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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências de Saúde


Curso de Licenciatura e Pós-graduação em estudos Interdisciplinares sobre HIV/SIDA e Saúde

Modulo I – Unidade II: Trabalho de Investigação

Presentação de estudos sobre HIV e SIDA

Estudante: David Bishweka Lugundu

Tutoras: Dra. Felismina Matola e Dra. Sheila Nhoni

Maputo, Março 2011

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Resumo

Este trabalho parte do trabalho de campo realizado na Beira em


Fevereiro onde vários dados sobre conhecimento, atitude, percepção
que as pessoas tem sobre HIV e SIDA e as praticas (prevenção,
testagem, onde buscam conhecimento ou aconselhamento) que eles
têm realizado em relação ao HIV e SIDA, foram recolhidos através
duma secção de discussão e entrevista entre um grupo de oito
pessoas. Das perguntas colocadas, notou-se ainda uma alta falta de
informação nas pessoas sobre HIV e SIDA que leva ainda a pratica de
comportamento de risco por parte de vários jovens.

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Introdução
 Esse trabalho irá apresentar de uma forma crítica os resultados de

um pequeno estudo realizado na Cidade Beira em Fevereiro ultimo

que visava compreender o nível de conhecimento, atitude e

percepção que as pessoas têm sobre HIV e Sida e as praticas

realizadas ou por realizar par prevenir ou lutar contra a epidemia. O

trabalho ira ainda fazer uma análise dos dados e tentar corrigir o

mal entendido da situação do HIV e SIDA, dando informação correcta

que possa ajudar na educação das pessoas sobre HIV e SIDA.

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II. Objectivos
  II.1. Objectivo Geral
 
 Contribuir no processo de expansão de informação e desenvolvimento de
conhecimento sobre HIV e SIDA.
 
II.2. Objectivos específicos
 
 Investigar e estudar a percepção das pessoas, analisar o seu nível de
conhecimento e atitude em relação ao HIV e SIDA e as práticas que têm
realizado ou por realizar para prevenir a epidemia.

 Corrigir a desinformação encontrada sobre HIV e SIDA trazendo informação


correcta que possa ajudar as comunidades a perceber o HIV e SIDA e as
suas características.

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III. Metodologia
A metodologia usada para elaboração deste trabalho é a qualitativa porque
procura entender o nível de conhecimento, atitudes e percepções do HIV e
SIDA que as pessoas têm (aborda questões sociais).
 
Os dados usados neste trabalho são fruto do trabalho de campo realizado
na Beira em Fevereiro de 2011 na baixa da cidade. A informação foi
recolhida através de uma secção de discussão e entrevista em que
participarão 8 pessoas sendo um (1) engenheiro civil, duas (2) empregadas
domésticas e cinco (5) estudantes de nível secundário. A participação neste
estudo foi de carácter voluntario onde cada um podia responder as
questões de acordo com o seu nível de conhecimento sobre HIV e SIDA.

IV. Apresentação das Informações Recolhidas

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Das perguntas colocadas (ver tabela 1 em baixo) foram encontradas as
seguintes infirmações

‣Conhecimento
A primeira questão procurou saber do conhecimento sobre o conceito
HIV/SIDA, transmissão e prevenção onde uns responderam que HIV é uma
doença infecciosa que se transmite de uma pessoa para outra, sendo a
SIDA igual ao HIV e transmite-se através de troca de roupas, não lavar os
dentes as mãos, tuberculose de mãe para bebe por falta de Higiene e
aleitamento, outros Responderam que o HIV e SIDA são diferentes. Estes
últimos justificaram que o HIV tem cura e a SIDA não, HIV apanha-se via
beijos agulhas seringas ou facas mas a SIDA vem através de relações
sexuais. Todos responderam unanimemente no concernente a prevenção
afirmando que deviam usar preservativos, ter cuidados com objectos
cortantes, fazer mais testes para confirmar infecção e evitar de se isolar.

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 Percepções de risco

Quanto ao relacionamento e tratamento dados às pessoas vivendo


com HIV a Isabel e o Ricardo responderam da seguinte maneira “ elas
já são muito perigosas, devemo-nos manter muito longe delas
porque não tem mais cura, a doença já entrou nos seus corpos e não
sai mais para sair é muito difícil, elas já podem matar todas as
pessoas ou contamina-las” os restantes optaram pela ideia de se
controlar e ajudar os que mais necessitam, neste caso seropositivos, a
ultrapassarem as barreiras da vida e conquistarem uma tranquilidade.

