, por exemplo) sua latitude e
longitude mudarão com o passar dos minutos, pois está se movendo na superfície
esférica do planeta. Por outro lado, caso se trate de um objeto fixo (um prédio, por
exemplo) sua latitude e longitude não mudarão com o passar do tempo.
longitude
latitude Equador
Meridiano de Greenwich
Como o céu acima de nossas cabeças está sendo considerado uma esfera,
também podemos dizer que cada estrela possui sua própria coordenada fixa e particular
(além das coordenadas altazimutais). Este sistema é chamado de coordenadas
equatoriais. Assim como na Terra usam-se a latitude e a longitude, nestas coordenadas,
usam-se a ascensão reta e a declinação. A ascensão reta é medida em horas (h),
minutos (min) e segundos (s), enquanto que a declinação é medida em graus (º),
minutos (’) e segundos (”). Mas atenção: as horas, minutos e segundos da ascensão reta
não têm nada que ver com horas, minutos e segundos de tempo. Do mesmo modo, os
minutos e segundos da declinação não têm nada que ver com os minutos e segundos de
tempo. Mais tarde aprenderemos detalhes a respeito destes sistemas de medidas. Por
enquanto, basta saber que estas coordenadas não mudam com o passar dos minutos de
tempo, a não ser que se tratem de objetos celestes que se movem pelas estrelas que
enxergamos, assim como se dá com um veículo em movimento na Terra que tem suas
coordenadas mudadas conforme a sua posição na superfície do planeta no decorrer do
tempo. Quais são estes astros que se movem em relação às estrelas de fundo? São eles:
Lua, Sol, planetas, asteróides e satélites artificiais. Todos eles estão a cada momento
num ponto diferente do nosso céu, pois se movem por entre as estrelas da esfera celeste
com o passar do tempo – uns mais velozmente (satélites artificiais) e outros mais
vagarosamente (Sol e planetas). Por isso, as coordenadas equatoriais deles variam com
o passar dos dias, ou das horas. Porém, para as estrelas, as coordenadas equatoriais são
praticamente fixas, mantendo seus valores por muitos e muitos anos, pois por estarem
tão afastadas de nós, não percebemos um deslocamento considerável (tab. 3.3).
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Coordenadas
Nome A.R. Dec. Constelação
h min s º ’
Sirius 06 44 57 -16 43 Canis Major
Arcturus 14 15 26 +19 12 Boötes
Vega 18 36 49 +38 47 Lyra
Rigel 05 14 20 -08 12 Orion
Betelgeuse 05 54 56 +07 24 Orion
Sol (em 21/03) 00 00 00 00 00 Pisces
Sol (em 21/06) 06 00 00 +23 27 Taurus
Sol (em 22/09) 12 00 00 00 00 Virgo
Sol (em 22/12) 18 00 00 -23 27 Sagittarius
Lua - - (Variável)
Planetas - - (Variável)
Tabela 3.3 – Coordenadas equatoriais de alguns astros.
A estrela Sirius, por exemplo, poderá ser encontrada nas coordenadas equatoriais
de AR=06h 44min 54s e dec.= -16º 43’. O Sol, porém, estará em coordenadas diferentes
a cada período de tempo, acontecendo o mesmo com a Lua e os planetas, pois eles
mudam a sua posição em relação às estrelas com o passar do tempo.
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Medindo os astros
Ao localizarmos algum astro, nem sempre é costume dizer que ele está a 150
milhões de quilômetros, ou que possui um diâmetro de 12 mil quilômetros, pois estas
são medidas reais de tais astros. Quando realizamos observações astronômicas, usamos
termos aparentes. Lembra-se da comparação do tamanho do Sol e da Lua? Embora na
realidade, um seja muito maior que o outro, estes astros aparentam ter o mesmo
tamanho para nós, lá no céu. Assim, a questão é: como medir o tamanho aparente dos
astros?
Conforme vimos, o céu pode ser dividido em graus de arco da geometria. Assim,
uma volta em torno de nós mesmos, resulta em 360°, e dando meia volta, resulta em
180°; e contando desde o horizonte até o ponto mais alto do céu (zênite) teremos 90°, e
se continuarmos desde o zênite até o horizonte oposto, teremos mais 90°, totalizando
assim 180° de um ponto no horizonte até o ponto oposto do mesmo, passando pelo
zênite (fig. 3.5).
Cada grau de arco é dividido em 60 minutos de arco (ou 60’), e cada minuto é
dividido em 60 segundos de arco (ou 60’’). Deve-se tomar o cuidado para não confundir
minutos de arco com minutos de tempo, e o mesmo se dá com os segundos. Minutos de
arco é uma coisa bem diferente de minutos de tempo, e o mesmo se dá com os
segundos. É desta maneira que medimos as distâncias e os tamanhos dos objetos
celestes: utilizando os graus de arco da geometria.
Uma volta completa possui 360º.
Meia volta possui 180º.
1º (um grau) é dividido em 60 partes iguais, chamadas minutos (’).
1’ (um minuto) é dividido em 60 partes iguais, chamadas segundos (”).
Assim, 1º possuirá 3600”, pois cada grau possui 60’ e cada minuto possui 60”.
Então, qual é o tamanho aparente da Lua? Ela mede cerca de meio grau, ou 0.5°,
ou 30’ (trinta minutos de arco) de diâmetro. E o Sol? Também possui aproximadamente
o mesmo tamanho aparente. Segue abaixo uma tabela onde constam os tamanhos
aparentes de alguns astros.
Nome Tamanho aparente
Estrelas Pontos luminosos sem diâmetro definido
Urano 4”
Saturno No máximo 20”
Marte No máximo 25” ou quase 0.5’
Lua 0.5º ou 30’
Sol 0.5º ou 30’
Nebulosa de Orion 66’ x 60’ ou 1º 6’ x 1º
Constelação inteira de Orion Aproximadamente 27º x 22º
Desde o horizonte até o zênite 90º
Tabela 3.4 – Tamanhos aparentes de alguns astros.
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Medindo distâncias aparentes
Quando falamos de distâncias aqui, não nos referimos às distâncias reais, mas
novamente, às distâncias aparentes, e como são medidas em graus de arco (ou ângulos),
é mais correto chamá-las de distâncias angulares.
Já vimos que o diâmetro aparente da Lua, por exemplo, é de meio grau, ou seja,
a distância angular de um ponto na borda da Lua até a outra borda oposta é de meio
grau, ou trinta minutos de arco (fig. 3.9).
Para treinar o uso desta técnica, experimente medir distâncias entre estrelas
conhecidas, ou mesmo tamanhos de constelações inteiras. Confirme, por exemplo, como
a distância do horizonte até o zênite é realmente de 90° utilizando o seu palmo aberto e
com o braço estendido. A distância angular entre as estrelas que formam o madeiro
maior do Cruzeiro do Sul, por exemplo, é de 6° aproximadamente. Entre a estrela beta
do Centauro (Hadar) e alfa do Cruzeiro do Sul (Acrux), a distância angular aproximada
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é de 12°. Entre alfa e beta do Centauro o ângulo é de 4,5°. Entre as estrelas mais
brilhantes da constelação de Órion - Rígel e Betelgeuse - a distância angular é de
aproximadamente 18,5°. Esse último valor, portanto, corresponde quase a uma mão
espalmada.
Até agora vimos os conceitos sobre como medir distâncias aparentes na esfera
celeste, ou seja, ângulos que informam o quanto um astro está distante do outro quando
olhamos para o céu. E quanto às distâncias verdadeiras que separam um astro do outro
no espaço sideral? Esta distância é medida em quilômetros e representa o quanto os
astros estão distanciados uns dos outros fisicamente e não aparentemente. Quando
olhamos para o alto, no céu noturno, parece que todos os astros estão a uma mesma
distância de nós, como se estivessem fixados numa abóbada giratória, bem alto acima
de nossas cabeças. Por exemplo, ao olharmos a Lua no céu ao lado do brilhante planeta
Júpiter e com algumas estrelas ao fundo, temos a impressão de que todos estes astros
estão a uma mesma distância de nós, observadores terrestres. Isto ocorre porque eles
estão tão longe de nós (praticamente no infinito), que nossos olhos não conseguem
distinguir uma profundidade entre um astro e outro. No entanto, sabemos que a Lua está
a uma distância de uns 384.000 km, mas Júpiter está a 628.000.000 km de nós, e as
estrelas a distâncias incrivelmente grandes, que para representá-las em quilômetros,
usaríamos muitos “zeros”.
Numa mesma constelação também ocorre o mesmo: algumas estrelas estão mais
próximas de nós, outras bem mais afastadas. Veja por exemplo, a constelação do
Cruzeiro do Sul com suas cinco estrelas principais: embora todas elas façam parte de
uma só constelação (dividida pelo homem), umas estão mais próximas de nós do que as
outras. Estas são, portanto, as distâncias reais dos astros.
A unidade astronômica
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Distância Distância
Planeta média média
do Sol em km do Sol em UA
Mercúri
57.900.000 0.387
o
Vênus 108.200.000 0.723
Terra 149.600.000 1.000
Marte 227.900.000 1.524
Júpiter 778.200.000 5.203
Saturno 1.428.000.000 9.539
Urano 2.869.200.000 19.188
Netuno 4.495.200.000 30.060
Plutão 5.905.000.000 39.430
Tabela 3.5 – Distância real dos planetas do Sistema Solar.
O ano-luz
22
Nome Distância da Terra em ano-luz
Sol 0.000015 (8.2 minutos-luz)
Proxima Centauri 4.2
Estrela de Barnard 6.0
Wolf 359 7.7
Sirius 8.6
Nebulosa Saco de Carvão na
direção da constelação do 550
Cruzeiro do Sul
Núcleo de nossa galáxia 30.000
Galáxia de Andrômeda 2.200.000
Quasar G2237 + 0305 8.000.000.000
Tabela 3.6 – Distâncias de alguns objetos celestes.
