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ANO
Bibliografia:
O que é a AP?
Sempre que existe uma necessidade colectiva, aí surge uma forma colectiva de
satisfazer essa necessidade.
Necessidades:
1
AP – Administração Pública
Curso Solicitadoria 1º.Ano
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Todas as necessidades públicas são necessidades colectivas mas, nem todas as necessidades
colectivas são necessidades públicas, porque são levadas a cabo por particulares.
Etimologicamente Administrar é:
Ad + manus + traere – manejar algo para atingir um fim
O que é administrar ?
Administrar é uma acção humana que consiste em prosseguir certos objectivos
através do funcionamento da organização
2 – Fins:
3 – Meios:
Adm. Publica – utiliza o modo unilateral de actuação (produto apenas da sua vontade)
Pode ser:
Individual e concreta – actos
Geral e abstracta – regulamento Principio da infra-supra-ordenação
Vários critérios :
Estado
Substracto Territorial Regiões Autónomas Municípios
Autarquias locais Freguesias
Regiões administrativas
Estabelecimentos públicos
Institutos Públicos Fundações
Entidades reguladoras, …etc…
Substracto Institucional
Ministérios
Directa
Secretarias gerais
Administração Estadual
Indirecta
Autarquias locais
Associações públicas
AP * ap *
Curso Solicitadoria 1º.Ano
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Nota:
Evolução da AP
Revolução francesa
Revolução francesa
Foi com a Revolução francesa, em 1789, que se criou o Estado de direito. Até aí, o Estado
criava normas às quais o próprio não se submetia. Isto foi modificado, passando o próprio a
submeter-se às normas por si elaboradas.
Estes acontecimentos, que fizeram com que a vida em sociedade se deteriorasse, levaram a
própria sociedade a pedir a intervenção do Estado que passa a intervir de forma gradual. Assim,
pouco a pouco vai assumindo um papel intervencionista.
Estado Social de Direito (habituado a intervir), depois da II grande Guerra mantêm-se como
Estado policial e financeiro mas, passa agora a prestar bens e serviços das mais variadas ordens.
- Prefixação de preços
- Fixação de valores
- Condicionamento industrial
- Planeamento
Principio da legalidade
Actividade contundente ou agressiva – colide directamente com o direito dos cidadãos. Está
subordinada à Lei em termos de lei Ötudo o que não é legalmente permitido é proibido.
Actividade prestativa Ö subordinada à Lei em termos de preferência de Lei – tudo o que não é
proibido é permitido.
- Actividade prestativa
- Actividade contundente Reserva de Lei com fundamento na act. Adm.
Actividades paralelas ou conjugadas
A AP só pode fazer aquilo que a Lei afirma, tudo o que for em contrário é proibido.
Inicialmente quando se falava em lei, apenas significava a Lei que emanava do Parlamento
O Princípio da Legalidade
Este princípio é sem dúvida, um dos mais importantes Princípios Gerais de Direito
aplicáveis à Administração Pública, e que aliás, se encontra consagrado como
princípio geral de Direito Administrativo antes mesmo que a Constituição, o
mencionasse explicitamente (art. 266º/2 CRP e art. 124º/1-d CPA).
Os órgãos e agentes da Administração Pública só podem agir no exercício das
suas funções com fundamento na lei e dentro dos limites por ela impostos.
O princípio da legalidade aparece definido de uma forma positiva. Diz-se que a
Administração Pública deve ou não deve fazer, e não apenas aquilo que ela está
proibida de fazer.
O princípio da legalidade, cobre e abarca todos os aspectos da actividade
administrativa, e não apenas aqueles que possam consistir na lesão de direitos ou
interesses dos particulares.
A lei não é apenas um limite à actuação da Administração é também o fundamento
da acção administrativa.
A regra geral, não é o princípio da liberdade, é o princípio da competência.
Segundo o princípio da liberdade, pode fazer-se tudo aquilo que a lei não proíbe;
segundo o princípio da competência, pode fazer-se apenas aquilo que a lei permite.
Quando nos referimos a Reserva de lei, referimo-nos à norma jurídica, não apenas às leis do
Parlamento
Principio da Legalidade – A AP está subordinada à lei, quando actua tem que o fazer segundo
uma lei própria, tendo em conta as demais leis
Actual entendimento
Resolver:
O que é um acto legislativo?
O que é um acto administrativo?
O que é um acto jurisdicional?
O que é um acto político?
Os Actos Legislativos são actos normativos, provenientes do exercício do poder legislativo. São
as leis; Decretos-lei e decretos regionais, conforme o art.112º nº1 da CRP. Os órgãos que detêm
essa competência são a Assembleia da República e o Governo nos termos do art.161º e 198º da
CRP. O acto legislativo torna-se eficaz através da sua publicação em Diário da República, cuja
finalidade é dar a conhecer o respectivo acto aos seus destinatários.
Funções do Estado
Leis
Função legislativa – criação de normas jurídicas
Decretos-lei
Esta é uma função prévia ou primária porque está, antes de mais, subordinada à Constituição –
CRP.
Acto legislativo – a norma tem um conteúdo geral e abstracto sem prejuízo das Leis mediada -
art.18ºnº3 CRP (interpretada à contrario sensus).
Nota: Leis-medida – Leis de conteúdo individual e concreto. São feitas pelo governo como
leis e com esta forma satisfazem o princípio da legalidade. O seu objectivo é que com um
conteúdo concreto e individual, satisfaçam de imediato uma, aquela “necessidade”. Assim, o
princípio da legalidade não é violado.
Função política – Também é uma função prévia ou primária (também subordinada à CRP)
Actos políticos – Actos de conteúdo individual e concreto. São praticados pelos órgãos
supremos do Estado (órgãos de soberania, com excepção dos Tribunais), assim como por
aqueles que, integrados nos órgãos de soberania merecem tratamento constitucional autónoma
como é o exemplo do Primeiro-Ministro integrado no Governo e Deputados na Assembleia da
República.
Estão sujeitos à CRP e por isso não são passíveis de impugnação contenciosa (são insindicáveis)
mas apenas censura política.
Acto administrativo – acto de conteúdo concreto e individual, praticado por órgãos da AP,
subordinados à lei e, por isso, passíveis de impugnação contenciosa.
Sistemas de Administração
Gerais
Regulamento
Abstractos
Unilateral
Individuais
Actos admin.
Concretos
Actividade Administrativa
Poder de modificação*
“Ius variandi”
O Estado administra directamente e, neste sentido fá-lo através dos seus serviços centrais e dos
seus serviços periféricos. Estes últimos têm uma competência territorialmente limitada. Os
órgãos centrais e periféricos são por isso dependentes do Estado ou governo.
