You are on page 1of 31

DIREITO PENAL I

BIBLIOGRAFIA : DAMÁSIO, Bittencourt. Manual de Direito Penal. Vol. 1. SÃO PAULO :


MIRABETTI.

→ No primeiro período da história o homem atribuiam aos Deuses os infortúnios da vida.


O homem adorava aos deuses e os infortúnios da vida eram compensados com ofertas
aos Deuses.
→ As infrações cometidas pelo homem eram punidas as vezes com a morte de toda
família. Os homens acreditavam que o mal cometido por um membro da família sobrecaia
sobre todos os seus membros.
→ Lei de Talião : O homem passou acreditar que os crimes cometidos por um homem
deveriam ter punição da mesma forma que o crime cometido.
→ A evolução do Direito foi gradativa e lenta.
→ Na idade média, após o Iluminismo o Direito avançou de maneira mais humana. Por
meio de Cesari Beccaria, Dos Delitos e das Penas, surgiram os principíos básicos do
Direito Penal, principalmente em relação a pena.
→ No Brasil, logo após sua descoberta, os portugueses encontraram nos grupos
indígenas o Direito costumeiro. Não haviam regras pré – definidas de forma geral e
organizada. Cada grupo indígena adotava os seus próprios princípios.
→ No Brasil todo o Direito iniciou com as idéias importadas. Começando pelas
Ordenações Filipinas (código extremamente rígido que possuía inclusive a pena de
morte).
→ Por volta de 1822 (Proclamação da Independência) se estabeleceu a primeira
Constituição Brasileira que exigia a criação de um Código penal. Em 1830 surgiu então o
Código Criminal do Império; tendo adotado a Pena de Morte; existia uma proteção
especial para os menores de 14 anos e uma série de atenuantes.
→ Em 1890 surgiu o Código Penal → Evolui em relação ao anterior abolindo a pena de
Morte e deu caráter mais humano a Pena. Contudo, os crimes não eram bem
sistematizados neste código sofrendo várias críticas.
→ Consolidação das Leis Penais → Substituiu o Código penal de 1890 e em 1942 foi
finalmente constituído o Código penal que vigora até os dias atuais.
→O Código Penal atual necessita de um avanço para alcançar uma série de
comportamentos da sociedade civil atual que não são contempladas, pois, o código
reflete a realidade da época, não tendo acompanhado a evolução da sociedade.
→ Em 1969 aprovou-se um novo Código Penal que mesmo antes de entrar em vigor ele
foi revogado.
→ Várias tentativas foram feitas para alterar o Código. Em 1984 foi aprovado a lei 7.209
que alterou substancialmente a parte especial do Código. A prisão preventiva
compulsória foi afastada do Código. Os crimes em que a pena máxima fosse igual ou
inferior a um ano como exemplo, seriam transformadas em sanções diversas, tal como a
prestação pecuniária e não mais a perda de liberdade.
→ Miséria, distribuição de renda, problemas sociais, são produtores de marginalidade. E
o Estado ao invés de buscar soluções para tais problemas procura cada vez mais criar
Leis e novos métodos para coibirem, para reprimirem a criminalidade.

 Conceito de Direito Penal : A vida em sociedade é que passa a exigir a criação de


regras para regular a vida desta mesma sociedade. Daí surge o Direito Positivo, o

vitorlourenco@brasilvision.com.br 1
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
Direito Penal como a reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe
determinadas condutas sob a ameaça de sanção penal, estabelece ainda os
princípios de (....)
→ No Direito Brasileiro os loucos são considerados ininputáveis, não há Lei privativa de
liberdade que os possa imputar.
→ A finalidade do Direito Penal é a proteção do indivíduo. O homicídio é o crime mais
grave que existe no Direito penal. A vida é o patrimônio mais importante para o Direito
Brasileiro. (Tão importante que nem mesmo com o consentimento da pessoa a morte é
permitida).

 Fontes do Direito Penal → Subdividem-se em Fontes Materiais e Fontes Formais.


 Fonte Material → De onde se origina, onde o Direito Penal é produzido. De acordo
com a CF é princípio que somente a União pode legislar em matéria Penal.
 Fontes Formais → Através do qual o Direito se manifesta, se exterioriza.
 Fontes Formais Diretas → Princípio da reserva legal → somente a Lei pode
estabelecer penas.
 Fontes Formais Indiretas → Os princípios gerais do direito, os costumes, a doutrina, a
jurisprudência.

→ O costume não pode servir de base para incriminar o indivíduo → o costume não cria
crime, mas pode impedir inúmeras situações delituosas. O costume pode servir para
afastar as condutas que possam ser consideradas delituosas. Determinam uma série de
conceitos que variam de lugar para lugar, de região para região. Ex.: Lesão corporal : a
sociedade indígena tem o costume de furar os lábios ou a orelha, para os indígenas tal
fato não é tratado como lesão corporal. Já um pai de família de um centro urbano pode
vir estar cometendo um delito. O conceito de honra, geralmente os costumes que
determinam estes conceitos.
→O Direito Penal se relaciona com vários ramos de outras ciências : Filosofia do
Direito (estabelece princípios lógicos que determinam várias institutos do Direito Penal,
como por ex.: delinqüencia, imputabilidade, irresponsabilidade, dolo) , Teoria Geral do
Direito (Várias regras determinadas pela Teoria Geral do Direito são aplicadas no Direito
Penal.) Sociologia Jurídica (O Direito resolve comportamentos sociais e assim sendo a
Sociologia está diretamente ligada ao Direito Penal), Direito Constitucional (Vários
artigos da Constituição tratam do Direito Penal, Ex.: o artigo que determina que somente
a União pode legislar em matéria penal), Direito Administrativo (Decorre de pessoas
vinculadas a administração pública).
→ O Direito Processual Penal é um ramo autônomo do Direito Penal, é aquele que se
prevê as regras de como a ação penal deve ser desenvolver, como a sentença de ser
prolatada. O Direito Processual Civil é aplicado subsidiariamente ao Direito Penal,
naquilo que não está previsto no Direito Penal.. São através de suas regras que o Direito
se realiza.
→ A infração pode imputar ao indivíduo uma sanção civil ou uma sanção penal. Um
mesmo fato pode gerar ao indivíduo conseqüências civis ou criminais ou civis e criminais.
Vários conceitos aplicáveis ao Direito Civil são aplicáveis ao Direito Penal. Ex.: No caso
de homicídio o indivíduo responderá criminalmente pelo crime cometido e civilmente
numa ação de indenização pelos danos causados a família da vítima.

• Aplicação Legal do Código Penal → Princípio da Reserva Legal : Art. 1º : Não há


crime sem lei anterior que o defina, e não há pena sem prévia cominação legal. Por
vitorlourenco@brasilvision.com.br 2
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
esse princípio para que uma conduta seja considerada delituosa tem que existir Lei
anterior que o defina. Desse princípio da reserva legal fica assegurado que uma
conduta seja considerada crime, tem que estar prevista na Lei como tal, é o princípio
da anterioridade da Lei → uma conduta só é considerada como crime se estiver em
Lei que o defina anteriormente, se estiver tipificada em Lei (Lei anterior ao fato).

→ A Lei que define os crimes tem de ser clara, objetiva, para não dar sentido
contraditório ou gerar dúvidas em sua interpretação, a descrição da lei com relação a
conduta tem que ser a mais completa para que não dificulte sua compreensão.
→ Toda sanção penal possui parâmetros mínimos e máximos para que não fique ao
arbítrio do Juiz ou dos julgadores. Existem critérios para que os juizes dêem a sentença,
para fixe a pena, não podendo ultrapassar o máximo e nem tão pouco reduzir
excessivamente.

 Desse princípio da Reserva legal decorrem outros :


1. Intervenção Mínima : O Direito Penal não pode cuidar das coisas de menor valor. A
conduta só é contrária a Lei quando estiver prevista na norma. Podem existir muitas
situações que ferem um sentimento moral e as vezes legal mas que não chega a
constituir crime. Ex.: Dívida. Um indivíduo com um carro desgovernado invade uma
casa e derruba o muro; isso não será considerado crime, mas o mesmo responderá
apenas pelos danos causados a propriedade.
2. Princípio da Proporcionalidade → É aquele em que a sanção deve corresponder ao
desvalor da ação. Ex.: Se um indivíduo comete um crime a sanção será a prisão de 6
a 20 anos, se ele pratica lesão corporal a pena é de 3 meses a um ano, porque a
morte é um fato muito mais sério que a lesão. A sanção deve ser proporcional ao
delito cometido. Estabelece uma proporção entre o desvalor da ação e a respectiva
sanção penal.
3. Princípio da Humanidade → A sanção Penal não deve só se basear na retribuição
pela agressão praticada mas também deve constituir numa ajuda social visando a
recuperação do condenado.
4. Princípio da Culpabilidade → Estabelece que ao fixar a Pena o Juiz não pode se
basear unicamente no dolo ou na culpa do infrator devendo a Pena ser fixada em
razão da própria ação cometida, e não por defeito de caráter do agente (mau
caratismo). Pode ocorrer que um cidadão, mau caráter, cometer um crime em legítima
defesa, e pode um cidadão de bem, reconhecidamente de bom caráter, cometer um
homicídio com requintes de violência. O que não está no processo não está no
mundo. O juiz deve se ater aos autos do processo.

 Art. 5º da CRFB → Estabelece um elenco enorme de princípios que devem ser


observados na aplicação do direito penal.
 Privação da Liberdade → Ninguém será privado de sua liberdade e de seus bens sem
o devido processo legal.
 A Lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito.
 Aos litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados de forma geral
são assegurados o contraditórios e ampla defesa, todos os meios e recursos a elas
inerentes. Nenhuma pessoa pode ser condenada sem a ampla defesa e o
contraditório.
 Não será considerado julgado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória. (Presunção de inocência).
 Ninguém será preso se não em flagrante delito.
vitorlourenco@brasilvision.com.br 3
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
 A Lei só pode ser aplicada pelo juiz com jurisdição → atribuição e competência.

• Norma Penal → É uma Norma de Direito onde o estado manifesta sua vontade
definindo a proibição de certas condutas sob a ameaça de sanção. Estas Normas
Penais podem também estabelecer princípios gerais do direito e dispor sobre a
aplicação e limite das penas.
• Norma Penal → É a conduta proibida. A conduta de forma positiva → é a vontade do
estado; na Lei existe a forma positiva e na norma penal a prática proibitiva sob pena
de sanção. A lei descreve a conduta positiva : matar, subtrair, lesionar. A vontade do
Estado é exatamente o contrário, por isso a norma penal é a norma de direito através
da qual o estado manifesta a proibição da prática de determinadas condutas sob
ameaça da sanção penal.
• A Lei Penal não é só o Código Penal, existem muitas outras leis que são penais.
Existem leis de ordem puramente penal e existem outras leis que as vezes são
basicamente de ordem civil mas que contêm regras de direito penal.
• Ex.: Lei de Entorpecentes : lei eminentemente penal mas com alguns princípios da lei
civil. Lei de alimentos : é parte do Direito Civil e com alguns dispositivos penais. Lei
de Imprensa, Lei das contravenções penais.
• O Código Penal é apenas uma das leis penais, inúmeros são os diplomas que contêm
regras de direito penal.

→ A Lei Penal é a mais importante de um ordenamento jurídico porque protege os


valores de maior importância. Protege os bens mais importantes do indivíduo e as
agressões aos bens jurídicos mais importantes.
→ A norma penal é composta de duas partes :
1. Comando Principal ou preceito primário
2. Sanção ou preceito secundário.

→ Comando Principal é a descrição da conduta criminosa feita pela Lei.


→ A sanção é a pena aplicável ao infrator do preceito primário.
→ Ex.: Art. 121 → Matar alguém → Comando principal.
Pena → 6 a 20 anos → Comando secundário → Sanção

• A lei Penal apresenta algumas características :


1. Imperativa → Todos que a contrariam seus preceitos primários são submetidos a
sanção nela prevista.
2. Geral → Porque destina-se a todos, mesmo aos ininputáveis, que são sujeitos a
medidas de segurança.
3. Impessoal → Não se refere a pessoas determinadas.
4. Exclusiva → Porque somente ela pode definir crimes e as respectivas sanções.
5. Regula fatos futuros → Porque a Lei só aplica a fatos futuros. Só se aplica a fatos
pretéritos quando beneficiar o réu.

• CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS.

1. Norma Penal incriminadora → A norma penal incriminadora é a que descreve a


conduta criminosa e estabelece a pena. Estão no código penal em quase todos os
artigos da parte especial, a partir do artigo 121.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 4
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
2. Norma Penal não incriminadora → A norma penal não incriminadora se
subdividem em norma penal explicativa e norma penal permissiva.
→ Art. 23 → Não há crime quando o réu pratica um ato por legítima defesa, em estado
de necessidade, no cumprimento do dever, são normas permissivas. Ex.: Art. 128 →
Aborto não é crime praticado pelo médico quando para salvar a vida da gestante.
→ As normas explicativas é quando fornece elementos para esclarecer o conteúdo das
outras normas. Ex.: Art. 150 → crime de violação de domicílio : entrar ou permanecer
clandestino ou astuciosamente ou contra vontade expressa ou tácita a quem de direito
em casa alheia ou em suas dependências. § 4º : A expressão casa compreende qualquer
compartimento habitado, aposento ocupado de habitação coletiva, compartimento não
aberto ao público onde alguém exerce profissão ou atividade . § 5º : Não se compreende
instalação casa, hospedaria, estalagem, taverna, casa de jogo e outras do mesmo
gênero. Os dois parágrafos explicam o que significa casa para efeito do art. 150. Art. 327
→ Considera-se funcionário público para efeitos penais quem embora transitoriamente
embora sem remuneração exerce cargo, emprego ou função pública. Art. 63 → Explica o
que seja reincidência.

→ As normas não incriminadoras estabelecem princípios gerais e dispõem sob formas e


meios de aplicação da pena, vários dispositivos que definem como o juiz deve aplicar as
penas, o que deve ser considerado, quais os agravantes, quais os atenuantes.

• Existem também algumas normas penais classificadas como gerais ou especiais,


ordinárias ou excepcionais :
→ Gerais → vigoram em todo território nacional.
→ Especiais → Aquelas que se destinam a determinadas regiões.
→ Ordinárias → são aquelas que vigoram em qualquer situação.
→ Excepcionais → aplicáveis em situação emergencial, em tempo determinado.
→ Extraordinárias → em tempo determinado, situações determinadas. (Ex.: estado de
sítio, calamidade.)

• Norma Penal em Branco : Existem algumas normas penais que encontram-se


incompletas e dependem de outra norma jurídica para completar o seu conteúdo.
Pode estar prevista na própria Lei ou em outro diploma legal. Ex.: Existe na Lei
Penal : Deixar o médico de comunicar as doenças de notificação compulsória. Quais
são as doenças de notificação compulsória ? Existe um Decreto Federal que
completa a norma penal descrevendo quais são estas doenças. Crimes previstos na
lei de entorpecentes, Art. 16 → substâncias que causam dependência física ou
psíquica → um decreto federal determina quais são estas substâncias. Art. 12 → Ter
em depósito ou vender substância entorpecente que provocam dependência química
ou psíquica. Estas normas são completadas por outras.
• Norma Penal em Branco Contextual : Quando é completada por um próprio
dispositivo da lei penal. Ex.: É crime trazer consigo documento particular. Considera-
se documento particular todos aqueles tratados em outros artigos já previstos no
próprio código.

• Extratividade = Ultratividade e Retroatividade → quando a Lei sofre modificações


diz-se que a Lei é extrativa, é a extratividade da Lei que ora se movimento
retroagindo, ora permanecendo válida mesmo após ter sido revogada. A ultratividade
vitorlourenco@brasilvision.com.br 5
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
da Lei diz quando a Lei mesmo revogada se aplica a fatos ocorridos anteriormente. E
a Retroatividade é quando Lei nova surge retroagindo para alcançar o fato ocorrido
anteriormente. Portanto, estas situações ocorrem quando depois da ocorrência de
determinados fatos Leis diferentes surgem

→ Retroatividade da Lei Benigna


→ Ultratividade da Lei mais Benigna
→ Novatio Legis Incriminadora
→ Abolitio Criminis
→ Novatio Legis in Pejus
→ Novatio Legis in Melius

 Retroatividade quando a Lei retroage para beneficiar.


 Ultratividade quando a Lei posterior prejudica o réu ficará prevalecendo a lei anterior.
 A retroatividade é o fenômeno pelo qual a norma jurídica é aplicável antes do início
de sua vigência. E a ultratividade é a aplicação dela mesmo após a sua revogação.
 Art. 2º - Ninguém poderá ser punido por fato que lei posterior deixar de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória. § Único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitado em julgado. A retroatividade aplica-se mesmo que o fato já esteja julgado,
mesmo com sentença condenatória. Se o reú já esteja cumprindo a sua pena e surge
uma lei que o favoreça reduzindo sua pena, a este poderá ser aplicado esta nova lei
mais benéfica.
 Extratividade é a capacidade que a Lei tem de retroagir para atingir um fato ou
ainda mesmo revogada continuar sendo aplicada.

 Novatio Legis Incriminadora : Abolitio Criminis. → Nova Lei que cria tipo penal :
Exclusão do crime → A Lei nova descaracteriza situações que antes era previsto
como crime. A Lei nova afasta conduta que antes era previsto como crime.

 Novatio Legisl em Pejus : Novatio Legis In Melius. → É quando a nova Lei é
prejudicial ao agente e não pode ser aplicada. Decorre do princípio da reserva legal.

 Abolitio Criminilis → se aplica a qualquer tempo antes de terminada a execução da


pena, atinge todos os efeitos do crime; pessoa voltará a condição de primário, bom
antecedentes, só não afasta conseqüências de ordem civil.
 Novatio Legis In Melius → Aplica-se o princípio da irretroatividade da lei. Se várias
Leis surgirem em meio a um processo judicial será aplicada a Lei mais benéfica, a
mais benévola.
 Quando Lei Excepcional, a de prazo determinado, esta permanece prevalecendo
até mesmo após a sua revogação. → Art. 3º - C.P. → A lei excepcional ou temporária,
embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência.

→ Teorias do Tempo do Crime :

1. Atividade.
2. Resultado.
vitorlourenco@brasilvision.com.br 6
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
3. Mista.

→ Várias situações surgem e torna-se necessário se determinar o tempo para os efeitos


penais. O crime se considera onde o resultado dele se consumar.
→ O tempo do crime vai determinar a competência, a anistia, a prescrição, entre outros.
→ Essas teorias são resultados da doutrina penal. A teoria Penal estuda e apresenta
estas três teorias para explicar tempo do crime.

Ex.: Uma pessoa com 17 anos e 11 meses : Imputável ou não ? Se o tempo do crime, ou
o fato ocorrido foi quando ele ainda não tinha 18 anos ele será considerado ininputável.

→ Atividade → Momento do crime ou da conduta. Ação ou omissão.


→ Resultado → Afirma que o tempo do crime é quando ele se consumou. Quando
ocorre o resultado. (no crime de homicídio : a morte)
→ Mista → Considera o tempo do crime tanto o momento da conduta quanto o
resultado.

 Encontra-se no artigo 4º da Lei Penal estabelecendo como a teoria da atividade :


Art. 4º CP → Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.

→ Lei Penal no Espaço.

1. Territorialidade
2. Nacionalidade
3. Proteção
4. Competência Universal
5. Representação

• Com relação a Lei Penal no espaço destina-se a determinar os conflitos das Leis
entre os países diferentes e a sua aplicação.
• Em princípio a territorialidade é aplicada na Lei Penal Brasileira. Aplica-se aos fatos
ocorridos dentro do território brasileiro.
• Territorialidade → A Lei é aplicável nos fatos ocorridos num determinado País, no
Brasil, Lei Penal Nacional.
• Nacionalidade → A Lei aplicada deve ser a lei de origem do autor do fato, não se
considerando o local onde tenha ocorrido o fato → leve em conta a nacionalidade do
agente.
• Proteção → Aplica-se a Lei do País ao fato que atinge um bem jurídico nacional. Sem
levar em conta a nacionalidade ou o local onde foi aplicado. Ex.: Um estrangeiro
falsifica a moeda nacional, este crime será julgado pelas leis brasileiras.
• Competência Universal → O autor de um crime deve ser julgado e punido pela Lei
do País onde for encontrado.
• Representação → Aplica-se a Lei do País quando por deficiência legislativa ou
desinteresse de outro que devia reprimir o crime este não o faz dizendo respeito aos
crimes cometidos em aeronaves ou embarcações.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 7
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ Art. 5º - CP → Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízos de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Todo crime
praticado no território nacional deve ser apurado e punido segundo a Lei brasileira, sem
desconsiderar os tratados internacionais, convenções e princípios gerais. Basicamente é
a aplicação ao princípio de territorialidade.

• Conceito de Território para aplicação da Lei Brasileira : Território em sentido


material abrange o solo e o subsolo sem interrupção e com limites reconhecidos, as
águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo.
• Lei 8.617 → Art. 2º - Estende-se ao mar territorial ao espaço aéreo sobrejacente, e
ao solo e sub - solo.
• Mar, toda a área do subsolo do mar territorial e o espaço aéreo sobrejacente.
• Mar territorial → 12 milhas marítimas a dentro do oceano considerando como território
brasileiro. Manteve-se as 200 milhas brasileiras somente para efeitos econômicos.
• Em auto mar a Lei aplicável é a bandeira, desde que não alcance também o mar
territorial de outro país ou espaço aéreo.
• Para determinar este espaço aéreo existem também três teorias :
→ 1. Teoria absoluta liberdade do ar : todo espaço aéreo não deve ser de domínio de
nenhum país, devendo ser usado por todos os países.
→ 2. Soberania até os prédio mais elevados ou ao alcance das baterias anti – aéreas.
→ 3. Teoria sobre a soberania coluna atmosférica sobre o país sobrejacente : uma linha
imaginária sobre as 12 milhas. É a teoria aplicada pelo Direito Brasileiro.

→ Exceções as Teorias : Extraterritorialidade

→ Art. 5º, §1º → Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar.

→ Art. 7º, caput : Ficam sujeitos à lei brasileira embora cometidos no estrangeiro :
extraterritorialidade incondicionada → porque não prevê a Lei nenhuma condição para
que sejam punidos pela Lei Brasileira : I – Os crimes : a) contra a vida ou a liberdade do
Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estados, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a
administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil.

→ O parágrafo 2º → Trata-se de extraterritorialidade condicionada, porque determina


as condições para aplicação da Lei : §2º - Nos casos do Inciso II, a aplicação da lei
brasileira depende do concurso das seguintes condições : a) entrar o agente em território
nacional; b) ser fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime
incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não Ter sido o
agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não Ter sido o agente
perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a
lei mais favorável.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 8
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO :
 A sentença condenatória estrangeira para efeitos reicindência, não exigirá maiores
formalidades, bastando que seja apresentada ao Juiz uma certidão traduzida. Para
efeitos civis, esta sentença penal estrangeira terá de ser homologada pelo STF.
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas.
 No caso da pena : se forem da mesma espécie elas se compensam e se forem de
espécies diferentes servem para amenizar. Não pode haver 2 penas para o mesmo
crime.

→ O LUGAR DO CRIME → aplica-se as mesmas teorias da atividade, do resultado ou


da mista.
→ Art. 6º - CP → Considera-se praticado o crime lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado. Adotou a teoria mista ou da biovidade.

• INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL → a busca pelo sentido das palavras. Usa-se de


vários recursos a fim de que se encontre o verdadeiro sentido da Lei. Existem critérios
para se interpretar as Leis.
→ Antes do Iluminismo a interpretação das leis eram feita de acordo com o
entendimento de cada um, sem critérios, sem princípios, ensejando arbítrio dos
julgadores. A partir desta fase do Iluminismo foram desenvolvendo sistemas de
interpretação.
→ Interpretação é buscar o verdadeiro sentido da lei → o intérprete é o mediador entre o
que está escrito na Lei e a vontade dela → existem ciências que cuidam da interpretação
→ hermenêutica ou exegese, ciências ou métodos que se preocupam com a
interpretação das Leis.
→ Hermenêuta ou Exegeta → Pessoas que estudam a interpretação da leis.
→ Espécies → Quanto ao sujeito : autêntica, doutrinária, judicial e jurisprudencial.
 Quanto ao sujeito que realiza a interpretação :
 Autêntica : Realizada pelo próprio órgão de elaboração da lei. A própria Lei dá a
interpretação, somente a Lei ou quem a realiza pode realizar a interpretação. Ex.:
quando a Lei conceitua o que é funcionário público, quando conceitua o que é réu
reincidente, quando conceitua o que é casa para efeitos penais → trata-se de
interpretação autêntica contextual → conceitos textuais → quando está na própria Lei.
 Doutrinária : Feita pelos doutores, pelos jurisconcultos, é a mais simples, são as
obras que interpretam as Leis, os códigos. Ex.: Paulo Dourado Gusmão, Paulo Náder,
Damásio, Sérgio Cavalieri Filho, entre outros.
 Judicial : É a interpretação elaborada pelos juizes quando da aplicação da ao caso
concreto.
 Jurisprudencial : É a emanada dos tribunais através de suas decisões constantes
sob determinado assunto legal. Quando os tribunais apreciando um determinado
tema e decidem de uma mesma forma a questão reiteradas vezes , passam a
constituir as súmulas. As decisões do tribunais de forma constante sobre determinado
tema.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 9
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ A única interpretação que possui caráter obrigatório é a autêntica, a que emana do
texto da Lei. As demais não possuem efeito vinculante, as posições do supremo através
de súmulas não possuem ainda caráter obrigatório.

 Quanto ao meio empregado :

 Gramatical : É feita através de recurso do próprio vernáculo, da própria função


gramatical, do sentido gramatical da palavra. Muitas palavras no Direito penal podem
ter sentidos diferentes. Ex.: Invenção : Inventar é criar alguma coisa, e em direito
penal, invenção é achar. , Citação : citar é mencionar alguém, em direito penal, tem o
sentido de comunicar para responder, Fútil : Insignificante, em vão, em direito penal,
motivo fútil é a desproporção entre a provocação e a reação, tornando o crime muito
mais grave.
 Interpretação Lógica : É feito recorrendo-se ao sistema do código, o que pretende o
legislador regular com àquela Lei, o conjunto da norma instituída. Ex.: Artigos que
definem as formas qualificadas. É necessário se analisar todo o conteúdo anterior ao
capítulo. Art. 223 → Se dá violência resulta lesão corporal de natureza grave : Pena
— reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. O artigo lido separadamente não tem
significado. Mas este artigo vai se referir a todos os demais dispositivos : Art. 224 –
Presume-se a violência, se a vítima : a) não é maior de 14 (catorze) anos; b) é
alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância; c) não pode, por
qualquer outra causa, oferecer resistência.
 Teleológica : Visa o fim pretendido pela Lei. Muitas das vezes quando não se
consegue interpretar pelo meio gramatical ou lógico, torna-se necessário identificar o
que o legislador quis ao constituir uma determinada norma → Vis – legis : O fim.
Busca-se até mesmo a exposição de motivos do legislador.

 Quanto ao Resultado :

 Declarativa : Ocorre quando o texto da Lei não é ampliado e nem restringido


buscando-se apenas o significado oculto do termo ou expressão utilizado pela Lei.
Em várias passagens o C.P. afirma que : quando o crime é praticado por duas ou
mais pessoas.. Duas ou mais pessoas são várias pessoas ? Em princípio duas
pessoas são várias pessoas, mas no Direito Penal não o é, quando a lei diz duas
pessoas ela diz expressamente duas pessoas, portanto, entende-se que várias
pessoas serão mais de 3 pessoas.
 Restritiva : Ocorre quando tem que se reduzir o alcance da Lei para encontrar o seu
exato sentido. Tem várias disposições no Código Penal que generalizam e outros
dispositivos tratam destas normas generalizadas pelo C.P.

→ Ex.: Art. 332 : (tráfico de influência, abrangente, geral.)


Art. 357, exploração de prestígio → especifica alguns tipos de funcionário
público.

Art. 28, Inciso II → não diz que tipo de embriaguez (alcoólatra, patalógico,
fortuita) – é abrangente, geral.
Art. 26 → Define como ininputável o doente mental. A embriaguez do Art.
28 pode-se deduzir àquela que não decorre de condições patalógicas.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 10
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
 Extensiva : Ocorre quando se precisa ampliar o sentido ou o alcance da Lei. Ex.:
Bigamia → Poligamia : O CP condena pelo crime de bigamia, assim o sendo, deduz-
se que também o fará no caso de Poligamia. Art. 235 — Contrair alguém, sendo
casado, novo casamento. A Lei não fala em poligamia.

• Interpretação Progressiva → As transformações sociais, políticas, científicas para


obter o alcance da Lei. Ex.: o perigo de vida em 1940 tinha um alcance, nos dias
atuais é menor e mais raro. Doença mental, conceitos de honra, sedução.
• Interpretação Analógica : Parte de algumas situações definidas para alcançar a
generalidade, para alcançar situações semelhantes. Ex.: Art. 121 → Matar alguém :
Inciso I : mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Inciso III → com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.

 ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO → Pode-se recorrer a vários elementos para se


buscar o sentido da Lei, a vontade da Lei : sistemático, rubrica, legislação
comparada, conceitos extras jurídicos, história da Lei.

1. Sistemático → Lógico, buscar dentro do sistema da Lei, na forma da Lei. A lei é


dividida em Títulos, Capítulos, Seções, parágrafos. A forma de interpretação
sistemática recorre-se a este sistema.
2. Rubrica : Nome do delito : é importante a rubrica para entender o alcance do tipo
penal. Ex.; Art. 152 — Abusar da condição de sócio ou empregado de
estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar,
subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranhos o seu conteúdo. Fala em
suprimir correspondência : pela rubrica o crime só será tipificado para
correspondência comercial. Para correspondência particular temos o Art. 153 —
Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação
possa produzir dano a outrem.
3. Legislação Comparada : Exame da legislação da Lei pátria com a de outros países
que a influenciaram possibilitando melhor interpretação do feito legal. Ex.: O código
civil brasileiro possui muita influência do código civil francês. O código de processo
Civil foi muito influenciado pelo Código Civil Alemão.
4. Extras Jurídicos : Podem ser científicos, filosóficos, políticos, técnicos e que serão
utilizados para descobrir a vontade exata da Lei. Ex.: O conceito de veneno : química.
O conceito de doente Mental : Psiquiatria. O conceito de asfixia : pela medicina.
5. História da Lei : Todos os elementos que foram usados no processo de elaboração
da lei para levar o interprete desde o processo de sua elaboração, justificativas,
emendas, material legislativo.
→ Toda lei de maior alcance vem acompanhada de justificativas ou exposições de
motivo. No ante – projeto segue sempre com tais exposições e submetidos a votação e
as alterações do texto original. Estas servem de auxílio na interpretação da lei.

CONCEITO DE CRIME → Não há no código nenhuma conceituação de crime, ao


elaborar o código penal preferiu o legislador que esse encargo ficasse para a doutrina.
Os doutrinadores resolveram estabelecer critérios. Não há como se definir de uma única
maneira o crime e passou a ser definido pelo seu aspecto externo, ou seja, o efeito que o
crime externamente apresenta, denominando-se como conceito formal e analisando a

vitorlourenco@brasilvision.com.br 11
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
natureza do fenômeno decorrente do crime, a natureza do bem jurídico afetado,
estabeleceram um conceito que denominaram conceito material, e partindo dos
elementos que se compõem o crime partiram para um conceito que foi denominado
analítico..

→ Aspecto Formal → Pode o crime ser definido como toda ação ou omissão proibida
pela Lei sob ameaça de sanção. Este conceito é um conceito superficial
→ Conceito Material → É aquele que busca definir o crime tendo em vista o bem
protegido pela Lei. A conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico
protegido pela Lei Penal.
→ Conceito Analítico → Baseado nos elementos que se compõem o crime, em
princípio conceituava-se o crime como toda conduta anti – jurídica, típica, culpável e
punível. Com evolução do estudo do direito e tendo em vista outras teorias a respeito da
ação, esse conceito foi se modificando, porque chegaram a conclusão de que alguns
desses elementos em princípio não eram realmente elementos, mas sim, questões que
estavam ligadas ao crime mas que não chegavam a alterar a essência do crime. Ex.: O
elemento punível : para o doutrinador não existiria crime sem punibilidade, no entanto,
várias situações existem em que o crime ocorre e não há possibilidade de aplicar a
pulnibilidade.

 Punibilidade : Várias situações se apresentam em que o crime ocorre, contudo, não


haverá possibilidade de se atribuir uma sanção : Ex.: Um crime de furto praticado por
um filho contra o pai. Art.181 – É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
previstos neste título, em prejuízo : I – do cônjuge, na constância da sociedade
conjugal; II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo,
seja civil ou natural. Portanto, embora neste caso o crime de furto estaria tipificado,
perfeito, a conduta anti – jurídica, prevista no artigo 155, só que não vai se aplicar a
pena porque existe uma escusa absolutória prevista no art. 181.
 Causas de extinção da punibilidade : Existem várias situações além dessas em
que o crime se apresenta perfeito e a pena não é aplicável, são as causas de
extinção da punibilidade : Art. 107 : Extingue-se a punibilidade : I – pela morte do
agente; II – pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais
considera crime o fato como criminoso; IV – pela prescrição, decadência ou
perempção; V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes
de ação privada; VI – pela retratação do agente, nos casos em que a lei admite; VII –
pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos no
capítulos I, II, e III do Título VI da parte especial deste código; (...).

→ Punibilidade, portanto, não é elemento do crime é um pressuposto da aplicação da


pena. A possibilidade de aplicar-se a pena.
→ Culpável → Culpabilidade → A culpabilidade dizia-se também que era elemento do
crime, tal como, na punibilidade, em várias situações o crime se aperfeiçoa com todos os
seus elementos e a culpabilidade afasta o juízo de reprovação, e portanto, não estará o
autor da ação a sanção penal. Ex.: São várias as situações previstas no Código, uma
delas é a coação moral irresistível, quando uma pessoa pratica uma conduta mediante
uma coação moral irresistível ela não está praticando a conduta livremente, estará com
sua vontade viciada. Ela pratica a conduta com todas as suas conseqüências só que não
poderá ser submetida a sanção penal em razão do vício que incide sobre sua vontade.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 12
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ Conclusão : Punibilidade e culpabilidade não poderão ser tidas como elementos
do crime, ficando o conceito na sua forma analítica como sendo o fato sendo o fato
típico e anti – jurídico.

→ Definição de culpabilidade : A culpabilidade consiste na reprovabilidade ou


sensurabilidade de conduta, é um juízo de reprovação. Juízo de reprovação sobre o
comportamento do indivíduo.

CARACTERÍSTICAS DO CRIME → Para que exista um crime é necessário que o


indivíduo pratique uma conduta (ação ou omissão), sendo necessário que a conduta seja
típica, ou seja, que esteja descrita como infração penal na lei. E por fim, tem que ser anti
– jurídica, que é contrário ao direito, não estando amparada por causa excludente de
antijurisdicidade. Ex.: Causas de exclusão de ilicitude : Art. 23 do CP : Não há crime
quando o agente pratica o fato : I – em estado de necessidade; II – em legítima defesa; III
– em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito.

→ As características do crime sob o aspecto analítico são a tipicidade e a anti –


jurisdicidade.

→ Tipicidade é quando há uma adequação perfeita entre um fato concreto e a


descrição contida na Lei. Ex.: Expor ou abandonar recém – nascido para ocultar desonra
própria. A conduta para ser típica ela tem que se enquadrar perfeitamente na descrição
da lei.
→ Fato Típico → É o comportamento humano (positivo ou negativo) que em regra
provoca um resultado e é previsto como infração penal. Comportamento humano, ação
ou omissão que em regra provoca um resultado e que está descrito na lei. Nem sempre
um crime produz resultado, por ex., um crime de tentativa de homicídio ele não produz
resultado e não deixa de ser crime. Em regra o fato típico produz resultado mas não é
indispensável esse resultado para a existência do crime.
→ Fato Anti – Jurídico → É o que contraria o ordenamento jurídico. Qualquer fato que
contraria o ordenamento, a lei. A anti – jurisdicidade sob o aspecto penal é a
contrariedade entre o fato típico praticado e o ordenamento jurídico. O fato típico só
encontramos na Lei Penal.

