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1- A Lei n º 4024/61
Ao longo do tempo, as leis instituídas no Brasil sempre atenderam às ideologias de
dominação das elites, e conseqüentemente o mesmo aconteceu com as Leis referentes à
Educação.
A 1 ª LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) elaborada no Brasil, foi a
Lei n º 4024/61, se-m qualquer preocupação com o ensino básico.
Na oportunidade houve um grande debate no Congresso Nacional por um longo período
(quase 20 anos), concluindo –se numa lei que não correspondeu plenamente às
expectativas dos envolvidos no processo. Na realidade tornou –se uma solução de
compromissos e concessões mútuas entre os defensores da escola pública e os adeptos à
rede particular vinculada à igreja que buscava manter- se no sistema educativo após
perder seu mandato durante o início do século.
Segundo SAVIANI (1997),a Lei n º 4.024/61 era uma lei inócua, tal qual é a Lei n°
9394/96 atualmente em vigor, mas, vale lembrar também que antes disso, não havia no
Brasil uma lei específica para a educação.
A educação no Brasil sempre esteve vinculada aos determinantes econômicos e
políticos do país e, na elaboração da 1 ª LDB, os determinantes foram os embates dos
modelos econômicos (agrário- exportador e urbano industrial).
A Lei n º 4024/61 regulava a concessão de bolsas, a aplicação de recursos no
desenvolvimento do sistema público bem como a iniciativa privada através de
subvenções financeiras. Também previa a cooperação entre União Estados, e
Municípios.
Após o golpe Militar a LDB precisou ser refeita. Nesta época também foram feitas as
reformas do ensino superior através da Lei de n º 5. 540/68.

