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ENEM

Implicações no Ensino Médio


ORIGEM

• O Exame Nacional do Ensino Médio


nasce de um contexto de mudança no
ensino, que exclui o apelo excessivo à
memorização e traz como eixo de sua
avaliação a capacidade de “medir quais
são as construções que um determinado
aluno conseguiu efetuar ao terminar a
educação básica.” (p. 6)
PROPOSTA

• O exame é organizado com base em


competências e habilidades, medindo
muito mais que o simples acúmulo de
informações, mas a capacidade de
articular informação, raciocínio,
inferências, compreensão ação solidária
em relação à realidade que circunda o
aluno.
OBJETIVO

• “Em sua concepção mais ampla, o Enem


pretende verificar como foi o
aproveitamento do estudante na
Educação Básica, medindo se ele
conseguiu construir os conhecimentos de
forma significativa e profunda,
permitindo a cada pessoa uma avaliação
pessoal dos pontos fortes e de
melhoria.” (p. 6)
IMPLICAÇÕES NO ENSINO

• Essa nova formulação exige da escola e


dos professores formas distintas de
formação: o caráter interdisciplinar e
interacionista, a capacidade de o
estudante em aplicar seus
conhecimentos em situações de vida
prática, de forma autônoma.
• Cabe à escola organizar seu currículo e
promover uma metodologia que abarque
uma pedagogia de projetos, em que a
haja o diálogo entre todas as áreas do
conhecimento, na busca de uma formação
integral do sujeito.
• O que está em destaque é a competência
leitora que deve ser avaliada.
• O foco recai no leitor, não no autor do
texto. O leitor deve conhecer o passado
histórico-cultural de seu povo, como
formação de sua identidade, para assim estar
habilitado para responder às exigências da
sociedade a qual está inserido, sabendo se
posicionar frente às questões político-
culturais e sociais que lhe são apresentadas.
AS QUATRO ÁREAS
1. Linguagens e Códigos e suas
Tecnologias: Língua Portuguesa, Língua
Estrangeira, Educação Física e Artes.
2. Ciências Humanas e suas Tecnologias:
História, Geografia, Filosofia e Sociologia.
3. Ciências da Natureza e suas Tecnologias:
Biologia, Física e Química.
4. Matemática e suas Tecnologias
Como é construída a prova do
Enem?
• As questões exigem medição das habilidades,
baseadas em uma matriz de competências.
• As questões são criadas com a finalidade de
solução de problemas, sem que haja a estratégia
da memorização. “Por exemplo, jamais haverá
uma questão no Enem que solicite ao estudante:
enunciar as fases da mitose, utilizar a Equação de
Torricelli, saber de cor nomes de cordilheiras,
planaltos, datas, nomes ou coisas sem contexto
algum.” (p. 7)
• Não há questões para marcar alternativa
incorreta, sempre haverá a solução
correta do problema. As alternativas
incorretas devem ser plausíveis, para
que se evite o acerto por eliminação,
para que a pessoa não chegue a acertar
sem saber o conteúdo ou ter a
habilidade.
OS CINCO EIXOS COGNITIVOS

1. Dominar linguagens: domínio da norma


culta da Língua Portuguesa, das
linguagens matemática, científica,
artísticas e das línguas espanhola e
inglesa. O domínio da linguagem passa
pelo saber adequar o que se fala ao
público que está ouvindo, observar o
contexto.
2. Compreender fenômenos: de ordem
científica, social, econômica etc.
3. Resolver situações-problema:
conhecimento a serviço do
desenvolvimento de habilidades e
daquilo que será útil para auxiliar o
estudante no enfrentamento e na
solução dos problemas que encontrarão
na escola e, principalmente, fora dela.
4. Construir argumentações: “a construção
de argumentação é, por si só, uma
atividade interdisciplinar, pois exige a
coordenação de diversas idéias a serviço
de um determinado fim” (p. 8)
5. Elaborar propostas: capacidade de
compreender a realidade e intervir sobre
ela de forma solidária.
Análise de resultados: A Teoria de
Respostas ao Item
– TRI: mapeamento do padrão de respostas
de cada pessoa, atribuindo uma pontuação
diferenciada em função do grau de
dificuldade de cada questão, além de
verificação do acerto aleatório, valendo
menos.
• O desempenho é avaliado.
As Matrizes de Competências do
ENEM
• A partir de 2009, devido ao caráter de
avaliação nacional para o ingresso nas
Universidades Federais, houve alteração
na matriz de competências:
Permaneceram os cinco eixos cognitivos,
mas foram agregadas competências
específicas a cada grande área e
ampliada o número de habilidades para
120.
Competências e habilidades