REQUISITOS, ELEMENTOS E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME

• Requisitos Genéricos do crime são a tipicidade e a anti – jurisdicidade.


• Requisitos específicos do crime são os elementos, elementares ou circunstanciais.

→ Elementos Objetivos : Descrição Objetivo : A descrição objetiva do tipo.


→ Elementos → O verbo constitui o elementos principal de qualquer tipo penal, porque
ele descreve a conduta, tanto positiva, quanto negativa, é o núcleo do tipo porque é nele
que se está a determinação do comportamento do autor.
→ Além do verbo são considerados também considerados elementos do tipo as partes
que integram a relação jurídica, o sujeito ativo que é o autor, aquele que realiza o
comportamento, e sujeito passivo que é o titular do bem jurídico violado pelo
comportamento.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 13
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
• Existem outros elementos que se apresentam junto ao crime que são denominados :
elementos subjetivos e normativos.
→ Subjetivos → Consistem exatamente na motivação, podem ser o dolo, através do
comportamento visando um fim, ou dolo eventual que quando o indivíduo age embora
não querendo o resultado age no sentido de obtê-lo.
→ Normativos → São elementos que não estão diretamente declarados no tipo penal,
mas quer dizer do fim que levou aquele indivíduo a praticar aquele comportamento. Ex.:
Quando uma pessoa rapta uma pessoa para praticar fim, atos sexual, ato libidinoso, ele
comete um determinado crime, e quando o faz para obter vantagem econômica o crime já
passa a ser de seqüestro ou cárcere privado de acordo com sua natureza.

CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME → São dados que estão à volta do crime. Dados que
circundam o crime, aqueles que estão agregados a figura típica fundamental do crime,
que tem a finalidade de aumentar ou diminuir, suas conseqüências jurídicas
principalmente no que se refere a pena.

→ Circunstâncias agravantes e atenuantes : Circunstâncias agravantes são aquelas que


interferem para elevar a pena e atenuantes as que tornam a pena atenuada, reduzidas.
→ Todo crime praticado por pessoa menor de 21 anos ou maior de 70 pode ser
atenuada. A reincidência é uma circunstância agravante do crime a quem já tenha sido
condenado por outro.

TIPO PENAL → O Tipo Penal é a descrição concreta da conduta proibida, ou seja, do


conteúdo ou da matéria da norma. Quando se fala em tipo penal é a norma penal
incriminadora.

• Conduta Típica : A conduta típica é aquela que se adequa, que se aperfeiçoa a


descrição da lei, ao dispositivo contido na lei.
• Elementos do Fato Típico : São elementos do Fato Típico, a conduta, o resultado,
a relação de causalidade ou nexo causal e tipicidade. Para que uma fato seja
típico tem de apresentar todos esses elementos: que dá conduta advenha um
resultado, e por fim a tipicidade.
• Para informar o que seja ação (conduta) no Direito Penal : Teoria Causalista,
Finalista, Social da ação.
• Causalista ou Naturalista → Só o comportamento humano, quando a pessoa age já
está tipificando o crime cometido. Nesta teoria não se questiona a motivação do
crime. Ex.: O indivíduo desfere um soco em outro e a pessoa cai e bate com a cabeça
num meio fio e vem a falecer. Por esta teoria o crime já estaria tipificado como
homicídio, ao invés de ser classificado como lesão corporal seguido de morte, que
são diferentes no que diz respeito as sanções.
• Finalista : É a que questiona no comportamento do indivíduo o resultado por ele
pretendido. A motivação, é muito mais importante o resultado pretendido pelo indivíduo
do que a própria conduta. Ex.: uma arma de fogo e um pedaço de pau. Pode um pessoa
com um pedaço de pau desejar matar uma pessoa e outra com uma arma apenas feri-la.
• Teoria Social : O comportamento social da ação é determinado pela reprovação
social que a conduta social representa. Ex.: Só irá existir um crime se aquele fato
receber reprovação social.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 14
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
CONDUTA → Segundo a teoria finalista pode-se conceituar conduta como sendo a ação
ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade. Só o homem pode
praticar conduta criminosa. Pessoa Jurídica não pratica crimes, embora alguns preceitos
atuais, consideram alguns crimes ambientais àqueles cometidos por pessoa jurídica, que
estão sujeitos a prestação pecuniária.

→A conduta para que ela seja elemento do fato típico ela tem que provocar uma
conseqüência, é necessário que ela produza fatos externos. A conduta exige também um
ato de vontade dirigida a um fim e a manifestação dessa vontade, e que constituem seus
elementos.
→ O ato voluntário → para haver conduta é preciso que o ato seja voluntário. Basta que
o indivíduo haja com voluntariedade. Não configura conduta o ato involuntário. Não
constitui ato voluntário aquele de corrente de coação física irresistível.
→ Conduta Positiva → Quando o indivíduo age , atua. Ação é igual a comissão. Crime
Comissivo : crime praticado mediante ação, comportamento positivo. Crime Omissivo :
é aquele decorrente de uma conduta negativa, de uma omissão. Crime Comissivo por
omissão : apresenta um resultado decorrente de uma conduta positiva, mas que se
verificou em razão de abstenção de comportamento. Ex.: A mãe que tem o dever de
amamentar o filho, se o filho vier a morrer de inanição, a mãe estará cometendo um crime
comissivo por omissão, ela tinha o dever jurídico de agir e se omitiu da responsabilidade.

• Normalmente a conduta se traduz de uma conduta positiva, é o ato de agir, fazer,


crimes comissivos (matar, subtrair, causar prejuízos, causar lesão, constranger,
seduzir); e crimes omissivos são aqueles que o indivíduo age abstendo-se de fazer, de
um comportamento que lhe era exigido, (omissão de socorro, ocultar, deixar de fazer,
deixar de comunicar, omitir um dado comportamento.
• Crimes comissivos por omissão, quando o indivíduo se abstêm de um
comportamento que lhe era exigido e dessa abstenção produz um resultado que
normalmente advêm de um comportamento positivo, como por ex.: o funcionário da rede
ferroviária que é responsável por virar a chave que muda as linhas de trem, se por acaso
ele não o fizer poderá acarretar um grave acidente. Outro exemplo é a mão que deixa o
filho morrer por inanição, deixando de amamentá-lo. Nesses crimes por comissivos por
omissão o dever de agir pode decorrer de várias maneiras, várias situações inclusive
aquelas em que o indivíduo atua como agente garantidor do não resultado, aquele que
embora não obrigado ou imposto pela lei, ele assume essa posição sem nenhuma
determinação legal. Ex.: Grupo de escoteiros, o indivíduo responsável por um time de
futebol amador.
• Não importa em conduta voluntária atos resultantes de atos reflexos (involuntários), e
não será considerado conduta voluntária. Outros exemplos : sono, hipnose, sob efeito de
embriaguez completa. Podem ser considerados em alguns casos como casos fortuitos.

OBJETO JURÍDICO

→ Para que exista crime é necessário que algum bem jurídico seja atingido por ele. É
tudo aquilo contra o que se dirija a conduta criminosa. E o objeto do delito pode ser
classificado como objeto material e objeto jurídico.
→O objeto jurídico consiste num bem ou interesse protegido pela lei. Bem é tudo o
que interessa ao homem, tudo que satisfaz a necessidade do homem e o interesse é o
valor que este bem tem para o homem. Esse bem não precisa ser só de natureza
material, pode ser de ordem moral, espiritual. Ex.: No crime de lesão corporal o objeto é a

vitorlourenco@brasilvision.com.br 15
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
integridade física, no crime de homicídio é a vida. No crime de furto é o patrimônio, no
crime de roubo é o patrimônio e a integridade física lesada.
→ Nosso código é composto de vários títulos, capítulos, etc. e a ordem dos mesmos são
determinadas em função dos objetos jurídicos do crime, de acordo com a gravidade, a
importância. Ex. O crime que abre a parte especial é justamente o crime contra a vida,
que o bem maior.
→ Objeto material do crime é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta
criminosa. (Ex.: A coisa alheia no crime de furto, no homicídio é a pessoa humana, lesão
corporal é a pessoa.
→ Exame de corpo e delito, é tudo aquilo que está relacionado ao crime e que pode
servir de prova sobre a existência do crime. Ex.: Roupas, objetos, natureza dos
ferimentos, instrumentos usados na pratica do crime.

SUJEITOS DO CRIME

• Sujeito Ativo do crime é a pessoa que pratica a conduta descrita na lei. Só pode ser
o homem autor de crime; só o homem pode ser sujeito ativo de crime. Impossível
portanto, que pessoas jurídicas ou entes que não sejam humanos sejam sujeitos ativos
de crime. O homem pode praticar e normalmente age desse jeito, o crime é praticado por
uma só pessoa. Mas nada impede que, várias pessoas, duas ou mais pessoas se
reunam para praticar crimes, inclusive existem crimes em que a pluralidade de sujeitos
ativos é indispensável, é elemento do tipo, como por ex.: no crime de rixa, no crime de
bando ou quadrilha. Sempre quando o crime é praticado por várias pessoas, ou duas ou
mais pessoas praticam um crime diz-se que são co-autores ou participes. Num crime de
furto, com 3 pessoas, por ex., ingressem numa casa, estes são co-autores do crime. Se 2
deles entram na casa e 1 fica de fora vigiando, então os 2 que invadiram são co-autores
e o que não invadiu mas participa da conduta criminosa, ele é participe, e sua
responsabilidade é igual a do co-autor.
→ Capacidade geral para praticar crime existe em todos os homens, é toda pessoa
natural independente de sua idade, capacidade psíquica. Obviamente que posterior ao
crime é que irá se apurar se o agente é ininputável ou não.
→ Várias denominações recebem o sujeito ativo, e essa denominações mudam de
acordo com a evolução do fato até o julgamento final ou até mesmo quando ele se
encontra condenado e cumprindo pena : o sujeito ativo de um crime é o agente que
praticou o crime, depois que o ocorre o crime ele passa a condição de indiciado. Iniciada
a ação penal com o oferecimento da denúncia pelo promotor, o sujeito passa a
denunciado; recebida a denúncia, e começando a ação passa a ser denominado acusado
ou réu, podendo levar essa designação até ao final do processo, e após a sentença vem
as denominações : sentenciado, condenado, e depois, caso recorra da sentença,
apelante ou apelado, após a decisão definitiva, recluso se condenado ou detento.
→ Na linguagem jurídica não se refere ao denunciado como criminoso. Na linguagem
jurídica estes termos delinqüente, criminoso, assassino, não estão corretos.
→ Capacidade Penal do Sujeito Ativo : traduz-se num conjunto de condições que se
exige para que uma pessoa possa tornar-se titular de Direitos e Obrigações no Direito
Penal.
→ Incapacidade Penal : é aquela de corrente por atos praticados por entes inanimados
e por animais, não existindo capacidade penal também por parte dos mortos, mesmo as
pessoas jurídicas, ainda que existam nos crimes ambientais uma sanção prevista a
pessoa jurídica, mas por ser a sanção de natureza pecuniária alguns doutrinadores não a

vitorlourenco@brasilvision.com.br 16
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
entendem como sanção penal, portanto, em princípio pessoa jurídica não pode ser sujeito
ativo em crime.
→ Segundo a doutrina existem alguns crimes que exigem alguma qualidade especial do
sujeito ativo e podem ser denominados de crimes próprios e de mão própria. Então em
princípio os crimes são comuns, qualquer pessoas pode praticá-los, mas alguns crimes
exige uma determinada qualidade do sujeito ativo, e dependendo dessa qualidade os
crimes são próprios ou de mão própria.
→O Crime Próprio é quando ele pode ser praticado por determinada categoria de
pessoa Ex.: O crime de infanticídio, que é : Art. 123 : Matar, sob a influência do estado
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Notificação de doença
compulsória, “Deixar o médico de comunicar”, Funcionário Público no crime de peculato,
“apropiar-se o funcionário público...”, somente o funcionário público pode praticar este
crime previsto no artigo descrito.
→O Crime de Mão Própria são aqueles que somente podem ser praticados por
determinada pessoa, a pessoa tem que ser determinada, ela não pode pedir que outra
venha agir em seu nome. Ex.: Prestar testemunho falso, o médico que dá atestado falso,
o perito que elabora um laudo pericial falso.