23
4. INSTRUMENTOS ASTRONÔMICOS
O telescópio
Este instrumento tem dois principais objetivos: captar a maior quantidade de luz
possível e aumentar a imagem do objeto observado para o distinguir melhor. Nem
sempre o aumento é mais importante do que a luminosidade, pois é ela quem nos dará
mais detalhes do objeto. A maioria das pessoas pensa que o mais importante é o quanto
um telescópio aumenta, ou seja, o seu “número de vezes”, mas o que realmente conta é
a sua luminosidade, ou seja, o quanto de luz o telescópio consegue coletar.
Quanto mais luminoso um telescópio for, melhor ele será. Do que depende a
luminosidade de um telescópio? Depende do que chamamos de abertura, ou
simplesmente do diâmetro do espelho. Quanto maior for o seu diâmetro de abertura,
mais luminoso ele será, pois maior quantidade de luz ele poderá captar na área do
espelho. Por isso, ao conversarem sobre telescópios, os astrônomos sempre citam a sua
abertura e não a sua ampliação.
Vejamos o quanto um telescópio capta mais luz do que um olho humano, por
exemplo. Digamos que a pupila do nosso olho se abra até 6 mm de diâmetro na
escuridão. A área da superfície da pupila será então de 28 mm2. Um telescópio de 100
mm de abertura, por exemplo, terá uma área de captação de luz de 7850 mm2. Dividindo
7850 por 28, obtém-se 280, ou seja, este telescópio capta 280 vezes mais luz do que a
pupila do nosso olho no escuro. Por este motivo, com o auxílio de um telescópio,
conseguimos enxergar estrelas que normalmente não vemos a olho nu. Mas, como são
constituídos os telescópios?
Tipos de telescópios
Existem basicamente dois tipos de telescópios. A diferença entre eles é que para
observar um objeto distante, um utiliza uma lente e o outro um espelho côncavo. O
telescópio que utiliza a lente é chamado de telescópio refrator ou simplesmente luneta,
pois a lente faz com que os raios luminosos do alvo que se está observando, refratem até
um ponto em comum. O telescópio que utiliza o espelho é chamado telescópio refletor,
pois o espelho côncavo faz com que os raios luminosos do alvo que se está observando,
também reflitam até um ponto em comum.
24
em todos os telescópios, ocorre uma convergência dos raios luminosos para um ponto
em comum. É justamente neste ponto que se forma uma minúscula imagem do alvo.
Este ponto é chamado de ponto focal, e a distância deste ponto até o espelho principal
(ou lente principal) do telescópio é chamado de distância focal. Estes parâmetros são
muito importantes, pois são sempre usados em observações astronômicas (fig 4.1 a 4.3).
25
A ampliação de um telescópio
Mas, como é realizada a ampliação propriamente dita? Bem, basta agora colocar
uma outra lente bem menor, próxima do ponto focal do telescópio. Esta pequena lente
funcionará simplesmente como uma lupa, que ampliará a imagem do objeto, formada no
ponto focal. Esta lente é chamada de ocular, pois é nela que colocamos o nosso olho.
Desta forma, é a ocular que dará o aumento de um telescópio, já que se utilizarmos uma
ocular forte, ela ampliará mais a imagem no ponto focal; por outro lado, se utilizarmos
uma ocular fraca, ela ampliará menos a imagem no ponto focal. Portanto, é sábio
possuirmos um conjunto de oculares, para conseguirmos diferentes aumentos. O que faz
cada ocular dar uma ampliação diferente, já que o telescópio é o mesmo? Poderá notar
que cada uma possui seu próprio valor de distância focal. A distância focal de uma
ocular é sempre pequena (de 3 mm a 50 mm).
Como calcular o aumento de um telescópio? Basta saber qual ocular você está
usando, e dividir a distância focal do telescópio (que é sempre igual) pela distância
focal da ocular utilizada no momento.
F 2000
A = , então: A= = 100 x
f 20
F 2000
A = , então: A= = 200 x
f 10
26
70 a 75 vezes (pois 60 x 1,2 = 72). Excepcionalmente quando a turbulência da
atmosfera é fraca, é possível multiplicar pelo fator 2,5. Assim, a mesma luneta de 60
mm poderá ampliar nesta noite até aproximadamente 150x (pois 60 x 2,5 = 150). Em
termos práticos, porém, usa-se o fator 2 multiplicado pelo diâmetro em mm do aparelho.
Por exemplo, um telescópio de 200 mm de diâmetro, trabalharia na prática, com um
aumento máximo de 400 vezes, pois 2 x 200 = 400.
As oculares
www.vernonscope.com/images/photo9.jpg
Como saber quais são as
oculares mais apropriadas para se
usar? Depende de quais são seus
alvos. Uma ocular fraca é ideal
para nebulosas e objetos pouco
luminosos e difusos. Uma ocular
média é conveniente para os
planetas e aglomerados estelares. Figura 4.4 – É conveniente possuir um jogo de
oculares para os mais diversos tipos de observações.
Uma ocular potente nos dará mais
detalhes de um objeto quando as condições atmosféricas forem favoráveis, pois ao se
ampliar muito, as turbulências atmosféricas também são ampliadas na imagem, o que
dará a impressão de que a imagem “dança” ou “treme”.
27
Eventualmente, poderia até se cogitar em possuir uma ocular muito potente, para
ser utilizada apenas em condições atmosféricas excepcionalmente favoráveis, que
aumentará 24 a 25 vezes por centímetro de abertura do telescópio. Assim, para o caso
do nosso telescópio de 20 cm de abertura, a ocular seria aquela que proporcionaria um
aumento de 500 vezes (pois 20 x 25 = 500). – tab. 4.1.
O campo da ocular
Podemos realizar uma medida mais precisa deste campo da ocular. Basta
escolher uma estrela bem alta no céu, como Procyon ou uma das três marias, e a
observarmos através de uma determinada ocular. Desligando o acompanhamento
automático do telescópio, observa-se o deslocamento da estrela através do diâmetro do
campo da ocular, contando o tempo em segundos que ela levou para atravessar de uma
borda a outra do campo da ocular. Multiplica-se este número por 15 e o resultado será o
número de segundos de arco (’’), que resultará exatamente no diâmetro do campo. Por
28
exemplo, numa dada ocular, se a travessia levou 50 segundos, o diâmetro do campo
desta ocular é de 750 segundos de arco, pois 50 x 15 = 750. Se preferir, 750 segundos é
o mesmo que 12 minutos e 30 segundos (ou 12’ 30”) de arco. Como a Lua possui um
diâmetro de 0.5° ou 30’ (trinta minutos), conclui-se que a ela não caberá neste campo da
ocular de apenas 12’ 30”, e veremos apenas uma parte da superfie da Lua abrangendo
todo o campo da ocular.
O que dá nitidez em uma imagem telescópica não é o seu aumento, e sim a sua
abertura. Usando 100x de aumento em um pequeno instrumento, nós teremos um
resultado bem diferente se o mesmo aumento for utilizado num grande telescópio,
embora o tamanho da imagem do astro continue o mesmo na ocular. Por exemplo,
examinando o planeta Júpiter com 100x de aumento, sua imagem sempre aparecerá do
mesmo tamanho (ou diâmetro) na ocular em qualquer telescópio, seja de grande ou
pequena abertura. Porém, a diferença estará no maior numero de detalhes que o
telescópio de maior abertura mostrará da superfície do planeta, ou de qualquer astro que
esteja sendo observado (poder de resolução).
Qual é o f/D ideal? Depende qual o tipo de observações que desejará fazer. Para
realizar astrofotografias, o recomendado é que não se ultrapasse um f/D=10, pois
qualquer valor acima disso, poderá comprometer a qualidade das imagens, e o
telescópio acaba se tornando pouco luminoso. Para realizar observações de objetos
pouco luminosos, como nebulosas ou cometas, também não se deve usar um telescópio
acima de f/D=10. Quanto menor este valor, melhor será a imagem de um objeto tão
difuso quanto uma nebulosa ou um cometa.
A Lente Barlow
29
20 mm, a ampliação passa a ser de 200 x (pois 4000 : 20 = 200). Ganhamos bastante em
ampliação, não é? Sim, mas perdemos do outro lado: na luminosidade. Por que?
Lembre-se da razão f/D. Nós agora temos um telescópio de 4000 mm de distância focal,
com os mesmos 200 mm de abertura. Assim, o f/D passa a ser 20, pois 4000 : 200 = 20.
Como aumentou o f/D (de 10 para 20), perdemos em luminosidade na imagem, e
conseqüentemente em qualidade de detalhes. Temos a impressão de que a imagem ficou
mais escura, com menos nitidez.
Já aprendemos como utilizar uma carta (ou mapa) celeste. Mas ainda faltam
alguns pormenores que nos ajudarão em muito para
nossas observações. Lembra-se das coordenadas
www.spacephotos.com/images/autres_produits/planiciel2.jpg
equatoriais (ascensão reta e declinação) que nos
auxiliam a encontrar um determinado astro? Observe
uma carta celeste e notará que ela possui estas linhas
imaginárias que funcionam como a latitude e a
longitude na superfície da Terra. A ascensão reta inicia
em 0 h ou 24 h, e sua linha cruza várias constelações,
dentre elas a constelação de Pégaso, por exemplo. A
próxima ascensão reta mostrada na carta celeste é a de
2 h, que cruza, dentre outras, a constelação da Baleia, e Figura 4.6 – Exemplo de uma
assim por diante, de duas em duas horas até completar carta celeste ou planisfério.
a circunferência completa (as horas e minutos usados
em ascensão reta são apenas unidades de medida e não têm nada a haver com horas e
minutos de tempo).
Quanto à declinação, temos na carta circunferências que marcam +60°, +30°, 0°,
-30°,-60°. A declinação 0° corresponde ao que chamamos de equador celeste. Assim
como o equador aqui na Terra divide os hemisférios norte e sul do planeta, assim
também o equador celeste divide a esfera celeste em hemisfério celeste norte e
30
hemisfério celeste sul. Declinações positivas são do hemisfério celeste norte e
declinações negativas são do hemisfério celeste sul.
