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PROVISÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS

INTRODUÇÃO

CONCEITO

Para Favero, Lonardoni, Souza e Takakura, (1997, p. 241), "as provisões estão
intimamente relacionadas ao regime de competência de exercícios, visto que seu
registro contábil independe da ocorrência ou não do desembolso de caixa". Provisões
representam a redução do ativo (quando estão relacionadas aos bens ou direitos) e ao
aumento do passivo (quando estão relacionadas ao reconhecimento das despesas).

Provisão provoca sempre a redução do resultado e conseqüentemente do patrimônio


líquido das sociedades.

De acordo com Almeida (2002, p. 137), "as provisões representam encargos ou riscos
que, conforme a Lei das Sociedades por Ações, deverão ser contabilizados até a data do
balanço". Diferem das demais transações registradas no passivo por terem uma ou mais
características destas citadas abaixo:

• determinação com base em estimativa;


• sem data certa de vencimento;
• sem nome exato do credor.

Conceito contábil que mede a provisão feita para a contas de contas a receber com
valores vencidos há mais de 90 dias

A Provisão para Devedores Duvidosos é a mais comum das provisões do ativo. De


suma importância para as empresas comerciais, devido a inevitável inadimplência de
parte de seus clientes, a Provisão para Devedores Duvidosos contabilmente deve ser
constituída com base em procedimento que reflitam verdadeiramente as perdas
esperadas. Para tanto, faz-se necessário a consideração dos fatores de risco conhecidos a
fim de estimar as perdas com contas a receber.

É conta do Ativo, possuindo natureza retificadora, uma vez que retifica a conta Clientes
ou Duplicatas a Receber, como fim de apresentar o valor líquido provável de realização
dos créditos em andamento. É debitada pela baixa dos títulos considerados incobráveis,
em contrapartida à conta Clientes.

A conta Provisão para Devedores Duvidosos é creditada pelo valor da provisão


constituída, em contrapartida a uma conta própria do Resultado do Exercício,
classificada no grupo das Despesas Operacionais e comumente denominada Despesas
com Devedores Duvidosos.

Até 1996, eram dedutíveis como despesa, para fins de apuração do lucro real, as
importâncias necessárias à formação de provisão para créditos de liquidação duvidosa.
Entretanto, desde o ano de 1997, a sistemática de provisão constituída com base em
percentual aplicável sobre o total dos créditos a receber foi substituída pelo regime de
dedução direta de perdas ocorridas no recebimento de créditos, conforme o disposto na
Lei nº 9.430/96, arts. 9º a 14.

PERDAS DEDUTÍVEIS

Para efeito de apuração do lucro real, poderão ser registrados como perda os seguintes
créditos:

I. com declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário;

II. sem garantia, de valor:

a) até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente


de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

b) acima de R$ 5.000,00 até 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano,


independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento,
porém mantida a cobrança administrativa;

c) superior a R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos


os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

III. com garantia (proveniente de vendas com reserva de domínio, de alienação


fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais, tais como o penhor
de bens móveis e a hipoteca de bens), vencidos há mais de dois anos, desde que
iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das
garantias;

IV. contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária,


relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar.

REGISTRO CONTÁBIL DAS PERDAS

Os registros contábeis das perdas admitidas mencionadas acima serão efetuados


debitando-se a conta de resultado e creditando-se:

a) A conta que registra o crédito, em cada de créditos sem garantia de valor até R$
5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses;

b) Conta redutora de créditos nos demais casos (itens I, II-b, II-c, III e IV).

