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E DO ADOLESCENTE
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O VAGABUNDO
- Grécia Antiga: costume popular que seres humanos fossem sacrificados para
adoração ou se nascessem com alguma deformidade física
- Direito Romano: exerceu grande influência sobre o direito de todo o ocidente, de onde
se mantém a noção de que a família organiza-se sob um forte poder do pai (pátrio
poder)
- Pátrio poder: caminhar dos séculos atenuou esse poder absoluto, que poderia matar,
maltratar, vender ou abandonar os filhos. Experiência brasileira: nova nomenclatura
observando o disposto no CC, arts. 1.630 a 1.638 (exercício, suspensão e extinção do
poder familiar)
- Impúberes: para eles era reservado o discernimento do juiz, porém tendo este a
obrigação de aplicar penas bem mais moderadas. Já os menores de até 7 anos eram
considerados infantes absolutamente inimputáveis
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Tábua Segunda (dos julgamentos e dos furtos): 5. Se ainda não atingiu a puberdade,
que seja fustigado com varas, a critério do pretor, e que indenize o dano
Tábua Sétima (dos delitos): 5. Se o autor do dano é impúbere, que seja fustigado a
critério do pretor e indenize o prejuízo em dobro.
- Declaração de Genebra (1924): de grande importância para a garantia dos direitos dos
menores (1ª manifestação internacional nesse sentido)
- Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU em 1959: estabelece
dez princípios considerando a criança e o adolescente na sua imaturidade física e
mental, evidenciando a necessidade de proteção legal
- 1979: declarado o Ano Internacional da Criança, que a ONU organizou uma comissão
que proclamou o texto da Convenção dos Direitos da Criança, no ano de 1989,
obrigando aos países signatários a sua adequação das normas pátrias às internacionais
- Regras Mínimas de Beijing, adotado pela ONU (1985): acordo moral em prol dos
direitos da criança.
-CF/88, art. 227 e Lei 8069/1990: consagrava-se, pois, uma das mais modernas
legislações menoristas do mundo
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Século XIX: o problema do menor começou a atingir o mundo inteiro, não sendo
diferente no Brasil. O crescente desenvolvimento das indústrias, a urbanização, o
trabalho assalariado, notadamente das mulheres, que tendo que sustentar os lares,
teve que ir trabalhar fora de casa, deixando os filhos ao ócio, concorreram para a
instabilidade e a degradação dos valores dos menores, culminando com o crime.
- Muitas foram as legislações criadas e aplicadas no Brasil. Cada uma, à sua época, foi
demonstrando-se ineficaz frente à descontrolada arrancada da criminalidade juvenil.
Outro dos mais combatidos problemas relacionado com as normas menoristas repousa
no discernimento que até hoje é reservado ao juiz de menores. Não há reprimendas
com penas fixas para os infratores. Essa discricionariedade atribuída ao Juiz, dificulta a
eficácia da aplicação das medidas sócio-educativas.
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- CF/88: corroborou, em seu art. 228, os arts. 1º, II e 41, § 3º do então Código de
Menores, vigente ainda à época, no sentido da inimputabilidade penal dos menores de
dezoito anos. O surgimento do ECA (Lei nº 8069/90), trouxe grandes avanços para a
responsabilidade menoril, tentando aproximar-se da realidade social desfrutada pelo
Brasil, que é das mais amargas face ao vertiginoso crescimento da marginalização de
menores. Promotores e Juizes da Infância e da Juventude são categóricos ao afirmar
que tal Diploma determinou critérios bem mais rígidos de punição, ao mesmo tempo em
que criou medidas de recuperação aplicáveis aos menores que ainda possuem
condições para tal.
- Sociedade brasileira: até então marcadamente rural, convivia, agora, com uma
realidade também marcada pela urbanidade em função do processo de industrialização,
o qual encontrou no desenvolvimento rural enormes possibilidades para se desenvolver
(pois possuíam mão-de-obra e quadros técnicos capazes de alavancar a incipiente
industrialização que se processava, ajudando a consolidar as relações capitalistas de
produção).
- Menor recorrendo às ruas da cidade: local perfeito para por em prática as artimanhas
que garantiriam sua sobrevivência. Inúmeros menores se dedicavam a praticar crimes
devido à deterioração das condições sociais, as modificações das formas e modos de
relacionamento, além disso, os diferentes e novos padrões de convívio que a
urbanidade impunha a seus habitantes eram ignorados pelo discurso oficial.
