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Evolução Histórica do Turismo

Curso de Técnico de Recepção


Formador: Paulo Fragata
Evolução Histórica do Turismo
IDADE CLÁSSICA

Período que vai desde os primórdios das


primeiras civilizações até à primeira metade
do século XVIII
Sumérios

• Invenção da moeda
• Desenvolvimento do
comércio
• Escrita cuneiforme
• Invenção da roda

Primeiras condições que possibilitaram a realização das


viagens
Romanos
• Cerca de 150 anos a.C. criaram a maior rede
de estradas (100.000 km), alguns dos traçados
ainda hoje são utilizados;
• Possibilidade de viajar mais de 100 km por dia
utilizando mudas de cavalos;
Romanos e Gregos
• Também por via marítima, há mais de 5000
anos, eram organizadas viagens pelo rio Nilo,
no Egipto, para visitar os vários templos que
existiam ao longo daquele rio.
Romanos e Gregos
• Viajavam para visitar os templos e as sete
maravilhas do mundo da área do
Mediterrâneo, em particular as pirâmides e os
monumentos do Egipto que ainda hoje
constituem uma das grandes atracções
turísticas do mundo.
Romanos e Gregos
• Pausanias (geógrafo e viajante grego)
escreveu “Descrição da Grécia”, que pode ser
considerado como o primeiro guia turístico,
indicando os diversos caminhos, as estátuas,
os túmulos, as ruas, os templos, os estádios,
os teatros, etc.;
• Junto dos templos gregos existiam
facilidades para pernoitar e
diversões como teatros e
estádios para eventos atléticos;
Romanos e Gregos
• Desenvolveu-se o espírito de hospitalidade, que passou a
ser um acto honroso, e institui-se a obrigação de receber
com bondade os estrangeiros que chegassem a uma
cidade;
• Com os romanos desenvolveram-se os Hospes
(estalagens), os Hospitium (Hotéis) e os Hospitalia
(Estalagens Públicas);
Romanos e Gregos
• Heródoto, o pai da História e o primeiro
grande escritor de viagens percorreu toda a
Grécia, norte de África, Sicília, Éfeso na
Turquia, Babilónia, Egipto, Líbia e Síria. Os
seus livros descrevem os países que visitou e
os seus costumes.
Cristãos
• A hospitalidade continuou a ser um dever e um direito
sagrado que devia ser concedida gratuitamente;
• No século IV foram abertas as primeiras casas de refúgio
para os viajantes e asilos, as Xenodochia;
Cristãos
• Uma das exigências do concílio de Niceia foi
que toda a cidade deveria possuir as suas
Xenodochias e os seus Hospitia, dos quais o
mais célebre foi o Hospice du Grand-Saint-
Bernard, estabelecido em 962, nos Alpes;
Cristãos
• As viagens tinham como principal razão as
peregrinações sendo célebres as que se dirigiam a
Santiago de Compostela, em Espanha, Canterbury,
em Inglaterra, à Terra Santa, na Palestina e a Meca,
na Arábia;
Cristãos
• No século XIV, existiam já guias de viagem que
forneciam aos peregrinos informações
detalhadas sobre as regiões que tinham de
atravessar e os tipos de alojamento que
poderiam utilizar;
• Para apoiar as peregrinações à Terra Santa
foram criadas diversas Ordens que
construíram centros de assistência aos
viajantes;
Idade Clássica
• As grandes viagens iniciam-se com Marco
Polo, que durante 24 anos, no século XIII,
percorreu o Oriente até à China.
Idade Clássica
• Com as Descobertas iniciadas pelos
portugueses e continuadas pelos espanhóis,
franceses, ingleses e holandeses chegou uma
nova era para o mundo das viagens;
Idade Clássica
• Os portugueses - percorrem toda a costa de
África e Mar Vermelho, chegam à Índia,
Tailândia, China e Japão, estabelecem-se em
Malaca e em Timor e descobrem o Brasil;
• Os espanhóis – chegam às Caraíbas, às
Antilhas e América Central e Sul.
• Os ingleses - descobrem a América do Norte.
Atracções turísticas da idade clássica
• Há mais de 5000 anos eram organizadas
viagens pelo Nilo para visitar vários templos;
Atracções turísticas da idade clássica
• Romanos e gregos viajavam para visitar os templos e as
sete maravilhas do mundo (Pirâmides de Gize, Jardins
Suspensos da Babilónia, Estátua de Zeus em Olímpia,
Mausoléu de Halicarnasso, Templo de Artémis em Éfeso,
Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria);
Atracções turísticas da idade clássica
• Jogos Olímpicos, Píticos, Ístmicos e Nemeus
ofereciam grande número de atracções
(produções teatrais, banhos termais,
competições atléticas e festivais);
Atracções turísticas da idade clássica
• Termas, iniciadas por Agripa, verdadeiros
centros de turismo (existiam em todo o
território imperial: Itália, França, Espanha,
Portugal, Inglaterra, Roménia,
Norte de África e Ásia Menor).
A idade clássica do turismo, que se prolonga
até ao século XVIII, caracteriza-se pelo facto
das viagens serem individuais e se
realizarem, predominantemente, por
necessidades fundamentais como o comércio,
as peregrinações religiosas, a saúde ou por
razões políticas e de estudo.
IDADE MODERNA
A partir de meados do século XVIII produzem-se grandes
mudanças, tanto do ponto de vista tecnológico, como do
ponto de vista económico, social e cultural, que
introduzem alterações significativas nas viagens.

