NOTÍCIAS DE ALVERCA

OUTUBRO 2008 ANA SIMÕES 09

CRÍTICAS. Ana Simões viveu em

Alverca durante 10 anos, mas foi
morar para fora daqui porque ad-
mite que esta cidade perdeu quali-
dade de vida: “Em Alverca uma
das coisas que verificamos é a
construção muito na vertical,
quando haveria espaço para fazer
por exemplo vivendas unifami-
liares, com espaços ajardinados. A
Malvarosa teria sido o sítio ideal
para isso.” A falta de estaciona-
mentos e o estacionamento desor-
denado junto às escolas são outro
problema: “Já chamei a atenção
da câmara para esta questão, é
um assunto a resolver o mais
depressa possível”

isso advém da própria necessidade. 12.º ano porque foi a própria população

“NA”: Existem muitos casos desses
nesta escola?
AS: Não tenho nenhuma estatística,
mas falamos com os directores de turma
que nos trazem algumas situações de
alunos que têm dificuldade em comprar
os livros, em concentrar-se nas aulas,
portanto há um conjunto de alunos que
fazem um grande esforço para concluir
os estudos e isso é de louvar.
“NA”: Este vai ser o ano de conclusão
para os primeiros alunos do curso
profissional de Mecânica Aeronáu-
tica, que iniciaram há dois anos.
AS: Sim. O protocolo com a OGMA –
Indústria Aeronáutica de Portugal re-
sultou a 100 por cento; os alunos não
tiveram estágio apenas num ano, mas
dividido em três anos, e isso é muito
compensador no final do secundário,
sobretudo para aqueles que querem
fazer o acesso ao ensino superior.
“NA”: Sim, porque os alunos dos cur-
sos profissionais podem, de facto,
candidatar-se ao ensino superior, em-
bora o seu concurso seja diferente.
AS: Podem. Todos os cursos têm acesso
ao ensino superior.
“NA”: Pensa que o 12.º ano deverá
ser a escolaridade mínima obri-
gatória?
AS: Eu agora vou dizer como a senhora
ministra: de uma forma natural, o 12.º
ano institucionalizou-se.
“NA”: Com esta questão dos cursos
profissionais inclusive?
AS: E não só. O facto de hoje em dia os
próprios alunos não terem mercado de
trabalho… Quando acabam um curso
de educação e formação, por exemplo,
normalmente os alunos procuram um
curso profissional, ou seja, há instinti-
vamente a procura da continuação de
estudos. Portanto, penso que não há ne-
cessidade de uma obrigatoriedade do
que o tornou “obrigatório”.
“NA”: Ou seja, face à diversidade de
respostas que existem actualmente, é
quase obrigatório…
AS: E também porque não há mercado
de trabalho. Para um jovem de 18 anos
não há emprego estável e, portanto, os
alunos procuram prosseguir os seus es-
tudos e obter o diploma. Penso que isso
é uma das coisas mais positivas que
aconteceu nos últimos tempos.
28 alunos
por monobloco
“NA”: Voltando a falar deste início de
ano lectivo, como estão a decorrer as
aulas nos monoblocos? Os alunos
aceitaram bem a ideia?
AS: Não sei exactamente qual foi a
resposta dos alunos, mas os professores
sei que estão a gostar; e até aqueles que
ao início criticaram os monoblocos,
quando viram as suas condições perce-
beram que não era nada de transcen-
dente. Até têm ar condicionado!
“NA”: Qual é a capacidade das salas
dos monoblocos?
AS: Temos três salas com capacidade
para 28 alunos.
“NA”: Quando a DREL vos anun-
ciou que iriam receber mais alunos,
fruto da fusão das escolas, avançou
com alguma solução? Ou esta solução
foi encontrada por vós?
AS: Quando isso nos foi comunicado
disseram-nos que passaria para aqui a
Infante D. Pedro inteira. No entanto,
quando estas coisas são comunicadas
muitas vezes não se está a ponderar
quantos alunos é que a escola tem, mas
quantos alunos é que teve. Aqui a
questão foi voltar ao passado: se em
1990 tinha cerca de 3.000 alunos, por
“
Há alunos que, devido às dificuldades económicas
das famílias, estão a fazer um grande esforço e trabalham,
por exemplo, por turnos
que não voltar? Mas isto não é bem
assim, sobretudo para uma escola que,
nos últimos anos, tem criado inúmeras
respostas e aderido a vários projectos
para atender às necessidades dos estu-
dantes.
“NA”: Quantos alunos têm actual-
mente?
AS: Cerca de 1.300, sem contar com os
das novas oportunidades onde estão
inscritos cerca de um milhar de for-
mandos. Portanto nós tivemos que olhar
para os números, para os cursos, porque
o currículo de um curso profissional é
um currículo de uma pessoa que entra
na escola às 08h00 e sai às 18h00, com