- Martha Abreu: discurso moralista era de cunho estritamente elitista, tendo o direito
servido para legitimar essa nova moralidade. Como tratamento da questão de moças
defloradas. O julgamento dos juristas, em casos como esses, estava associado a um
padrão econômico da moça: assim, as moças defloradas, na totalidade representantes
de setores populares, eram vistas e tratadas como mulheres pela grande parte dos
juristas e, também, pelos seus próprios pares.
-Candido Mota: extraordinário o número de meninos que vagam pelas ruas. Durante o
dia, vendem jornais, fazem fretes; uma vez, porém, que anoitece, vão prestar auxílio
eficaz aos gatunos adultos que, por esta forma, se julgam mais garantidos contra as
malhas policiais
- Comportamento dos menores nas ruas da cidade: transitando entre atividades lícitas e
ilícitas, contraria a moral dessa sociedade urbana calcada no valor trabalho/honestidade
em oposição a vadiagem/criminalidade
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Estado opta por uma política de correção moral a esses menores, encontrando na
proliferação dos internatos o modelo perfeito de realização dessa moral. A criação pelo
governo de uma instituição pública de recolhimento que visasse corrigir os menores que
praticavam atos ilícitos seria a solução para os jovens delinquentes; seria uma forma
também de proteger a infância já que evitaria que os menores fossem colocados nas
mesmas celas que adultos criminosos (espécie de castigo informal).
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- Irma Rizzini: Estado brasileiro tem um papel decisivo para a formação da mão-de-obra
na industrialização. E o país em crescimento dependia de uma população preparada
para impulsionar a economia nacional. Era preciso formar e disciplinar os braços da
indústria e da agricultura
- Idade biológica permitida para o trabalho, assim como para a punição penal, se
constrói de acordo com os interesses e posições dos agentes em disputa: para os
empresários, quanto menos idade tivesse o indivíduo classificado como menor melhor
seria para a organização do trabalho em suas indústrias. Assim como para a polícia que
teria poderes para reprimir e levar ao Juiz de Menores os supostos delinqüentes,
tirando-os das ruas, espaço em que vistos e considerados transeuntes ilegítimos.
- CM/27: primeira legislação específica voltada para esses menores (em situação de
delinqüência, marginalidade ou de abandono), partia desse contexto social marcado
pela criminalidade e pelas longas jornadas de trabalho a que eram submetidos os
menores
- Destinatários e objetos do CM/27 (art. 26): não qualquer criança entre 0 e 18 anos,
mas, aquelas denominadas de expostos (as menores de 7 anos), abandonados (as
menores de 18 anos), vadios (os atuais meninos de rua), mendigos (os que pedem
esmolas ou vendem coisas nas ruas) e libertinos (que freqüentam prostíbulos)
- Roberto da Silva: consolidando toda a legislação sobre crianças até então emanada
por Portugal, pelo Império e pela República, o CM estabeleceu um sistema de
atendimento à criança assentado nos efeitos sociais de um processo de industrialização
excludente que agravou os problemas sociais
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- 52 anos de vigência do CM: durante esse período, o Código cumpriu seu mister de ser
aplicado após a instalação do conflito. Como só os "vadios", "abandonados" ou
"delinqüentes", isto é, os desajustados sociais eram objeto de intervenção do Poder
Judiciário, apenas se e quando se enquadrassem em alguma daquelas definições
haveria uma ação do poder público através da intervenção do Poder Judiciário
- Ação estatal: se efetua por intermédio do CM, limitando-se aos juízes de menores.
Não há a presença do Estado atuando para evitar o conflito, para evitar que tais
menores se enquadrassem nas tipologias previstas no CM. Por outro lado, durante esse
período, os juízes de menores tiveram um papel preponderante e exclusivo na gestão
do sistema que recebia os menores delinqüentes
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Liliane Capilé: nos anos de 1930 à 1964, os internatos vivem o seu apogeu com o
SAM fundado em 1940 e tendo como proposta recuperar as CA, ao mesmo tempo que
deveria proteger as crianças pobres, „abandonadas‟ que necessitavam do abrigo do
Estado para poderem alimentar-se e estudar (permanência até a obtenção da
maioridade)
- Solução para resolver esses dois problemas centrais: não foi a de abandonar mas
ampliar o sistema calcado nas internações, mediante a criação das FEBEMs
(subordinação às diretrizes da Fundação Nacional, todas as entidades públicas e
particulares que prestassem atendimento à CA, além disso, financeiramente autônoma,
a Fundação incorporaria a estrutura do SAM existente nos Estados, incluindo-se aí,
tanto o atendimento aos menores carentes e abandonados quanto aos infratores)
- Ditadura militar: iniciada em abril de 1964, concebeu amplas reformas que incluiu,
dentre outros, a outorga de uma nova Constituição e, no campo educacional, a reforma
do sistema educacional e do ensino universitário em 1968, objetivando constituir
barreiras ideológicas, culturais e institucionais à expansão da ideologia marxista. Tal
situação caracterizaria o trabalho executado pelas Fundações como sendo escorado
nos preceitos do militarismo, com ênfase na segurança, na disciplina e na obediência.