Neste sentido, o Governo tem o poder de direcção – art.199º d) CRP
Estabelecimentos públicos
Institutos públicos Fundações públicas
Serviços personalizados
Empresas públicas – estas são diferentes das anteriores porque pressupõe a existência de
lucros.
3. Administração autónoma
Regiões administrativas
Câmara municipal
Autarquias locais Municípios
Assembleias municipais
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Juntas de freguesia
Freguesias
Assembleias de freguesia
OS SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
Sistemas de Administração
Vs
Aproximação:
• Com o tempo, em Inglaterra, começam a surgir normas de Direito Administrativo
• Administrative Tribunals – que não são verdadeiros tribunais mas que julgam; as suas
decisões são vinculativas, no entanto, se os particulares discordarem podem recorrer
para os tribunais comuns.
• A partir de 1947 – Crown procedings acts – responsabilidade civil da AP.
Os Tribunais administrativos têm poderes de mera actuação → apenas anulam os actos ilegais
da AP, não podendo condená-la à prática de actos legais.
Por vezes o particular recorre aos Tribunais comuns (direito privado) e, então surgem os
conflitos de jurisdição entre os tribunais. Esses conflitos podem ser positivos ou negativos:
- Centralização administrativa
- Responsabilidade civil da AP – esta é civilmente responsável pelos dados que possam causar
os seus funcionários: é subsidiária e detém o direito de regresso.
O Poder Regulamentar:
A Administração Pública, tem o poder de fazer regulamentos, a que chamamos
“poder regulamentar” e outros autores denominam de faculdade regulamentaria.
Estes regulamentos que a Administração Pública tem o Direito de elaborar são
considerados como uma fonte de Direito (autónoma).
A Administração Pública goza de um poder regulamentar, porque é poder, e com
tal, ela tem o direito de definir genericamente em que sentido vai aplicar a lei. A
Administração Pública tem de respeitar as leis, tem de as executar: por isso ao poder
administrativo do Estado se chama tradicionalmente poder executivo. Mas porque é
poder, tem a faculdade de definir previamente, em termos genéricos e abstractos, em
que sentido é que vai interpretar e aplicar as leis em vigor: e isso, fá-lo justamente
elaborando regulamentos.
Os litígios entre a AP e os particulares começaram por ser resolvidos pela própria AP. Mas, com
o passar do tempo, esta criou órgãos consultivos aos quais apresentava as questões e, segundo o
exposto, esses mesmos órgãos elaboravam pareceres, pareceres esses que podiam ou não ser
acatados/seguidos. Assim, os particulares também podiam pedir a apreciação do caso.
Esses órgãos consultivos foram depois transformados em órgãos de administração contenciosa
cuja função passaria a ser o julgamento dos litígios. As decisões que tomavam eram
obrigatórias. Mais tarde, foram transformados em Tribunais administrativos.
Administração
Porque os órgãos activos se conformam sempre com os pareceres dos órgãos consultivos →
transformam-se em órgãos de administração contenciosa → por força da Lei, os órgãos de
administração contenciosa foram transformados em Tribunais administrativos.
→ Direito administrativo
→ Privilégio da execução prévia, que deriva da presunção da legalidade
→ O particular poder interpor uma providencia cautelar, suspensão da eficácia de um acto
administrativo ou de uma norma – art.112º CPTA
→ Existência de Tribunais administrativos com poder de mera ordenação → caminha-se para a
plena jurisdição nomeadamente através do art. 268º, nº4 e 5 da CRP; art.66º e seguintes dão
CPTA.
Actualmente verifica-se uma fuga da administração para o Direito privado (Tribunais comuns
→ plena jurisdição):
• Tribunais de conflito
• Caminhamos para uma descentralização (art.267º, nº2 CRP)
• Responsabilidade civil da AP (art.22º CRP e 221º)
• Não há garantia administrativa (art.271º, nº1 in fine, excepto para os membros do
governo desde que em funções mais de três anos)
• Poder regulamentar
Revisões
Questões a considerar para o exame:
Nota: Bloco da legalidade → CRP; Direito internacional público /Direito comunitário; Lei;
Decreto-lei; Decreto regional; princípios gerais de Direito administrativo; princípios gerais
de Direito…
A AP e o Direito
→ Responsabilidade civil – é responsável de uma forma solidária com os seus agentes, pelos
prejuízos que possam causar.
→ Poder de regulamentar
A AP e o Direito
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Quando dizemos que está subordinada à Lei, falamos da lei em sentido amplo (Lei, decreto-lei,
decreto legislativo regional e ainda ao bloco da legalidade)
- Começou por ser pela necessidade de existir um foro específico/especial para julgar os litígios
entre os particulares e a AP. Nos dias de hoje, mantêm-se por razões de especialização, questões
de pormenor do próprio direito da AP.
Interesses colectivos
Nota: Por vezes os particulares podem ter prerrogativas especiais de autoridade, quando
agem em nome da própria AP
2.Sistema de normas
Tem uma coerência interna:
MUNICIPIO
Titulares
Pessoa colectiva
Atribuições/fins a prosseguir
Nota:
Legal – respeita a lei
Ilegal – desrespeita a lei → ilícita – lesa os particulares
→ Meramente ilegais
As normas orgânicas, são hoje verdadeiras normas jurídicas com consequências jurídicas,
nomeadamente a invalidade do acto, por exemplo, se determinado órgão é competente para
realizar determinado acto, então o mesmo não pode ser praticado por outro órgão)
Normas relacionais ou materiais – são normas que regulam as relações que a AP estabelece com
outras entidades da AP, com outros sujeitos de direito e particulares. Apenas em termos de
Materiais:
• Direito público
• Constituído por normas orgânicas, funcionais e relacionais
• É um sistema de normas orgânicas, funcionais e relacionais
• Contém regras tendo em vista a satisfação das necessidades colectivas, atribuindo assim
prerrogativas especiais à AP, como o privilégio da excussão prévia e, impondo à mesma
encargos, ónus a que os particulares não estão sujeitos
Se, enfim, se adoptar o critério dos poderes de autoridade, também o Direito Administrativo
é o Direito Público porque a actuação da administração surge investida de poderes de
autoridade.
O Direito administrativo está ainda a mudar, no entanto, Portugal é conhecida a nível mundial
como tendo uma codificação parcial.
Ex. Código do procedimento administrativo.
Distinção entre o Direito administrativo geral – Normas que contam os conceitos básicos do
Direito administrativo; normas genéricas aplicáveis a todas as situações.
Ex. Princípio da igualdade; princípio da proporcionalidade; princípio da legalidade.
Direitos administrativos especiais – Há hoje todo um conjunto de normas especiais que dizem
respeito a cada uma das áreas em que a AP intervém.
Ex. Direito financeiro; cultural, entre outros.
