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Nomes compostos carregam mais informações, trazem significados mais específicos, como
acordo de sede (tratado bilateral; uma das partes é organização internacional e outra Estado;
tema é regime jurídico da instalação física da organização no território do Estado) ou
compromisso arbitral (tratado pelo qual dois Estados submetem à arbitragem certo litígio).
O uso é aleatório, mas na maioria das vezes são usados com preferência os seguintes termos:
(i) carta e constituição: tratados constitutivos de organizações internacionais; e (ii) ajuste,
arranjo, memorando: tratados internacionais de importância reduzida.
11. E feitos Jurídicos. O tratado internacional deve ser visto na dupla qualidade: é ato
jurídico que produz a norma, desencadeando efeitos de direito, gerando obrigações e
prerrogativas.
Seção I I
C lassificação dos T ratados
14. Proposição da matéria. Os tratados serão classificados por dois critérios de índole
formal e três de índole material.
15. Número de partes. Diz-se bilateral o tratado se somente duas as partes, e multilateral ou
coletivo em todos os outros casos.
Deve haver duas fases de consentimento das partes: (i) a da assinatura, como consentimento
prenunciativo; e (ii) a da ratificação, como consentimento definitivo. Se o quadro
procedimental for unifásico, o consentimento definitivo se exprime já na assinatura. Cria-se,
assim, as condições para a vigência do contrato.
Cuidando dos tratados de procedimento breve, os quais são vigentes desde a assinatura, sem
necessidade de ratificação, chega-se também no acordo executivo. O acordo executivo é
expressão criada nos EUA para designar o tratado que se conclui pelo chefe do poder
Executivo, independente de parecer ou consentimento do Senado.
17. Natureza das normas. Distinção: tratados contratuais são aqueles pelos quais as
partes realizam uma operação jurídica (comércio, aliança, cessão territorial); tratados
normativos, por sua vez, são aqueles por cujo meio as partes editam uma regra de direito
objetivamente válida. Nota: um mesmo tratado pode abrigar elementos normativos e
elementos contratuais.
18. E xecução no tempo. Tratado que cria situação estática, objetiva, definitiva é
instantâneo, declaratório, dispositivo. Instituem quadro jurídico que se pretende eterno. Opera
para fundamentar, a todo tempo, a legitimidade da situação que nele encontra origem. Ex:
tratado de fronteiras; tratados de transferência de bens.
Tratados que criam situação dinâmica podem vincular as partes por prazo certo ou indefinido.
São contínuos, extensos no tempo. Ex: tratados de aliança, de comércio, de extradição, de
cooperação científica, etc.
Seção I I I
Produção do T exto Convencional
20. Competência negocial. Cuida-se de determinar quem age em nome das pessoas
jurídicas capazes de celebrar contratos.
O texto deve resultar do consenso entre as partes, co-responsáveis por sua formulação. A
assinatura do texto convencional é ato idôneo para sua autenticação, assim como o é a
assinatura ad referendum ou a rubrica ± decorrências usuais do fato de não se encontrar o
negociador munido de poderes para assinatura normal. Este consentimento, representado pela
assinatura do texto, alcança somente a redação do texto, sendo prenunciativo da expressão de
vontade de assumir compromisso.
Seção I V
E xpressão do Consentimento
24. Assinatura. Tratando-se aqui da firma que põe termo a uma negociação. Fixa e autentica o
texto compromissivo e exterioriza o consentimento das partes. Neste caso, não se fala em
perspectiva de ratificação; o tratado tem condição de vigência imediata, a não ser que
diversamente disposto em cláusula (vacatio legis). A dilação de entrada em vigor não pode
obscurecer a certeza do compromisso internacional já firmado.