Nesta época popularizam-se as viagens de recreio, entre


as camadas sociais mais abastadas, como forma de
aumentar os conhecimentos, procurar novos encontros e
experiências.
IDADE MODERNA
• Em França desenvolve-se a construção de estradas e de
redes de comunicação necessárias à circulação de toda a
espécie de carruagens puxadas a cavalo: diligências,
coches, carroças, etc.

• Os diplomatas, estudantes e membros de famílias ricas


inglesas faziam a Grand Tour (viagem de três anos, pela
Europa, com paragens obrigatórias em Paris, Florença,
Roma ou Veneza). Pela primeira vez passam a designar-se
as pessoas que viajam como turistas;
IDADE MODERNA
• Muitos dos grandes escritores da época dedicam alguns
dos seus livros às viagens (Montesquieu “Lettres
Persanes, Goethe “Viagem em Itália”, Stendhal
“Mémoires d’un Touriste”, Victor Hugo “Le Rhin”);

• Multiplicam-se os guias turísticos que fornecem


informações e conselhos úteis (Ebel “Manuel dés
Voyageurs en Suisse”, Hans Ottokar Reichard “Guide des
Voyageurs en Europe”, “Conseils aux Touristes”, “Le
Guide d’Espagne et Portugal”;
IDADE MODERNA
• O movimento dos ingleses para o continente europeu influencia o
desenvolvimento dos transportes, da hotelaria e da restauração;