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Mudança da política dirigida aos menores, fomentada a partir de 1964, ocorreu sem
que o CM/27 fosse revogado: surgimento de leis que o alteraram (4.655/65, 5.258/67 e
4.439/68), contudo, o CM permaneceu em vigor e aplicável no mundo jurídico
(alterações para especificar a natureza do tratamento necessário ao „menor infrator‟,
distinguindo-o do órfão e do abandonado, ainda que todos fossem caracterizados como
em "situação irregular‟)
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Inspiração na DUDC:
Reconhecimento de direitos (saúde, educação, profissão, recreação e segurança social)
Responsabilização da família, a comunidade e o Estado pela proteção e assistência social
da CA
Previsão da necessidade de proteção à família
Somente excepcionalmente a CA poderia ser separado dos pais
- Inovações tímidas mas precursoras do direito das CA:
Responsabilização do Estado e da sociedade
Importância deles assegurarem meios para que a família carente pudesse manter seus
filhos (cf. art. 23, ECA)
- Identificação das proposições:
Direitos da CA ou, ainda, direito do menor?
- Tramitação do projeto:
Disposições identificadas como de direitos suprimidas
Oferecimento de projeto substitutivo em que abandonou a enunciação de direitos (senador
José Lindoso)
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Importância da DUDC:
Pela 1ª vez, um documento enunciando direitos
Texto que, mesmo sem um valor normativo que conduzisse à sua exigibilidade enquanto
direito subjetivo, rompeu com uma tradição internacional de omissão com a problemática da
CA
Deixava-se para trás a visão da CA vista como um objeto e responsabilização restrita
exclusivamente ao âmbito familiar (como pregava a DSI).
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Conseqüências:
Não estando obrigado a efetivar direitos (o que exigiria recursos e investimentos) cabe ao Estado
esperar o resultado dessa omissão para agir de forma repressiva
Ação do Estado e da sociedade no CM é negativa no que tange à efetivação de direitos (não
chegam a ser reconhecidos)
Tragédia da infância brasileira como algo inevitável, já que Estado e Sociedade não possuíam
obrigações diante desses casos
Nova finalidade do CM: ser instrumento de desencargo de consciência
- Enunciação de direitos:
Impossibilidade de reivindicação de sua implementação
Visão caolha da DSI: ignora-se a necessidade de um sistema de proteção à CA sob o argumento
de que a família é suficiente para garantir as necessidades dos seus
Significação da enunciação: discussão acerca (a) das políticas específicas de cada área
governamental voltada para a família e a CA bem como os limites impostos à sua concretização; b)
das próprias relações de estrutura do poder, o emprego e a prioridade dos gastos públicos; (c)
possibilidade de acionar o judiciário e exigir direitos.