• Sujeito Passivo é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta


criminosa. O que sofre as conseqüências do fato criminoso. O sujeito passivo não precisa
ser necessariamente uma única pessoa, podendo ser cometido contra duas ou mais
pessoas. (Ex.: assalto a bancos, assalto a um estabelecimento comercial). O roubo
quando resulta em morte : latrocínio, que no caso é um crime só.
→ Qualquer infração ocorrida ofende os interesses do Estado, porque ele é o principal
agente garantidor da segurança e da paz pública. O estado é sujeito passivo constante
dos crimes. Mas não impede que em determinados crimes não o Estado figure como
Sujeito Passivo Eventual, quando um bem jurídico seu protegido pela lei é violado.

 Crime Vago : Porque não há determinado o sujeito passivo. Diz que o sujeito passivo
é a coletividade. (Ex.: Ato obsceno, crimes contra o respeito aos mortos, violar
sepultura, vilipêndio do cadáver, o necrófilo.
Existem alguns crimes também que exigem uma qualidade especial do sujeito passivo,
como por ex., os crimes de estupro só pode ser praticado contra mulher, o crime de
rapto, só pode ser praticado contra mulher, o crime contra recém nascido só pode
ser praticado contra recém nascido.
→ A pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo do crime, mas pode ser sujeito passivo de
alguns crimes. Pode a pessoa jurídica ser sujeito passivo de crime contra a honra, pode-
se praticar crime de difamação contra pessoa jurídica. Está previsto, por ex., na lei de
Imprensa a possibilidade de se praticar crime contra a pessoa jurídica.

TIPO SUBJETIVO E OBJETIVO

→ Tipos Objetivos é o composto de elementos objetivos, portanto, na descrição do tipo


penal : ele contêm a descrição da conduta que normalmente vem através de um verbo,
tem-se o sujeito ativo, passivo, objeto material e outros elementos que naquela hipótese
são exigidos. Ex.: Não existe nenhuma condição especial, ou seja, “matar alguém”, não
há descrição especial para conduta.
→ Tipos Subjetivos → Alguns crimes contêm os elementos denominados normativos e
se referem a situações que exigem certa valoração especial do agente, porque além dos
elementos objetivos normais contêm ainda elementos que exigem essa auferição, essa
vitorlourenco@brasilvision.com.br 17
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
valoração por parte do agente, em vários crimes as palavras “injustamente”,
“indevidamente”. Além da conduta objetiva e necessário que a pessoa saiba que aquela
conduta é indevida, é injusta. Ex.: Devassar indevidamente correspondência alheia. É
indispensável para a realização desse crime que a pessoa saiba que ela está
devassando indevidamente a correspondência do outro.
→ Além dessa carga subjetiva de elementos normativos e do dolo e da culpa que em
todo crime tem que existir, ou seja, qualquer conduta tem que estar coberta do dolo ou da
culpa para que ela seja considerada relevante. Alguns crimes exigem uma especial
finalidade no atuar do agente, para que o crime se aperfeiçoe, costuma se dizer que são
os elementos subjetivos do injusto. Ex.: Art. 219 do CP : Raptar mulher honesta mediante
violência, grave ameaça ou fraude, para fim libidinoso.
→ Além de elementos subjetivos normal que é o dolo e culpa,. exige essas especiais
finalidades → elementos subjetivos do injusto.

INFRAÇÃO PENAL

→O Direito Penal estabelece exatamente na sua parte especial, os tipos penais que
descreve as infrações penais: no código penal, cuida-se de um tipo de infração penal que
são exatamente os crimes, mas existem outros tipos de infração penal : contravenção
penal. (Ex.: o jogo, portar armas, dirigir sem habilitação). Não se pode afirmar que
contravenção penal é delito, que alguém está praticando crime de contravenção penal,
pois, são inteiramente diferentes. Infração Penal é o gênero, e a espécie é o crime ou
delito e contravenção Penal.
→ Infração Penal é : podem ser : crime ou delito e contravenção penal; não existem
diferenças de conceitos entre crime e contravenção penal porque ambas as condutas
constituem uma ameaça ou violação do direito a uma pessoa.
→ A única coisa que as difere e a sanção penal, para determinados crimes as sanções
penais para o crime são mais rigorosas do que para as contravenções penais. Não há,
portanto, conceitualmente nenhuma distinção entre crime e contravenção a não quanto a
gravidade dela e a natureza da sanção penal.
→ Contravenção penal são as que violam bem jurídico de menor valoração, e são
apenados de maneira menos rigorosa que aos crimes.
→ Aos crimes normalmente são dirigidas as sanções que consistem em pena :
Reclusão, detenção e multa. Sendo que a multa será sempre cumulativa ou substitutiva.
Não há crime nenhum em que a sanção penal consista unicamente em multa, não há
nenhuma previsão na lei em que o crime cuja a sanção seja tão somente a pena de
multa, pena pecuniária. No entanto, em várias situações encontra-se a sanção de pena
de reclusão e multa. Existem algumas hipóteses em que o juiz pode substituir a pena de
reclusão. Ex. Art. 155, §2º - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel : (...) §2º
- Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.
→ Todas as penas inferiores a 6 meses o juiz pode substituir a pena privativa de
liberdade por multa.
→ Na contravenção penal : a sanção poderá ser prisão simples e/ou multa. Não há pena
de reclusão ou de detenção para as contravenções penais. As contravenções penais
também são conhecidas como crime anão, crime pequeno

CRIME INSTANTÂNEO E CRIME PERMANENTE

vitorlourenco@brasilvision.com.br 18
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ Crime instantâneo é aquele que uma vez consumado está encerrado. (Ex.: Lesão
corporal, homicídio, furto, roubo). Não há necessidade do resultado ter que ocorrer
concomitantemente com a conduta, a instantaneidade não é a de que a conduta
praticada o resultado venha logo sem seguida, quando se consumar ele estará
encerrado, não irá se prolongar, como por ex.: uma pessoa atira na outra, não é
necessário que ela morra no momento do tiro, pode vir a morrer depois. A grande maioria
dos crimes que exigem resultado são considerados crimes instantâneos.
→ Crime Permanente é aquele que a consumação se alonga no tempo, a consumação
se protai no tempo, se estende, continua Ex.: Extorsão mediante seqüestro, desde o
momento em que a pessoa foi tirado de sua liberdade o crime já se consumou e vai se
prolongando até o término do caso ou com a recuperação da liberdade ou solução do
caso; outro exemplo violação de domicílio, desde o instante que a pessoa ingressa em
casa alheia e desde o instante que é pedido para que ela saia, enquanto este fato não
ocorrer o crime está se consumando.
→ Esta distinção entre crime permanente e instantâneo é importante porque é ela que
vai determinar quando o autor do crime está em situação de flagrante delito.

CRIMES SIMPLES E COMPLEXO

→ Crime Simples é aquele em que o tipo penal é único e ofende apenas a um bem
jurídico. A maioria dos crimes são dessa origem. (Ex.: matar alguém, caluniar, difamar,
injuriar)
→ Crimes Complexos são aqueles que contêm dois ou mais tipos numa única figura
penal, ou então numa só figura típica consta um tipo simples acrescido de fatos ou
circunstâncias que em si mesmo não são típicos. Ex. crimes de roubo (subtrair coisa
alheia, mediante violência que é lesão corporal, e ameaça que é constrangimento legal, o
crime de estupro; é constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, para
manter conjunção carnal, essa conjunção em si é o fato que não constitui tipo penal, mas
praticado mediante violência ou grave ameaça é um crime complexo.

→ CRIMES COMISSIVOS → são aqueles praticados através uma conduta positiva,


através de um atuar, fazer. São a grande maioria dos crimes previsto no CP. Ex.:
Homicídio, Furto, Roubo, todos os crimes que o verbo, o comando do tipo, determina
uma ação positiva.

CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS

→ Crimes Omissivos Próprios ou Omissivos Puros são aqueles que têm sua
descrição objetiva com uma conduta negativa. Não fazendo o que a lei determina. É
exatamente uma abstenção de comportamento que manda que o indivíduo aja.
Transgressão do dever de agir. Ex.: Quando o tipo penal tem um verbo : Ocultar, Deixar,
Omitir.

→ Cremes Omissivos Impróprios São aqueles em que a omissão consistem na


transgressão do dever jurídico de impedir o resultado. Nesse tipo de crime a omissão
decorre do dever jurídico de agir para impedir o resultado. O médico tem o dever jurídico
de atender, de prestar assistência. Outro exemplo é o de “agente garantidor” é o sujeito
que tem por obrigação evitar o resultado.

DO RESULTADO JURÍDICO E NATURALÍSTICO

vitorlourenco@brasilvision.com.br 19
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ O resultado naturalístico é aquele que produz uma modificação no mundo externo.
Ex.: Um furto, um roubo, um homicídio, lesão corporal, o resultado produziu uma
modificação.
→ Existem crimes que não prescindem de resultado naturalístico, que não há
necessidade dessa modificação externa para que o resultado se verifique e o crime se
consuma. Como o fato típico depende do resultado a lei deve de se adequar e a doutrina
criou o resultado jurídico que consiste justamente na ameaça ao bem jurídico.
Passa a Lei a satisfazer-se simplesmente com a ameaça ao bem jurídico para que o
resultado se aperfeiçoe.

→ O resultado naturalístico pode ser físico, fisiológico e psicológico.


1. Físico : Furto, Roubo, Dano.
2. Fisiológico : Lesão, Morte.
3. Psicológico : É o medo no crime de ameaça, é o sentimento moral nos crimes contra
a honra.

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO RESULTADO

1. Materiais : Quando para a sua consumação a lei exige a verificação do resultado


pretendido pelo agente, que consiste na lesão do bem. Todos em que o agente visa o
resultado esse resultado advém. Ex.: Homicídio, Roubo, Furto, Aborto.
2. Formais : É aquele que, embora exigindo a lei a vontade do agente se dirija a
produção do resultado, que é a lesão do bem, não é necessário para a consumação
que esse resultado se verifique. Ex.: Crime de ameaça, a pessoa ameaçada de
morte. Crime de corrupção passiva : Art. 317 : “solicitar ou receber, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumí-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”
3. Mera Conduta : É aquele sem resultado, o tipo objetivo não descreve resultado e
nem é necessário ocorrer. Satisfaz nesse caso a Lei com a simples conduta. Ex.:
Crimes de invasão de domicílio, Prática Obscena, Crime de

→ Outra forma de classificação de crime quanto o resultado é o Crime de dano e de


Perigo.

CRIME DE DANO → ë aquele que se consuma com a efetiva lesão do bem jurídico
visado. Ex.: O homicídio, a morte, Lesão corporal a lesão, no crime de furto a coisa
subtraída.

CRIME DE PERIGO → Ocorre quando o crime se consuma com a simples situação de


perigo criado para o bem jurídico. O bem jurídico ameaçado de sofrer uma lesão. Ex. :
Não ... Subdividem-se em individual e comum.

CRIME DE PERIGO INDIVIDUAL → É quando essa ameaça da de lesão é dirigida a uma


pessoa ou a um número de pessoas ou grupo determinadas. Ex.: Art. 130 à 136.

CRIME DE PERIGO COMUM → É quando visam o interesse jurídico de pessoas


indeterminadas. Ex.: A partir do Art. 250.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 20
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

Absolutamente independente pré – existente Art. 13, caput.