25. Intercâmbio instrumental. Na troca de notas, o consentimento depende de manifestação
ulterior das partes. O ato expressivo do consentimento não é a assinatura de uma ou outra
nota, mas sim a troca de notas, a sua transmissão à parte co-pactuante.
a) o ato do órgão estatal próprio (soberano, presidente) que exprime a vontade do Estado de se
obrigar por um tratado;
b) o procedimento internacional pelo qual o tratado entra em vigor, ou seja, a troca ou depósito
formal dos instrumentos de ratificação;
c) o próprio documento, selado ou de outro modo autenticado, em que o Estado exprime sua
vontade de se obrigar pelo tratado;
d) a aprovação do tratado pela legislação ou por outro órgão estatal cujo consentimento possa ser
necessário (ratificação no sentido popular ± deve ser evitado).
&RQFOXVmR³UDWLILFDomRpRDWRXQLODWHUDOFRPTXHDSHVVRDMXUtGLFDGHGLUHLWRLQWHUQDFLRQDO
signatária de um tratado, exprime definitivamente, no plano internacional, sua vontade de
obrigar-VH´
D I R E I T O I N T E R N A C I O N A L PÚ B L I C O
R ESU M O ± 2ª. PA R T E
2SUREOHPDGRV³DFRUGRVH[HFXWLYRV´
-Os que defendem a prática de acordos executivos invocam a necessidade de decisões simples
diante da velocidade com que passam as coisas na política internacional e repudiam a lentidão
das decisões parlamentares.
- Esse discurso é falso, pois o governo pode demorar mais dos que os parlamentares quando
de uma decisão. A demora eventual do Legislativo é companheira da indiferença do
Executivo em relação ao andamento do processo
35. Reservas:
- A reserva é um qualificativo do consentimento. Segundo a Convenção de Viena, é a
declaração unilateral do Estado que consente, visando a excluir ou modificar o efeito jurídico
de certas disposições do tratado em relação a esse Estado.
- A reserva é a maneira de tornar possível que o Estado possa entrar no domínio jurídico do
tratado, não obstante não aceite parte de seu teor.
- 1mRVHDGPLWHQRHQWDQWRUHVHUYDVHPWUDWDGRVELODWHUDLV³8PDSUHWHQVDUHVHUYDDWUDWDGR
ELODWHUDOQmRpUHVHUYDPDVUHFXVDGHFRQILUPDURWH[WRDYHQoDGRHFRQYLWHjUHQHJRFLDomR´
- Alguns tratados multilaterais, por sua natureza, também não admitem reservas, como as
convenções internacionais do trabalho.
- Convenção de Viena; a reserva é possível, desde que compatível com o objeto e a finalidade
do tratado.
SE Ç Ã O V ± E N T R A D A E M V I G O R
37. Sistemas:
a) Vigência contemporânea do consentimento:
- Tratados bilaterais, independentemente da questão de se saber se haverá consulta ao
parlamento; assinatura para efeito autenticatório do texto; expresso o consentimento das
partes, a vigência será imediata.
- Não há previsão de vacatio. Consentimento: será equiparada à ratificação ± mútua
notificação ou aviso.
b) Vigência diferida:
- Vacatio real utilidade: permite que o tratado seja conhecido internamente e passa a viger no
mesmo momento que internacionalmente.
O tratado terá a estrutura hierárquica de uma lei nacional, ou mais que isto, conforme
o Estado de que se cuide. Importa que se retenha desde logo a noção de que o tratado, embora
produzido em foro diverso das fontes legislativas domésticas, não se distingue, enquanto
norma jurídica, dos diplomas legais de produção interna.
45. E mendas
Na União Européia, nenhum tratado se emenda sem o assentimento unânime das
partes, aberta a cada uma delas a iniciativa de propor a emenda.
A OEA prevê sua própria emenda pelo voto mínimo de dois terços das partes.
A iniciativa de emenda pode vir de qualquer Estado parte no tratado: esta regra
aparentemente não conhece exceções.
Revisão ou reforma é o nome que se tem dado, em direito dos tratados, ao
empreendimento modificativo de proporções mais amplas que aquelas da emenda singular, ou
do conjunto limitado de emendas tópicas.