A haver uma codificação, deveria ter uma primeira parte geral e depois as partes especiais.
No entanto, a AP, na prossecução da satisfação dos interesse públicos, utiliza cada vez mais o
Direito privado.
Curso Solicitadoria 1º.Ano
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
As actuações da AP, subordinadas ao Direito privado são actuações complexas, uma parte é
regulada pelo direito administrativo e outra disciplinada pelo Direito privado. A teoria dos dois
degraus, surgida na década de 50 do século passado, explica essas actuações tentando separar a
parte que é regida pelo Direito administrativo (degrau público), da parte que é regulado pelo
Direito privado (degrau privado).
No mínimo, a parte pública é constituída pelo acto administrativo pelo qual a AP toma a decisão
de celebrar o negócio jurídico à luz de Direito privado, é o princípio da decisão administrativa
prévia.
A validade do negócio jurídico privado fica sempre dependente da legitimidade do acto
administrativo que o precedeu e ao abrigo do qual é praticado.
Por vezes, a parte pública é mais extensa porque a lei impõe certos formalismos ou trâmites
especiais, tendo em vista acautelar o interesse público.
Ex. A celebração de um contrato privado tem de ser precedido pela realização de um concurso
público.
Há situações da vida em que, quer o Direito público quer o privado são chamados a regular a
mesma situação, sendo que cada um regula aspectos diferentes dentro da mesma situação, ex. O
casamento.
Para a prossecução do fim público, a AP, muitas vezes tem de utilizar bens privados – princípio
da especialidade.
O Direito administrativo e privado também se tocam quando certos direitos particulares estão
limitados por certos constrangimentos que advêm da prossecução dos fins públicos, ex. Quando
um particular tem de ceder um terreno (direito de propriedade - direito privado), cede ao direito
de expropriação (direito público) da AP - estes são chamados direitos empobrecidos.
Por outro lado, existem direitos que os particulares têm (privados) mas que para os exercer
precisam de uma autorização da AP, a AP só os autoriza se forem compatíveis com os interesses
públicos – estes são chamados direitos comprimidos.
Existem ainda, todo um conjunto de princípios, tais como o da boa fé que antes eram afectos ao
Direito privados mas que agora são considerados como património comum da ciência jurídica.
- Direito Constitucional administrativo – no fundo são questões solenes que, por não serem
alteradas a todo o tempo, o legislador constituinte entendeu inclui-las no texto formal da
Constituição.
Assim,
O Direito penal é um ramo de Direito público que tutela os valores fundamentais da sociedade
e para isso considera como crimes os comportamentos que atentem contra esses valores e
definindo as sanções para aqueles que adoptem esses comportamentos criminosos. Tem
subjacente princípios axiológicos e reprovação ética e social.
A pena é tanto maior quanto é o prejuízo, o dano causado à sociedade.
Por vezes, estes dois Direitos regulam a mesma situação mas em aspectos diferentes, ex.
Num acidente de automóvel:
-Velocidade – violação do código da estrada (contra-ordenação – Direito administrativo)
- Morte de três pessoas – Crime de homicídio involuntário (pena – Direito Penal)
Fontes materiais – Razões de ordem material, económica, social e filosófica que justificaram
o aparecimento/revelação das normas; contexto.
Fontes – Materiais
Formais
Fontes formais
CRP – referimo-nos às leis que constam desta e que podem vincular directamente a AP. São
portanto uma fonte directa
Existem princípios que precedem e antecedem a lei e que levam exactamente à criação da lei;
são princípios que se deduzem do próprio direito administrativo. São mais gerais do que as
normas. Partindo da norma e abstraindo, chegamos ao principio que lhe está subjacente.
Se está na Constituição – valor constitucional
Se está na lei – valor legal
Só são fonte autónoma quando valem “per si”, e os demais têm valor semelhante às leis, no
entanto subordinado a estes. Uma lei pode revogar um princípio, mas um princípio não pode
revogar uma lei.
Quando por exemplo um regulamento viola um princípio geral de direito administrativo, este é
revogado, sendo que o ultimo tem valor semelhante ao da lei. Neste caso estamos perante o
vício de violação da lei.
Regulamentos
São normas de carácter geral e abstracto, emanadas pela AP, no exercício da função
administrativa. Todo o Regulamento tem que ter uma lei prévia.
Porque é que a AP elabora regulamentos?
É uma questão que está, de certa forma relacionada com o princípio da legalidade. Com a
Revolução francesa, a AP ficou subordinada ao direito, atribuindo-se aos governantes também a
função legislativa; a AP, que intervinha cada vez mais na sociedade, uma vez que intervinha em
áreas específicas, conseguiu também adoptar o poder regulamentar. Os regulamentos são muito
importantes pois muitas das actuações da AP são regidas por normas constantes dos mesmos.
Enumeração e Conteúdo
A Constituição é uma Constituição programática e por isso, entre muitas outras,
também fornece indicações quanto ao que deva ser a organização da nossa
Administração Pública.
A matéria vem regulada no art. 267º/1/2 CRP. Dessas duas disposições resultam
cinco princípios constitucionais sobre a organização administrativa:
1. Princípio da desburocratização: significa que a Administração Pública deve
ser organizada e deve funcionar em termos de eficiência e de facilitação da vida
dos particulares – eficiência na forma de prosseguir os interesses públicos de
carácter geral, e facilitação da vida aos particulares em tudo quanto a
Administração tenha de lhes exigir ou haja de lhes prestar.
2. Princípio dos serviços às populações: a Administração Pública deve ser
estruturada de tal forma que os seus serviços se localizem o mais possível junto
das populações que visam servir.
3. Princípio da participação dos interesses na gestão da Administração
Pública: significa que os cidadãos não devem intervir na vida da Administração
apenas através da eleição dos respectivos órgãos, ficando depois alheios a todo
o funcionamento do aparelho e só podendo pronunciar-se de novo quando voltar
a haver eleições para a escolha dos dirigentes, antes devem ser chamados a
intervir no próprio funcionamento quotidiano da Administração Pública e,
nomeadamente, devem poder participar na tomada de decisões administrativas.
a) De um ponto de vista estrutural, a Administração Pública deve ser
organizada de tal forma que nela existam órgãos em que os particulares
Principio da desburocratização
A AP deve estar estruturada e deve funcionar em termos de eficiência para o cidadão. Deve
evitar dificuldades e complicações da vida dos cidadãos.
O legislador tem vindo ao longo dos tempos a legislar no sentido da a AP melhor servir o
cidadão.
Principio da descentralização
Descentralização
Etimologicamente – des + centralização
Des – administrativamente = criar novas pessoas colectivas
Centralização = tirar do centro; colocar na periferia
Descentralização de base territorial – criação das autarquias locais, pessoas colectivas com
fins múltiplos tais como os Municípios (Assembleias municipais – órgão deliberativos e câmara
municipal – órgãos executivos); as freguesias (Assembleia de freguesia e junta de freguesia) e
eventualmente no futuro, as regiões autónomas.