Em relação a conduta do su- concomitante
jeito.
superveniente

CAUSA : Relativamente independente


Em relação a conduta do su-
Jeito. Pré – existente Resultado
Concomitante imputável,
Art.13, caput

Superveniente Art.13, §1º

→ Nexo Causal → É o terceiro elemento do fato típico; para compreendermos o que


seja nexo causal devemos partir do comportamento humano, da conduta, decorrente dela
o resultado. Nexo causal é a relação que existe entre a conduta e o resultado. É o liame
que liga a conduta ao resultado.
→ Quando ocorre um fato a primeira coisa que se deve saber é a causa do fato, mas a
causa não é o motivo, mas o que provocou o resultado. Por Ex.: Se uma pessoa é
encontrada morta, temos de identificar o que provocou a morte e a partir dessa a
identificação passa a investigação de quem produziu àquela causa, o autor do crime.
→ Causa é a ligação que existe entre um fato numa sucessão de acontecimentos que
pode ser entendida pelo homem. Várias teorias existem a respeito para determinar-se
“causa” :

1. Teoria da causalidade adequada : Por essa teoria entende-se que causa é toda
condição mais adequada para produzir o resultado.
2. Teoria da Eficiência : Causa é a condição mais eficaz na produção do evento.
3. Teoria da relevância jurídica : É tudo o que concorre para o evento ajustado à figura
penal ou adequado ao tipo.
4. Teoria da equivalência das condições : Todas as condições que concorrem para o
evento são causas deste. Essa teoria da equivalência das condições é a mesma da
teoria da conditio sine Qua nom.

→ O nosso C.P. (Código Penal) adotou a teoria da equivalência das condições. Conditio
Sine Qua Nom. Art. 13 : “O resultado de que depende a existência do crime somente é
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido. Adotando-se, portanto, a teoria da “conditio sine qua nom” ,
teríamos que, tudo o que contribuiu para o resultado deve ser considerado causa dele.
→ Análise do elemento subjetivo : Elemento subjetivo — o dolo ou culpa — quando
esses elementos se interrompem, pode-se chamar de interrupção do nexo causal. Ex.:
Um indivíduo deseja matar uma pessoa, procura por um amigo que consciente da
vontade do indivíduo o ajuda de alguma forma a obter a arma que será usada no crime.
Nesse caso, há cumplicidade. Diferente seria se esse mesmo indivíduo procurasse uma
loja e nela adquire o instrumento causador do crime, neste caso, o vendedor não
concorre para o evento e seu resultado. Diz-se que é causa do evento quando não se
pode tirar determinada situação sem prejuízo para o resultado final do fato.
vitorlourenco@brasilvision.com.br 21
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ Aprimorando-se a teoria da conditio sine qua nom ficou estabelecido que as causas
anteriores somente serão consideradas quando cobertas dos elementos subjetivos dolo
ou culpa. O raciocínio que se faz é hipotético, excluindo-se aquilo que não é
indispensável para produzir o resultado, aquilo que puder ser eliminado não é
considerado “causa de”.
→ Causa e com causa → A com causa dentro desse processo onde concorrem várias
causas, a com causa é a que preponderaria sobre as demais. No direito atual não existe
causa que prepondere sobre a outra, todas que concorrem são consideradas com a
mesma importância.
→ Numa primeira análise do art. 13, o resultado que depende a existência do crime
somente é imputável a quem der a causa, disso decorre que essa relação de causalidade
só existe nos crimes materiais, nos crimes que dependem de resultado. Se não existir o
resultado naturalístico não irá existir uma relação entre a causa e o efeito.
→ Nos crimes formais e de mera conduta, com a simples conduta já fica estabelecido a
causalidade. Portanto, a causa é o comportamento humano. Ex.: Quando uma pessoa
ofende alguém ou pratica um ato obsceno, basta que a pessoa atue, a causalidade é o
comportamento.
→ Nos crimes omissivos próprios, ou puros, não existe relação de causalidade, porque
da omissão não resulta nenhum resultado. A causa dos crimes omissivos estão
exatamente, quando o indivíduo tinha de agir e não o fez, uma simples abstenção de
comportamento do indivíduo a causa já decorre. A lei exige um comportamento positivo,
no momento em que o indivíduo não o cumpre, a causalidade já está determinada.
→ O § 2º do art. 13 estabelece o seguinte : A omissão é penalmente relevante quando o
o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem :
a) tenha por lei ou obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma,
assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior,
criou o risco da ocorrência do resultado. Todas essas hipóteses cuidam dos crimes
comissivos por omissão. Ex.: A mãe, o pai, o tutor, o curador, pessoas que tem o dever
jurídico de cuidar dos filhos, dos tutelados, etc. Bem como, nas hipóteses do agente
garantidor.

• Quando duas ou mais causas concorrem para o resultado, sendo necessário a


análise partir de uma das causas. Ex.: Um indivíduo próximo a morte por ingestão de
veneno, mas em meio ao fato um outro indivíduo desfere sobre ele vários tiros. Trata-se,
portanto, de uma causa absolutamente independente e pré-existente a conduta do
agente. Nesse caso a situação do agente responderá pelo resultado, e o que deu o
veneno responderá por tentativa de homicídio; a causa determinante da morte foram os
tiros, o que consumou o fato. Houve nesse caso a antecipação do resultado; mudou o
tempo ou a forma com que o crime ocorreu.
• Absolutamente independente são aqueles que estão absolutamente sem relação com
a conduta do sujeito, e relativamente são aqueles que decorrem, que estão ligados a
conduta do sujeito de forma relativa. Ex.: Um indivíduo é ferido com um golpe de faca na
cabeça, é levado para o hospital, e atendido. Fica internado, e por um infortúnio o teto
desaba sobre ele e vem a morrer.
• Exemplo de conduta pré – existente absolutamente independente da conduta do
sujeito : João dispara sobre José um tiro, e este vem a falecer posteriormente, não em
conseqüência do tiro, mas em razão da ingestão de veneno que fora dado como causa
morte.
• Exemplo de causa concomitantemente (ao mesmo tempo) absolutamente
independente : José fere João no mesmo momento em que o sujeito morrer
vitorlourenco@brasilvision.com.br 22
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
exclusivamente de colapso cardíaco, não tendo o disparo contribuído em nada para a
morte do indivíduo.

→ Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito o problema é


resolvido pelo caput do art. 13 : Há exclusão da causalidade de corrente da conduta, nos
exemplos a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do agente,
em face disso ele não responde pelo resultado morte, mas sim, pelos atos praticados
antes de sua produção; se a causa pré – existente, concomitante ou superveniente,
produz por si mesmo o resultado, não se ligando de forma alguma com a conduta em
relação ao evento, ela é uma não causa, uma não causa do resultado.
→ Exemplo de causa pré – existente relativamente independente em relação a
conduta do sujeito : João golpeia José que é hemofílico, que vem a falecer em
conseqüência dos ferimentos a par da contribuição da sua particular condição fisiológica;
o estado anterior do sujeito, pré – existente, é o que determinou a causa morte.
→ Exemplo de causa concomitante relativamente independente : João desfere um
tiro em José no exato instante em que José sofre um colapso cardíaco, ficando provado
que a lesão contribuiu para o êxito do resultado.
→ Causa superveniente relativamente independente : Num trecho do percurso, um
ônibus acaba colidindo com um poste depois de deixar os passageiros, um deles, já fora
do ônibus e ileso sofre com a queda de um fio de alta tensão provocando-lhe a morte
com a descarga elétrica. Aplica-se o §1º do art. 13 : A superveniência de causa
relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado;
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. No caso se o motorista
tivesse agido com culpa e provocado qualquer lesão ao passageiro enquanto estes
estivessem dentro do ônibus responderia pela morte, contudo, neste caso, os
passageiros já haviam deixado o ônibus ilesos, portanto, não respondendo pela causa
morte.

 Damásio : Nos dois primeiros exemplos as causas hemofilia e colapso cardíaco não
excluem a linha de desdobramento físico desenvolvido pelas ações; de modo que os
agentes respondem pelo resultado morte. Não é para ser aplicado o caput do art. 13 uma
vez que trata, a contrario senso, das causas absolutamente independentes, naqueles
exemplos não se pode dizer que as causas de forma exclusiva produziram o resultado.
No terceiro caso o agente não responde pela morte do passageiro, mas somente pelos
atos anteriores se previstos como infração penal; e aí que se aplica o disposto no § 1º do
art.13, vez-se que as causas pré – existentes e concomitantes quando relativamente
independentes não excluem do resultado; as causas supervenientes quando
absolutamente independentes faz com que a ação anterior não seja “conditio sine
qua nom” do resultado. Por ilação do próprio art. 13, caput, quando relativamente
independente, sendo que por si só produziu resultado, exclui a imputação, respondendo o
agente pela prática dos atos anteriores.

• Quando a causa superveniente decorre de desdobramento físico necessário ou não :


o indivíduo sofre uma lesão na rua e é conduzido para um hospital; lá tem de submeter a
uma cirurgia para reparação; sofre na cirurgia um choque anafilático e morrer. Nesse
caso o agente irá responder pelo resultado morte, porque a cirurgia era necessária para
corrigir o ferimento decorrente da agressão. Há uma ligação imediata ao fato.

CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO

vitorlourenco@brasilvision.com.br 23
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ CONSUMAÇÃO : O crime consumado ocorre quando todos os elementos descritos
no tipo foram satisfeitos, quando nele reúnem todos os elementos de sua definição legal
(art. 14, I, do C.P.). Ex.: No crime de homicídio ele consuma com a morte, no crime de
estelionato com o prejuízo à outrem, nos crimes de mera conduta com a prática da ação
proibida.
→ Ocorre também que existem alguns crimes que a conseqüência extrapola o que seria
necessário para o crime se consumar; isto significa exaurimento do crime, ou seja, o
crime produz o seus efeitos além daquele necessário para a sua consumação. Ex.: o
crime do art. 159 do C.P. se consuma com o seqüestro da vítima, a obtenção eventual do
resgate é mero exaurimento de um crime que já estava consumado. O crime de
corrupção passiva — quando o funcionário público solicita alguma vantagem para praticar
ato no exercício da função — quando o funcionário faz a solicitação, o crime já está
consumado; o recebimento da vantagem é exaurimento do crime. São aqueles crimes
acompanhados dos verbos solicitar, exigir, etc.
→O momento consumativo varia de crime para crime : nos crimes permanentes a
consumação começa quando a pessoa é tirada de sua liberdade e vai até o momento em
que a pessoa é posta em liberdade. Nos crimes materiais é por produção do efeito
naturalístico; nos crimes formais com a prática da conduta, nos crimes culposos com o
resultado, nos crimes omissivos eles se consumam quando a pessoa deixa de agir.
→ Crimes Habituais → Crimes habituais são os que exigem habitualidade, com
reiteração seguida da conduta; como no crime de exercício ilegal da medicina ou no
crime de manutenção de casa de prostituição.

• TENTATIVA : O crime percorre um caminho, as etapas ou as fases do crime são


denominadas iter criminis, que se divide em duas fases : interna e externa.
• Fase interna : Cogitação
• Fase Externa : Atos preparatórios, atos de execução e consumação.

→ Cogitação → O autor do crime não chega a produzir nada materialmente com relação
ao crime; cogitar é imaginar, pensar. Esta fase é ininputável. Apenas a cogitação quando
exteriorizada, como no caso da ameaça pode ser considerada punível.
→ Atos Preparatórios → Quando a pessoa inicia a reunião das condições e dos meios
para a prática do crime. Também os atos preparatórios, em princípio, não são puníveis.
Os atos preparatórios são considerados equívocos, não concludentes, não claros sobre a
finalidade da ação.
→ Atos de Execução → Os atos de execução é quando o autor inicia o ataque ao bem
jurídico protegido pela lei; esse ataque ao bem jurídico não precisa ser direto, basta ser
colocado em perigo o bem jurídico para que seja considerado ato de execução. A
tentativa do crime começa com o ato de execução. Ex.: No furto : Imagina-se que
duas pessoas ingressem numa residência com a idéia de furtar; enquanto estão no
interior da residência sem tocar em nenhum objeto, caracteriza-se apenas como invasão
de domicílio, não tendo executado o furto.