Exemplos:

Ex.01: Um crédito valor de R$ 3.600,00, sem garantia, correspondente a uma duplicata


vencida há mais de seis meses, apresentará o seguinte lançamento:

D – Perdas no Recebimento de Créditos (Resultado)


C – Duplicatas a Receber (Ativo Circulante) 3.600,00
Ex.02: Um crédito sem garantia, no valor de 9.200,00, correspondente a uma duplicata
vencida há mais de um ano, terá como lançamento contábil:

D – Perdas no Recebimento de Créditos (Resultado)


C – Duplicatas Vencidas e Não Liquidadas
(Conta Retificadora de Duplicatas a Receber) 9.200,00

CRÉDITOS RECUPERADOS

O total dos créditos deduzidos que tenham sido recuperados, em qualquer época e a
qualquer título, deverá ser computado na determinação do lucro real.

A recuperação do crédito que tenha sido anteriormente contabilizado como perda


implica o seu reconhecimento contábil a crédito de conta de resultado.

Exemplos:

Ex.01: Se o crédito de R$ 3.600,00, que foi baixado na conta de duplicatas a receber,


vier a ser recebido, o será feito o seguinte lançamento:

D – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante)


C – Recuperação de Créditos (Resultado) 3.600,00

Ex.02: Se o crédito de R$ 9.200,00, que foi registrado em conta retificadora da conta


duplicatas a receber, vier a ser recuperado, serão feitos os seguintes lançamentos
contábeis:

D – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante)


C – Duplicatas a Receber (Ativo Circulante) 9.200,00
e
D – Duplicatas Vencidas e Não Liquidadas
(Conta Retificadora de Duplicatas a Receber)
C – Recuperação de Créditos (Resultado) 9.200,00

CONTABILIZAÇÃO E FINALIDADE

As contas de provisão são creditadas no momento de sua constituição, em contrapartida


com a despesa do ano, ou custo de produção e debitadas pela liquidação da dívida.

Como ressalta Almeida (2002, p.138), a constituição de provisões está "diretamente


relacionada ao atendimento dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, com as
condições de aplicação impostas a estes pelas convenções contábeis, especialmente no
caso relativo ao conservadorismo".

Podemos citar entre os princípios o da realização da receita e da confrontação da


despesa, que são conhecidos por regime de competência. De acordo com este princípio,
todas as despesas e perdas ocorridas em certo período, independentemente da data de
desembolso, deverão ser confrontadas com as receitas reconhecidas nesse mesmo
período.
Já com as convenções temos o conservadorismo como um dos mais importantes, no
aspecto de provisões, pois conforme Almeida (2002, p. 138) "esta convenção restringe
de certa forma o princípio do custo histórico como base de valor, sendo seu exemplo
mais comum ‘custo ou mercado, o menor’", que também é considerado na Lei n°
6.404/76, art. 183, nos critérios de avaliação de ativos.

CONCLUSÃO

A Provisão Para Devedores Duvidosos é uma parcela da receita de vendas, cuja


contrapartida é duplicatas a receber, auferida em certo período, ainda não foi recebida.
Assim, torna-se necessário estimar as perdas com duplicatas que provavelmente não
serão recebidas.

A utilização do critério fiscal para constituição dessa provisão é muito comum no


Brasil, e em muitos casos a finalidade é puramente de economia fiscal. Mas é
importante lembrar que é necessário a utilização de outro parâmetro, já que o índice de
perdas com duplicatas varia de empresa para empresa. Para se formular esta conta são
necessários alguns dados, e para isso deve-se, conforme Almeida (2002, p. 138):

• preparar um relatório com comentários sobre as contas vencidas, motivos de


atrasos, a situação atual e possibilidade de realização do valor;
• ter a posição dos advogados da empresa, que devem evidenciar a situação dos
processos;
• elaborar um mapa para os últimos anos, tendo os valores de vendas e perdas
relativas às vendas de cada ano.

Essa provisão é classificada como retificadora da conta Duplicata a Receber no Ativo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso Básico de Contabilidade. 4. ed. São Paulo:


Atlas, 2002. 301p.

FAVERO, Hamilton Luiz, LONARDONI, Mário, SOUZA, Clóvis de, TAKAKURA,


Massakazu. Contabilidade: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 1997. v. 2.

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