46. V iolação
A violação substancial de um tratado dá direito à outra parte de entendê-lo extinto, ou
de suspender também ela seu fiel cumprimento, no todo ou parcialmente.
A Convenção de Viena esclarece, em seu art.60, que por violação substancial deve
entender-se tanto o repúdio puro e simples do compromisso quanto à afronta a um dispositivo
essencial para a consecução de seu objeto e finalidade.
Além disso, a prática do direito das gentes autoriza ainda o protesto diplomático e
outros remédios, alguns institucionalizados em plano regional.
47. Interpretação
Seção V I I ± E X T I N Ç Ã O D O T R A T A D O
O tratamento dado pela Convenção de Viena ao princípio supra leva à idéia de sua
invocação pela parte interessada em ver extinto ou suspenso o tratado, à conta da
mudança nas circunstâncias.
Seria ele, o conjunto de normas que, no plano do direito das gentes, impõem-se
objetivamente aos Estados, a exemplo das normas de ordem pública que em todo sistema de
direito interno limitam a liberdade contratual das pessoas.
A teoria jus cogens, tal como aplicada pela Convenção de Viena sobre o direito dos
tratados, é francamente hostil à idéia do consentimento como base necessária do direito
internacional. Ali se pretende que, qual no domínio centralizado e hierárquico de uma ordem
jurídica interna, regras imperativas frustrem a liberdade convencional dos países não
aquiescentes.
PA R T E I I - PE RSO N A L I D A D E I N T E R N A C I O N A L (p.153-190)
O autor justifica nesse tópico os tribunais penais internacionais criados pelo Conselho
de Segurança das Nações Unidas, especificamente aqueles criados para julgar os crimes
humanitários ocorridos na ex-Iugoslávia e em Ruanda. Em primeiro argumenta que foram
criados pelo Conselho de Segurança, o qual gozava, diante da ameaça à paz, de tal
autoridade com base no capítulo VII da Carta da ONU. Em seguida, alega que as práticas em
questão foram definidas como crime em textos internacionais incorporados aos direitos
internos dos países em questão. Assim, não há dúvida quanto à anterioridade das normas e a
tipicidade penal dos atos.
O Tribunal Penal Internacional (Convenção de Roma) instalou-se em Haia em 2003,
vinculando inicialmente 60 Estados ratificantes ou aderentes. São vários os pontos que
diferenciam essa corte das experiências penais precedentes:
a) Instituição judiciária permanente;
b) dotada de personalidade jurídica própria (normalmente as cortes são temporárias ou
permanentes, mas de organizações internacionais);
c) julga indivíduos por crimes de extrema gravidade (definidos no Tratado de Roma);
d) a jurisdição só se exerce sobre crimes posteriores à entrada em vigor do Tratado;
e) não há limites geográficos ou circuntanciais;
f) juízes eleitos pela assembléia dos Estados partes no tratado;
g) jurisdição complementar à jurisdição nacional, depende da inércia ou condescendência
desta;
h) o processo pode ser suspenso quando for determinado que a sua continuidade imediata
representaria uma ameaça à paz; e
k) o exercío efetivo da jurisdição desse tribunal pressupõe o consentimento do Estado
territorial do crime e/ou do patrial do réu.
C apítulo I
O EST A D O
Sobre seu território [área terrestre mais espeços hídricos de topografia interna] o
Estado exerce jurisdição/competência para atuar com autoridade. Características da jurisdição
do Estado soberano:
a) generalidade - exercício no seu domínio de todas as competências de orgem legislativa,
administrativa e jurisdicional; e
b) exclusividade - não há concorrência de qualquer outra soberania.
O estabelecimento das linhas limítrofes que separam 2 ou mais Estados se dá: por
decisão abitral, ou judiciária, ou resultando de tratado bilateral (mais comum).