→ TENTATIVA : Realização incompleta do tipo penal. Quando iniciada a execução, não


se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade, pois, o indivíduo não age na
tentativa do crime, na tentativa do homicídio, na tentativa do furto; ele age no sentido de
matar, de agredir, de furtar, etc. Sendo que em meio a sua ação surge alguma
interferência que impede o autor de consumar o crime. Não existe dolo tentado.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 24
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
→ Com relação a tipicidade → Não existe tipo próprio de crime tentado; salvo
raríssimas situações previstas na lei. Ex.: quando preso tenta fugir com uso de violência
(evadir ou tentar evadir). É direito de todo preso buscara a liberdade, exceto se usar a
força, a violência; a busca da liberdade é um direito. No C.P. existe a definição do crime
consumado. Como se faz para classificar uma tentativa de homicídio ou roubo ? Usa-se o
artigo 121, referente ao crime de homicídio, combinado com o art. 14, Inciso II. Na
tentativa de furto, artigo 155, na forma do artigo 14, Inciso II, e assim por diante. E a pena
? É a mesma pena para o crime consumado reduzida de 1 a 2 terços, constante no
parágrafo único do art. 14. Valendo para sua definição o grau de lesão provocado pelo
crime; quanto mais o autor se aproxima da consumação menor será a dedução.
→ Concurso de Agentes : quando há concurso de agentes, se com relação a um ficou
o crime na fase tentada e com relação ao outro o crime se consumou, mesmo aquele que
não conseguiu ou desistiu de levar até o fim o crime, responderá também pelo crime
consumado.

• A Tentativa pode ser Perfeita ou Imperfeita.

→ Tentativa Perfeita : Também denominada de crime falho. Ocorre quando o agente


pratica todos os atos de execução mas o resultado não ocorre. Ex.: Um indivíduo atira em
outra pessoa para matar e posteriormente a vítima é socorrida e salva.
→ Tentativa Imperfeita : Quando o autor iniciado os atos de execução, alguma situação
externa o impede de prosseguir na execução. Ex.: O indivíduo vai atirar em alguém para
matar e é impedido por outro ou um motivo qualquer.

• Crimes unissubsistentes : crimes unissubsistentes são os que, na prática


costumam ser realizados com um só ato, como a injúria verbal; esses crimes não
admitem tentativa.

→ Normalmente nos crimes complexos, eles costumam se consumar quando todos os


crimes de que eles se compõem também estejam consumados.

• Desistência Voluntária (Art. 15, C.P. ) → O agente que voluntariamente desiste de


prosseguir na execução só responde pelos atos já praticados. Antes de consumado o
crime o agente desiste por sua própria vontade respondendo apenas pelos atos
praticados até o momento em que desistiu da execução. Se um indivíduo desiste do
crime mas o co-autor ou partícipe o consuma, o que desistiu vai responder pelo crime
consumado, pois, a desistência voluntária depende de que o crime não se consuma.
• Arrependimento Eficaz → Quando o agente pratica todos os atos de execução,
esgotados os atos, o próprio agente toma providências para que o resultado não se
produza. Ex.: age com arrependimento eficaz quem ministra o antídoto que neutraliza em
tempo o veneno dado anteriormente a vítima. O arrependimento eficaz se relaciona com
a tentativa perfeita. Da mesma forma esse arrependimento tem de ser voluntário, e o
agente também responde pelos atos praticados até o momento do arrependimento.
• Arrependimento Posterior → Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços (art. 16,
do C.P.). Ex.: Crime de estelionato, de furto. No arrependimento posterior o crime já está
consumado.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 25
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
 Crime Impossível : Não se pune a tentativa quando, pr ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime (art. 17 do
C.P.). Ineficácia absoluta do meio é quando o meio usado para a prática do crime é
ineficaz. Ex.: o indivíduo usa de uma arma que não possui munição, ou com as cápsulas
deflagadas. Impropriedade absoluta do objeto : atirar num cadáver, pensando tratar-se de
pessoa viva. Furtar dinheiro do bolso de quem não tem dinheiro.
 Caso Fortuito e Força Maior → O caso fortuito é a força maior não constituem
conduta voluntária, e se não constituem conduta não podem ser considerados elementos
do fato típico. Caso fortuito são todos as ações que fogem ao controle do agente. Pode-
se entender como caso fortuito, um simples espirro, quando um veículo quebra a barra de
direção, ou fura um pneu, provocando acidente. Força maior é quando uma força maior é
exercida sobre o comportamento do sujeito fazendo com que ele aja ou deixe de agir.
Ex.: na coação física irresistível, um indivíduo pode segurar uma outra e força-la perfurar
alguém mediante sua força superior, pode um indivíduo amarra alguém impedindo-o de
agir.

• TIPICIDADE → É quando o fato se adequa ao tipo penal, a descriç ão contida na lei.


A tipicidade exige que o fato preencha inteiramente a descrição da lei, não basta apenas
os elementos objetivos, tendo de satisfazer os elementos objetivos, subjetivos e
normativos.

→ A tipicidade pode ser direta e indireta. A tipicidade é direta quando existe uma
adequação típica direta, quando fato se enquadra no tipo penal sem necessidade de
recorrer a outra norma; e indireta quando que, para que ocorra esse perfeito
enquadramento o tipo penal tem que ser completado, combinado com alguma outra
norma geral, ocorre, como p.ex., na tentativa ou no concurso de agentes (artigo 29, C.P.).

→ Tipo Penal é a lei descrevendo a conduta proibida. O tipo penal tem 2 funções
primordiais : a primeira é a garantia, porque assegura o princípio da legalidade; só
existirá crime se a conduta se adequar a descrição do tipo; a segunda é a
antijuridicidade; em princípio, toda conduta típica será anti – jurídica, pois, nem toda
conduta anti – jurídica são típicas, mas em princípio todas as condutas típicas são anti –
jurídicas. Ex.: Um indivíduo assiste a um fato em que outro desfere vários tiros me
alguém. De início está-se diante de um homicídio previsto no art. 121; contudo, se no
curso das investigações constatar-se de que o autor dos disparos teria agido amparado
por um estado de legítima defesa, ou estado de necessidade, estrito cumprimento do
dever legal, a conduta típica deixará de ser anti jurídica, porque são excludentes da
antijuridicidade.

→ Existem algumas espécies de tipo penal : tipos abertos, fechados, normais, anormais,
em que a diferença de lês são que, nos tipos fechados, a conduta é mais fácil de se
determinar como típica, p.ex., matar alguém, subtrair coisa alheia ou móvel, contudo,
quando o tipo passa a exigir alguma situação especial, como p.ex., definir mulher
honesta, os crimes culposos também são tipos abertos, porque a conduta é lícita, só
deixando de ser se do resultado advir algum dano.

• ATIPICIDADE → Quando o fato não se ajusta a descrição prevista na lei; é a


ausência de tipicidade, inadequação típica. A atipicidade pode ser absoluta ou
relativa, a atipicidade, ou inadequação típica absoluta é quando o fato, mesmo que
imoral ou ilícito não se encontra enquadrado na lei. Ex.: Prostituição não é crime, fugir ou
evadir da cadeia sem violência ou apoio de terceiros não é crime, prática da pederastia,
vitorlourenco@brasilvision.com.br 26
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
dano culposo. A inadequação típica relativa é quando aparentemente a conduta preenche
o tipo penal; mas que falta-lhe um detalhe para que a tipicidade se torne perfeita.

• Requisitos genéricos do crime, são a tipicidade e a antijuridicidade, todo crime tem


que ter a tipicidade e antijuridicidade, se não existirem um ou outro, obviamente a
conduta será excluída como crime.

• Requisitos específicos do crime, são os elementos do crime (subjetivos, objetivos e


normativos), e elementares ou circunstâncias elementares. As circunstâncias
elementares são as que estão em torno do crime, do comportamento criminoso.
Circundam o crime influindo na sanção penal.

→ Estas circunstâncias podem ou não existirem. Se existirem podem influenciar para


mais ou para menos na pena a ser aplicada. Se, p.ex., Art. 121 : Matar alguém : Pena –
reclusão, de 6(seis) a 20 anos. Se não existir nenhuma circunstância elementar o crime
continuará sendo o do art. 121, contudo, se o crime é cometido, contra o pai, o crime será
do art. 121 de homicídio, mas surgirá um agravante previsto no Art. 61 : São
circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime : e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Existem muitas
circunstâncias que agravam e outras que atenuam a pena; no caso de atenuação temos,
como, p.ex., o homicídio cometido por alguém em decorrência de um tumulto que ele não
praticou, ou um indivíduo que comete um crime por relevante valor social.

 Circunstâncias → São dados objetivos e subjetivos que fazem parte do fato natural,
agravando ou diminuindo a gravidade do crime sem modificar-lhe a essência.
 As circunstâncias do crime se dividem em judiciais e legais, e as legais se
subdividem em genéricas e específicas : As circunstâncias estão previstas no art. 59,
várias situações em que o juiz quando for aplicar a pena deve obrigatoriamente analisar
tais situações. A partir destas que o juiz irá aplicar a sanção penal. As circunstâncias
legais genéricas são as que estão previstas na parte geral do código; aplicam-se a todos
os crimes em que aquela situação existir, consistem em caso de aumento ou diminuição
de pena, agravantes e atenuantes. Ex.: Art. 16, diminuição de pena, arrependimento
posterior; a redução prevista no art. 14, no art. 21. As agravantes e as atenuantes
também são genéricas e estão previstas no art. 61, no art. 62, nos art. 65 e 66.

→ As circunstâncias legais específicas estão na parte especial do código e são aplicadas


aos crimes onde estão especificadas. Podem ser qualificadoras e também causa de
aumento ou diminuição da pena, previstas na parte especial e aplicáveis a determinados
crimes. O art. 155, caput. Tipo fundamental, não havendo nenhuma circunstância que
interfira o crime será de furto simples; mas, se este furto ocorrer durante a noite, o
parágrafo primeiro prevê uma circunstância que é causa de aumento de pena, no
parágrafo segundo é de diminuição de pena; furto privilegiado, no parágrafo terceiro uma
nova explicativa, e no parágrafo quarto, cuida do furto qualificado, furto com
circunstâncias de qualificação.

→ A diferença de qualificadora para causa de aumento de pena : sempre que a lei falar
em aumento ou diminuição de pena, ela usa a fração : A pena será aumentada de 1/3, de
1 a 2/3, ou será reduzida de 1 a 2/3, e para as qualificadoras usa números determinados,
inteiros, de 1 à 4 anos, de 6 à 12 anos.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 27
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
• CONFLITO APARENTE DE NORMAS → Existem algumas teorias que procuram
resolver esta questão. O princípio da especialidade, a subsidiaridade, consunção
(absorção) e alternatividade. Para que haja esse conflito é necessário que haja um só
fato criando esse conflito e depois, duas ou mais normas que poderão aparentemente
identificar aquele fato como crime.

(1) Princípio da Especialidade → Ocorre quando a norma geral é derrogada pela


norma especial. Alguns crimes existem em que os elementos são especiais em relação a
outro. Ex.: Matar alguém, crime de homicídio; mas se se mata alguém após o parto, o
crime já é de infanticídio. O crime cometido previsto no art. 134 é especial em relação ao
do art. 133. Os crimes de calúnia, art. 138; se o crime for cometido por meio da imprensa,
já não será o aplicado pelo art. 138 do C.P., mas o art. 20 da Lei nº 5.250, Lei de
Imprensa.
(2) Princípio da Subsidiariedade → Consiste na anulação da lei subsidiária pela
norma principal. O crime subsidiário é aquele que se situa como um fato reserva ao fato
principal. Art. 132 do C.P., perigo a vida ou a saúde de outrem. No crime de estupro, não
se praticando o estupro, pode ocorrer de ficar caracterizado o constrangimento ilegal.
(3) Princípio da Consunção ou Absorção → Consiste na anulação da norma que já
está integrando outra. Nesse caso a norma de menor importância e absorvida pela de
maior importância. Uma conduta mostra-se como etapa para a realização de outra
conduta. EX.: As lesões corporais são consumidas pelo homicídio, o crime consumado
absorve o crime tentado, o dano absorve o perigo.
(4) Princípio da Alternatividade → São aqueles tipos penais que descrevem duas
ou mais formas de conduta, e o indivíduo responderá por um só crime. Ex.: O indivíduo
que instiga e também auxilia o suicídio, come um só crime. O art. 12 da Lei 6368, Lei de
Entorpecentes, descreve diversas condutas que constituem crime : importar, exportar,
transportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor a venda, etc.,
são diversas condutas que conduzem a um só crime, tráfico de entorpecentes.

