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3º Dia

Ás 6h e depois de um pequeno-almoço servido na hora o grupo começava a chegar ao ponto de encontro, o Hotel na mesma
direcção em que iriamos seguir, mas um pouco mais à frente, onde o Sérgio tinha dormido juntamente com mais alguns do
grupo.

20 minutos depois ainda não estava todo o grupo junto no ponto de encontro, o Toyota Bandeirantes do Guiga e César, não
tinha pegado e estavam a dar um jeito juntamente com o Assueiro e o Luis.

O grupo começa a rolar cerca das 6.30h da manhã e já começava a clarear. A pista estava enlameada e pouco depois
encontramos o primeiro atoleiro e um camion plantado no meio dele, outro veiculo pesado tentava passar ao lado.

Foto do Sérgio

Poucos kms depois, cerca de 20, o comboio pára por um alerta no rádio de que algo estaria errado no carro do Rodrigo, um
Willys com uns pneus enormes, 37”. E o pior confirmou-se, o rolamento da roda esquerda tinha entregue a alma ao criador.
Havia suplente, mas ao desmontar e cerca de 1h depois, o Rodrigo dá-se conta de que uma anilha estava destruida e não
havia de reposição. Sérgio e o Giga vão para a cidade procurar a anilha em falta, a eles se junta o Lopes que no entretanto ao
dar uma olhada no seu carro, descobriu que os casquilhos de borracha dos amortecedores traseiros estavam destruidos.

As horas passaram, não havia contacto rádio devido à distância, e a conversa e a brincadeira entre todos ia dando o mote à
paragem, a troca de experiências e o conhecimento entre os membros aumentava. Os insectos abundavam e eram
necessários alguns truques para os manter distantes.
2h depois, aproximadamente, o Coelho e o Paulo com a sua Mitsubishi L 200 já cansados de esperar, decidem ir no encalço
de um local mais alto para tentar o contacto rádio, conseguem falar com o Sérgio que o informa que estava quase de saida
da cidade.

1h depois lá aparece o Sérgio e o Lopes com a peça e o Rodrigo, Landry e Marco começaram a montagem da roda tendo
todo o grupo em redor contando piadas e dando apoio moral aos que tinham arregaçado as mangas para se entregarem ao
trabalho de montagem.

Estavam passadas quase 5h com esta paragem forçada, eram quase 11h.00m quando voltámos a rodar, mas enfim, faz parte
de uma Expedição do género e pode acontecer a qualquer um por muito cuidado que tenha na preparação do seu veiculo.
Todos bem e de novo preparados para continuar a viagem até Altamira, próximo ponto de paragem, onde precisamente,
iriamos nos despedir do Rodrigo que seguiria para Macapá com o seu Willys, deixando o seu navegador, o Junior, para poder
continuar o resto da viagem comigo que ainda estava sózinho.

Estavamos a circular já na mitica na Transmazônica, ou a BR-230 como é tecnicamente conhecida nos mapas, uma estrada
larga em terra batida de côr vermelha bem forte, que passa muitos dias debaixo de chuva e é fustigada pelo intenso trafégo
de camions muitas vezes acima do peso permitido por lei o que deixa um rasto de muita destruição em toda a sua extensão,
dai resultam os atoleiros extensos e profundos com uma lama que, mesmo com os dias inteiros de sol, parece nunca secar e
que por vezes barra por completo a passagem quando um ou mais camions ficam atolados à espera que seque um pouco
mais ou que passe quem os possa ajudar. Quando não existem atoleiros, existem muitos buracos continuados , chamados na
região de “Panelas” ou então, batizados pelo Edson, membro do grupo, de “Buracalhos”. Como se não bastasse, encontram-
se ainda outro tipo de “...Alhos” que são os muitos rasgos no sentido da circulação, muito profundos e irregulares
provocados pela erosão da forte e intensa corrente de água que corre por todo o lado quando chove, (não existem valetas
de escoamento nas laterais da estrada) o que torna a circulação um massacre para as normais viaturas que por ali precisam
de circular e impossibilita de obter médias mais elevadas que cerca de 30/40kmh.
Se os nossos veiculos preparados e reforçados sofrem, imagine-se o que sofrem os “Fiat Uno” que se vêm por ali a circular,
entre outros veiculos de frágil construção, mas eles lá vão andando de forma ligeira e continuando a passar onde os 4x4 têm
de passar em reduzidas.