Princípio uti possidetis: conservação das fronteiras coloniais.
Princípio uti possidetis de facto: consideração do efetivo exercício de soberania sobre
determinada área territorial.
Os parâmetros para a delimitação podem ser: i) linhas limítrofes artificiais; ou ii)
naturais. As primeiras seriam as linhas geodésicas (paralelos e meridianos), como ocorre na
divsisão do Canadá e dos EUA. Os limites naturais mais utilizados são as cordilheiras (como
nas divisas montanhosas do Brasil com a Venezuela) e os rios. Quanto a esses há dois
sistemas: o da linha de equidistância das margens, e o da linha de maior profundidade
(tavelgue).
Nas convenções de Viena não se encontra norma alguma que disponha sobre a
imunidade do Estado, como pessoa jurídica de direito público externo, à jurisdição local - de
índole civil. A idéia de imunidade absoluta do Estado estrangeiro(par in parem non habet
judicium) começou a se desgastar na segunda metada do século XX.
Nacionalidade = vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo, que faz deste
um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do Estado. A cada Estado cabe
legislar sobre sua própria nacionalidade.
109. G ênese.
É entre brasileiros e portugueses, em decorrência de tratado bilateral de 2000. Ele altera a
noção de nacionalidade como pressuposto necessário de cidadania. Conservando o vínculo de
nacionalidade com um dos dois países, o indivíduo passa a exercer no outro direitos inerentes
à qualidade de cidadão.
115. Deportação.
A deportação, diferente do impedimento à entrada do estrangeiro em nosso território (por
falta de passaporte ou visto, por exemplo), é uma forma de exclusão do estrangeiro do
território, após sua entrada irregular, geralmente clandestina, ou cuja estada tenha-se tornado
irregular (excesso do prazo, por exemplo). A exclusão é feita por iniciativa das autoridades
locais.
O deportado pode retornar ao Brasil quando regularizar seus documentos para ingresso.
116. E xpulsão.
A expulsão é o modo de entregar estrangeiros a outro Estado em razão de haver condenação
criminal ou em virtude de as ações do estrangeiro terem se tornado nocivas à conveniência e
aos interesses nacionais. A exclusão é feita por iniciativa das autoridades locais.
Só o Estado de origem do expulso tem o dever de recebê-lo quando indesejado em outros
lugares. O expulso fica impossibilitado de retornar ao Brasil.
OBS: é possível deixar de fazer a deportação e a expulsão, mesmo havendo os requisitos.
Subseção 3 ± A E xtradição
Seção V I ± Soberania
C A PÍ T U L O I I
O R G A N I Z A Ç Õ ES I N T E R N A C I O N A IS
154. Introdução
Cronologicamente falando, o espaço temporal que separa o surgimento dos Estados
do fenômeno das organizações internacionais é de alguns milênios. Pode-se dizer que o
surgimento dos Estados remonta à antiguidade clássica, enquanto que o surgimento das
organizações internacionais é algo que veio se observando a partir deste último século.
Contudo, o critério temporal não é o fator diferenciador destas duas formas de
personalidade em direito internacional público. Paul Reuter observa que as desigualdades
quantitativas existente entre os Estados não formam obstáculo à sua igualdade qualitativa,
isto porque os objetivos dos Estados são sempre os mesmos: a paz, a segurança e o
desenvolvimento integral de determinada comunidade de seres humanos.
No contexto das organizações internacionais as coisas já mudam de figura, pois as
desigualdades são observadas em ambos os terrenos: são quantitativas por força da
diversidade do alcança geográfico, do quadro pessoal ou do orçamento; e qualitativas, vez que
não visam a uma finalidade comum.
O referido autor relembra que organizações internacionais são aquelas criadas e
integradas por Estados, sendo por eles dotadas de personalidade própria em direito das gentes.