Estando bem familiarizado com a localização, usando este sistema, será muito
mais fácil localizar um próximo cometa, por exemplo, quando forem dadas suas
coordenadas no decorrer dos dias.
Mapas estelares
31
Mapas lunares
Quais sugestões poderiam ser colocadas em prática para proporcionar uma noite
agradável e inesquecível de observações astronômicas com telescópios? Segue abaixo,
algumas delas em cada parágrafo.
Ao observar por horas a fio durante uma noite úmida e estrelada, notará que na
lente principal do telescópio forma-se o que conhecemos por orvalho. Por causa do
embaçamento que a formação de orvalho proporciona, as imagens tenderão a ficar cada
vez menos nítidas. Por isso, toma-se o devido cuidado para se evitar esta formação de
orvalho, por simplesmente utilizar um tubo confeccionado de plástico flexível, com
comprimento próximo ao do próprio tubo do telescópio, encaixado na extremidade da
lente principal, o que impedirá a umidade do ar de repousar sobre a superfície da lente
do telescópio. Por outro lado, alguns preferem utilizar um secador de cabelo para lançar
rapidamente ar quente na lente quando percebem a formação de orvalho.
Uma boa observação sempre será lembrada por um bom registro. Por isso, leve
papel, caneta, lápis, borracha e formulários para que o maior número possível de
informações possam ser registradas para futura análise, resultando num contínuo
aprimoramento. Não se esqueça também dos livros, manuais, catálogos, carta celeste,
mapas, que o ajudarão a realizar um bom trabalho.
Como enxergar as anotações no escuro? Uma lanterna de luz vermelha pode ser
utilizada. Consegue-se isto por se usar uma lanterna comum recoberta com um celofane
vermelho na saída da luz, a fim de que a luz da lanterna não ofusque a vista e acabe
32
atrapalhando nossa visão do cosmo. Não se esqueça de levar pilhas sobressalentes para
sua lanterna vermelha.
Quando a pessoa coloca o olho à ocular pela primeira vez, a impressão é que a
imagem formada é de pequenas dimensões. Mas o segredo está em permanecer com o
olho por mais tempo até que ela se acostume, e mais detalhes vão sendo revelados. Com
mais experiência, notará que a posição da pupila na ocular também faz diferença, uma
vez que o olho é mais sensível para captar imagens de fraco brilho se a luz penetrar na
pupila mais ao lado, na região mais periférica, e não diretamente no centro. Daí,
entenderemos melhor a artimanha de se olhar “de lado” para notar detalhes de objetos
fracos, tais como nebulosas e estrelas de fraco brilho. O olho deve estar também
corretamente posicionado na ocular, pois se olharmos horizontalmente ou colocarmos o
olho afastado da ocular, perde-se o campo de visão. Diferente do costume das pessoas, o
olho que não estiver sendo usado para observar deve permanecer aberto para não
prejudicar o olho que observa a imagem. Neste caso, será preciso um pouco de treino
para se observar com os dois olhos abertos.
33
os óculos servem para corrigir astigmatismo, não se deve retirá-los. Uma vez regulado,
este foco encontrado será então definitivo? Não, pois os gases da atmosfera estão em
constante movimento e acabam alterando sensivelmente a focalização inicialmente
ajustada. Assim, o foco não é definitivo e precisa ser regulado de minutos em minutos.
Uma maneira prática de ajustar corretamente o foco é por usar um instrumento
facilmente construído pelo astrônomo amador. Consiste em uma folha de cartolina com
diâmetro igual à abertura do telescópio com três furos de diâmetros iguais separados por
distâncias angulares iguais. Colocando esta folha na abertura frontal do telescópio (na
objetiva), ocasionará uma divisão da entrada de luz no interior do mesmo. O resultado é
que ao direcionarmos para uma estrela, veremos no campo da ocular três pontos de luz
referentes a esta única estrela, pois sua luz se dividiu em três. Mas, ao ajustar a
focalização, percebemos que existirá um momento em que estas “três estrelas” se unem
num só ponto de luz, formando a imagem única desta estrela. É justamente neste ponto
que o foco se aproxima do mais correto, dando a melhor focalização possível. Não
alterando a posição do focalizador e retirando o nosso instrumento improvisado de
cartolina, veremos a imagem da estrela no campo da ocular com uma excelente
focalização.
Os iniciantes sempre têm a tendência de usar fortes aumentos, mas é pura ilusão,
pois uma ocular excessivamente potente fornece geralmente uma imagem imprecisa,
tremulante e escura. Assim, uma ocular forte só deve ser usada em casos de condições
extremamente favoráveis da atmosfera. Lembre-se: o que importa é a luminosidade de
um telescópio e não seu aumento.
34
trêmulo (por isso o Sol e a Lua, bem como outros astros ficam avermelhados quando
nascem ou se põem). Isto já não acontece em posições mais altas no céu, como no
zênite, por exemplo, pois a quantidade de gases da atmosfera que a luz do astro
atravessa é bem menor, diminuindo a sua refração ou desvio. Por isso, as melhores
imagens conseguidas são aquelas em que os telescópios estão em locais altos, onde a
luz do astro é pouco desviada pelos gases reduzidos da atmosfera. É claro que o ideal
seria não existir a atmosfera para observações, ou seja, colocar um telescópio no espaço,
onde não existe a interferência atmosférica. É justamente este o objetivo do Telescópio
Espacial Hubble.
35
5. NOSSO SISTEMA SOLAR
A Lua
Diâmetro: 3.476 km
Distância Terra-Lua: entre 356.000 km e 406.700 km
Distância média Terra-Lua (centro a centro): 384.000 km
Período de rotação (dia lunar): 27d 7h 43min
Repetição das fases: 29d 12h 44min
Massa: 1/81 da Terra
Densidade: 3,34 (água=1)
Temperatura na superfície: 100°C (dia) e - 150°C (noite)
A borda circular da Lua é chamada de limbo lunar, e a linha que divide a parte
iluminada da Lua e a parte escura é chamada de terminador, sendo nesta região em que
ocorrem as projeções das maiores sombras no solo lunar (pois os raios solares o atingem
de rasante, algo semelhante na Terra ocorre quando o Sol se põe ou nasce) o que nos
facilita a visualização do fascinante relevo lunar. O terminador vai se deslocando
durante 14 noites. Conforme a Lua se move ao redor da Terra, o terminador vai se
deslocando sobre a superfície lunar numa velocidade de uns 10 km por hora na região
do equador lunar. Isto significa que se observarmos a Lua durante mais de uma hora,
perceberemos que os detalhes iluminados na região do terminador serão suavemente
diferentes. O melhor período de observação está compreendido entre três noites antes e
três noites depois do quarto crescente ou minguante. Se desejar realizar observações
36
durante a Lua cheia aconselha-se utilizar
um filtro lunar para que não ocorra um
excessivo ofuscamento e para que seja Terminador
homepage.ntlworld.com/w.leslie/M01Jun25S.jpg
possível enxergar os mares (planícies
mais escuras) da Lua e também as
ranhuras que irradiam de algumas
crateras, resultantes de material expelido
para todas as direções no ato do profundo
impacto de meteoritos na superfície lunar,
provocando estas raias que se projetam
para todos os lados destas enormes Limbo
crateras, tais como as de Tycho, Kepler e
Aristarco. Figura 5.2 – O terminador é o limite entre o
dia e a noite na superfície lunar, e o limbo é a
borda da Lua.
O que observar na Lua
Por ser um astro bem próximo da Terra, podemos observar diversos detalhes em
sua superfície, e dependendo da ampliação utilizada, a imagem da Lua preencherá todo
o campo da ocular. Isto nos dará a impressão de que estamos olhando por uma janela de
uma nave espacial que sobrevoa a superfície lunar, realizando um passeio turístico.
Com bastante atenção e dedicado cuidado, podemos observar
detalhes que antes não havíamos enxergado. Por quais
características devemos procurar na superfície de nosso satélite
natural?
digilander.iol.it/comolli/luna1.jpg
cic.cstb.fr/amsee/reposito/moon/bradley/920723/ctpc1.gif
na Lua são planícies
chamadas mares.
37
As crateras são aqueles
círculos típicos da paisagem lunar,
provocadas principalmente pelo
impacto de grandes meteoritos sobre
o solo. Existem desde crateras
microscópicas até gigantescas, como
a cratera Clavius de 240 km de
diâmetro e 5300 m de profundidade
(fig. 5.5).
www.astronomy.com/content/static/images/copernicus.jpg
As raias ou nervuras são detalhes que
irradiam de determinadas crateras, resultado
de material expelido em todas as direções no
momento do impacto (fig. 5.6).