Lei de Diretrizes e Bases - 1961


A primeira LDB foi publicada em 20 de dezembro de 1961 pelo presidente João
Goulart, quase trinta anos após ser prevista pela Constituição de 1934. O primeiro
projeto de lei foi encaminhado pelo poder executivo ao legislativo em 1948, foram
necessários treze anos de debate até o texto final.
Principais características
Dá mais autonomia aos órgãos estaduais, diminuindo a centralização do poder no MEC
(art. 10)
Regulamenta a existência dos Conselhos Estaduais de Educação e do Conselho Federal
de Educação (art. 8 e 9)
Garante o empenho de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios com a
educação (art. 92)
Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas (art. 93 e 95)
Obrigatoriedade de matrícula nos quatro anos do ensino primário (art. 30)
Formação do professor para o ensino primário no ensino normal de grau ginasial ou
colegial (art. 52 e 53)
Formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior (art. 59).
Ano letivo de 180 dias (art. 72)
Ensino religioso facultativo (art. 97)
Permite o ensino experimental (art. 104)
Histórico
A Constituição de 1891, primeira do período republicano, pouco trata da educação por
primar pela autonomia das unidades federativas. Ficava subentendido que a legislação
nessa matéria deveria ser resolvida no âmbito dos estados. Cabia à Federação apenas o
ensino superior da capital (art. 34º), a instrução militar (art. 87º) e a tarefa, não
exclusiva, de "animar, no país, o desenvolvimento das letras, artes e ciências" (art. 35º).
Não havia nessa Carta e também na anterior (Constituição de 1824) nem sequer a
menção à palavra "educação".
Até a década de 1930, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo Departamento
Nacional do Ensino ligado ao Ministério da Justiça. Somente em 1931 foi criado o
Ministério da Educação.
A Constituição de 1934 dedica um capítulo inteiro ao tema, trazendo à União a
responsabilidade de "traçar as diretrizes da educação nacional" (art. 5º) e "fixar o plano
nacional de educação, compreensivo do ensino em todos os graus e ramos, comuns e
especializados" para "coordenar e fiscalizar a sua execução em todo o território do país"
(art. 150º). Através da unidade gerada por um plano nacional de educação e da
escolaridade primária obrigatória pretendia-se combater a ausência de unidade política
entre as unidades federativas, sem com isso tirar a autonomia dos estados na
implantação de seus sistemas de ensino. Idéia defendida pelos educadores liberais,
dentre os quais se destacava Anísio Teixeira.
Um ponto importante de disputa que refletiu diretamente na tramitação da primeira
LDB foi a questão do ensino religioso. Enquanto a proclamação da República teve
como pano de fundo a separação entre Estado e igreja, a segunda Carta marca essa
reaproximação. No que diz respeito à educação, instaura o ensino religioso de caráter
facultativo, e de acordo com os princípios de cada família, nas escolas públicas (art.
153º).
A dispeito do ensino religioso, a Carta de 1934 pode ser considerada uma vitória do
grupo de educadores liberais, organizados através da Associação Brasileira de
Educação, por atender suas principais proposições.
Porém, apenas três anos depois a Constituição de 1937, promulgada junto com o Estado
Novo, sustentava princípios opostos às idéias liberais e descentralistas da Carta anterior.
Rejeitava um plano nacional de educação, atribuindo ao poder central a função de
estabelecer as bases da educação nacional. Com o fim do Estado Novo, a Constituição
de 1946 retomou em linhas gerais o capítulo sobre educação e cultura da Carta de 1934,
iniciando-se assim o processo de discussão do que viria a ser a primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação.
A tramitação da lei
Basicamente dois grupos disputavam qual seria a filosofia por trás da primeira LDB. De
um lado estavam os estatistas, ligados principalmente aos partidos de esquerda.
Partindo do princípio que o Estado precede o indivíduo na ordem de valores e que a
finalidade da educação é preparar o indivíduo para o bem da sociedade, defendiam que
só o Estado deve educar. Escolas particulares podem existir, mas como uma concessão
do poder público.
O outro grupo, denominado de liberalistas e ligado aos partidos de centro e direita,
sustentava que a pessoa possui direitos naturais e que não cabe ao Estado garanti-los ou
nega-los, mas simplesmente respeita-los. A educação é um dever da família que deve
escolher dentre uma variedade de opções de escolas particulares. Ao Estado caberia a
função de traçar as diretrizes do sistema educacional e garantir por intermédio de bolsas
o acesso às escolas particulares para as pessoas de famílias de baixa renda.
Na disputa que durou dezesseis anos, as idéias dos liberalistas se impuseram sobre as
dos estatistas na maior parte do texto aprovado pelo Congresso.
Estrutura
Possui 120 artigos, organizados da seguinte maneira:
Título I - Dos Fins da Educação
Título II - Do Direito à Educação
Título III - Da Liberdade do Ensino
Título IV - Da Administração do Ensino
Título V - Dos Sistemas de Ensino
Título VI - Da Educação de Grau Primário
Capítulo I - Da Educação Pré-Primária
Capítulo II - Do Ensino Primário
Título VII - Da Educação de Grau Médio
Capítulo I - Do Ensino Médio
Capítulo II - Do Ensino Secundário
Capítulo III - Do Ensino Técnico
Capitulo IV - Da Formação do Magistério para o Ensino Primário e Médio
Título VIII - Da Orientação Educativa e da Inspeção
Título IX - Da Educação de Grau Superior
Capítulo I - Do Ensino Superior
Capítulo II - Das Universidades
Capítulo III - Dos Estabelecimentos Isolados de Ensino Superior
Título X - Da Educação de Excepcionais
Título XI - Da Assistência Social Escolar
Título XII - Dos Recursos para a Educação
Título XIII - Disposições Gerais e Transitórias
Referências
ADRIÃO, Theresa & OLIVEIRA, Romualdo P. de (orgs.). Gestão, financiamento e
direito à educação: análise da LDB e da Constituição Federalre. São Paulo: Xamã,
2001.
FONTOURA, Amaral. Diretrizes e bases da educação nacional : introdução, crítica,
comentários, interpretação. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1968.
VILALOBOS, João Eduardo Rodrigues. Diretrizes e bases da educação: ensino e
liberdade. São Paulo: EDUSP, 1969.

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