O autor ressalta que há casos em que empresas podem ser instituídas por compromisso entre
Estados, como foi o caso da Itaipu Binacional, instituída em 1973 por tratado entre Brasil e
Paraguai. A empresa fora provida de capitais públicos, sendo-lhe conferida a personalidade
jurídica de direito privado. Contudo, o que faz de Itaipu um caso singular é o fato de seu
embasamento não ter se dado em apenas uma ordem jurídica, mas sim em duas ou mais delas.
Itaipu é uma pessoa jurídica de direito privado binacional, sendo regida por orientações de
ambos ordenamentos jurídicos (brasileiro e paraguaio).
Reuter assevera que personalidade jurídica de direito das gentes não é fonte da
competência da organização internacional, mas seu resultado.
Há de se dizer que a competência para celebrar tratados em seu próprio nome é a mais
expressiva de todas no que tange aos elementos indicativos de personalidade jurídica.
Conforme o entendimento do projeto Dupuy, de 1973, podem ser consideradas organizações
LQWHUQDFLRQDLVDSHQDV³DTXHODVTXHHPYLUWXGHGHVHXHVWDWXWRMXUtGLFRWrPFDSDFLGDGHGH
concluir acordos internacionais no exercício de suas funções e para a realização de seu
REMHWR´
156. Ó rgãos
Despontam como órgãos indispensáveis à estrutura de uma organização, uma
assembléia geral e uma secretaria.
Na primeira, têm assento os representantes dos Estados-membros, Estados estes que
devem ter, igualmente, voz e poder de voto, de sorte que esta assembléia se assemelhe a uma
SRVVtYHOFRPSHWrQFLD³OHJLVODWLYD´GDHQWLGDGH7UDWD-se de um órgão não permanente, cujas
reuniões ocorrem uma vez por ano, via de regra. Contudo, ela pode ser convocada
excepcionalmente quando o caso assim demandar.
Na segunda, predomina o caráter administrativo de funcionamento permanente. Seus
servidores são todos neutros às políticas dos Estados-membros, principalmente à de seus
próprios Estados.
Vale mencionar outro órgão que também se destaca, mas nas organizações de cunho
político: o conselho permanente. Este é ininterrupto e inclina-se ao exercício da competência
executiva. Sua composição pode se dar com a presença de representantes de todos Estados-
membros (como na assembléia geral), ou com apenas a presença de alguns destes Estados, os
quais ou são eleitos por prazo certo ou possuem mandato permanente.
Dependendo do alcance dos propósitos das organizações, estas podem ter mais, ou
menos órgãos técnicos, judiciários, ou até mesmos outros conselhos.
157. Aspectos do processo decisório
Perante o contexto das organizações internacionais, não é válido, como regra, o
princípio majoritário; isto significa que, ao contrário do que ocorre nas assembléias de direito
interno, onde a maioria dos votos obriga a todos os participantes, o Estado só costuma se
sentir obrigado quando a decisão tiver contado com seu voto favorável para o feito.
A organização faz-se representar não somente no lugar de sua sede, mas também no
território de seus Estados-membros, e, casualmente, no daqueles não-membros, mas que com
ela pretendam assim se relacionar. Os representantes exteriores serão os membros da
secretaria e gozarão de privilégios semelhantes aos do corpo diplomático.
Um problema que se impõe é o referente à imunidade da própria organização
internacional frente À jurisdição brasileira, em feito de natureza trabalhista ou outro. Alguns
(VWDGRVHVWUDQJHLURVSOHLWHDYDPHVWDLPXQLGDGHQDVPHVPDVVLWXDo}HVEDVHDGRVQD³YHOKDH
VyOLGDUHJUDFRVWXPHLUD´&RQWXGRDMXULVSUXGrQFLDEUDVLOHLUDDIDVWRXDLQFLGrQFLDGHVWD
O fato é que a imunidade das organizações internacionais não se firma com base nos
costumes, mas sim em tratados que a determinam de modo expresso. Destarte, a imunidade
não pode ser ignorada neste caso. É possível que esta situação mude e que um dia estas
organizações venham a se encontrar em situação idêntica à dos Estados estrangeiros antes a
Justiça local.
