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INTRODUÇÃO
Dizem que a filosofia de um século é o bom senso do século seguinte.
Assim esperamos que o bom senso ambiental que surgiu com cientistas e
pensadores como Lovelock, Arne Neiss, Capra e outros sejam o que vai
garantir o futuro sustentável deste século que se inicia. Mas se somos capazes
de enxergar que o planeta não é uma estrutura separada de nós mesmos, que
somos sim uma pequena parte de um todo maior, podemos esperar que as
expectativas para o futuro sejam pelo menos um pouco promissoras.
Os primeiros ensaios para o desenvolvimento da ecologia profunda
foram dados por cientistas, matemáticos, na década de 50 do século passado,
como o cientista Heinz von Foerster onde este fora organizando e difundindo
idéias sobre a auto organização de sistemas vivos. A idéia de auto organização
prega que redes de comunicação podem gerar laços de realimentação, elas
podem adquirir a capacidade de regular a si mesmas. Uma comunicação que
mantém uma rede ativa de comunicação aprenderá com os seus erros, pois as
conseqüências de um erro se espalharão por toda a rede e retornarão para a
fonte ao longo de laços de realimentação. Realmente, a auto-organização
emergiu talvez como a concepção central da visão sistêmica da vida, e, assim
como as concepções de realimentação e de auto regulação, está estreitamente
ligada a redes. O padrão da vida poderíamos dizer, é um padrão capaz de
auto-organização. Esta é uma definição simples e, não obstante, baseia-se em
recentes descobertas feitas na própria linha de frente da ciência.(Capra,1996)
O que hoje nos acontece é conseqüência direta da filosofia de toda uma
civilização. A civilização que separou do todo a sua parte,que dissociou espírito
e corpo, luz e mistério, ser humano e Cosmos. Com essa postura, nossa
civilização ocidental surgiu. Acreditando que concreto e abstrato são duas
coisas opostas e separadas.
Nossa consciência (nosso eu) e nosso corpo fazem parte no dito “ser”. O
ser humano em sua existência singular é corpo e espírito, alma e matéria, tudo
unido e indivisível. Mas nossa educação e nossa filosofia os tratam e os
visualizam em separado. Mas o todo não pode ser separado. Adoecemos e
nossa civilização atual agoniza por acreditarmos que nossa alma e nossa
matéria são duas idéias completamente separadas. Agonizamos por não nos
compreendermos como uma dualidade una pode constituir todo o Universo.
Desta maneira, acreditamos que o planeta, os seres vivos de outras espécies,
mares, oceanos, microorganismos e plantas são totalmente diferentes de nós
mesmos e algo o qual é completamente a parte de nossa sobrevivência. Não
acreditamos em auto-organização planetária, nem em relações de feedback a
nível ambiental. O ser humano se considera superior e separado da natureza
como um todo. O que o torna extremamente frágil e vulnerável, pois, mesmo
não acreditando, o humano é parte integrante da natureza e desta depende.
Assim, ele passa sua vida agredindo-a, poluindo-a e destruindo-a, não
compreendendo que a agressão que faz ao planeta está fazendo
primeiramente a si mesmo. O mesmo descaso para com o qual trata o planeta
este também trata sua própria espécie. Assim, toda forma de corrupção,
atrocidades para com outros, genocídios, maus tratos, descaso para com a
vida de outros seres humanos, exploração, trabalho escravo, pobreza extrema,
favelização de cidades, violência, falta de saneamento básico em centros
urbanos, ausência de acesso a saúde pública pelas camadas mais pobres,
elitização do acesso a educação de qualidade, marginalização dos
desajustados, somam-se as agressões de ordem planetária, somam-se a
necessidade de conscientização de que toda a raça humana é um todo,que
todos os seres vivos pertencem a um todo. A agressão aos seres menos
desfavorecidos compete indiretamente a uma agressão a nós mesmos.
Provavelmente esta seja a forma mais implícita de falta de amor próprio ao qual
cada individuo sofre no mais íntimo âmago de seu próprio ser. Sendo está
desvalorização do próprio eu manifestado no descaso do valor ao próximo.
Bibliografia
• Unger, Nancy M.,O encantamento do Humano – ecologia e
espiritualidade, editora Loyola, SP 2º. Edição, 2000.
• Rohden, Huberto, O drama milenar do Cristo e do Anticristo, Ed.
Alvorada, São Paulo, 1972.
• Rohden, Huberto, A voz do silêncio, Ed. Alvorada, 2º. Edição, São Paulo,
1983.
• Einstein, Albert, Escritos da Maturidade, Editora Nova Fronteira, Rio de
Janeiro, 1955-1984.
• Capra, Fritjof; A teia da Vida,Ed. Cultrix, São Paulo,1996.