1.Quase que são serviços dos Ministérios mas têm personalidade jurídica própria.
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Na administração indirecta do Estado, o Estado não só controla a sua legalidade mas também
define e fixa as orientações gerais das políticas administrativas a seguir – poder de
superintendência.
Vantagens da descentralização da AP
Tutela Administrativa
TUTELAR ( Controlo )
2 Pessoas
Colectivas
TUTELADA ( Controlada )
Continente – Governo
Regiões Autónomas – Governos Regionais
2
Pessoa Colectiva
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Organização
Funcionamento
Actividade
A Priori - Revogação
Autorização
A Posteriori -
Aprovação
Sem Aprovação –
Acto Ineficaz
Espécies
Há que distinguir as principais espécies de tutela administrativa quanto ao fim e
quanto ao conteúdo.
Quanto ao fim, a tutela administrativa desdobra-se em tutela de legalidade e tutela
de mérito.
A “tutela de legalidade” é a que visa controlar a legalidade das decisões da
entidade tutelada; a “tutela de mérito” é aquela que visa controlar o mérito das
decisões administrativas da entidade tutelada.
Quando averiguamos da legalidade de uma decisão, nós estamos a apurar se essa
decisão é ou não conforme à lei. Quando averiguamos do mérito de uma decisão,
estamos a indagar se essa decisão, independentemente de ser legal ou não, é uma
decisão conveniente ou inconveniente, etc.
Noutro plano, distinguem-se espécies de tutela administrativa quanto ao conteúdo:
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Conceito
Tanto o sistema da concentração como o sistema da desconcentração dizem
respeito à organização administrativa de uma determinada pessoa colectiva pública.
Mas o problema da maior ou menor concentração ou desconcentração existente não
tem nada a ver com as relações entre o Estado e as demais pessoas colectivas: é
uma questão que se põe apenas dentro do Estado, ou apenas dentro de qualquer
outra entidade pública.
A concentração ou desconcentração têm como pano de fundo a organização
vertical dos serviços públicos, consistindo basicamente na ausência ou na existência
de distribuição vertical de competência entre os diversos graus ou escalões da
hierarquia.
Assim a “concentração de competência”, ou a “administração concentrada” é o
sistema em que o superior hierárquico mais elevado é o único órgão competente para
tomar decisões, ficando os subalternos limitados às tarefas de preparação e execução
das decisões daquele. Por seu turno, a “desconcentração de competência”, ou
“administração desconcentrada”, é o sistema em que o poder decisório se reparte
entre superior e um ou vários órgãos subalternos, os quais, todavia, permanecem, em
regra, sujeitos à direcção e supervisão daquele.
A desconcentração traduz-se num processo de descongestionamento de
competências, conferindo-se a funcionários ou agentes subalternos certos poderes
decisórios, os quais numa administração concentrada estariam reservados
exclusivamente ao superior.
Não existem sistemas integralmente concentrados, nem sistemas absolutamente
desconcentrados. O que normalmente sucede é que os sistemas se nos apresentam
mais ou menos concentrados – ou mais ou menos desconcentrados. Entre nós, o
princípio da desconcentração administrativa encontra consagração constitucional no
art. 267º/2 CRP.
Princípio da desconcentração
Espécies de desconcentração
Espécies de Desconcentração
Tais espécies podem apurar-se à luz de três critérios fundamentais – quanto aos
níveis, quanto aos graus e quanto às formas. Assim:
a) Quanto ao “níveis de desconcentração”, há que distinguir entre
desconcentração a nível central e desconcentração a nível local, consoante ela
se inscreva no âmbito dos serviços da Administração central ou no âmbito dos
serviços da Administração local;
b) Quanto aos “graus de desconcentração”, ela pode ser absoluta ou relativa:
no primeiro caso, a desconcentração é tão intensa e é levada tão longe que os
órgãos por ela atingidos se transformam de órgãos subalternos em órgãos
independentes; no segundo, a desconcentração é menos intensa e, embora
atribuindo certas competências próprias a órgãos subalternos, mantém a
subordinação destes ao poder do superior (que constitui a regra geral no Direito
português).
c) Por último, quanto às “formas de desconcentração”, temos de um lado a
desconcentrarão originária, e do outro a desconcentração derivada: a primeira é
a que decorre imediatamente da lei, que desde logo reparte a competência entre
o superior e os subalternos; a segunda, carecendo embora de permissão legal
expressa, só se efectiva mediante um acto específico praticado para o efeito
pelo superior. A desconcentração derivada, portanto, traduz-se na delegação de
poderes.
Quanto ao nível:
Central – Dentro da Pessoa Colectiva da administração directa do Estado (ex. o Governo)
Local – Pessoa colectiva local
Quanto ao grau:
Absoluta – Situação levada ao extremo, no fundo leva mais a uma descentralização, uma nova
pessoa colectiva
Relativa – A pessoa colectiva confere apenas alguns dos seus poderes de decisão.
Poder hierárquico
É o modelo de organização vertical que é constituído por um conjunto de órgãos e agentes com
atribuições comuns e competências diferenciadas e ligados por um vinculo jurídico que confere
ao superior um poder de direcção e ao subalterno, o dever de obediência.
Poder hierárquico
- Pressupõe dois ou mais órgãos ou agentes
- Atribuições comuns
- Competências diferenciadas
- Ligados entre si por um vinculo jurídico: poder de direcção/dever de obediência
5.Poder disciplinar
8.Poder de substituição - se determinado acto não for praticado, o superior hierárquico pode
faze-lo em seu nome. Limite: competência exclusiva do subalterno
Nota: A lei desta ou daquela forma, dá a indicação as situações em que o superior hierárquico
não tem esta ou aquela competência do subalterno.
Dever de obediência – dever que existe sempre, devido ao qual o subalterno tem que obedecer a
todas as ordens do seu legitimo superior hierárquico em matéria de serviço.
Em matéria de serviço, deve obedecer às ordens do superior hierárquico mesmo que estas sejam
ilegais, goza no entanto do direito de Respeitosa representação (o subalterno pede ao superior
que lhe dê tal ordem por escrito, para assim ficar protegido de eventuais consequências). Este
dever cessa se a ordem consista na prática de um crime (art.271º nº3 CRP)
poderes com base na lei (art. 111º/2 CRP). Mas o art. 29º CPA, acentua bem
que os princípios da irrenunciabilidade e da inalienabilidade da competência não
impedem a figura da delegação de poderes (n.º 1 e 2);
b) Em segundo lugar, é necessária a existência de dois órgãos, ou de um órgão
e um agente, da mesma pessoa colectiva pública, ou de dois órgãos
normalmente competente (o delegante) e outro, o órgão eventualmente
competente (o delegado);
c) Por último, é necessária a prática do acto de delegação propriamente dito, isto
é, o acto pelo qual o delegante concretiza a delegação dos seus poderes no
delegado, permitindo-lhe a prática de certos actos na matéria sobre a qual é
normalmente competente.