• No século XIX, o progresso da ciência, a revolução industrial, a


multiplicação das trocas, o desenvolvimento dos transportes, em
particular do comboio e a transmissão de ideias com a generalização
da publicação de jornais, dão um novo impulso às viagens que
começam a encontrar a sua verdadeira identidade: um meio de as
pessoas se interessarem pelas particularidades de cada povo, pelas
tradições, pelo exotismo e por outros modos de vida e novas
culturas;
IDADE MODERNA
• Por volta de 1830, surgem na Suíça os
primeiros hotéis que começam a tomar o
lugar dos albergues e das hospedarias.
• São, sobretudo, as viagens dos ingleses que
impulsionam a hotelaria e, por isso, não é de
estranhar que muitos deles passem a ter
nomes ingleses: Hotel d'Angleterre, Hotel
Albion, Hotel de Londres,
Hotel Windsor, Carlton, etc.
IDADE MODERNA
• Surgem os primeiros hotéis alguns de cadeias ainda hoje
existentes como a Pullman e a Ritz;
IDADE MODERNA
• Foi em 1841 que nasceu o turismo organizado
com Thomas Cook. Este organiza a primeira
Viagem Colectiva com duração de um dia e
com 570 passageiros entre Loughborough e
Leicester para assistirem congresso de
médicos.
IDADE MODERNA
• As viagens organizadas de Thomas Cook, o
lançamento de uma nota circular, antecessora
dos travellers cheques, marcaram uma das
mais importantes etapas na história do
turismo e estão na origem do turismo dos
nossos dias;
IDADE MODERNA
• Em 1855 dá-se a primeira viagem internacional –
Great Exhibition.
• Em 1864 Thomas Cook organizou a primeira excursão
acompanhada no regime “tudo incluído” para 500
turistas – destino Suíça. Seguindo-se um ano depois
uma viagem no mesmo regime de Londres para os
E.U.A.
• Em 1867 a Agência de Viagens “Thomas Cook & Son”
emite o Voucher.
IDADE MODERNA
• Em 1840 nasce a primeira organização de viagens em
Portugal, a Agência Abreu;

• A primeira década do século XX caracterizou-se por


transformações e inovações que alteraram
profundamente os modos de vida: a descoberta do
telégrafo e do telefone, o alargamento da rede de
caminhos de ferro, a extensão das redes de estradas, o
grande desenvolvimento industrial, que todos conduzem
a uma maior democratização das sociedades e a novos
conceitos de vida;
IDADE MODERNA
• O tempo de trabalho diminui e alcança-se o
direito ao repouso semanal pelo que o
conceito de lazer surge como uma nova
noção;

• O turismo transforma-se num fenómeno da


sociedade, influencia o comportamento das
pessoas e começa a alcançar uma dimensão
económica sem precedentes;
IDADE MODERNA
• O reconhecimento da importância do turismo leva a
que quase todos os países da Europa criem
instituições governamentais com o fim de o
promover e organizar, sendo a Áustria o primeiro
país a fazê-lo;

• Em Portugal surge, em 1911, a Repartição de Turismo


de Portugal;
IDADE MODERNA
• Os grandes destinos turísticos são nesta altura
as estâncias termais, as estações climáticas da
montanha e com o lançamento da
helioterapia (banhos de sol), nascem as
estâncias balneares (Biarritz, Deauville, Miami,
Riviera francesa e italiana);
IDADE MODERNA
• A Organização Internacional de Trabalho estabelece o
princípio das férias pagas;
• Após a I Guerra Mundial e as evoluções aeronáuticas a
ela ligadas, surgem as primeiras companhias aéreas
comerciais (1918 Deutsche Lufthansa);

• Estão criadas as condições para o arranque do turismo


enquanto actividade económica, porém a eclosão da II
Guerra Mundial faz atrasar o seu avanço.
Neste período o turismo inicia a sua
expansão mundial, caracterizando-se pela
procura de diversão e descanso e pelas
viagens culturais.
IDADE CONTEMPORÂNEA
• O desenvolvimento dos transportes, o reconhecimento
do direito às férias pagas, a criação de organizações
nacionais e internacionais destinadas a promover o
turismo e as novas ideias levaram a que, a partir do inicio
do século XX, o turismo passasse a ser considerado como
uma actividade económica relevante.