38
O Sol
Diâmetro: 1.392.530 km
Distância média Terra-Sol: 149.597.870 km
Volume: 1 milhão de vezes o da Terra
Massa: 332.700 vezes a da Terra
Densidade média: 1,41 (água=1)
Temperatura na superfície: 5.480 °C
Temperatura no núcleo: 15.000.000 °C
Período de rotação: 24,9 dias no equador solar
www.sciam.com/askexpert/environment/environment20/IMG/sun.gif
Não se recomenda o uso de chapas de raios-X, pois elas não filtram os raios
solares nocivos aos nossos olhos. Também, não se recomenda usar filtros apenas nas
oculares, dispensando o uso de filtros nas objetivas. Por que? Lembre-se do
funcionamento do telescópio: ele concentra todos os raios de luz provenientes do espaço
em um ponto chamado ponto focal. Imagine como seria concentrar os raios solares em
um ponto! Isto provoca um aquecimento considerável no ponto focal, alterando a
temperatura interna do tubo do telescópio, o que poderia talvez provocar alguns danos
ao instrumento, sem se mencionar o perigo de alguém acidentalmente olhar pela ocular
39
no momento em que o telescópio está apontado para o Sol. Em questão de menos de um
segundo, a retina do olho poderia ficar irreparavelmente queimada. Nem mesmo em
telescópios pequenos, ou mesmo binóculos se deve colocar o olho diretamente para se
observar o Sol, a menos que se tenha na frente do instrumento a proteção com o filtro
acima considerado, e bem seguro, para não haver a possibilidade de ele escorregar bem
no momento de uma observação solar.
collections.ic.gc.ca/universe/gifs/projection.gif
Em um telescópio pequeno,
a concentração dos raios luminosos
não é tão acentuada no ponto focal,
de modo que pode ser usado para a
observação solar sem o filtro
principal. Como? Tendo o cuidado
de não observar o Sol com os olhos
pela ocular, monta-se o instrumento
como se fosse realizar uma
observação comum. Porém, ao
invés de se olhar pela ocular, usa-
se um pedaço de papel branco
colocado a alguns centímetros da
ocular, por onde sai a luz. No
papel, veremos projetada a imagem
do Sol, com suas características. Figura 5.9 – Um anteparo branco pode ser
Aqui há a vantagem de que várias usado para observar o Sol com segurança.
pessoas podem observar o Sol ao
mesmo tempo. Este é o chamado método de projeção solar.
A grande esfera que vemos na imagem do Sol é a sua superfície. Embora ele seja
praticamente uma imensa bola de gás incandescente, não é possível enxergar suas partes
mais internas, a não ser que se utilize de outros meios especiais. A superfície do Sol que
vemos durante a observação é chamada de fotosfera. Na fotosfera a temperatura chega a
uns 6.000 graus, e dependendo da época, podemos verificar ali algumas manchas, que
são regiões de intensos campos magnéticos. Nestas regiões, a temperatura pode chegar a
uns 4.500 graus, o que a faz brilhar menos do que a
superfície solar. Por isso, temos a impressão de que as
www.stargazing.net/david/sun/sun000923/
40
O Sol possui um ciclo de atividade, em que o número de manchas solares decai
até se tornarem raras, onde dizemos que o Sol está em calmaria. Por outro lado, existe o
período de atividade intensa, onde o número e tamanho das manchas aumentam
consideravelmente. Este ciclo dura cerca de 11 anos em média, passando por um
máximo e um mínimo.
A melhor época para se observar um planeta é quando ele se encontra mais perto
da Terra, pois nestes dias, fica mais fácil de se observar detalhes em sua superfície. Um
dos melhores momentos para a observação de um planeta externo é chamado de
oposição, quando Sol, Terra e planeta estão aproximadamente alinhados (planetas
externos são aqueles que possuem sua órbita após a da Terra: Marte, Júpiter, Saturno,
Urano, Netuno e Plutão; da mesma maneira, os planetas internos são aqueles cujas
órbitas são inferiores à da Terra: Mercúrio e Vênus). Assim, durante a oposição de um
planeta, conseguimos enxergar mais detalhes através do telescópio durante praticamente
toda a noite. Também ocorre nesta época um aumento no brilho do astro, pois ele se
encontra próximo de nós (tab. 5.1).
41
localizá-lo na carta celeste, e posteriormente no céu, descobrindo assim o horário que
ele vai nascer e se pôr. Mais fácil ainda seria simplesmente saber a constelação em que
determinado planeta se encontra naquele mês, e olhar para aquela região do céu. Se já
estivermos bem familiarizados com as estrelas que compõem aquela constelação, então
haverá ali uma “estrela” a mais, com um brilho ligeiramente diferente (o brilho de um
planeta geralmente não cintila como o de uma estrela): é o planeta em questão.
Iniciemos nossas observações pelo maior planeta do Sistema Solar.
Júpiter
42
O equador do planeta é caracterizado por uma faixa
www.eafit.edu.co/astrocol/ astro13.jpg
branca, localizada entre duas faixas avermelhadas, que
mudam de aspecto, de brilho e de extensão. Vez por outra,
surgem manchas brancas nestas faixas, produzidas por
furacões enormes. Com uma ampliação de cerca de 50 vezes é
possível visualizar estas faixas zonais, que nada mais são do
que nuvens de gases na alta atmosfera do planeta.
Figura 5.12 – Júpiter
com seus satélites vistos
através da ocular.
Além destes detalhes, existe uma grande mancha vermelha com uma forma oval,
medindo 13.000 km por 39.000 km (a Terra possui um diâmetro de 12.756 km), e
seguindo o movimento de rotação do planeta, variando de cor e intensidade de brilho.
Trata-se, na realidade, de um enorme furacão que perdura desde que foi visto pela
primeira vez, há uns três séculos atrás (veja projeto de observação para Júpiter).
Saturno
Marte
44
A oposição de Marte ocorre a cada 780 dias, quando ele, a Terra e o Sol ficam
aproximadamente alinhados no espaço, estando os dois primeiros do mesmo lado.
Através de um telescópio, Marte aparenta ser um disco avermelhado de 10” de diâmetro
aparente, em média. No entanto, durante uma oposição favorável, ele pode ficar tão
perto de nós que o seu diâmetro aparente aumenta para até 25”. Podemos observar
detalhes de sua superfície, tais como áreas mais escuras e uma mancha esbranquiçada
nos pólos, que são as calotas polares, constituídas basicamente por gás carbônico
congelado (gelo seco). As calotas podem variar de tamanho conforme a época do ano
marciano, pois lá também existem estações devido à inclinação do seu eixo de rotação.
Quanto às áreas mais escuras no globo marciano, às vezes podem deixar de ser vistas,
devido a fortes tempestades de areia que ocorrem em Marte conforme a estação do ano
(veja as datas das oposições na tabela nº 5.1).
Vênus
45
Olhando para o céu, Vênus nunca estará a uma distância aparente do Sol maior do que
48°. Nesta distância máxima, o planeta fica visível à noite umas 4 horas após o pôr-do-
sol, ou nasce umas 4 horas antes do Sol, na madrugada. Concluímos assim que Vênus (e
também Mercúrio) nunca poderão estar brilhando no céu à meia-noite, por exemplo, e
também nunca atingirão o zênite durante a noite.
Como o planeta está localizado em uma órbita mais próxima do Sol do que a
Terra, ele acaba sendo mais aquecido e se transforma num mundo escaldante. Na
verdade, Vênus possui uma camada tão espessa de nuvens de dióxido de carbono, que
se transforma numa eficiente estufa, com temperaturas na superfície de 500ºC,
suficientes o bastante para derreter o chumbo. Embora o planeta tenha
aproximadamente o mesmo diâmetro da Terra, esta densa atmosfera exerce uma pressão
na superfície com 90 vezes mais força do que a atmosfera da Terra. Aqui está, portanto,
a explicação de Vênus ser o planeta mais brilhante para nós no céu: a sua densa camada
de nuvens que impede que vejamos qualquer detalhe de sua superfície, reflete a luz do
Sol de uma maneira muito eficiente, semelhante a um gigantesco espelho no espaço.
46
lexikon.astroinfo.org/ merkur/elongation.jpg
Figura 5.18 – As fases de um planeta interior vistas da Terra.
47
Quando Vênus atinge o seu brilho máximo? Quando ele está a 69 dias antes da
conjunção inferior, a 39º de distância aparente do Sol no céu, e a sua magnitude pode
atingir –4,4. Para conseguirmos observar algumas manchas sobre as nuvens
atmosféricas de Vênus, será necessário um bom instrumento e um céu bem limpo.
Mercúrio
O planeta é muito pequeno (pouco maior que a nossa Lua), sendo 2,5 vezes
menor que a Terra, e é cheio de crateras, sem atmosfera alguma. Por estar longe de nós
e ser pequenino, não conseguimos observar nele mais do que suas fases, embora com
48
um bom instrumento e condições atmosféricas excelentes podemos até tentar ver
algumas manchas mais escuras em sua superfície.
Urano
Netuno
Diâmetro: 49.528 km (3,81 diâmetros terrestres)
Distância média Netuno-Sol: 4,50 bilhões km (30,06 UA)
Massa: 17,14 vezes a da Terra
Densidade média: 1,64 (água=1)
Período de rotação (dia netuniano): 19,2 horas
Período de translação (ano netuniano): 164,79 anos
Número de luas: 8 (passível de alteração)
49
e sua maior lua Tritão pode ser observada debaixo de excelentes condições
atmosféricas.
Plutão
Asteróides
Cometas
Os cometas são objetos que sempre chamaram muita atenção desde épocas
passadas, devido às suas caudas. Vale salientar, porém, que nem todos os cometas
apresentam caudas espetaculares. Eles são feitos de materiais voláteis, como água
congelada e gás carbônico congelado, juntamente com um núcleo sólido de rocha. Ao se
aproximar do Sol, os cometas são aquecidos e o material volátil passa a se vaporizar,
formando uma “nuvem” ou coma ao redor do núcleo rochoso. Devido à radiação que o
Sol emite em todas as direções, o chamado vento solar, esta coma é empurrada para
trás, formando a cauda do cometa. Por esta razão, a cauda sempre aponta para a direção
oposta ao Sol. Como o cometa perde material a cada passagem perto do Sol, isto
significa que um dia ele não mais existirá.
Uma série de cometas possuem um período de translação menor que 100 anos,
mas infelizmente a maioria deles são pequenos e não produzem tantos espetáculos a
olho nú. Além disso, o brilho de um cometa no céu depende de sua distância até o Sol e
até a Terra. Alguns formam caudas magníficas e outros formam caudas pequeninas. É
necessário consultar publicações especializadas que informam as coordenadas dos
cometas mais interessantes para se observar. Cerca de uma dúzia ou mais de cometas
são descobertos a cada ano, embora sejam pequenos e difíceis de observar.
51
www.cloudynights.com/kids/ pictures/hale_bop.jpg
Figura 5.26 – Cometa Hale-Bopp.