• Até pouco tempo, a aprendizagem


resumia-se ao domínio de conceitos,
porém esse tipo de aula não ativa a
participação do aluno.
• Hoje, mais do que conceitos, exige-se o
“saber fazer”, o solucionar problemas e
desafios sociais no mundo do trabalho, na
vida em sociedade
• “Vivemos em uma sociedade cada vez
mais tecnológica, em que o problema nem
sempre está na falta de informações, pois
o computador tem, cada vez mais, o
poder de processá-las, guardá-las ou
atualizá-las. A questão está em encontrar,
interpretar essas informações, na busca
da solução de nossos problemas ou
daquilo que temos vontade de saber.” (p.
17)
• Na perspectiva do professor, o desafio,
hoje, é coordenar o ensino de conceitos e
gestão de sala de aula - aí compreendidas
aprendizagens de procedimentos, valores,
normas e atitudes.” (idem)
As três formas de competência

1. Competência como condição prévia do sujeito,


herdada ou adquirida.: mas que pode ser
perdida.
2. Competência como condição do objeto,
independente do sujeito que o utiliza.: refere-se
à competência que não está no sujeito mas no
que se sabe dele (o currículo, o livro que adota,
a prova que elabora etc.)
3. Competência relacional.: interação dos
fatores saber e as estratégias de ensino,
sabendo relacioná-los no momento da
aula.
Conclusão: “Por isso, é insuficiente, como
formação apenas, fornecer elementos
teóricos ao professor ou lhes indicar boas
leituras. É importante, também, analisar
situações práticas em que o aspecto
relacional possa ser analisado.” (p. 19)
Competição, competência e
concorrência
• “Competência, como síntese de uma situação
plena de concorrências, pode ser exemplificada
em situações como as que ocorrem no dia-a-dia
das salas de aula, quando o professor deve – ao
mesmo tempo, considerar a disciplina dos
alunos, a programação, o barulho, o horário, a
sequência dos conteúdos a serem ensinados,
etc., em um contexto de concorrência (cada
fator é importante) e competição (“muitos serão
chamados, poucos os escolhidos”) – realizar
bem seu compromisso pedagógico.” (p. 21)
• “Competência é a qualidade relacional de
coordenar a multiplicidade (concorrência)
à unicidade (competição). Para isso, supõe
habilidade de tratar – ao mesmo tempo –
diferentes fatores em diferentes níveis.”
(p. 21)
Autonomia como princípio
didático
• “Autonomia como método pedagógico
refere-se a permitir, despertar, favorecer,
promover, valorizar, exercitar o poder de
pensar da criança. O pensamento como
uma possibilidade ou necessidade
diferente da realização ou do
aperfeiçoamento propriamente dito
daquilo a respeito do qual se pensa.” (p.
22)
• “Autonomia, então, é o método que
autoriza e fornece estratégias para
promover um pensamento sobre uma
realidade, mas em condições
independentes de sua realização ou
limites. Autonomia é aprender a pensar,
argumentar, defender, criticar, concluir,
antecipar.” (p. 23)
• “Ser autônomo não é ser independente.
Ser autônomo é ser responsável pelo que
se faz ou pensa. Se pensamos algo,
devemos aprender a defender essa
opinião, e isso é de nossa
responsabilidade.” (p. 23)
• “Esse é o sentido de considerar-se a
autonomia como uma orientação didática,
como uma disciplina que promove uma
competência relacional nos alunos, que os
educa para uma interação com qualidade
interdependente. Para isso, sem dúvida,
não basta dominar técnicas que
promovam essa forma de autonomia, é
preciso também que o professor disponha-
se a construir essa forma de pensamento
e relação como algo que vale também
para ele.” (p. 24)
A situação-problema como
avaliação e como aprendizagem
• Mobilizar recursos:
• “[...] desafiar o sujeito a mobilizar os
recursos no contexto de situação-
problema para tomar decisões favoráveis
ao seu objetivo ou metas.” (p. 30)
Julgar em função dos indicadores:

• “Uma situação-problema, em um contexto


de avaliação, define-se por uma questão
que coloca um problema, ou seja, faz uma
pergunta e oferece alternativas, das quais
apenas uma corresponde ao que é certo
quanto ao que foi enunciado.” (p. 30)
• Para solucionar têm que se recorrerem as
habilidades: ler, comparar, interpretar etc.
•“Para isso, necessita raciocinar, ou seja,
coordenar as informações em favor do
objetivo visado: o que está sendo
perguntado? Quais as informações
disponíveis no enunciado?
Deve também realizar operações que
produzem novas informações, confirmam
ou resolvem o que está sendo proposto.
Essas operações, ou competências
transversais, são principalmente as
seguintes: interpretar, analisar, comparar,
etc.” (p. 30)
Características de uma boa
questão:
a) enunciado autônomo, um recorte do
contexto ou da situação-problema;
b) coerência entre as habilidades exigidas e
os limites espaciais e temporais;
c) formulação que crie obstáculos e
convidem à reflexão.
Os indicadores da situação-
problema
• Alteração: reação do sujeito diante do
problema.
• Perturbação:a alteração foi assimilada
como um problema fácil, intermediário ou
difícil.
• Regulação: as formas de compensação da
perturbação – as estratégias de solução
do problema.
• “Uma boa questão deve propor um
percurso entre uma situação de partida,
que corresponde à proposição do
enunciado, até um ponto de chegada, que
corresponde à escolha da alternativa,
suposta pelo avaliado, como a que melhor
representa a resposta correta.” (p. 31)
• Para avaliar se uma situação-problema é boa
ou não, temos que julgar:
a) se a questão pede solução de problemas, na
perspectiva das pessoas ou das máquinas.
Tratar alguém como máquina é exigir ou
esperar que ela seja ou aja como uma
máquina, tenha memória de máquina, trate o
conhecimento como jogo de informações, trate
os cálculos como forma de processar e não
como meios para outros fins.
b) observar se a questão expressa-se em um
contexto de dilemas, ou seja, em que a pessoa
deve se posicionar, julgar, interpretar?” (p. 32)
• Uma boa situação-problema, como técnica de
avaliação e como concepção de aprendizagem
deve compor um sistema, ao mesmo tempo,
fechado (como um ciclo) e aberto.
• Fechado como ciclo no sentido de que convida o
aluno a percorrer o seguinte percurso no
contexto de cada questão:
1) alteração,
2) perturbação,
3) regulação e
4) tomada de decisão (ou formas de
compensação).
• Aberto, no sentido de que:
1) propõe trocas ou elementos de reflexão
que transcendem os limites da prova;
2) ilustram, ainda que como fragmentos ou
lampejos, algo que será sempre maior e
mais importante do que as circunstâncias
de uma prova, com todos os seus limites
e com toda a precariedade de sua
realização.” (p. 32)
• As situações-problema devem se dividir
em níveis fáceis, médios e difíceis. Mas,
independente do nível de dificuldade, elas
devem representar algo significativo para
o aluno.
• Uma boa situação-problema representa,
por seu enunciado, a criação de uma
perturbação, que altera algo no sujeito e
que possibilita, ao propor o conjunto das
alternativas, a oportunidade de
fechamento do ciclo aberto pelo
enunciado.” (p. 33)
• Regulação são as formas que o sujeito
encontra para resolver uma situação-
problema, é a compensação da
perturbação.
• Das cinco alternativas de resposta
algumas têm relação apenas
“contingencial” ao enunciado.
Contingencial, pois, ainda que as
respostas possam, em si mesmas, ser
verdadeiras, não se aplicam ao contexto
do problema, como formulado em seu
enunciado.
• Outras respostas são “possíveis, mas não
suficientes”, ou seja, propõem como
solução algo que não preenche todas as
necessidades que permitem eliminar o
problema (resolução).” (p. 34)
• As “pegadinhas” não são formas de
aprendizagem, ou seja, “o que nos
interessa é que o aluno tenha uma relação
construtiva com o processo de
conhecimento e não um jogo, em que a
malícia, a esperteza, etc. ocupem o lugar
mais importante.” (p. 35)
• “Pode-se interpretar a situação-problema,
como a investigamos no Enem, como um
problema de coerência. Ou seja, o
enunciado cria um problema, uma lacuna,
rompe um equilíbrio, pede comparações,
etc.
•Competência de área 7 – Confrontar
opiniões e pontos de vista sobre as
diferentes linguagens e suas manifestações
específicas.
•Habilidade:
Reconhecer no texto estratégias
argumentativas empregadas para o
convencimento do público, tais como a
intimidação, sedução, comoção, chantagem,
entre outras.
• Competência de área 7 – Confrontar
opiniões e pontos de vista sobre as
diferentes linguagens e suas
manifestações específicas.

• Habilidade 22 – Relacionar, em
diferentes textos, opiniões, temas,
assuntos e recursos lingüísticos.
• Competência de área 7 – Confrontar
opiniões e pontos de vista sobre as
diferentes linguagens e suas
manifestações específicas.

• H22 – Relacionar, em diferentes textos,


opiniões, temas, assuntos e recursos
lingüísticos.
REFERÊNCIAS

• EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO


(ENEM) Fundamentação Teórico-
Metodológica.
• A bíblia do Novo ENEM: resolução
comentada das provas do Exame Nacional
do Ensino Médio 2009 (oficial e
comentada) e mais 360 questões inéditas.
Belo Horizonte: Log, 2010.

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