• DOLO E CULPA

• Para que ocorre um crime não basta que a conduta seja adequada a descrição
contida na Lei, indispensável é que o agente atue com uma carga de subjetividade para
que o crime exista; não existe em nosso direito responsabilidade objetiva, que é aquela
que não perquire dos motivos, da razão, não se indaga do elemento objetivo. E os
elementos subjetivos do crime são o dolo e a culpa.
• Um indivíduo efetua disparos de arma de fogo contra alguém : em princípio temos um
crime. Contudo, primeiro deve ser verificado se ocorreu a antijuridicidade, se a conduta
não está protegida por alguma causa excludente de antijuridicidade e depois o que levou
o agente a proceder daquela maneira. Se ele agiu com consciência, com vontade
dirigida aquele ato, se agiu sem cautela para provocar os disparos, se foi um ato
acidental, caso fortuito ou força maior. Portanto, se o agente agiu com vontade
direcionada ao resultado, trata-se de um crime doloso, se agiu por falta de cautela,
por falta de cuidado objetivo no seu procedimento será crime culposo, se agiu de
uma forma acidental, fortuito ou de força maior, não haverá ilícito penal.
• Quando se fala em culpa, é a culpa lato sensu, no sentido mais amplo da palavra,
abrange o dolo e a culpa estrito sensu. A culpa lato sensu é aquele conceito de que a
pessoa agiu com responsabilidade penal. Ela se divide em dolo e culpa estrito sensu.
• Art. 18 do C.P., Incisos I e II : Existem três teorias que procuram explicar o dolo. A
teoria da vontade, da representação e do consentimento. O C.P. no Brasil adotou a teoria
vitorlourenco@brasilvision.com.br 28
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
da vontade que significa que o crime resulta de uma ação consciente, e o agente age
com vontade direcionada a um fato a um resultado. A teoria da representação afirma
que o dolo é a simples previsão do resultado e a teoria do consentimento é aquela
em que o indivíduo, embora não agindo com vontade ele pode agir assumindo as
conseqüências que aquela conduta pode provocar.
• No art. 18, I, Crime Doloso : “doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu
o risco de produzi-lo”. Este inciso descreve o que seja dolo direto ou eventual. Dolo
Direto, quando o agente quis o resultado, e Dolo Eventual, ou assumiu as
conseqüências com aquela conduta.
• Dolo Direto : Diz-se que o dolo é direto quando o indivíduo age com consciência e
vontade dirigida a um fim. Dolo Eventual : O indivíduo age, não quer o resultado, mas
com sua conduta assume o risco de produzir o resultado. Embora aparentemente
diferentes, mas para o C.P. possuem o mesmo peso na aplicação da pena. (Ex.: Dolo
eventual, a prática de pegas de carro, a roleta russa.)
• Dolo Indireto : É aquele que não é definido, não é preciso, nesse pode estar o dolo
alternativo, que é quando um indivíduo age, pratica a conduta e sua vontade não está
dirigida a um só fim, podem ocorrer dois ou mais resultados, mas qualquer resultado que
ocorra ele se satisfaz. Tanto faz um resultado quanto outro.
• Dolo de Dano ou Dolo de Perigo : O dolo de dano ocorre quando o agente age com
a vontade de causar uma lesão ou ameaça, e o dolo de perigo quando o indivíduo age
com a vontade de expor alguém a uma situação de perigo.
• Crime Culposo : O parágrafo único do art. 18, tem-se uma descrição do crime
culposo : praticamente todos os crimes descritos na lei penal são crimes dolosos em
princípio; só existirá modalidade culposa desses crimes quando expressamente a norma
declarar o crime culposo. Ex.: No crime de homicídio existe : parágrafo 3º, diz que o
crime for culposo, se o homicídio for culposo; no art. 129, parágrafo 6º - se as lesões
forem culposas. Art. 312 – Peculato, parágrafo 2º : se o funcionário concorre
culposamente para o crime. Art. 250, parágrafo 2º : se culposo o incêndio, a pena é de
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Art. 180, Receptação : adquirir, receber,
transportar, conduzir, ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto
de crime, ou influir para que terceiro, de boa – fé, a adquira, receba ou oculte. No
parágrafo 3º : adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso.
• O artigo 18, Inciso II : Não há no C.P. uma definição do que seja culpa, no art. 18,
inciso II, diz que é quando o agente age com imprudência, negligência ou imperícia. O
conceito é extraído da doutrina, e todos mencionam : crime culposo é a conduta
voluntária que produz resultado antijurídico não querido mas previsível e
excepcionalmente previstos que com a devida atenção podia ser evitado.
• A primeira coisa para se determinar um crime culposo é sobre o atuar do agente; a
conduta no crime culposo não enseja numa manifestação ilícita; normalmente a conduta
do crime culposo é lícita, ela só terá alguma repercussão quando dela advir um resultado
por imprudência, negligência ou imperícia. E para isso deve-se determinar como a
pessoa age com negligência, imprudência ou imperícia.
• Cuidado objetivo necessário : É aquele que toda pessoa normal, coerente, deve ter
em todos os atos de sua vida. Quando a pessoa falta com esse cuidado objetivo dará
ensejo há uma das modalidades de culpa.
• Elementos do crime culposo são : a conduta, a falta do dever de cuidado
objetivo ou necessário, o resultado lesivo e involuntário, a previsibilidade e a

vitorlourenco@brasilvision.com.br 29
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
tipicidade. A pessoa quando age com culpa não quer produzir resultado; a
previsibilidade e o sentimento comum, todos prevêem que tal fato pode vir a ocorrer e o
agente não o prevê. E a tipicidade é que sua conduta seja adequada ao tipo penal.
• Não há crime de dano na forma culposa; no art. 163, não existe dano na forma
culposa.
• MODALIDADE DE CULPA : Imprudência, Negligência ou Imperícia.

1. Imprudência : A imprudência ocorre quando o agente age sem cautela, de forma


afoita, precipitada, indo além do que devia ou necessário, o indivíduo procede mais do
que o normal. Ex.: O indivíduo deve dirigir de forma moderada, correndo, estará numa
velocidade além do que devia. Um indivíduo pega um objeto pesado e joga pela janela
atingindo alguém que passa, ele responderá culposamente.
2. Negligência : Na negligência o indivíduo age com indiferença, com inércia, e nas
situações que devia agir com cautela não o faz por displicência ou preguiça mental, faz
menos do que devia, ele omite, deixa de tomar o cuidado que devia. Ex.: O indivíduo que
deixa uma arma ao alcance de uma criança. O dever de cuidado que tem o pai e a mãe,
o agente garantidor.
3. Imperícia : Age com imperícia quem não tem capacidade, falta de conhecimentos
técnicos no exercício de determinada arte ou profissão, não levando o agente em conta o
que sabe ou deve saber. Só determinadas pessoas é que podem praticar esse crime.
Ex.: o médico, o engenheiro, estas categorias de profissionais podem agir com imperícia.
O motorista profissional que ultrapassa um sinal e atropela alguém, age com imprudência
e imperícia.

 CULPA CONCIENTE E CULPA INCONSCIENTE


• A culpa inconsciente ocorre quando o agente não prevê o resultado que é
previsível; é a culpa normal.
• A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas acredita
sinceramente que não ocorrerá; a culpa consciente por vezes é difícil de se definir, ela e
o dolo eventual estão muito próximas. No dolo eventual previu o resultado e foi a frente
assumindo o risco, e na culpa consciente prevê o resultado mas acredita que tem
condições de agir sem que o resultado viesse acontecer. Ex.: O indivíduo caçando com
um amigo, este se coloca entre a caça no momento em que o indivíduo vai atirar, mesmo
assim o indivíduo atira na caça acreditando que não irá atingir a seu amigo.
• A culpa pode ser grave ou lata, culpa leve e levíssima. A determinação desses
graus de culpa está exatamente na falta de cuidado que quanto maior for a inobservância
desse cuidado mais grave será a culpa, e quanto mais forem previsíveis os resultados
também mais graves será a culpa. Ex.: Um indivíduo que dirige em alta velocidade numa
rua movimentada e um outro que dirige da mesma forma numa pista sem movimento.
• Quanto um crime admite uma forma culposa }

→ CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE : Toda conduta típica em


princípio é antijurídica, contudo, ocorre alguns casos em que essa antijuridicidade é
afastada, são as causas excludentes da antijuridicidade. Existem também fatos
antijurídicos que não são típicos, possuem uma carga enorme de antijuridicidade mas
não são típicos e assim não são considerados penalmente, são indiferentes penais.
→ As causas que excluem a antijuridicidade podem ser legais e supralegais. As legais
estão previstas na lei penal e as supra – legais são as que, embora não previstas na lei, o

vitorlourenco@brasilvision.com.br 30
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615
senso comum não as reprova, certos comportamentos, certas condutas, aplicando-se
regras informadas pelo costume, pela analogia e pelos princípios gerais do direito.
→ Existem muitas situações em que não estão contidas na Lei, não se esgotam nas que
estão na lei, são permissivas, são normas que autorizam o indivíduo agir. No artigo 23
existem 4 tipos de causas de exclusão de antijuridicidade, encontra-se também em
alguns crimes outras causas próprias. Os costumes, a analogia e os princípios gerais do
direito, não podem influenciar no direito para criar condutas criminosas, mas podem
ampliar as situações de excludentes de antijuridicidade. Existem muitas situações que
não estão previstas na lei mas que são reconhecidas socialmente e assim são causas
supralegais, além da lei. Ex.: O pai que abre indevidamente correspondência de um filho;
furar orelha pra colocar brinco; o pai que ministra remédio para o filho sem consulta
médica.
→ As causas excludentes de antijuridicidade podem também ser denominadas :
excludentes de criminalidade, excludente de ilicitude, descriminantes, eximentes.

• Art. 23, causas de excludentes de ilicitude gerais e legais : Não há crime quando
o agente pratica o fato em estado de necessidade, legítima defesa, no estrito
cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito. São 3 incisos, mas são 4
as formas de exclusão de ilicitude. No último inciso encontramos duas formas.
• Art. 128, Legais e Especiais : Não se pune o aborto praticado por médico se não há
outro meio de salvar a vida da gestante. No inciso II – se a gravidez resultar de estupro e
o aborto é precedido de consentimento da gestante ou quando incapaz, de seu
representante legal.
• O Art. 146, parágrafo 3º : Não se compreende na disposição desse artigo a
intervenção médico ou cirúrgica sem consentimento do paciente ou seu
representante legal, seja justificado por eminente perigo de vida ou coação
exercida para impedir o suicídio.
• O Art. 181 : É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título
em prejuízo : do cônjuge na constância da sociedade conjugal, de ascendente ou
descendente, seja de parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Essa
disposição do art. 181 se aplicam a todos os crimes contra o patrimônio (do art. 155 ao
art. 180).
• O ESTADO DE NECESSIDADE : O art. 24 – Considera-se em estado de
necessidade quem pratica o fato para salvar do perigo atual que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício nas
circunstâncias não era razoável exigir-se. Ocorre quando o indivíduo nas circunstâncias
tem que sacrificar um bem alheio para proteger o seu direito. Essa circunstância não
pode ser futura, mas atual ou prestes a acontecer. Ex.: O caso do avião que caiu nos
Andes; um tumulto generalizado num estádio lotado. A pessoa pode dirigir um carro em
estado de necessidade. O parágrafo 1º : Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Ex.: Policiais, bombeiros, salva – vidas. O
parágrafo 2º : Quando o bem sacrificado naquelas circunstâncias não era necessário, a
pena poderá ser reduzida de 1 à 2/3; na circunstância em que a pessoa tinha o dever de
enfrentar o perigo e não o fez.

vitorlourenco@brasilvision.com.br 31
Tel. (22) 9962-8451 / (22) 2566-6615

You might also like