 Atitude
Das dificuldades enfrentadas na componente prevenção as mulheres
referiram-se em como não sendo entendidas pelos homens no que
diz respeito aos desejos e ainda outras pessoas não ganharam
coragem para abordar abertamente questões ligada a vida sexual, o
outro ponto tocado por estas é o facto de as unidades de saúde se
encontrarem em longas distâncias.

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A renitência dos médicos tradicionais que não concordam em
rectificarem algumas das suas práticas segundo cita a Isabel “ na
minha zona em Matacuane ainda existem médicos tradicionais que
apesar de saber da existência do HIV e da insistência dos pacientes e
da comunidade, continuam a usar a mesma lâmina para tratar várias
pessoas.”
Na tabela 1, algumas das perguntas colocadas durante a discussão

O que é HIV e Bruno: HIV é uma doença infecciosa que se transmite duma pessoa
SIDA? a outra. A SIDA é igual ao HIV. É mesma coisa.
Mira: HIV e SIDA são diferentes. HIV tem cura a SIDA não tem. HIV
apanha se via beijos, agulhas, seringas, facas, mas SIDA vem
através de relações sexuais.

Como é que se Isabel: através de relações sexuais, saliva, não lavar as mãos e os
contrai HIV? dentes, beijinhos, laminas, roupa, faca, tuberculose.

E de mãe para Sim, por falta de higiene, não cuidar do bebe, deixar o bebe de
bebe? qualquer maneira, falta de limpeza, não lavar as roupas

O que devemos Isabel e Quembo: Não usar as mesmas lâminas, usar preservativo
fazer para abstinência, tem um só parceiro, fidelidade, fazer teste antes de
prevenir HIV? casar, não usar objectos cortantes ou picantes usados por outras
pessoas.
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Se estiverem Bruno, Quembo, Mafalda e Hugo: devemos prevenir para não infectar os
infectado o que outros. Usar preservativo, ter cuidado com objectos cortantes, visitar o
devemos fazer? médico para saber do nosso estado, fazer mais testes para confirmar a
infecção.
Isabel e Mira: devemos visitar medico para ter mais conselho, saber o
que devemos fazer, não isolar se, não sentir se oprimido.
É possível apanhar Não se não fazermos sexo não é possível apanhar HIV
HIV sem ter feito
sexo desprotegido?

Como é que A maioria: fazendo testes no hospital


podemos descobrir
que temos HIV?
Quais são as As sintomas são, tuberculose, malária, diarreicas, falta de apetite, perda
Quem tem HIV já Isabel: sim, já é doente e não há mas como inverter as coisas.
sintomas do de peso, febres, feridas na pele, vómitos, mau estar, fraqueza.
tem SIDA? Michael: não, ainda não esta, mas vai ter se não tratar se
HIV/SIDA?
Porque muitas É por ter medo de saber. Depois de saber podem ficar com muitos
pessoas evitam problemas, stress, medo da família, nunca tem coragem de falar sobre
fazer teste? isso
Quais as Mafalda: nos as mulheres não somos entendidas pelos nossos maridos.
dificuldades que Eles só pensam em seus desejos. Algumas pessoas tem medo de
têm na prevenção
informar os parceiros dos seus estados e acabam por infecta-los. Centro
do contra HIV?
e hospitais muitas vezes ficam em longas distancias o que da preguiça
de visitar 9
V. Discussão
V.1. O que é HIV e SIDA?

 O HIV (VIH em português vírus de Imunodeficiência Humana) é um vírus da família de


retrovírus da sub-familia de Orthoretrovirus e do género lentivírus. É o vírus causador da

SIDA. Como retrovírus, tem como matéria genético no seu core uma molécula de Acido
Ribonucleico (ARN – RNA (em Inglês)), tendo por isso que ser transcrito novamente em ADN
(DNA em Inglês) para poder se introduzir em novas células.

 A SIDA (Sindroma de Imunodeficiência Adquirida) por sua vez, como foi mencionado no

parágrafo anterior, é causada pelo HIV. É uma sindroma infecciosa crónica, que se caracteriza
pela progressiva destruição do sistema imunológico humano. O HIV infecta e enfraquece as
células de protecção do organismo humano ao ponto de não conseguirem impedir a
penetração de outras doenças. Essas doenças oportunistas aproveitam o estado fraco do
sistema imunitário criado por HIV para atacar o organismo. A presença dessas doenças
oportunistas e a sua destruição do organismo humano é o que se chama de SIDA.