Instituto pelo o qual um órgão administrativo normalmente competente numa matéria, permite
que um outro órgão ou agente, pratique actos no âmbito dessa mesma matéria e quando a lei
assim o permita.
2 Órgãos:
- Órgão delegante
- Órgão delegado
Para que a delegação de poderes esteja devidamente estabelecida, estes três requisitos têm de ser
verificados cumulativamente sob pena de o acto sofrer do vício de incompetência e assim ser
anulável.
Art.36º CPA
Delegação de 1º grau:
Delegação de 2º grau (subdelegação)
Delegação de 3º grau (sub subdelegação)
Art.38º CPA – o órgão delegado ou subdelegado deve mencionar essa qualidade no uso da
delegação ou subdelegação.
Nota: Por vezes a delegação de poderes não acontece dentro da mesma pessoa colectiva. Ex.
ministro da educação delega determinada competência no director de um Politécnico em fase de
instalação.
Espécies
Importa saber distinguir as espécies de habilitação para a prática da delegação de
poderes, e as espécies de delegações de poderes propriamente ditas.
a) Quanto à habilitação, ela pode ser genérica ou específica. No primeiro caso, a
lei permite que certos órgãos deleguem, sempre que quiserem, alguns dos seus
poderes em determinados outros órgãos, de tal modo que uma só lei de habilitação
serve de fundamento a todo e qualquer acto de delegação praticado entre esses tipos
de órgãos (art. 35º 2/3 CPA).
Em todos estes casos, porém, a lei impõe uma limitação importante (art. 35º/2
CPA): neste tipo de delegações só podem ser delegados poderes para a prática de
actos de administração ordinária, por oposição aos actos de administração
extraordinária que ficam sempre indelegáveis, salvo lei de habilitação específica.
Entende-se que são actos de administração ordinária todos os actos não
definitivos, bem como os actos definitivos que sejam vinculados ou cuja a
discricionariedade não tenha significado ou alcance inovador na orientação geral da
entidade pública a que pertence o órgão; se se tratar de definir orientações gerais e
novas, ou de alterar as existentes, estaremos perante uma administração
extraordinária.
b) Quanto às espécies de delegação, as principais são as seguintes:
- Sob o prisma da sua extensão, a delegação de poderes pode ser ampla ou
restrita, conforme o delegante resolva delegar uma grande parte dos seus
poderes ou apenas uma pequena parcela deles.
- No que respeita ao objecto da delegação, esta pode ser específica ou
genérica, isto é, pode abranger a prática de um acto isolado ou permitir a prática
de uma pluralidade de actos: no primeiro caso, uma vez praticado o acto pelo
delegado, a delegação caduca; no outro, o delegado continua indefinidamente a
dispor de competência, a qual exercerá sempre que tal se torne necessário.
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Pessoas colectivas
Ficções jurídicas, formas criadas pelo Direito com um conjunto de direitos e obrigações, com
determinados fins mas que não têm existência física;
Entidade, criada e reconhecida pelo Direito e que é dotada de um conjunto de direitos e deveres.
Conceito
Pessoas colectivas públicas são entes colectivos criados por iniciativa pública para
assegurar a prossecução necessária de interesses públicos, dispondo de poderes
políticos e estando submetidos a deveres públicos.
Vejamos em que consistem os vários elementos desta definição:
a) Trata-se de entidades criadas por iniciativa pública. O que significa que as
pessoas colectivas públicas nascem sempre de uma decisão pública, tomada
pela colectividade nacional, ou por comunidades regionais ou locais autónomas,
ou proveniente de uma ou mais pessoas colectivas públicas já existentes: a
iniciativa privada não pode criar pessoas colectivas públicas. As pessoas
colectivas públicas são criadas por “iniciativa pública”, expressão ampla que
cobre todas as hipóteses e acautela os vários aspectos relevantes:
b) As pessoas colectivas públicas são criadas para assegurar a prossecução
necessária de interesses públicos. Daqui decorre que as pessoas colectivas
públicas, diferentemente das privadas, existem para prosseguir o interesse
público – e não quaisquer outros fins. O interesse público não é algo que possa
deixar de estar incluído nas atribuições de uma pessoa colectiva pública: é algo
de essencial, pois ela é criada e existe para esse fim.
c) As pessoas colectivas públicas são titulares, em nome próprio, de poderes e
deveres públicos. A referência à titularidade “em nome próprio” serve para
distinguir as pessoas colectivas públicas das pessoas colectivas privadas que se
dediquem ao exercício privado de funções públicas: estas podem exercer
poderes públicos, mesmo poderes de autoridade, mas fazem-no em nome da
Administração Pública, nunca em nome próprio.
Coactivas
Voluntárias
Nacionais
Locais/neo-nacionais
As pessoas colectivas são criadas por acto de poder público: Lei, acto administrativo, acordo de
Direito público.
O acto de poder público é dotado de um substrato que surge por vontade particular, geração
espontânea e, por outro lado, a capacidade jurídica criada por um acordo de Direito público,
através de uma personificação.
Quando se fala em actos de Direito público, referimo-nos, por exemplo, à situação de uns
municípios resolverem criar uma associação para tratarem dos seus lixos
Extinção da pessoa colectiva – realiza-se da mesma forma ou pela mesma via que se cria: por
lei, acto administrativo e acordo de Direito público. Porem, a pessoa colectiva pode ter
património e se tal acontecer, são pagas as dividas, realizados os débitos e o que restar destina-
se ao Estado. Se esta se extingue para ser substituída por outra que vai prosseguir o mesmo fim,
esta última adquire os mesmos direitos, obrigações e património.
Competências e atribuições
A pessoa colectiva é dotada de atribuições que visam a prossecução dos fins públicos definidos
por lei.
A pessoa colectiva é constituída por órgãos, órgãos essa que detêm competências. Se um órgão
pratica que é da competência de outro órgão pertencente à mesma pessoa colectiva, estamos
perante um vício de incompetência relativa. Por outro lado, se um órgão de uma pessoa
colectiva pratica um acto que é da competência de outro órgão de outra pessoa colectiva, então
encontramo-nos perante um vício de incompetência absoluta.
Validade:
• Relativa – anulabilidade (produz efeitos enquanto não é anulado desde que preencha
os requisitos de eficácia.