A admissão de novos membros deve ser analisada sobre três aspectos capitais: os
limites de abertura do tratado institucional aos Estados não-membros; a adesão à carta
(pressuposto fundamental); e aceitação dessa adesão pelos Estados-membros, ou seja, pelo
beneplácito do órgão competente para tanto, nos termos do tratado.
Os limites de abertura da Carta podem ser meramente geográficos (somente países
europeus, por exemplo). Na Carta da ONU, contudo, esta matéria vem disposta no seu art.4º:
o interessado deve ser um Estado pacífico, que aceite as obrigações impostas pela carta, que
se entenda capaz de cumpri-las e disposto a fazê-lo.
Quanto ao aspecto de adesão à carta, deve o interessado exprimir sua adesão ao
tratado institucional, adesão esta que se presume ser, sempre, integral. Por sua própria
natureza, o tratado institucional é refratário à ratificação ou à adesão com reservas. São raras
as exceções, neste caso.
Quanto ao beneplácito à adesão, é mister ressaltar que este conclui o processo de
admissão de um novo Estado. Na União Européia é o Conselho que, sob parecer da
Comissão, deve assentir por unanimidade. A Carta da ONU fala numa decisão da Assembléia
*HUDO³PHGLDQWHUHFRPHQGDomRGR&RQVHOKRGH6HJXUDQoD´
163. Sanções
Seção I I ± Espécies
Aqui, inscrevem-VH DV ³DJrQFLDV HVSHFLDOL]DGDV´ GD 218 TXH VmR QD YHUGDGH
organizações internacionais distintas, dotadas de personalidade jurídica própria em direito das
gentes. Ex: OIT, UNESCO, FAO, FMI, OACI, OMS, BIRD.
C A PÍ T U L O I V
O F E N Ô M E N O SU C ESSÓ R I O
Fenômeno em que dois ou mais Estados resultam da divisão daquilo que antes era um
único Estado. Foi observado com intensidade no período dito de descolonização africana.
Quando o fenômeno não se refere ao contexto colonial, é mais comum a utilização do termo
secessão.
Seção I I I ± SU C ESSÃ O D E O R G A N I Z A Ç Õ ES I N T E R N A C I O N A IS
A ONU sucedeu a Sociedade das Nações (extinta de fato em 1939, mas de direito em
1946, por deliberação da ONU ± a qual data de 1945).
Sucessão mais próxima de nós é a da Associação Latino-Americana de Livre
Comércio pela Associação Latino-Americana de Integração.
PA R T E I I I: D O M Í N I O PÚ B L I C O I N T E R N A C I O N A L
197. Proposição da matéria: domínio público internacional designa aqueles espaços cuja
utilização suscita o interesse de mais de um Estado soberano ± às vezes de todas a
comunidade internacional ± ainda quando sujeitos às incidência de determinada soberania.
Cuida-se do mar, dos rios internacionais, do espaço aéreo, do espaço extra-atmosférico e,
ainda, do continente antártico.
199. A A ntártida:
- Ilha gigantesca: interesse econômico e estratégico.
- Quatro Teorias: (1) Teoria dos Setores, que dividiria o continente em inúmeras faixas
triangulares; (2) a Teoria da Descoberta, proposta por países europeus; (3) a Teoria do
Controle, proposta pelos EUA; (4) e a Teoria da Continuidade da Massa Geológica, proposta
pela Argentina.
- Qual teoria deve ser aplicada?
- Tratado da Antártida, Washington, 1959: 45 países pactuantes (Brasil ingressou em 1975),
que não necessariamente renunciam às eventuais pretensões de domínio sobre parte do
continente, nem tampouco reconhecem pretensões alheias. O regime jurídico estabelecido
pelo texto é o da não militarização da Antártida, que só deve ser usada para fins pacíficos.