Contrário do que muitos pensam, os cometas não cruzam rapidamente o céu que
observamos, em questão de segundos, como se fosse um meteoro. Um cometa vai estar
em determinada região do céu durante a noite toda, e só se movimentará pouco na
próxima noite. Apenas quando ele está bem próximo do Sol e/ou da Terra é que ele
apresentará um movimento mais rápido por entre o fundo das estrelas. Os binóculos são
os melhores instrumentos para se observar os cometas, por que possuem um baixo f/D,
ou uma alta luminosidade. Os cometas pequenos aparecem como uma pequena bola de
nuvem luminosa no céu noturno, como se fosse uma estrela fora de foco num
telescópio. Caso se use telescópios para se observar cometas, não se deve usar fortes
aumentos, mas sim o mais baixo aumento, para que o campo da ocular apresente uma
boa luminosidade e tamanho.
Distância atingida no
Período orbital em
Cometa ponto mais próximo do
torno do Sol (em anos)
Sol (em UA)
Encke 3.30 0.339
Tempel-2 5.26 1.364
Tempel-1 5.98 1.771
Giacobini-Zinner 6.41 0.934
Tempel-Tuttle 32.91 0.981
Halley 76.04 0.587
Tabela 5.2 – Período e distância periélica dos principais cometas.
Meteoros
52
existem partículas de pó de rochas, ou meteoróides, que vagueiam pelo espaço, e
quando a Terra atravessa o caminho destas partículas, elas são atraídas pela gravidade
do nosso planeta e acabam “caindo” em nossa atmosfera, queimando-se totalmente ou
parcialmente, devido ao atrito do ar e produzindo aquele brilho característico e rápido.
Estes corpos podem atingir velocidades relativas de 12 a 72 km/s, e temperaturas de
3.000°C a 7.000°C. Por dia, a Terra recebe cerca de 2.000 toneladas de poeira
meteorítica provinda do espaço. Portanto, a nossa atmosfera serve como um grande
manto protetor estendido sobre nossas cabeças.
53
Taxa
Nome Constelação Período Máximo
horária
Quadrântida Boötes 25/12 a 10/01 03/01 50
Lyrida Lyra 15/04 a 30/04 21/04 12
Eta aquárida Aquarius 21/04 a 12/05 04/05 20
Persêida Perseus 15/07 a 25/08 11/08 50
Aurígida Auriga 29/08 a 31/08 30/08 35
Píscida Piscis 25/09 a 02/11 07/10 15
Draconídea Draco 08/10 a 12/10 09/10 100
Oriônida Orion 15/10 a 30/10 20/10 25
Leonídea Leo 10/11 a 20/11 17/11 25
Geminídea Gemini 01/12 a 20/12 14/12 50
Tabela 5.3 – Principais chuvas de meteoros.
É possível até mesmo fotografar meteoros em uma noite estrelada e sem luar.
Basta usar uma câmera que permita deixar o obturador aberto durante horas.
Geralmente, estas máquinas fotográficas possuem o símbolo “B” onde o obturador fica
aberto até que você o destrave. Coloque a máquina num local bem fixo, onde ela não
vibre durante a exposição prolongada, de preferência num
tripé. Aponte para uma região do céu estrelado e focalize-a no
infinito. Dispare o obturador em “B” e aguarde durante algum
tempo. Utilizando um filme mais sensível a baixa
www.meteoros.de/meteor/ meteor01.jpg
luminosidade, como o ASA 400 ou maior, e se algum
meteoro passar pelo campo de visão onde a máquina estiver
apontada, quando revelar o filme, você notará na foto uma
série de riscos paralelos, que são os rastros das estrelas, pois
conforme elas foram se movimentando no céu, foram
deixando seu risco no negativo. Mas se notar um risco não
paralelo, de brilho e tamanho diferente, este é o seu meteoro!
Figura 5.28 – Meteoros.
54
6. O CÉU PROFUNDO
As estrelas
Quando olhamos para as estrelas com a vista desarmada, notamos que em certas
épocas do ano, existem algumas cujo brilho as diferenciam das demais. Se determinado
ponto de luz no céu possuir um brilho forte e constante, sem aquele cintilamento
característico das estrelas, então há grandes chances de ser um planeta. Para tirar a
dúvida, basta apontar um telescópio em sua direção, e será possível notar que aquela
“estrela” apresentará no campo da ocular um pequeno disco, ao invés de um ponto de
luz, como acontece com qualquer estrela.
Estrelas duplas
Embora a olho nú, uma certa estrela aparente ser única e solitária no espaço,
quando apontamos o telescópio para ela, pode ser que fiquemos surpresos de notar que
ela possui uma companheira bem próxima
dela (às vezes até mais de uma). São as
cfa-www.harvard.edu/cfa/ep/
Assim, as estrelas duplas, a olho nú, parecem uma única estrela brilhante. Veja o
caso da estrela gama de Virgem, que ao telescópio, apresenta uma binária cujas estrelas
giram em torno de um centro de equilíbrio (chamado centro de massa), completando
55
uma volta a cada 194 anos. Os períodos de revolução das estrelas múltiplas variam de
alguns dias a milhares de anos. Algumas estrelas duplas são coloridas, com suas
componentes mostrando cores diferentes, devido à diferença de suas temperaturas.
Existem ainda algumas estrelas duplas que aparecem no campo da ocular, mas
nem sempre significa que elas estejam interagindo entre si, ou seja, uma delas está a
uma distância maior de nós do que a outra. Assim, temos apenas a impressão que tais
estrelas são duplas, porque não distinguimos a profundidade delas. No entanto, a
maioria das binárias que observamos são reais e interagem fisicamente entre si, girando
uma em torno da outra, num ponto de equilíbrio, devido à força de gravidade que as
mantém unidas como se estivessem amarradas com cordas umas às outras.
Coordenadas Separação
Magnit. Apar.
Nome da Estrela das estrelas
A.R. Dec. de cada Estrela
em seg. de arco
h min º ’
Beta do Capricornius 20 21.0 -14 47 3.5 e 6.0 205
17 da Cab. Berenice 12 28.9 +25 55 5.3 e 6.5 145
Teta de Orion 05 35.4 -05 25 4.9 e 5.0 135
Gama de Lepus 05 44.5 -22 27 3.7 e 6.3 96
Nu de Scorpius 16 12.0 -19 28 4.3 e 6.4 41
Beta do Cygnus 19 30.7 +27 58 3.1 e 5.1 34
Tabela 6.1 – Estrelas duplas de fácil observação.
Estrelas variáveis
Por que tais estrelas apresentam esta variação? Talvez ela seja uma binária em
que uma das componentes menos brilhante passa em sua frente a cada volta, bem na
linha de visada entre a estrela e nós. Isto faria o brilho resultante das duas variar
conforme a companheira gira em torno da outra. A olho nú, temos a impressão de que a
magnitude desta estrela (que parece ser única) alterou ao longo do tempo. Por exemplo,
a variável Algol mantém a magnitude 2 durante dois dias e treze horas, diminuindo
depois, de um modo progressivo até atingir magnitude 3.5, voltando depois ao brilho
normal. Outra explicação é que a estrela se contrai e depois dilata constantemente num
período exato de tempo, como é o caso de Delta de Cefeu, que varia entre as
magnitudes 3.7 e 4.6, entre 5.37 dias. Uma outra explicação é que existam erupções
bruscas na estrela, que fazem sua magnitude alterar de forma irregular, não sendo
possível neste caso, prever a sua alteração, como a variável R da Coroa Boreal, que
apresenta variações imprevisíveis (tab. 6.2).
56
Coordenadas Magnitude
Período
Nome da Estrela A.R. Dec
Máx Min . (em dias)
h min º ’
Beta de Perseus 03 08.2 +40 57 2.1 3.4 2.87
Beta de Lyra 18 50.1 +33 22 3.4 4.3 12.91
Delta de Libra 15 01.0 - 08 31 4.8 5.9 2.33
Delta de Cepheus 22 29.2 +58 25 3.5 4.4 5.37
Zeta de Gemini 07 04.1 +20 34 3.8 4.3 10.15
Ômicron de Cetus (Mira) 02 19.3 - 02 59 2.0 10.1 331.96
Eta de Gemini 06 14.9 +22 30 3.2 3.9 232.90
R de Leo 09 47.6 +11 26 4.4 11.3 312.40
Tabela 6.2 – Algumas estrelas variáveis de fácil observação.
Aglomerados estelares
Aglomerados abertos
57
www.mira.org/newsletr/ nlspr99/
Aglomerados globulares
As estrelas dos aglomerados globulares são mais próximas umas das outras,
principalmente na região central. Como o nome indica, estes aglomerados possuem um
formato esferoidal de até milhões de estrelas. Muitos aglomerados globulares estão tão
afastados da Terra, que apresentam uma visão esfumaçada, assemelhando-se com uma
bola de gás luminoso. Como as estrelas que compõem estes aglomerados são antigas,
contendo pouco ou nenhum gás e poeira interestelar entre elas, deduz-se que eles são
mais antigos do que os aglomerados abertos. Alguns são vistos a olho nú numa noite
escura e estrelada, aparentando ser uma pequenina mancha pouco luminosa, como é o
caso de Omega Centauri, próximo do Cruzeiro do Sul.
Ao observar estes
aglomerados através do
users.skynet.be/sky03361/ fotos/OMEGACENTAURI.JPG
58
Coordenadas Diâmetr
Nome Constelação A.R. Dec. o Médio Magnitude
h min º ’
M2 Aquarius 21 33.5 -00 49 13’ 6.5
M4 Scorpius 16 23.6 -26 32 26’ 6.0
M5 Serpens 15 18.6 +02 05 17’ 5.8
M 13 Hercules 16 41.7 +36 28 16’ 5.9
M 22 Sagittarius 18 36.4 -23 54 24’ 5.1
M 92 Hercules 17 17.1 +43 08 11’ 6.5
47 Tucanae Tucana 00 24.1 -72 05 31’ 4.5
Omega Centauri Centaurus 13 26.8 -47 29 36’ 3.7
Tabela 6.4 – Os mais belos aglomerados globulares.