• Até ao início da II Guerra Mundial, o turismo alcançou


dimensões significativas para, a partir daí, ter
praticamente desaparecido. Só a partir dos anos 50 e
aliado à fase de progresso económico e social é que o
turismo se desenvolveu e consolidou.
IDADE CONTEMPORÂNEA
A análise das alterações produzidas, mais do
que quaisquer outras considerações, deixam
perceber não só a natureza do turismo e
também as influências que nele exercem as
alterações que se produzem nos vários
domínios do saber e do conhecimento, mas
também que o turismo tem de ter
capacidade para dar resposta às necessidades
de cada época que aquelas alterações
determinam.
1945 a 1973
• Ascensão de um grande número de países à
independência;
• Produção mundial aumentou à média anual
de 5%;
• Crescimento de rendimento real por habitante
de 3%;
• Trocas internacionais multiplicaram-se por
seis;
1945 a 1973
• Os créditos internacionais, o capital, a
tecnologia e a mão-de-obra registaram uma
enorme mobilidade;
• Emergência de grandes multinacionais;
• Constituição de grupos económicos (CEE);
• Aumento dos dias de férias pagas dos
trabalhadores;
• Lançamento dos primeiros satélites e primeira
viagem à Lua;
Efeitos produzidos a nível do turismo
• Ao nível da procura registou-se um aumento do tempo livre, um
aumento do rendimento, uma transformação nas motivações
(necessidade de diversificação e diferenciação – necessidade de
compensar os desequilíbrios psicológicos ligados à vida
profissional pela evasão ao meio);

• Ao nível da oferta as viagens aéreas conheceram um


desenvolvimento rápido e as viaturas individuais tornaram-se
mais correntes. Os organizadores de viagens iniciaram a
produção em série de produtos de massa (período fordista)
tendo por base os transportes por avião fretado e as cadeias de
hotéis do litoral. Foi a célebre época dos 3 S: Sun, Sea and Sand.
Neste período, o turismo interno era ainda
um subproduto do turismo internacional nas
orientações das políticas turísticas, estando
todas as preocupações concentradas no
desenvolvimento do turismo internacional.
1973 a 1990
• Acentua-se a diferença entre o nível de vida dos países
em vias de desenvolvimento e dos países
industrializados;
• A crise ou choque do petróleo ocorrida em 1973 pôs fim
à era da energia a baixo preço.;
• As tensões políticas e o rápido aumento das despesas
militares intensificaram os problemas internacionais;
• Variações rápidas das taxas de câmbio e crise de
confiança no sistema monetário mundial;
1973 a 1990
• Afrouxamento do crescimento económico mundial,
diminuição da produção, acompanhados da
estagnação e do desemprego;
• Endividamento externo da generalidade dos países
atingiu um nível tal que abalou os fundamentos do
sistema financeiro internacional;
• O homem dá-se conta de que a sua actividade põe
cada vez mais em perigo o ambiente físico em que
vive, originando novas atitudes e novos
comportamentos dos consumidores;
Efeitos produzidos a nível do turismo
• O turismo mundial não se reduziu mas sofreu uma
alteração estrutural ao mesmo tempo que reduziu o
ritmo de crescimento;
• A distância e a duração das viagens encurtaram-se e as
formas de alojamento a baixo preço passaram a ser as
mais procuradas;
• Do lado da oferta multiplicaram-se os equipamentos
desportivos e de animação e surgiram novas formas para
a utilização dos meios de alojamento turístico em regime
de co-propriedade e de utilização periódica com carácter
de permanência;
Efeitos produzidos a nível do turismo
• O turismo interno passou a adquirir uma importância
cada vez maior com o consequente desenvolvimento de
equipamentos e promoção susceptíveis de enquadrarem
o turismo das pessoas no interior do seu próprio país;

• Passou a enfatizar-se menos o papel económico do


turismo para atribuir importância ao seu papel social,
político, ecológico, cultural e educativo. Passou a ser
encarado como uma das componentes essenciais da vida
do homem (identidade, valorização);
Efeitos produzidos a nível do turismo
• Relativamente à procura, houve uma redução ainda
maior da duração do trabalho diário e semanal, os
rendimentos reais diminuíram, porém sem renúncia às
viagens, que passaram a ser encaradas como um bem de
primeira necessidade (em contrapartida – férias mais
económicas e destinos mais próximos).
• No domínio das motivações destaca-se a procura de
programas de férias com a inclusão de actividades
culturais e desportivas.

Licínio Cunha (1997), Economia e Política do Turismo

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