- Protocolo de Madri 1991: preservação da Antártida contra toda espécie de exploração
mineral durante prazo fechado de 50 anos.
C A PÍ T U L O I: O M A R
Seção I ± Á G U AS I N T E R I O R ES, M A R T E R R I T O R I A L E Z O N A C O N T Í G U A
Seção I I ± Z O N A E C O N Ô M I C A E X C L USI V A
208. E ntendimento
- Trata-se de uma faixa adjacente ao mar territorial ± que se sobrepõe, assim, à zona contígua
-, e cuja largura máxima é de 188 milhas marítimas contadas do limite exterior daquele, com
o que se perfazem 200 milhas a partir da linha base.
209. Direitos do Estado costeiro
- 6REUHD]RQDH[FOXVLYDDVREHUDQLDGR(VWDGRpOLPLWDGDHHVSHFtILFDHOHDOLH[HUFH³ direitos
de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão de recursos
QDWXUDLV´
- O Estado também exerce jurisdição sobre zona em matéria de preservação do meio marinho
e investigação científica e instalação de ilhas artificiais.
Seção I I I ± PL A T A F O R M A C O N T I N E N T A L E F U N D OS M A R I N H OS
Seção I V ± A L T O M A R
C A PÍ T U L O I I : R I OS I N T E R N A C I O N A IS
218. Conceito
- 5LR LQWHUQDFLRQDO p WRGR FXUVR G¶iJXD TXH EDQKD PDLV GH XP (VWDGR VREHUDQR 8PD
distinção preliminar costuma fazer-se entre os rios li mítrofes (ou contíguos, ou de fronteira) e
os rios de curso sucessivo. Contudo, os mais importantes rios internacionais, em sua maioria,
ostentam as duas características.
Seção I ± A L G U NS PR I N C ÍPI OS
Seção I I ± R E G I M ES F L U V I A IS SI N G U L A R ES
C A PÍ T U L O I I I: O ESPA Ç O
Seção I ± O ESPA Ç O A É R E O
Subseção 1 ± A arbitragem
242. Jurisdição ad hoc: Como já dito, a arbitragem é um mecanismo jurisdicional não
judiciário para resolver conflitos internacionais. Nesse mecanismo, caberá às partes a escolha
do árbitro, a delimitação do direito aplicável e a descrição da matéria conflituosa. O foro
arbitral não é permanente: uma vez proferida a sentença, termina o trabalho do árbitro em
relação ao conflito. Ademais, o descumprimento de uma sentença arbitral constitui um ilícito
internacional.
243. Á rbitros e tribunais arbitrais: Muitas vezes, os árbitro escolhidos são monarcas ou
chefes de Estado. No entanto, quando esse é o caso, sabe-se a redação da sentença e o estudo
do caso ficaram a cargo de anônimos conselheiros jurídicos (que nem sempre são os mais
qualificados). Ainda, nesses casos há um risco de que motivação da sentença seja sumária ou
nebulosa, podendo o estadista ter receio de proferir decisão que no futuro possa voltar contra
seu interesse próprio. Cumpre lembra que a confiança para a decisão arbitral pode ser
conferida a mais de uma pessoa, ou seja, um colégio de pessoas, podendo ser, por exemplo, 3
neutras e 2 cada uma representando um Estado. Ademais, os árbitros podem ser
representantes dos Estados sem que sejam estadistas. Ainda, o árbitro pode ser escolhido no
quadro da Corte Permanente de Arbitragem, sendo alguém merecedor da confiança dos
Estados, desvinculado da administração e independente da indicação ad hoc de qualquer
Estado.