Nebulosas
Coordenadas
Tamanho
Nome Constelação A.R. Dec. Magnitude
Médio
h min º ’
Lagoa (M8) Sagittarius 18 03.8 -24 23 90’ x 40’ 5.8
Ômega (M17) Sagittarius 18 20.8 -16 11 46’ x 37’ 7.0
Trifida (M20) Sagittarius 18 02.6 -23 02 29’ x 27’ 8.5
Neb. de Órion (M42) Orion 05 35.4 -05 27 66’ x 60’ 2.9
Véu (NGC 6960) Cygnus 20 45.7 +30 43 70’ x 6’ -
Norte-América (NGC 7000) Cygnus 20 58.8 +44 20 120’x100’ -
Eta Carinae (NGC 3372) Carina 10 43.8 -59 52 120’ 5.0
Tabela 6.5 – As mais belas nebulosas difusas.
59
www.cbea.f2s.com/elementos_do_universo/ 1.jpg
Figura 6.4 – Nebulosa de emissão à esquerda (Órion), de reflexão no centro (Trífida) e de absorção à
direita (onde vemos no centro da foto a nebulosa escura chamada Cabeça do Cavalo).
Coordenadas
Tamanho
Nome Constelação A.R. Dec. Magnitude
Médio
h min º ’
Caranguejo (M1) Taurus 05 34.5 +22 01 6’ x 4’ 8.2
Sino (M27) Vulpecula 19 59.6 +22 43 480” x 240” 8.1
Anel (M57) Lyra 18 53.6 +33 02 70” x 150” 9.7
Hélice (NGC 7293) Aquarius 22 29.6 -20 48 900” x 720” 6.5
Tabela 6.6 – As mais belas nebulosas planetárias.
Galáxias
60
caso da nossa, com seus 100 bilhões. Além de estrelas, uma galáxia contém nebulosas,
aglomerados, planetas, estrelas variáveis, múltiplas e assim por diante.
www-physics.ucsd.edu/.../careers/ images/andromeda-ss.jpg
Coordenadas
Tamanho
Nome Constelação A.R. Dec. Magnitude
Médio
h min º ’
M 31 Andromeda 00 42.7 +41 16 160’ x 40’ 3.5
M 33 Triangulum 01 33.9 +30 39 60’ x 35’ 6.3
M 51 Canis Venatici 13 29.9 +47 12 11’ x 8’ 8.4
M 81 Ursa Major 09 55.6 +69 04 26’ x 14’ 7.0
M 104 Virgo 12 40.0 -11 37 9’ x 4’ 8.3
Gde. Nuvem Magalhães Dorado 05 23.6 -69 45 650’ x 550’ 0.1
Peq. Nuvem Magalhães Tucana 00 52.7 -72 50 280’ x 160’ 2.3
Omega Centauri Centaurus 13 26.8 -47 29 36’ 3.7
Tabela 6.7 – As galáxias mais brilhantes.
61
aquela “nebulosidade” compõe-se de bilhões de estrelas muito distantes de nós,
formando uma galáxia.
62
7. FENÔMENOS CELESTES
Satélites artificiais
Chuvas de meteoros
Em certas épocas do ano, a Terra cruza regiões do espaço que contém inúmeras
partículas de poeira provenientes de restos de cometas, que um dia orbitaram nesta
região. Quando isto ocorre, temos as chuvas de meteoros, que vemos daqui da Terra e
que levam nomes semelhantes às constelações onde se encontra o seu radiante, que é
um ponto imaginário no céu de onde parecem surgir todos os meteoros de uma chuva.
Por exemplo, a chuva que possui seu radiante na constelação de Órion, leva o nome de
oriônidas. Os meteoros de uma chuva não surgem necessariamente neste ponto do
radiante, e podem surgir em qualquer lugar do céu, mas sempre com seu rastro
inclinado de tal forma que se o prolongarmos, levaria-nos até o radiante.Veja o capítulo
5, sobre meteoros, para rever mais detalhes e a tabela 5.3, bem como a figura 5.28.
Ocultações
63
Publicações especializadas em astronomia podem fornecer previsões de ocultações
observáveis em determinadas regiões da Terra.
Trânsitos
Novas e supernovas
Se a estrela é muito mais massiva do que o Sol e ela perder o equilíbrio das
reações nucleares, então será o fim de sua vida, pois a explosão será muito mais
violenta e ela será destruída por completo. Estas são as estrelas supernovas. Durante a
explosão de uma supernova, quase todo o seu material é convertido em energia
instantaneamente e o seu brilho acaba superando o brilho de bilhões de outras estrelas
de sua própria galáxia. Aqui da Terra, vemos a sua magnitude aumentar em 20 num só
dia. Estes são fenômenos raros e acontecem em média uma vez numa galáxia a cada
centenas de anos. A última supernova observada na nossa galáxia foi em 1604, na
constelação de Ophiucus, e em 1987, os astrônomos observaram outra supernova na
galáxia satélite, na Grande Nuvem de Magalhães, localizada na direção da constelação
de Dorado.
64
Eclipses
O Sol e a Lua são nossos familiares vizinhos celestes. Nós os vemos percorrer o
céu todos os dias, e de vez em quando um deles é obscurecido, devido ao eclipse solar e
ao eclipse lunar. Os eclipses ocorrem quando há um alinhamento entre Sol, Lua e Terra,
no espaço. Dependendo da ordem destes corpos, o resultado será o eclipse lunar ou o
solar.
Eclipses solares
Um eclipse solar ocorre quando a Lua passa bem entre a Terra e Sol, e é um
fenômeno bem semelhante ao trânsito, com a diferença de que a Lua possui um
diâmetro aparente muito maior do que o dos planetas inferiores. Assim, isto sempre
acontece durante a Lua nova. No entanto, o eclipse solar não ocorre em toda Lua nova
porque a órbita da Lua é ligeiramente inclinada, o que faz com que ela não passe sempre
diretamente em frente do disco solar a cada Lua nova. Ocorrem no mínimo dois eclipses
solares e no máximo cinco, a cada ano. Mas, ele não é visto de qualquer lugar da Terra,
pois é necessário que você esteja na sombra que a Lua lança sobre a superfície do nosso
planeta, e esta sombra varre uma área pequena. Além da sombra (ou umbra) a Lua lança
também uma penumbra, e quem estiver na região da penumbra verá um eclipse parcial
do Sol.
www.astropix.com/IMAGES/J_DIGIT/ E_COMP/
www.skypub.com/sights/ images/spart0s.jpg
ECLIPSE.JPG
A órbita da Lua não é uma circunferência perfeita, o que faz com que ela atinja
um ponto mais afastado da Terra (apogeu) e um ponto mais próximo de nós (perigeu).
Se durante um eclipse solar, a Lua estiver justamente no apogeu, então o seu diâmetro
aparente diminui ligeiramente, pois está um pouco mais afastada, e não conseguirá
encobrir o Sol totalmente, formando um anel de luz solar ao seu redor. Este é o eclipse
anular do Sol. Os eclipses totais do Sol são rápidos e não duram mais do que
aproximadamente 7 minutos (veja no apêndice nº 3 os mapas dos futuros eclipses
solares).
65
www.evansdata.com/eclipse.gif
eclipse.span.ch/ELPASO.jpg
Figura 7.4 – Os fantásticos eclipses solares anulares, quando a Lua está no apogeu.
Eclipses lunares
Um eclipse lunar ocorre quando a Lua passa por dentro da sombra da Terra no
espaço. Como o alinhamento segue a ordem Sol-Terra-Lua, estes eclipses só ocorrem
durante a Lua cheia, quando a Terra está entre o Sol e a Lua. Os eclipses lunares não
ocorrem em toda Lua cheia justamente devido à inclinação de sua órbita em torno da
Terra. A Lua passa pela sombra da Terra, no mínimo duas vezes por ano e no máximo
cinco vezes. Às vezes, a Lua não é totalmente encoberta pela sombra da Terra e temos
um eclipse parcial da Lua, onde apenas uma parte dela fica escura. A Terra também
lança no espaço uma penumbra além da
sombra. Quando a Lua passa pela
penumbra apenas, temos um eclipse
penumbral da Lua, mas este é
dificilmente perceptível, pois o brilho da
Lua não diminui tanto quanto durante um
eclipse total da Lua, onde ela pode
www.frontiernet.net/~gregoryt/ eclipse.jpg
66
8. PROJETOS
Ficha de observação
Se quisermos realizar um estudo mais detalhado dos astros para conhecer melhor
os detalhes do seu comportamento, nossas observações precisam ser registradas com
dados que poderão ser úteis no futuro. Que dados são estes?
Assunto – anotar o objeto que está sendo observado ou fotografado, bem como o
número da foto, para futura identificação no negativo do filme.
Local – anotar o local da observação, se possível, suas coordenadas geográficas.
Data – anotar a data completa (dia/mês/ano) da observação.
Hora – anotar o horário exato da observação ou da foto, em TU (Tempo
Universal) ou em TL (Tempo Legal).
Instrumento utilizado – anotar o tipo (refrator ou refletor), bem como sua
distância focal em mm e sua abertura também em mm.
Câmera – caso esteja realizando astrofotografias, é necessário anotar o filme
utilizado (sensibilidade em ISO), o tempo de exposição da foto (quantos
segundos o obturador da máquina ficou aberto).
Observadores – anotar o nome da equipe de observadores astronômicos.
Observações – anotar detalhes tais como turbulência da atmosfera (conforme a
escala já explicada no tópico “condições para observações astronômicas”, no
segundo capítulo), oculares utilizadas, tipo de montagem do telescópio com a
câmera fotográfica e assim por diante.
Gabaritos de observação
Lua
67
detalhes de um modo gradual. O que se pode observar na superfície da Lua
gradualmente, conforme os dias vão se passando, e quais são suas características mais
notáveis?