Voam com o chassis acente no meio dos sulcos profundos e com as rodas no ar por certo. Isto, sem contar com as motos de
pequena cilindrada e com pneus de estrada que fazem as longas tiradas e muitas vezes com 2 passageiros e com carga. Uma
coragem digna de louvar de um povo que vive longe de tudo e todos enfrentando uma das piores condições de vida devido
aos maus acessos que são caracteristicos de Países sub-desenvolvidos e que já tive oportunidade de conhecer noutras
paragens, como Africa ou Ásia central. Vivem agrupados em pequenas aldeias isoladas e muitas vezes ilhados nas épocas das
cheias.
Ao passar por uma pequena aldeia junto à estrada, vejo uma escola e muitas crianças cá fora, páro e faço as minhas, e deles,
delicias com um encontro amistoso e uma foto de conjunto em cima do meu carro, momento delicioso de contacto com as
gentes e no caso, mais ainda com as crianças que eu adoro.

Ainda tivemos oportunidade de assistir a uma manobra efectuada por um camionista que é de se lhe tirar o chapéu. São de
facto muito bons condutores e muito experientes os motoristas dos enormes e pesados camions que por aqui circulam.

O motorista tentou subir um trecho enlameado (chovia intensamente) longo e inclinado, isto quando já estavam parados 2
camions no inicio da subida e mais uns quantos lá em cima, à espera que parasse de chover e que secasse um pouco porque
estava mesmo muito escorregadio.

Perante o olhar de todo o grupo, ao tentar subir, a meio da subida, começou a patinar e parou, engrenou a marcha-atrás e
veio por ali abaixo uns bons 100mts controlando a galera com mestria e vindo colocar-se no meio dos outros camions que
estavam parados, fantástico. Digno de ser observado e nós tivemos o previlégio de assistir.
Chegamos a Altamira cerca das 16h atravessando o rio Xingu (parece nome chinês ) de balsa, isto, 210km depois de termos
iniciado o dia e quando o final da tarde ficava escuro devido à chuva, chuva essa que nos acompanhou por uma boa parte do
dia depois da paragem da manhã.

O plano inicial era de dormir em Altamira, mas, devido ao atraso na chegada do meu carro, já estavamos um dia fora do
plano inicial e se ficassemos a dormir aqui podia subir para 2 dias fácilmente, dai, o Sérgio deu “ordem forçada” e aprovada
por todos de seguir até Uruará para compensar os atrasos iniciais.

Atestados os veiculos, feitas as despedidas ao Rodrigo, a entrevista do Sérgio para a TV local SBT, que recolheu imagens do
grupo ali no Posto de Combustivel e a passagem do Junior para o meu carro, dá-se mais um pormenor de risada, o Junior
entra no meu carro e eu passo a chamar-lhe Ju Ju em vez de Jota Jota como todos o chamavam. Ficou o Ju Ju...Muito bom
Rapaz, cooperante, gosta de fotografar, alegre, divertido, sempre com fome, amante dos condimentos e bom companheiro,
mas......dorminhoco depois de comer......que só visto. Parece um bébé, come e dorme. 

Lá seguimos viagem, ainda debaixo de chuva fraca mas continuada, em direcção ao destino do dia, enfrentando ainda cerca
de mais 190km até Uruará onde chegámos bastante cansados pelas 23h. Os veiculos tinham mudado de côr estando quase
todos da mesma côr, a lama do percurso tinha alterado as caracteristicas dos mesmos. Depois de encontrado o local de
pernoita, ainda fomos sair para jantar e o grupo acabou por se acostar perto da 01h da manhã, a saida estava marcada para
as 8h da manhã para irmos enfrentar a TransUruará, deixando para trás a “fácil” Transamazônica e entrando no coração da
selva para enfrentar uma ligação rudimentar e aberta por madeireiros, estava lançado o mote para um dia pleno de
emoções. Total do dia 408km totalmente feitos na Transamazônica.

Percurso do 3º Dia

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