- Aplicação do CM:
Restrito aos casos de patologia social
Apenas CA que se adequasse ao tipificado como SI desfrutava de "acesso à justiça" já que,
nesse caso, houve uma "falha" do menor ou da família que resultou em carência ou em conduta
anti-social
Componente moral: a família ou o menor, há que falhar; há que existir um culpado para que se
justifique a conduta social e o acesso às medidas judiciais
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Acesso à justiça:
CM/79 como instrumento legal limitativo
Restrição somente a casos determinados
Como conseqüência, inviabiliza que interesses da CA desfrutem de proteção jurídica
CA tivesse negado as “condições essenciais à subsistência" (saúde ou a educação) por uma
razão que não se constituísse "falta, ação ou omissão" dos pais ou responsáveis, mas sim, por
uma omissão estatal ou uma ação de um terceiro, de um grupo de sociedade, esse caso não teria
amparo no CM
Situação que não estivesse prevista como perigo moral, maus-tratos, privado de assistência
legal, desvio de conduta ou infração penal estaria impossibilitada de ser conhecida pelo judiciário
Menor que não tivesse acesso ao lazer, à recreação ou à profissionalização já que não havia
qualquer previsão de exigibilidade desses ou de quaisquer outros direitos
Conclusão: CA não é sujeito de direitos, não os tendo ou podendo reivindicá-los nos casos de SI
- DSI e CM/79:
Por ser taxativa, a DSI, associada à idéia de patologia social, não abrange nem mesmo o
conjunto de hipóteses possíveis de controle social
Legislação não abre a possibilidade de adequar a conduta do menor a outros casos que não os
definidos, ainda que axiologicamente merecessem a mesma proteção
Ante a dinâmica imposta pelos fenômenos sociais, a taxatividade presente nas situações
definidoras de SI constituem CM/79 em um instrumento legal incapaz de regular ou abrir
possibilidades de regulação para toda a problemática do menor
Não alcançando todas as CA, o CM somente possui eficácia jurídica, produzindo resultados na
órbita jurídica, quando determinada conduta de um menor se adequa a algum dos incisos que
caracterizam a SI (art. 2º)
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- DPI:
CA como um ser dotado de direitos que precisam ser concretizados
Legislação assegurava a satisfação de todas as necessidades das pessoas de menor
idade, nos seus aspectos gerais
Oposição ao DPM: direito se interesse pelo menor somente a partir do momento em que
este pratique um ato de delinqüência
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- DSI:
Colocação intermediária entre as doutrinas existentes
Apesar de não garantir direitos universais ao menor, contudo não se preocupa apenas
quando esse é delinqüente (carência financeira, moral e jurídica)
Presença no CM/27, sem que tal expressão tivesse sido referenciada
Proposta de Allyrio Cavallieri na fase de estudos para a elaboração do CM/79: substituição
às denominações abandonado, delinqüente, transviado, infrator, etc
SI: designação de forma genérica de todos os casos de competência do juiz de menores
ou em que o DM for aplicável
Semelhanças estruturais e lógico-jurídicas nas codificações: aproximação dos estereótipos
elencados no CM/79, além da ligação de institutos (prevenção e vigilância)
Adoção da expressão SI na legislação de outros países (Cavalieri)
Irregular: o que contraria a norma, o que se opõe à normalidade
SI: estabelecidas conforme o juízo de valor do que fosse normal e anormal (definida em
função da conseqüência e dos efeitos sociais nocivos já produzidos sobre a CA)
Não inquiriria as causas que originam as condutas anormais dos menores: não se deveria
considerar a situação que os conduzia à carência ou delinqüência ao invés de considerar a
CA como carente ou delinqüente?
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- CM/79:
Criação de institutos jurídicos, outros são suprimidos, alteração na disposição do texto,
incorporação da expressão SI no direito positivo: existiu ruptura com paradigma anterior?
Estrutura lógica: identificada nos destinatários da norma jurídica (todas as crianças e
adolescentes, independentes de qualquer condição OU identificação à determinadas
condutas)
52 anos: mudança no leque de medidas aplicáveis e estabelecimento de sistema de
gradação (advertência ao internação, além da colocação em lar substituto)
Advertência: experiência dos JM que, a despeito da falta de previsão legal, aplicaram o
instituto nos casos em que se considerava a internação desnecessária
Eficácia em casos menos graves (modificação de comportamento em face de uma severa
e pessoal admoestação)
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- Histórico constitucional:
Preocupação em estabelecer os princípios do DCA
Negligência do Estado Brasileiro em estabelecer uma legislação que assegurasse direitos
Antônio Chaves: incorporação do DCA ao DF de tal forma que só possa ser exercido
através dos genitores (CA sem família não tinha direito)
Alteração do panorama constitucional: dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227)
Fruto de uma emenda popular denominada "Criança, Prioridade Nacional" organizada pela
entidades Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), Federação Nacional das sociedades Pestalozzi (FENASP), Movimento
Nacional de Meninos e Meninas de Rua, Frente Nacional de Defesa dos Direitos da Criança
(FNDDC) e Serviço Nacional Justiça e Não-Violência
Pretensão: alertar para a grave situação da CA além de criar condições de que a CF
tivesse dispositivos que promovessem e defendessem os direitos das CA.