Planetas
Chuvas de meteoros
68
Variáveis
Eclipses lunares
Durante os eclipses lunares, notamos que a Lua fica com uma coloração
avermelhada, que varia conforme a quantidade de poeira em suspensão na atmosfera da
Terra. Por isso, é importante estimar o quanto a Lua está visível, mediante uma escala
chamada escala de Danjon:
Eclipses solares
69
encobre o Sol por completo, e do último contato, quando a Lua desaparece da frente do
disco solar.
Sol
www.skypub.com/news/images2001/ 010402news01a_big.jpg
ou seja, quase o equivalente ao
diâmetro da Terra. Coloca-se
este gabarito próximo à ocular de
forma que a imagem do Sol seja
projetada no papel, que pode ser
preso a uma prancheta.
Conforme o papel com o
gabarito é aproximado ou
afastado da ocular pelo
observador, o diâmetro da
imagem do Sol pode ser Figura 8.1 – O Sol com suas manchas vistas pela ocular.
perfeitamente encaixada no
gabarito. Logo em seguida, basta
apenas desenhar as manchas solares usando lápis e borracha. Com um pouco de prática
e experiência é possível arquivar inúmeros registros das posições das manchas solares
no decorrer dos dias, não se esquecendo de anotar o dia e hora no gabarito. Com estes
registros, é possível calcular o tamanho das manchas solares, classificar o tipo delas,
acompanhar a mudança do seu formato, a velocidade e direção do seu movimento na
superfície solar. E tudo isso de um dia para o outro!
Cometas
70
conhecidas ao seu redor. Como já foi dito anteriormente, ao se observar cometas é
necessário usar baixas
ampliações, pois estes objetos
geralmente não apresentam muita
www.pd.astro.it/PlanetV/planetarium/
images1/COMETA.JPG
luminosidade.
Ocultações
Vez por outra, a Lua oculta objetos celestes, como planetas, estrelas brilhantes e
asteróides. Faz-se necessário anotar os horários exatos de tais ocultações para que
tenhamos um registro fidedigno dos movimentos celestes. O que anotar? Anote
principalmente a hora em que a borda de um planeta, por exemplo, “encosta”
visualmente na borda lunar, e a hora em que ele efetivamente desaparece atrás da Lua.
Ao ressurgir do outro lado da Lua, anotar também o inicio do reaparecimento e o
ressurgimento total do planeta. Quando o planeta ou qualquer objeto é ocultado, isto se
chama imersão, e quando ele volta a surgir, é chamado de emersão.
O céu está repleto de tesouros e jóias para serem observadas por nós. Basta saber
o que procurar e onde. Anteriormente, citamos várias tabelas com sugestões dos
principais objetos celestes que poderão ser encontrados, seja a olho nú, ou através de
binóculos e telescópios. Com um pouco de prática e experiência conseguiremos
observar os mais lindos espetáculos celestes, tais como nebulosas, galáxias ou
aglomerados (veja tabelas nº 6.3 a 6.7).
71
Finalmente, com um bom telescópio e com alguns conhecimentos básicos,
estamos prontos para explorar os principais tesouros do espaço cósmico e nos
aprofundar em muitos anos-luz de distância, como que num guia turístico celeste.
Assim, não deixe de realizar uma viagem espacial em cada uma das principais
constelações do céu sem sair do nosso planeta!
Astrofotografia
A máquina fotográfica nada mais é do que uma câmara escura equipada com um
conjunto de lentes e um obturador. O negativo do filme, ou chapa fotográfica, fica
mergulhada na escuridão da máquina fotográfica até receber uma imagem do objeto que
se quer tirar a foto. Para isso, as lentes da máquina são apontadas para o alvo, e ao
apertar o botão, o obturador abre e fecha em questão de décimos ou até centésimos de
segundos. Este pouco tempo em que a câmara escura se abre, é o suficiente para que a
luz externa que parte do objeto atinja o negativo e o sensibilize, e em menos de um
segundo a foto é registrada no negativo. Este tempo em que o negativo do filme fica
exposto à luz externa ao se abrir o obturador é chamado de tempo de exposição. Quanto
mais iluminado o ambiente, mais rápido o obturador se abrirá e se fechará, para que o
excesso de luz não “queime” a foto. Quanto menos iluminado o ambiente, mais
demorado será a abertura e o fechamento do obturador, para que o negativo seja
atingido por luz suficiente para sensibilizá-lo. Existem filmes que são mais eficientes
para ambientes escuros e outros para ambientes mais claros. Esta sensibilidade do filme
é medida por uma unidade chamada ASA ou ISO, que aparece na caixa do filme e nele
próprio. Quanto maior o seu número, maior a sua sensibilidade, funcionando melhor,
portanto, em ambientes mais escuros. Um filme de ISO 400, por exemplo, é mais
sensível do que um de ISO 100. O primeiro funciona melhor em ambientes escuros e o
segundo em ambientes mais claros. No entanto, existe uma desvantagem quanto à
qualidade do negativo quando se aumenta sua sensibilidade: o filme de maior
sensibilidade possui qualidade inferior de imagem do que o de menor sensibilidade.
Assim, um filme de ISO 100 possui melhor definição de imagem do que um de ISO
400.
72
Como uma única foto de estrelas precisará de um obturador pressionado por
minutos, a máquina não pode se mover, nem vibrar. Por isso, é sensato colocar a
máquina num tripé ou apoiada em uma mesa imóvel. Também será útil um cabo
disparador encaixado no botão disparador, para evitar vibrações enquanto se pressiona o
mesmo.
www.lcsd.gov.hk//AstroPhoto/Image/e_stationary1.jpg
Cabo disparador
Câmera
Tripé
Ao tirar uma foto das estrelas nestas condições, em locais afastados de claridade,
em que o obturador fique aberto por vários minutos, nota-se que a foto surgirá com
riscos, em vez de pontos das estrelas. Por que? Simplesmente porque o céu está em
movimento e como o negativo ficou recebendo a luz das estrelas por vários minutos,
elas “caminharam” no céu, resultando em riscos de estrelas na foto. Se o filme for
colorido é possível distinguir as diferentes cores que cada estrela possui, conforme os
rastros deixados por elas na foto. Este tipo de fotografia é chamada de astrofotografia
fixa.
acompanhame-
Figura 8.4 – Uma câmera fixa
registrará o movimento das estrelas
nto. Assim, a
com o decorrer do tempo. máquina, com
seu obturador
aberto, conseguirá captar luz suficiente das estrelas
durante vários minutos, sem que elas deixem rastros
no negativo, pois ele estará acompanhando o
movimento delas. Este tipo de montagem é chamada
de piggy-back. Para que as fotografias deste tipo
fiquem com uma boa qualidade, é essencial que o Figura 8.5 – Montagem piggy-back.
telescópio esteja bem alinhado para realizar um
73
acompanhamento perfeito das estrelas no céu.
www.assa.org.au/gallery/ floyd/crux.jpg
talvez mais de 5 minutos, então é importante
que o telescópio funcione desta forma como
uma espécie de guiagem, por meio da estrela
escolhida como referência. Isto permite que a
câmera usada em piggy-back use teleobjetivas
de grandes ampliações, captando imagens
fantásticas de aglomerados, nebulosas, ou Figura 8.6 – Astrofoto de alguns minutos
galáxias, sem que a foto fique com leves riscos, da região do Cruzeiro do Sul obtida pelo
ocasionados geralmente por falta de um bom método de guiagem piggy-back.
acompanhamento, talvez pelo mau alinhamento
do telescópio. Durante o tempo de exposição da
foto, o astrônomo deve ficar bem atento para que a estrela-guia não saia do centro da
ocular reticulada, realizando as correções em ascensão reta e declinação, quando
perceber que a estrela escolhida começa a se deslocar para fora da centralização do
retículo da ocular.
www.buytelescopes.com/manufacturers/meade/images/
que a das estrelas. Neste caso, talvez seja a
hora de fotografarmos a Lua com a máquina
adaptada ao telescópio. Para isso,
precisaremos de uma câmera que possua lentes
intercambiáveis, ou seja, seu conjunto de
lentes, ou objetiva, possa ser retirada da
cameraadapter.jpg
74
astrofotografia, pois sua luminosidade é bastante reduzida. O tempo de exposição
também depende do filme utilizado (ISO) e do brilho do objeto celeste. Além disso, se
alterarmos a distância focal (f) do telescópio, estaremos alterando também o f/D
resultante. Lembra-se como alteramos a distância focal? Por adaptarmos uma lente
Barlow. Ao colocarmos uma Barlow entre o telescópio e o corpo da máquina
fotográfica, estaremos dobrando a distância focal do instrumento e por conseqüência,
dobramos também o f/D final, o que exigirá um maior tempo de exposição na
fotografia, pois a luminosidade (f/D) abaixou, mas ganhamos em aumento de imagem,
embora ela esteja agora menos brilhante.
Resumindo, podemos dizer que existem 7 regras básicas para uma boa astrofoto:
1) Evitar ao máximo as trepidações; 2) Realizar uma boa focalização; 3) Escolher
corretamente o filme mais adequado para o objeto em questão; 4) Utilizar um tempo de
exposição adequado; 5) Instalar o instrumento num local livre de poluição luminosa e
turbulências reduzidas; 6) Realizar um bom alinhamento do telescópio; 7) Ter muita
paciência.
O CCD
75
máquinas fotográficas eletrônicas em que as fotos são armazenadas eletronicamente.
Mas existem CCDs fabricados especialmente para a fotografia astronômica, o que
permite um maior ganho em captação de baixa luminosidade, maior área de atuação e
riqueza em detalhes. As fotos que vemos do telescópio espacial Hubble, por exemplo,
são obtidas através de um CCD montado no ponto focal do telescópio.