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V.2. Como é transmitido o HIV?

 O HIV é principalmente transmitido sexualmente. Ele é contraído por meio de


relações sexuais desprotegidas com alguém que já tem o vírus. A transmissão pode
ocorrer durante qualquer contacto sexual penetrativo, seja vaginal, anal ou oral.
Pode ocorrer lesões ou ferimento em algumas das partes delicada que constituem
os órgãos sexuais durante a relação e desta forma o vírus do parceiro infectado
pode entrar no fluxo sanguíneo do outro parceiro através do sémen, fluido vaginal
ou sangue.
 
 O HIV pode também ser transmitido através da transfusão de sangue contaminado.
Isso acontece através do uso repetitivo de agulhas, seringas ou outros
instrumentos cortantes ou picantes contaminados. Os instrumentos utilizados
durante as cerimónias de circuncisão, corte de cabelo, ou para injecção de drogas
intravenosas, podem passar o vírus duma pessoa a outra.
 
 Outra forma de transmissão é de mãe para bebe durante a gravidez, parto ou
durante a amamentação. O contacto desprotegido com sangue pode também
ocasionar a transmissão como por exemplo durante um acidente ou a partir duma
ferida aberta. O transplante de órgãos infectados também pode causar infecção do
receptor.

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Como é que não se pode transmitir o HIV?

O HIV não se ser transmitido através de contacto social como abraço,


beijos, partilhar mesa ou prato, usar mesma sanita, mesmo escritório,
cadeira, pelo suor, saliva, vómitos, picada de insectos como
mosquitos, partilhar roupa, cama, brincar juntos ou por não lavar
roupa, não limpar a casa de banho, etc. Deve haver contacto entre
sangue ou fluidos sexuais contaminados e uma ferida aberta para que
haja transmissão.

V.3. A multiplicação do HIV no Organismo

 Os viruses não são capazes de realizar sua reprodução sem que se


utiliza outros microrganismos ou células vegetais ou animais. O HIV
ataca principalmente o sistema de imunidade do organismo humano,
como por exemplo as células CD4, ele utiliza as suas glicoproteínas
gp12 e gp41 situadas na sua superfície viral para se acoplar às células.

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Depois de acoplar-se com a célula humana, o vírus transfere o seu
material genético da partícula para o citoplasma celular. O HIV tem
uma enzima chamada reverse transcriptase que utiliza para
transformar o seu ARN original em ADN proviral (protease), este
integra-se ao genoma celular e desencadeia a sua preparação viral
capaz de dar origem a vários viruses

Imagem 1: Reprodução do HIV no organismo humano

Fonte: Abordagem global do ciclo de vida do HIV (Peterlin, 2003) evunix.uevora.pt

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Depois da sua multiplicação, o vírus sai da célula destruindo-a e
espalha-se por todo o organismo repetindo o processo de réplica e
produzindo bilhões de cópias de viruses por dia. Esse processo pode ser
resumido deforma seguinte:

1. O HIV entra e circula no sangue

2. vírus se une a uma célula. Aqui há interacção da gp120 com receptor da


membrana CD4. Para que haja fusão com a membrana, é preciso uma
ligação do invólucro viral a um coreceptor como CCR5 ou CXCR4.

3. Depois da fusão com a membrana da célula hospedeira, o HIV abre o


seu conteúdo genético (ARN Viral) para o interior de célula.

4. O HIV utiliza a sua enzima chamada transcriptase reversa, e muda o seu


ARN para ADN.

5. O ADN do vírus se insere no ADN da célula hospedeira através do


Integrase (uma enzima)

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6. A célula infectada se multiplica e activa o ADN do HIV que produz
partículas para formar um novo vírus

7. Todas partículas virais se juntam e formam novo viruses imaturos

8. Os viruses imaturos empurram a membrana da célula para fora (brotar)

9. Os viruses imaturos saem da célula infectada. Juntam se através duma


enzima denominada protease e formam um vírus completo.

V.4. Estágios Clínicos da Infecção por HIV

Existem várias classificações clínicas da infecção por HIV:


 A Infecção aguda: quando o HIV entra no organismo permanece
indetectável pelo menos por duas a quatro semanas; este período pode
estender-se por ate 3 meses. Os primeiros sintomas surgem geralmente
2 a 4 semanas após a infecção e podem durar o mesmo período de 2 a 4
semanas. Neste período podem ocorrer sintomas da ordem geral tais
como fadiga, febre, mialgia, etc.