José Sampaio: papel desempenhado pela Declaração de Genebra (1924), DUDH (1948),
DUDC (1959), Convenção Americana dos DH (Pacto de San José – 1969) na afirmação e
incorporação da DPI
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Carta de Outubro
Inovação na incorporação de direitos e modelo baseado em direitos (fundamentando-se na
DPI)
Situação conflitante com o CM/79: exigência de elaboração de um novo diploma legislativo
fundado agora na perspectiva da enunciação de direitos
Novo DCA: mais científico, mais jurídico e dirigido a generalidade
- Lei 8.069/90:
Caracterizado pela coercibilidade, passa garantir às CA todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, assegurando-lhes oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições e
dignidade (art. 3º)
Relação entre: enunciação de direitos e exigibilidade
Coercibilidade: possibilidade de se acionar o aparato judicial para que o DCA seja
concretizado, utilizando-se, se for necessário, todos os instrumentos disponíveis pelo
Judiciário
Liliane Capilé: corporificação do desejo de assegurar dignidade às e propiciar reais
condições para que os direitos consagrados na Carta Magna pudessem ser concretizados
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Sujeitos de direitos:
Principal característica da DPI (surgimento na DUDC/59, contudo 8º Congresso da
Associação Internacional de JM/Genebra posicionou-se no sentido de que não era função do
Poder Judiciário assegurar à CA direitos tão amplos como o direito ao nome, à
nacionalidade, à saúde, à educação, ao lazer e ao tratamento médico dos deficientes)
Allyrio Cavallieri: pátrio poder dispondo da vida da prole (Abraão)
Código Francês: marco em que a CA era considerada sujeito de direito (relativização do
pátrio poder operou-se através da permissão conferida ao JM para afastar o pátrio poder,
toda vez que estivessem em perigo a saúde, a segurança, a moralidade e a educação de
uma criança, constituindo-se tentativa de limitar o arbítrio dos pais, guardando um sentido
protetivo nos casos em que a CA estivessem ameaçadas.
Meros objetos passíveis de tutela da família, do Estado e da sociedade? Titularidade de
direitos e proteção da ordem jurídica, caso eles não sejam efetivados
Fator diferenciador entre CM e ECA: acesso aos meios de defesa dos seus direitos,
principalmente da liberdade, do respeito e da dignidade, bem como à responsabilização
daqueles que porventura venham a ofendê-los
Apesar de possuir institutos similares ao CM/79, de nenhum modo se pode dizer que, ao
fazer isso, o ECA adota a teoria da SI (destinação do público atingido pelas medidas
estabelecidas)
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Enunciação de direitos:
Ampliação da abrangência da lei: medidas previstas exigem uma prestação positiva dos
diversos atores independente de qualquer condição, diferentemente, o CM/79 possui
abrangência restrita e suas medidas não obrigam o Estado e a sociedade justamente por
englobar apenas os menores em SI
Posição de igualdade em relação aos adultos: ambos vistos como PH, possuindo direitos
subjetivos que podem ser exigidos judicialmente (ECA, art. 3º)
DPI: amparo completo, não só da CA, sob o ponto de vista material e espiritual, como
também a sua salvaguarda desde o momento da concepção, zelando pela assistência à
saúde e bem-estar da gestante e da família, natural ou substituta da qual irá fazer parte
Antônio Chaves: sentido estritamente legal na expressão “proteção integral” em que toda a
matéria passará a ficar subordinada aos dispositivos do ECA
Influência do DPI: todos os outros institutos disciplinados pelo Estatuto (pessoas humanas
dotadas de dignidade)
Diferenciação em relação à legislação anterior: não apenas mera substituição da doutrina,
mas a existência de dois direitos (DM e DCA), com bases distintas
ECA: enunciação de direitos, possibilidade de exigibilidade e abrangência total
(descontinuidade lógica-jurídica), além da absorção e aperfeiçoamento de alguns institutos:
a) Internação de adolescentes infratores:
Reavaliação da medida de internação a cada 6 meses (até 2 anos pelo CM/79)
Definição de um prazo máximo de internação de 3 anos (situação não definida no
CM/79, possuindo o juiz a capacidade de determinar o tempo de internação que
poderia exceder esse prazo)
Previsão de que o local da internação seja destinado exclusivamente para
adolescentes (CM/79 admite excepcionalmente a internação em estabelecimento
destinado a maiores)
Previsão de direitos aos adolescentes internados (silêncio do CM/79)
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Novos institutos:
a) Municipalização e a descentralização da política dirigida às CA bem como a
criação de conselhos:
Desburocratização do atendimento às CA: ineficiência nas super estruturas de