• Absoluta – nulidade (não competência – nunca produz os seus efeitos porque na
verdade nunca existiu)
Eficácia:
• Publicação
• Notificação
• Aprovação
Se estes requisitos não se verificarem o acto não é eficaz
Órgãos
Centros abstractos de poderes/competências, a exercer pelos indivíduos e de cujo exercício
resulta a prossecução dos fins da PC da qual fazem parte.
Activos – aqueles que actuam: deliberativos que tomam decisões; executivos, aqueles que
executam as decisões
Consultivos – aqueles que emitem pareceres/opiniões que se dirigem aos órgãos activos no
sentido de os auxiliar no sentido da tomada de decisão
Controle – Têm a missão de fiscalizar outros órgãos. Ex. Inspecção-geral de finanças
Internos – órgãos cujos efeitos directos da sua actuação se sentem no interior da própria
Administração Pública
Externos – Órgãos que entram em relação com terceiros, com outros entes de Direito
Temporários – aqueles que são criados, desde logo com um período de vigência limitado
Órgãos colegiais
Composição // Constituição
Sessão// Reunião
Membros// Vogais
Marcação// Convocação// ordem de trabalhos
Decisão// Deliberação
O Presidente tem competências especiais, por uma questão de ordem e apenas, pois de resto a
sua vontade tem tanto relevo como a de outro qualquer vogal, apesar de possuir o voto de
qualidade, o que se define também por uma questão de ordem.
Voto de qualidade – O Presidente vota sempre e, em caso de empate o seu voto vale por dois
Voto de desempate – O Presidente só vota em caso de desempate, caso contrário não exerce o
seu voto, uma vez que a lei assim o define
Reuniões ordinárias – Têm uma certa regularidade; podem ser acrescentados assuntos a tratar se
pelo menos 2/3 dos membros estiverem de acordo.
O dia e a hora das reuniões devem ser previamente comunicada de modo a garantir o seu
conhecimento futuro por parte de todos os interessados.
A reunião extraordinária tem que ser marcada com uma antecedência de 48 horas porque,
aqueles que nela vão participar possam estar preparados sobre o assunto em questão.
As reuniões são públicos quando o público pode assistir (mas não pode intervir). A data, hora e
local devem ser dados a conhecer aos potenciais interessados.
As reuniões não públicas são aquelas às quais o público não pode assistir.
Quórum para a reunião – mínimo de pessoas necessárias para que a reunião decorra (art.22º
CPA)
Quórum para votação – maioria necessária exigida para deliberar.
A votação pode ser pública e secreta ou por escrutínio. A regra de votação nos órgãos da Direito
Administrativo é a de que esta deve ser pública e, normalmente estas só são secretas quando
estão em causa juízos de valor de pessoas. O Presidente vota em ultimo lugar para que o seu
voto não possa influenciar o voto dos outros. Se tal não suceder, a sanção é a anulabilidade.
Os actos que sejam desfavoráveis ao seu destinatário têm que ser fundamentados. Se o órgão
competente é um órgão colegial, e estes são tomados por escrutínio secreto, apesar de existir a
discussão, é o Presidente que deve fundamentar e colocar na respectiva acta – art.24º CPA
À discussão e votação não podem assistir membros que estejam impedidos – art.44º CPA.
Um membro é impedido quando a deliberação lhe diz respeito.
Por outro lado, existe também a escusa, que consiste no pedido por parte do membro de ser
excluído na discussão e votação, uma vez que não se sinta à vontade porque por exemplo, tal
discussão diz respeito a um amigo.
A suspensão consiste no pedido de um membro, sobre o qual recaia a deliberação, para outro
membro não assistir à discussão e votação porque por qualquer motivo este não vai ser recto na
decisão que vai tomar.
Atribuições e Competência
Os fins das pessoas colectivas públicas chamam-se “atribuições”. Estas são por
conseguinte, os fins e interesses que a lei incumbe as pessoas colectivas públicas de
prosseguir.
“Competência” é o conjunto de poderes funcionais que a lei confere para a
prossecução das atribuições das pessoas colectivas públicas.
Qualquer órgão da Administração, ao agir, conhece e encontra pela frente uma
dupla limitação: pois por um lado, está limitado pela sua própria competência – não
podendo, nomeadamente, invadir a esfera de competência dos outros órgãos da
mesma pessoa colectiva –; e, por outro lado, está limitado pelas atribuições da pessoa
colectiva em cujo o nome actua – não podendo, designadamente, praticar quaisquer
actos sobre matéria estranha às atribuições da pessoa colectiva a que pertence.
Os actos praticados fora das atribuições são actos nulos, os praticados apenas fora
da competência do órgão que os pratica são actos anuláveis.
Tudo depende de a lei ter repartido, entre os vários órgãos da mesma pessoa
colectiva, apenas competência para prosseguir as atribuições desta, ou as próprias
atribuições com a competência inerente.
Nota: O sentido da decisão do órgão colegial depende do somatório das vontades individuais.
Competências em especial
Princípios:
• Ilegalidade – a competência é sempre definida pela lei. Não há competências sem lei
• Irrenunciabilidade – sempre que em concreto se torne necessário que o órgão tenha que
exercer uma competência, ele não pode renunciá-la.
• Inderrogabilidade – nenhum outro órgão pode, salvo as excepções definidas na lei,
exercer a competência que pertence a um certo órgão.
• Inalienabilidade – os órgãos não podem passar para outros órgãos as suas competências
salvo nos casos previstos por lei (delegação)
Espécies de competências
Quanto à titularidade:
• Competência própria – competência conferida por lei a um órgão e só ele a pode exercer.
È também chamada exclusiva:
1. Relativamente exclusiva – quando o superior hierárquico (dentro do seu órgão)
pode apreciar o acto do subalterno: revogar ou suspender o acto
2. Absolutamente exclusivo – só os tribunais podem apreciar o acto do subalterno.
O superior hierárquico apenas pode dar uma ordem ao subalterno para que aquele
modifique, revogue ou suspenda o acto, mas ele próprio não pode fazer nada.
• Competência delegada – competência conferida por lei a um órgão e que pode ser
delegada a um outro, autorizar outro órgão a exerce-la. A titularidade mantém-se, e
apenas o exercício da competência é delegada.
• Competência comum – quando a lei atribui a competência quer ao órgão superior quer
ao órgão subalterno
• Competência própria – competência que é dada a um só órgão e só a ele na hierarquia
Sem que se trate propriamente de uma classificação de competências, ver art.112ºnº7 CRP:
→ Competência objectiva – tem a ver com as matérias que podem ser objecto de
regulamentação
→ Competência subjectiva – tem a ver com o órgão que vai regulamentar certas matérias
Nota:
Análise da secção III CPA – Da competência
Art.42º e 43º CPA – Dos conflitos de jurisdição de atribuições e competências.