244. A Corte Permanente de A rbitragem: É uma lista permanente de pessoas (hoje pouco
mais de 200) qualificadas para funcionar como árbitros, que devem ser escolhidas pelos
Esatdos litigantes. Os nomes são indicados pelos governos que patrocinam a entidade,
podendo cada um indicar no máximo quatro pessoas. É comum, embora equívico/impróprio,
FKDPDUGH³VHQWHQoDGD&RUWH3HUPDQHQWH GH $UELWUDJHP´VHQWHQoDVSURIHULGDVSRUSHVVRDV
escolhidas dentro do rol da Corte.
245. Base jurídica da arbitragem: Ao optar pela arbitragem, os Esatdos devem celebrar um
compromisso arbitral, tratado bilateral no qual os contendores descrevem o litígio,
mencionam as regras do direito aplicável, designam o árbitro ou tribunal arbitral, definem
prazos e regras de procedimento (eventualmente), e comprometem-se a cumprir fielmente a
sentença arbitral. Para que seja válido, o árbitro deverá ser préviamente consultado:para que o
tartado bilateral crie encargo para terceiro (o árbitro) deve haver seu consentimento. O
compromisso pode ser feito previamente com tratado geral de arbitragem ou com cláusula
arbitral em tratados de outra natureza. O tratado geral é uma tratado no qual dois ou mais
Estados escolhem essa via para a solução de conflitos futuros, podendo haver em seu
conteúdo restrições quanto à matéria dos litígios ou o limite de tempo no qual o tratado
deverá ser renovado ou revisto. Uma cláusula arbitral em determinado tratado celebrado pelos
Estados estabelece que os conflitos resultantes da aplicação daquele pacto ou sobre a matéria
que o tratado contem deverão ser resolvidos por via da arbitragem. Mesmo com esse
instrumento, não fica dispensado o compromisso arbitral , uma vez que apenas diante do caso
concreto pode-se escolher o árbitro. Ademais, inpendente de tratado ou cláusula de
arbitragem, os Esatdos devem afirmar que cumpriram de boa-fé a sentença proferida por um
árbitro.
246. Natureza ir recor rível da sentença arbitral: A sentença arbitral é irrecorrível, ou seja,
dela não cabe recurso. Ademais, uma vez proferida a sentença, ternima a relação do árbitro
com a lide e cabe às partes a fiel excução da sentença. Nâo obstante, poderão as parte fazer
³SHGLGRGHLQWHUSUHWDomR´RXVHMDSRGHUmRVHGLULJLUQRYDPHQWHDRiUELWURSHGLQGRTXHHVWH
esclarece osburidade, omissão, ambiguidade ou contradição da sentença (correnponde aos
embargos declaratórios do direito brasileiro). Poderá uma parte, ainda acusar de nulidade a
sentença, imputando ao árbitro falta grave ou corrupção, ou abuso ou desvio de poder, assim
se eximindo do cumprimento da sentença. Nesse casos, tem se notado que as alegações são de
que o árbitro se desviou do encargo que lhe fora conferido no compromisso arbitral,
decidindo sobre mais ou sobre algo diverso, ou aplicando normas jurídicas que evidente
impertinência.
247. O brigatoriedade da sentença arbitral: Como já mencionado, a sentença arbitral não é
simples recomendação; é uma decisão de indole jurisdicional, obrigatória. Seu não
cumprimento é um ato ilícito. O fundamento dessa obrigatoriedade esta no fato de que os
Estados assumiram o compromisso, ou seja, prometeram executar a sentença. Sendo assim, o
tratado que serviu de base jurídica para a arbitragem é o que confere a obrigatoriedade da
sentença, respeitando assim o princípio pacta sunt servanda .
248. C arência de executoriedade: Embora definitiva e obrigátoria, a sentença arbitral nao é
executória, ou seja, seu fiel cumpriemento depedne da boa-fe das partes, principalemente do
que sucumbe por força da decisão. Cumpre lembrar que a única prerrogativa jurisdicional do
Estado é eventual pedido de interpretação. Porém, o árbitro não tem nenhuma milícia que
garante o cumprimento pela força, caso o Esatdo decida ilicitamente desobedecer.