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 Infecção Assintomática: esse período pode durar entre 8 e 12 anos e
em alguns casos pode superar 15 anos. Neste período a maioria dos
infectados não apresenta nenhum sintoma ou sinal da presença do
HIV mas não é rara a presença de ligeiros maus estares que se
apresentam como algo que não tem nada a ver com a progressão do
HIV no organismo.

 Infecção sintomática: Geralmente o infectado nesta fase apresenta


sintomas de ordem geral como perda de peso progressiva, astenia,
febre intermitente, diarreia crónica, candidíase oral e vaginal,
tuberculose, herpes, pneumonia, Sarcoma de Karposi, etc.

 Infecções sintomáticas tardias: este é o período em que as infecções


oportunistas e outras doenças se fazem presentes atacando duma
forma progressiva o sistema da imunidade do organismo.

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V.5. Como se faz o diagnóstico de HIV?

O HIV só pode ser detectado através dum teste diagnóstico que visa
certificar a presença dele no organismo. O diagnóstico é feito pela
pesquisa de anticorpos (Método indirecto) ou pela pesquisa do
próprio vírus no sangue usando um microscópio electrónico, via
cultura viral, etc. O diagnóstico pode ser feito por meio da técnica
ELISA que é um teste de ensaio imunoenzimatico. Estes testes são
muito sensíveis e é possível que ocorram falsos positivos.

Por essa razão é recomendado que se teste amostras com dois destes
diferentes sendo o ELISA para a detecção dos anticorpos e um outro
teste de alta especificidade como a imunofluorência indirecta ou o
Western-Blot (ensaio de imunoeletrotransferência). O Western-Blot é o
mais seguro e é principalmente usado para confirmar os resultados
apresentados pelo ELISA. Só depois desta confirmação que se pode
acreditar na presença do HIV nas amostras.

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V.6. Como prevenir HIV?
 
Ate de momento, não existe nenhuma vacina que pode eliminar o
HIV no organismo (não há cura) mas existem maneiras de evitar que
ele entre no organismo (prevenção). Abstinência por exemplo, é um
dos meios de prevenção que existem; mas cada meio tem a sua
eficácia. A fidelidade é outro modo de prevenção mas é mesmo
preciso que ambos os parceiros sejam fiéis e livres do HIV antes de
iniciar o sexo. “O sexo seguro” é outro meio de prevenção. Acariciar
os órgãos sexuais, beijar, abraçar, etc. é outra maneira de poder
satisfazer os seus desejos sexuais sem penetração ou nenhum
contacto que envolva sangue ou outros fluidos sexuais. O meio mais
seguro e confiável, tanto para homem como para mulher, é o uso de
preservativo que a pesar de penetração vaginal, impede qualquer
contacto com sangue, esperma ou outros fluidos sexuais.

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VI. Conclusão
Apesar da desinformação constatada, concluiu se que as pessoas têm
algum conhecimento sobre o HIV e SIDA e que essa falta de informação
não é completamente por culpa delas mas porque a informação não
chega com frequência para algumas pessoas.

Certos esclarecimentos foram considerados para corrigir as ideias


erróneas apresentadas pelos entrevistados durante a pesquisa.
Esclareceu-se a informação sobre a diferença entre HIV e SIDA, os
meios de transmissão e os da prevenção. Apresentou-se ainda os
diferentes meios que não podem transmitir o HIV, o processo de réplica
do HIV e os seus estágios clínicos. Esses esclarecimentos irão contribuir
em elucidar várias dúvidas sobre as características e a vida do HIV e seu
desenvolvimento para SIDA.

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Referencias Bibliográficas
 Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (www.abiaids.org.br): Terapia
Antiretroviral. pdf

 AVERT, http://www.avert.org/aids-hiv-charity-avert.htm

 Ferreira Diana e SequeiraTelma, 2007. Âmbito Terapêutico: VIH, HAART e


Síndrome metabólica, FCM –UNL. Lisboa

 gtz e ded. Programa MultiSectorial de Combate ao HIV e SIDA: Folheto. Pdf

 http://www.evunix.uevora.pt: Abordagem global do ciclo de vida do HIV


(Peterlin, 2003)

 Ministério da Saúde, Coordenação Nacional de DST e Aids: Manual de


Assistência Psiquiátrica em HIV/aids. 2. Ed. 2000 – Brasília

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