A resolução administrativa dos conflitos pode ser promovida por duas formas
diversas (art. 43º CPA):
a) Por iniciativa de qualquer particular interessado, isto é, que esteja prejudicado
pelo conflito;
b) Oficiosamente, quer por iniciativa privada suscitada pelos órgãos em conflito,
“logo que dele tenham conhecimento”, quer pelo próprio órgãos competente para
a decisão, se for informado do conflito.
Relação orgânica – (relação do titular do órgão com terceiros). O indivíduo, em virtude de ter
sido contratado ou nomeado, toma posse e passa a ser titular do órgão. O indivíduo é visto não
como individuo mas como titular do órgão; ele manifesta uma vontade que não é a sua mas do
órgão. Nós, quando não concordamos com a sua decisão, recorremos não dele mas contra o
órgão.
O indivíduo é um simples elemento de uma peça (órgão) de uma máquina (Pessoa colectiva).
Sumários : Os serviços públicos - noção e espécies. Regime jurídico dos serviços públicos.
As relações interorgânicas e intersubjectivas - a relação de hierarquia; os recursos
hierárquicos.
Nota:
Correctivo da descentralização – Tutela, apenas nas formas e extinção previstas na lei.
Correctivo da descentralização – Poder hierárquico, sempre que exista hierarquia – superior e
subalterno, o superior tem poder sobre o subalterno.
Os serviços públicos
Além dos órgãos há todo um conjunto de pessoas que, no interior da PC vão ajudar os órgãos na
tomada de decisões, quer preparando, estudando e analisando os assuntos; quer depois da
tomada de decisão, na sua excussão. A estes conjuntos de pessoas, chama-mos Serviços
públicos.
Conceito
Os “serviços públicos”, são as organizações humanas criadas no seio de cada
pessoa colectiva pública com o fim de desempenhar as atribuições desta, sob a
direcção dos respectivos órgãos.
- Os serviços públicos são organizações humanas, isto é, são estruturas
administrativas accionadas por indivíduos, que trabalham ao serviço de certa
entidade pública;
- Os serviços públicos existem no seio de cada pessoa colectiva pública: não
estão fora dela, mas dentro; não gravitam em torno da pessoa colectiva, são as
células que a integram;
- Os serviços públicos são criados para desempenhar as atribuições da pessoa
colectiva pública;
- Os serviços públicos actuam sob a direcção dos órgãos das pessoas
colectivas públicas: quem toma as decisões que vinculam a pessoa colectiva
pública perante o exterior são os órgãos dela; e quem dirige o funcionamento
dos serviços existentes no interior da pessoa colectiva são também os seus
órgãos.
Os serviços públicos desenvolvem na sua actuação quer na fase preparatória da
formação da vontade do órgão administrativo, quer na fase que se segue à
manifestação daquela vontade, cumprindo e fazendo cumprir aquilo que tiver sido
determinado. Os serviços públicos são, pois, organizações que levam a cabo as
tarefas de preparação e execução das decisões dos órgãos das pessoas colectivas, a
Curso Solicitadoria 1º.Ano
72
DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Serviços administrativos – são organizações de pessoas que existem no interior das PC, que são
dirigidas pelos seus órgãos e que têm por objectivo a prossecução dos fins da própria PC.
Têm por missão ajudar s órgãos na realização das suas tarefas; estão vinculadas à prossecução
dos fins da PC. Estes serviços estão ligados às atribuições da PC.
As suas funções são prévias (estudos realizados antes da tomada de decisão) e posteriores à
tomada de decisão (execução das decisões, implementação das decisões do órgão).
Os Serviços públicos regem-se pelo direito público e, em certas circunstâncias pelo Direito
privado
Gestão:
O serviço público tanto pode ser gerido pela PC pública que o cria, como a PC pode, através de
um protocolo de concessão, passar a gestão a uma entidade privada.
“A relação que se estabelece entre um serviço público e o particular é uma relação contratual”
(Prof. Freitas do Amaral)
Quando somos destinatários de um acto administrativo e não concorda-mos com ele, podemos
impugná-lo:
- Reclamação e recurso – art.158º e ss CPA
- Recurso hierárquico – art.51º CPTA
O Recurso Hierárquico
É o meio de impugnação de um acto administrativo praticado por um órgão
subalterno, perante o respectivo superior hierárquico, a fim de obter a revogação ou a
substituição do acto recorrido (art. 166º/2 CPA).
O recurso hierárquico tem sempre uma estrutura tripartida:
a) O recorrente: que é o particular que interpõe o recurso;
b) O recorrido: que é o órgão subalterno de cuja decisão se recorre, também
chamado órgão a quo;
c) E a autoridade de recurso: que é o órgão superior para quem se recorre,
também chamado órgão ad quem.
São pressupostos para que possa haver um recurso hierárquico: que haja
hierarquia; que tenha sido praticado um acto administrativo por um subalterno; e que
esse subalterno não goze por lei de competência exclusiva. Fora destes pressupostos
não há recurso hierárquico.
Art.168º, nos dias de hoje o nº1 não tem actualidade, apenas o nº 2 se aplica.
Análise
Art.172º, nº2; 173º e 174º CPA
O que é a avocação?
Pode recorrer-se para o delegante por acto praticado pelo delegado? Que nome tem esse
recurso?
Comente:
“As autarquias locais estão sujeitas à tutela directiva do Estado”
Regra – todos os actos são passíveis de recurso contencioso, salvo nos casos em que a lei
expressamente o referir
Impugnação administrativa:
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77
DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
Reclamação:
- Feita para o próprio autor do acto administrativo
- É facultativa …pode… art.161º, nº1
- Prazo – 15 dias – art.162º
- Efeitos da reclamação: Sobre acto reclamado – art.163º, nº2,3,4,5
- Em relação ao prazo do recurso contencioso – efeito suspensivo – art.59º, nº4 e5 CPTA
- Prazo para a decisão – art.165º (30 dias)
Recurso hierárquico:
- Necessário – excepcionalmente, se houver uma lei que o imponha
- Facultativo – Hoje, todos os actos administrativos são passíveis de impugnação contenciosa –
art.51º, nº1 CPTA
-Âmbito/razão de impugnação – ilegalidade; falta de mérito – art.162º, nº2
- Prazos:
Recurso hierárquico necessário – 30 dias (art.168º)
Recurso hierárquico facultativo – 3 meses (art.168º CPA e art.58º,b) CPTA)
- Notificação dos contra interessados (aqueles que podem ser prejudicados com aquele recurso)
– art171º CPA – podem alegar no prazo de 15 dias
- Intervenção do órgão recorrido (opinião daquele que praticou o acto) – prazo – 15 dias –
art.172º, nº1
Art.172º, nº2 – retratação – substituição, revogação ou modificação por parte do próprio órgão
que o praticou
Vinculação ou poder vinculado – A AP está vinculada à lei, tem de seguir passo a passo o que a
lei diz.