76
9. APÊNDICES
Nome oficial da
Nome da Constelação Abreviatura
n.º constelação
(em português) Oficial
(em latim)
01 Águia Aql Áquila
02 Altar Ara Ara
03 Andrômeda And Andromeda
04 Aquário Aqr Aquarius
05 Ave do paraíso Aps Apus
06 Balança Lib Libra
07 Baleia Cet Cetus
08 Boieiro Boo Boötes
09 Buril Cae Caelum
10 Bússola Pyx Pyxis (nauticus)
11 Cabeleira da Berenice Com Coma Berenices
12 Cães de caça CVn Canes Venatici
13 Camaleão Cha Chamaeleon
14 Cão maior CMa Canis Major
15 Cão menor CMi Canis Minor
16 Capricórnio Cap Capricornus
17 Caranguejo Cnc Câncer
18 Carneiro Ari Áries
19 Cassiopéia Cas Cassiopeia
20 Cavalinho Equ Equuleus
21 Cefeu Cep Cepheus
22 Centauro Cen Centaurus
23 Cisne Cyg Cugnus
24 Cocheiro Aur Auriga
25 Compasso Cir Circinus
26 Coroa Austral CrA Corona Australis
27 Coroa Boreal CrB Corona Borealis
28 Corvo CrV Corvus
29 Cruzeiro do Sul Cru Crux
30 Dragão Dra Draco
31 Erídano Eri Eridanus
32 Escorpião Sco Scorpius
33 Escudo Sct Scutum
34 Escultor Scl Sculptor
35 Espadarte Dor Dorado
36 Fênix Phe Phoenix
37 Flecha Sge Sagitta
38 Fornalha For Fornax
77
Nome oficial da
Nome da Constelação Abreviatura
n.º constelação
(em português) Oficial
(em latim)
39 Gêmeos Gem Gemini
40 Girafa Cam Camelopardalis
41 Golfinho Del Delphinus
42 Grou Gru Grus
43 Hércules Her Hercules
44 Hidra (fêmea) Hya Hydra
45 Hidro (macho) Hyi Hydrus
46 Índio Ind Indus
47 Lagartixa Lac Lacerta
48 Leão Leo Leo
49 Leão menor LMi Leo minor
50 Lebre Lep Lepus
51 Lince Lyn Lynx
52 Lira Lyr Lyra
53 Lobo Lup Lupus
54 Máquina pneumática Ant Antlia
55 Mesa Men Mensa
56 Microscópio Mic Microscopium
57 Mosca Mus Musca
58 Ofiuco Oph Ophiuchus
59 Oitante Oct Octans
60 Orion, o caçador Ori Orion
61 Pavão Pav Pavo
62 Pégaso Peg Pegasus
63 Peixe Austral PsA Piscis Austrinus
64 Peixe voador Vol Volans
65 Peixes Psc Pisces
66 Perseu Per Perseus
67 Pintor Pic Pictor
68 Pomba Col Columba
69 Popa Pup Puppis
70 Querena ou quilha Car Carina
71 Raposinha Vul Vulpecula
72 Régua Nor Norma
73 Relógio Hor Horologium
74 Retículo Ret Reticulum
75 Sagitário Sgr Sagittarius
76 Serpente Ser Serpens
77 Sextante Sex Sextans
78 Taça Crt Crater
79 Telescópio Tel Telescopium
80 Touro Tau Taurus
78
Nome oficial da
Nome da Constelação Abreviatura
n.º constelação
(em português) Oficial
(em latim)
81 Triângulo Tri Triangulum
82 Triângulo Austral TrA Triangulum Australe
83 Tucano Tuc Tucana
84 Unicórnio Mon Monóceros
85 Ursa Maior Uma Ursa major
86 Ursa Menor Umi Ursa minor
87 Vela Vel Vela
88 Virgem Vir Virgo
Tabela 9.1 – As 88 constelações de toda a esfera celeste.
Sabe-se agora que as estrelas que parecem estar numa constelação realmente não
formam um grupo. Algumas delas estão nas profundezas do espaço, outras acham-se
relativamente perto. Assim, as propriedades zodiacais das várias constelações são
inteiramente imaginárias.
A parte do céu pela qual parecem mover-se o sol, a Lua e os planetas, chamada de
zodíaco, é dividida pelos astrólogos em 12 casas iguais, cada uma com uma constelação
como signo. Na realidade, existem 13 constelações nessa parte do céu. Elas não são de
tamanho igual, e se sobrepõem uma à outra em certo grau. Assim, a carta traçada pelos
astrólogos não tem nenhuma semelhança física com aquilo que se acha no céu.
79
Apêndice nº 3 - Mapas dos eclipses solares totais e anulares
80
Apêndice nº 4 - Eclipses lunares
Abaixo, temos uma tabela dos eclipses lunares totais (onde a Lua é inteiramente
encoberta pela sombra da Terra) e parciais (onde a Lua é parcialmente encoberta pela
sombra da Terra). Os horários são dados em T.U. e devem ser convertidos para a hora
local (T.L.), tomando-se o cuidado com a passagem da data. Por exemplo, o máximo do
eclipse de 9 de novembro de 2003 ocorre às 1:20 TU, mas ao convertermos para TL
encontramos o máximo do eclipse às 22:20 do dia 8 de novembro de 2003.
Além disso, precisamos tomar o cuidado com eclipses que estão na tabela, mas
que não os enxergamos daqui do Brasil. Por exemplo, o eclipse de 16 de julho de 2000
ocorreu às 10:57 TL, mas neste horário a Lua não estava mais no céu do Brasil, pois
como os eclipses lunares só ocorrem durante a Lua cheia e ela só nasce logo após o pôr
do sol e é visível durante toda a noite, até se esconder novamente ao nascer do sol, este
eclipse das 10:57 TL não foi visto daqui, pois estávamos mergulhados na claridade do
dia e a Lua estava sendo visível só do outro lado do planeta, onde era noite.
Horário do
Duração da Duração total do
máximo
Data Tipo totalidade eclipse
do eclipse
(T.U.)
21 jan 2000 04:45 Total 1:16 3:22
16 jul 2000 13:57 Total 1:46 3:56
9 jan 2001 20:22 Total 1:00 3:16
5 jul 2001 14:57 Parcial - 2:38
16 mai 2003 03:41 Total 0:52 3:14
9 nov 2003 01:20 Total 0:22 3:30
4 mai 2004 20:32 Total 1:16 3:22
28 out 2004 03:05 Total 1:20 3:38
81
Horário do
Duração da Duração total do
máximo
Data Tipo totalidade eclipse
do eclipse
(T.U.)
17 out 2005 12:04 Parcial - 0:56
7 set 2006 18:52 Parcial - 1:30
3 mar 2007 23:22 Total 1:14 3:40
28 ago 2007 10:38 Total 1:30 3:32
21 fev 2008 03:27 Total 0:50 3:24
16 ago 2008 21:11 Parcial - 3:08
31 dez 2009 19:24 Parcial - 1:00
26 jun 2010 11:40 Parcial - 2:42
21 dez 2010 08:18 Total 1:12 3:28
Tabela 9.2 – Datas e horários dos eclipses lunares.
82
Coordenadas
Nome Constelação A.R. Dec. Descrição
h min º ’
M6 Scorpius 17 40.1 -32 13 aglomerado aberto
M7 Scorpius 17 53.9 -34 49 aglomerado aberto
M8 Sagittarius 18 03.8 -24 23 nebulosa difusa
M 17 Sagittarius 18 20.8 -16 11 nebulosa difusa
M 20 Sagittarius 18 02.6 -23 02 nebulosa difusa
M 31 Andromeda 00 42.7 +41 16 galáxia
47 Tucanae Tucana 00 24.1 -72 05 aglomerado globular
Omega Centauri Centaurus 13 26.8 -47 29 aglomerado globular
M 35 Gemini 06 08.9 +24 20 aglomerado aberto
M 42 Orion 05 35.4 -05 27 nebulosa difusa
M 44 Cancer 08 40.1 +19 59 aglomerado aberto
M 45 Taurus 03 47.0 +24 07 aglomerado aberto
Eta carinae Carina 10 43.8 -59 52 nebulosa difusa
Tabela 9.4 – Sugestões para astrofotografia inicial.
83
Penumbra,
depois do No momento do
Lua cheia e céu Durante a
ISO primeiro segundo e do
limpo totalidade
contato e antes terceiro contato
do quarto
64 1/250 com f/8 1/60 com f/8 1s com f/2 4s com f/2
80 1/250 com f/9 1/60 com f/9 1s com f/2.4 3s com f/2
125 1/250 com f/11 1/60 com f/11 1s com f/2.8 2s com f/2
160 1/250 com f/13 1/60 com f/13 1s com f/3.5 2s com f/2.4
400 1/250 com f/22 1/60 com f/22 1/4 com f/2.8 1s com f/2.8
Observação: 1º contato: a Lua entra na sombra
2º contato: a Lua “mergulha” completamente na sombra
3º contato: a Lua começa a sair da sombra
4º contato: a Lua acaba de sair da sombra
Tabela 9.6 – Tempos para exposição fotográfica em eclipses lunares.
84
Distância focal da objetiva 5 10 15 20 30 50 100 120 200
(em centímetros)
1º no céu medido em mm sobre o negativo 0.9 1.7 2.6 3.5 5.3 8.7 17.4 21 34.8
1 mm sobre o negativo corresponde a: 65 32 23 17 11 7 3.4 3 1.7
(em graus)
Diâmetro da Lua ou do Sol em mm no foco 0.5 0.9 1.3 1.8 2.6 4.4 8.8 10.8 18
Tabela 9.9 – Escala de imagens sobre o negativo em função da distância focal.
FILME:
ÁLBUM nº: TELESCÓPIO CÂMERA Observadores
(ISO e marca)
e
Foto Hora tempo Observações
Assunto Local Data Denomin. f(mm) D(mm) Abert. Foco
nº (TU) exposição
85
10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
KNOPF, Alfred A. National Audubon Society field guide to night sky. New York.
Chanticleer Press Inc. 1997.
86