controle e na formulação de política do menor de caráter nacional
Diretrizes atuais: ECA, arts. 88 e 132
Experiência da participação da comunidade: procurar dentro da própria
comunidade soluções para os problemas
Idéia da absorção dos menores carentes e abandonados por suas comunidades
originais, e não pelas instituições públicas que os confinam e os marginalizam,
familiar e socialmente
Objetivos: zelar pelo cumprimento dos direitos das CA e definir a política
municipal antes estabelecida por tecnocratas que pouco sabiam da realidade local,
exercendo atribuições que antes eram conferidas aos JM
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Fixação (Nogueira)
• Temeridade: início (responsabilização por AI com garantias processuais) e final
(imputabilidade penal) da adolescência (CF, art. 228 e CP, art. 27)
• Aplicação de medidas pedagógicas e MSE
• Referência: criança (arts. 10, 54, 75, 83, 228 e 229) e adolescente (arts. 45, 54, 61 a
69, 94, 102 a 128, 148, 171 a 190, 201, 235 e 248)
Semelhança (CDC/89)
• Limites etários variantes: 15 (74 p), 16 (10 p), 18 (31 p) ou mais (6 p)
Haim Grünspun
• Puberdade: aparição dos primeiros sinais exteriores da maturação sexual (9-13 anos)
Mudança da terminologia menor para CA
• Designação de imputabilidade
• Sinônimo de carente, abandonado, delinqüente, infrator, egresso da FEBEM,
trombadinha, pivete (CM/79)
• Rótulos e marcas: estigmas da SI (traumas e marginalização)
Aplicação excepcional
• CC/2002: revogação tácita da norma?
• Importância para definição da competência: VIJ, VF ou VC?
• MSE (decretação e cumprimento): ECA, art. 121, §5º
• AI praticado antes da maioridade penal: arquivamento da sindicância?
• Até 21 anos o infrator pode e deve ser acompanhado pelo JIJ (TJRS)
• Definição de competência (VIJ ou VF) sobre emancipação, tutela e guarda: verificação
do art. 98, ECA.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Conflito de leis
• JIJ decidirá em prol do interesse do hipossuficiente (bem maior tutelado)
TJSP:
• Caso de guarda de filhos: único critério a solucionar a problemática (motivos morais)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude.
Consistência do dispositivo
• Transcrição da norma constitucional (art. 227)
• Dever supletivo dos demais atores (formação de homem civilizado)
• Princípio da humanidade: base na solidariedade social (proteção de CA desvalidos)
Absoluta prioridade
• 1º lugar na escala de preocupação dos governantes
• Atendimento da universalidade de suas necessidades
• Maior patrimônio de uma nação é o seu povo, e deste são suas CA (Gomes da Costa)
• Ponderação de existência:
a) Creches, escolas, postos de saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes,
dignas moradias e trabalho
b) Asfaltamento de ruas, construção de praças, sambódromos e monumentos artísticos
Destinação de albergues da Municipalidade a menores abandonados (TJSP/1997-VKI)
• Indevida ingerência do Judiciário sobre atividade típica do Executivo?
• Não se tratou de construção de albergues ou locação de prédio para tal fim
• Ordenamento impõe ao administrador público o dever (não a faculdade)
• Destinação de servidores especializados
Garantia de prioridade
• Não mera enumeração de direitos, mas indicação de mecanismos de exigibilidade
• Promoção e fiscalização pelo Parquet (CF, art. 129, II)
• Zelo pelo efetivo respeito dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
na CF (promoção de medidas necessárias a sua garantia)
Fonte
• Princípio XI: CA deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e
exploração, além de não ser objeto de nenhum tipo de tráfico
Relatório CONANDA/1996
• Abuso: violência doméstica (físico-química), negligência e abuso sexual
• Exploração sexual comercial: 10 a 16 anos (10% dos homens e 25% das mulheres)
• Agrupamento mais atingido: etnia negra
• Causa: pobreza (70%), droga (álcool), baixa escolaridade e prole numerosa
• Estrutura familiar: presença de apenas 1 dos pais (40%) e chefia feminina (30%)
• Violência sexual: embora iniciada na rua, ocorre de modo geral no interior das
residências (ABMPJIJ/1996)
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
a) se o crime é cometido por agente público;
b) se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos;
c) se o crime é cometido mediante seqüestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo
a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se
dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos,
e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento.
Disciplinamento justrabalhista
• Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 meses, a mulher terá direito,
durante a jornada de trabalho, a 2 descansos especiais, de meia hora cada um
• Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 meses poderá ser dilatado, a critério
da autoridade competente (art. 396)