Não há discricionariedade nem vinculação absolutas, pois tanto uma como outra têm momentos
de ambas.
O poder discricionário tem como fundamento a lei, logo não é excepção ao princípio da
legalidade. Tem uma liberdade consentida.
Umas vezes o legislador confere `AP poderes de uma forma:
• Clara e inequívoca, utiliza a palavra “pode”
• Conceitos vagos e/ou indeterminados, que por sua vez se subdividem em:
o Conceitos classificatórios (existe vinculação)
o Conceitos empíricos ou discricionários (noite, frequentemente)
o Conceitos jurídicos/técnicos/científicos (funcionário público; ameaça de ruína;
doenças infecto-contagiosas)
o Conceitos definíveis em função do tempo e do lugar (praxes, usos da época)
• Conceitos imprecisos tipo ou valorativos: gozam normalmente de poder discricionário
salvo se, da interpretação da lei ressaltar o contrário (interesse público, conveniência, grave,
oportunidade, utilidade, urgência)
Competência (a lei diz sempre qual é o órgão competente para o exercício do poder
discricionário):
• Vicio de incompetência relativa – quando há mera violação de competência.
Consequência: anulabilidade
• Vicio de incompetência absoluta – quando há violação de atribuições – art.133º/2
b)CPA. Consequência: nulidade
• Usurpação de poderes – violado o princípio da separação de poderes, a sanção é a
nulidade
Fim:
• Vício de desvio de poderes – este é o vício característico dos actos praticados no
exercício de poderes, quando a AP não prossegue um fim público legal ou então quando
este não é um motivo determinante da sua actuação. Consequência: anulabilidade
• Vício de violação da lei – tem como sanção a anulabilidade.
Princípios gerais da actividade administrativa (art.266º/3 CRP):
• Princípio da prossecução dos interesses públicos – deve atender ao que na sua opinião
é melhor para a prossecução dos fins públicos legais.
O Princípio da Igualdade
Vem consagrado no art. 13º e 266º/2 CRP, obriga a Administração Pública a tratar
igualmente os cidadãos que se encontram em situação objectivamente idêntica e
desigualmente aqueles cuja situação for objectivamente diversa. O art. 124º/1-d do
CPA, tem o objectivo de possibilitar a verificação do respeito por essa obrigação.
Nota: Nem sempre a AP trata de igual forma situações que são semelhantes e nesse caso o
particular pode recorrer. No entanto, a regra do precedente será obrigatória? NÃO, desde que:
1. Decorra um tem razoável entre as duas situações tratadas;
Curso Solicitadoria 1º.Ano
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DIREITO ADMNISTRATIVO 1º.ANO
X XX
Desfavorável ---------------------- favorável
X:
Pode impugnar ou
Pode fazer novo pedido:
→ Se desfavorável – impugna
→ Se favorável - tem direito a indemnização
- Não tem direito a indemnização
Nota:
Principio de preferência de lei – a AP tem sempre que respeitar as leis em vigor e assim sendo
pode fazer tudo o que entenda – “tudo o que não é legalmente proibido, é permitido”.
Princípio de reserva de lei – a AP só pode fazer aquilo que a lei expressamente o permitir –
“tudo aquilo que não é legalmente permitido, é proibido”
Hoje em dia o poder discricionário não significa que a AP tenha liberdade para a falta de leis,
significa antes a possibilidade de escolha para os aspectos que a lei lhe permita, expressamente e
com a extensão prevista na lei.
O fundamento da discricionariedade é sempre a lei.
A discricionariedade pode ser dada a todos os aspectos com excepção das competências e dos
fins.
O Princípio da Boa Fé
Consagrado no art. 6º-A do CPA, não apresenta especificidade no que respeita à
sua aplicação à Administração Pública. Sobressaem, porém, os dois limites negativos
que ele coloca à actividade administrativa pública:
a) A Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os particulares
interessados puseram num certo comportamento seu;
a. E a resposta é…
15. Distinga delegação de poder de avocação
a. E a resposta é…
16. Distinga atribuição de competência
a. E a resposta é…
17. Distinga competência própria de competência delegada
a. E a resposta é…
18. Distinga competência absolutamente exclusiva de competência relativamente
exclusiva
a. E a resposta é…
19. Distinga competência conjunta de competência exclusiva
a. E a resposta é…
20. Distinga conflito de atribuições de conflito competências (e modo de os resolver)
a. E a resposta é…
21. Distinga relação orgânica de relação de serviço
a. E a resposta é…
22. Distinga hierárquico de superintendência
a. E a resposta é…
23. Distinga reclamação de recurso hierárquico
a. E a resposta é…
24. Defina direito administrativo
a. O direito administrativo é um direito do ramo público, constituído pelo sistema de
normas jurídicas que regulam a organização, a actividade e o controlo da
administração pública e as relações que esta, no exercício da actividade administrativa
de gestão pública, estabelece com outros sujeitos de direito.
O Direito administrativo tem por instrumento não só o contrato como essencialmente se
rege pelo princípio da supra-infra-ordenaçao. Igualmente o Direito administrativo tem
na sua base o princípio da legalidade e é este que regula a organização e o
funcionamento e actividade da administração pública.
a. E a resposta é…
28. Defina acto jurisdicional
a. E a resposta é…
29. Defina bloco da legalidade
a. E a resposta é…
30. Defina serviços públicos
a. E a resposta é…
31. Desenvolva o seguinte tema: A evolução da actividade administrativa (desde o
Estado liberal de direito até aos nossos dias)
a. E a resposta é…
32. Desenvolva o seguinte tema: O princípio da legalidade
a. E a resposta é…
33. Desenvolva o seguinte tema: Os limites ao poder discricionário
a. E a resposta é…
34. Desenvolva o seguinte tema: O poder discricionário
a. E a resposta é…
35. Desenvolva o seguinte tema: O sistema de administração judiciária
a. E a resposta é…
36. Desenvolva o seguinte tema: O sistema de administração executiva
a. E a resposta é…
37. Desenvolva o seguinte tema: O sistema administrativo português
a. E a resposta é…
38. Desenvolva o seguinte tema: Características (materiais e formais) do direito
administrativo
a. E a resposta é…
39. Desenvolva o seguinte tema: As fontes do direito administrativo
a. E a resposta é…
40. Desenvolva o seguinte tema: Os princípios da descentralização (abordando os tipos
de descentralização, os processos técnicos jurídicos de descentralização, vantagens
e inconvenientes e correctivo)
a. E a resposta é…