45 minutos para almoço. Nós temos
muitas turmas que, pelo menos quatro
vezes por semana, estão nessa situação,
quer em cursos profissionais, quer em
cursos de educação e formação. Exis-
tem pois algumas diferenças entre os
cursos tecnológicos e os cursos gerais,
logo temos que ponderar tudo muito
bem em termos de organização do es-
paço.
“NA”: E assim que teve a notícia da
fusão dos dois estabelecimentos…
AS: Assim que tive essa notícia vim
para a escola fazer contas. Depois pro-
pus à DREL: precisamos de reestrutu-
rar cinco salas de aula e criar três
monoblocos.
“NA”: Receberam apoios financeiros
por parte da DREL?
AS: Sim, sim. Não houve qualquer
problema relativamente a isso.
“NA”: Estes monoblocos são uma
situação para se manter a médio
prazo?
AS: Estou a pensar que talvez no pró-
ximo ano lectivo já não sejam
necessários.
Centro
de Formação
Infante D. Pedro
“NA”: A Ana Simões também dá
aulas actualmente?
AS: Eu não dou aulas, mas por uma
questão de opção. Os presidentes dos
conselhos executivos podem ter uma
turma, se quiserem. Não é que eu não
goste de dar aulas, mas é impossível
neste momento responder a uma turma
para dar aulas. Aliás, o trabalho organi-
zativo que temos em mãos é tanto que
estamos também a tentar libertar das
aulas os vice-presidentes do concelho
executivo.
“NA”: Como é o seu dia-a-dia?
AS: (risos) Podem vir cá, convido-os a
assistir (mais risos). Não é só o arranque
do ano lectivo, digamos que o ano pas-
sado foi também muito complicado.
Todas estas mudanças, a avaliação dos
professores… No ano passado tivemos
cerca de 37 professores contratados,
este ano o número é menor por causa da
junção das escolas, mas são muitos cur-
sos, neste momento devemos estar à
volta dos 177 professores, é muita gente
para avaliar. Entretanto iremos abrir
nesta escola o centro de formação de
professores e pessoal não docente do
concelho de Vila Franca de Xira, a que
daremos o nome de Centro de For-
mação Infante D. Pedro.
“NA”: Porquê este nome?
PERFIL.
Ana Simões, 43 anos, é casada e
tem três filhos. É natural de Va-
longo do Vouga (Águeda) e reside
actualmente em À-do-Barriga
(Arruda dos Vinhos). É profes-
sora, com formação na área de
Geografia, há cerca de 18 anos e
este é o quarto ano que preside ao
conselho executivo da Gago
Coutinho
“
AS: Tem a ver com a personagem do
Infante D. Pedro ligada à cidade de
Alverca. O Infante D. Pedro foi uma
personagem ligada às artes e ao co-
nhecimento, portanto foi uma person-
agem da nossa história que se
evidenciou; além disso preserva a
memória da escola extinta.
“NA”: Recentemente tivemos a in-
formação de alegados desacatos junto
a este estabelecimento, entre estu-
dantes da Gago Coutinho e da Pedro
Jacques de Magalhães, envolvendo
inclusive a utilização de armas bran-
cas. O que aconteceu ao certo?
AS: O único desacato de que tenho co-
nhecimento foi um aluno que estava
num café, junto à estação, e que rece-
beu três facadas de uma pessoa que nem
sequer é aluno. Claro que o nosso aluno
dirigiu-se depois ao conselho executivo,
mas nem sequer sangrava. Contactámos
o INEM que teve uma resposta muito
célere, assim como a PSP, mas não ou-
vimos absolutamente mais nada; foi
essa a única situação. Portanto, não en-
volveu qualquer aluno da Pedro Jacques
de Magalhães, ou seja, o lesado foi um
aluno desta escola e o agressor nem se-
quer era aluno.
“NA”: Esse aluno já recuperou?
AS: Perfeitamente. No dia seguinte es-
tava nas aulas.
“NA”: O que pensa da actuação da
“Escola Segura” da PSP nesta zona?
AS: A minha opinião já era bastante
positiva quando estávamos com a GNR.
Dado o número de elementos que estão
envolvidos e a vasta área que tutelam,
penso que as coisas têm corrido de uma
forma bastante positiva. No entanto, há
que tomar algumas medidas e falei com
eles nesse sentido, nomeadamente colo-
car policiamento junto aos semáforos da
variante do Jumbo porque é ali que se
fazem os maiores furtos.
“NA”: Dizia-nos que tem um
mestrado em Administração Escolar.
Certamente que a terá ajudado bas-
tante nos últimos tempos…
AS: É antes caso para dizer: os mestra-
dos são coisas mais teóricas e esta ex-
periência é que serviu para fazer o
mestrado. (risos)
“NA”: E teve boa nota?
AS: Sim, tive muito bom no mestrado
para fazer doutoramento.
Nuno Lopes / Mário Caritas