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Licenciatura em Educação Básica

Ciências Integradas da Natureza I

Apontamentos da disciplina
Coligidos por Mário Talaia

Departamento de Física
Universidade de Aveiro
2007-8
Ciências Integradas da Natureza

Nós e o Universo
Desde a antiguidade que o homem procura compreender a Natureza e explicar os
fenómenos que nela ocorrem.

No passado a Física era entendida como a ciência que estudava toda a Natureza e os
fenómenos de transformação que nela podem ocorrer; englobava os ramos do
conhecimento que são hoje objecto de outras ciências, por exemplo:
• Botânica
• Zoologia
• Medicina
• Geografia
• Mineralogia
• Astronomia

A Física é a ciência que estuda as propriedades da matéria e os fenómenos que nela


ocorrem sem que a sua natureza seja alterada.

Foi a Astronomia que suscitou há muito tempo a curiosidade do Homem. O Homem


queria compreender o UNIVERSO.

Até meados do século XVII, em consequência da posição assumida por PTOLOMEU


(85-160), matemático, geógrafo e astrónomo grego do século II EC, considerava-se
cientificamente correcto que a Terra (imóvel) se encontrava no centro do Universo
“Modelo Geocêntrico” do Universo.
No século XVI, NICOLAU COPÉRNICO (1473-1543), astrónomo polaco, grande
admirador de PTOLOMEU, colocou a hipótese de ser o Sol (imóvel) o centro
(praticamente) do nosso sistema planetário “Modelo Heliocêntrico” do Universo. Neste
modelo, os períodos de translação dos planetas são menores para os planetas próximos
do Sol e maiores para os planetas mais afastados. O modelo também explica a sucessão
dos dias e das noites.
TYCHO BRAHÉ (1546-1601), astrónomo dinamarquês e excelente observador,
revolucionou a precisão das medições da posição das estrelas. TYCHO recusava o
modelo de COPÉRNICO, não só porque (na sua maneira de ver) contrariava a Bíblia,

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mas também porque não conseguia detectar paralaxes anuais nas estrelas. O modelo
criado por TYCHO era de compromisso entre os de PTOLOMEU e COPÉRNICO e teve
pouca aceitação.
COPÉRNICO considerava que as orbitas dos planetas em torno do Sol eram circulares.
KEPLER (1571-1630), astrónomo alemão, mostrou que as orbitas eram elípticas. Teve
a sorte de dispor dos apontamentos das observações de TYCHO.
O movimento dos planetas nas suas órbitas em torno do Sol, segundo KEPLER
concluiu, realiza-se de acordo com três leis:
1. Primeira Lei de Kepler (ou lei das órbitas), publicada em 1609, diz-nos: “os
planetas movem-se em torno do Sol descrevendo órbitas que são elipses, com o Sol
situado num dos focos”
2. Segunda Lei de Kepler (ou lei das áreas), publicada em 1609, diz-nos: “uma linha
(raio vector) que se estenda do Sol a um planeta, orientada nesse sentido (Sol para o
planeta), varre áreas iguais em intervalos de tempos iguais”. afélio (posição em que
o planeta está mais afastado do Sol) e periélio (posição em que o planeta está mais
próximo do Sol)
3. Terceira Lei de Kepler (ou lei harmónica), publicada em 1619, diz-nos: “os
quadrados dos períodos de revolução dos planetas em torno do Sol são directamente
proporcionais aos cubos das suas distâncias médias ao Sol”. T2=k.d3, com k
constante.

Primeira Lei de Kepler

Segunda Lei de Kepler

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Terceira Lei de Kepler

GALILEU GALILEI (1564-1642), físico e astrónomo italiano, confirmou


experimentalmente a teoria de COPÉRNICO. Usou uma luneta astronómica construída
por si próprio (não foi o inventor). (GALILEU formulou a lei da queda livre dos corpos).
A revolução de COPÉRNICO, as leis de KEPLER e a sistematização da Física, por
GALILEU, abriram o caminho à grande síntese: a obra de ISAAC NEWTON.
ISAAC NEWTON (1642-1727), físico e matemático inglês, contribui significativamente
para a teoria heliocêntrica, ao estabelecer a lei da gravitação universal (possibilitou
conhecer e prever os movimentos dos corpos celestes).
A força de atracção universal é responsável pelo movimento da Lua em torno da
Terra. É como se a Lua estivesse presa a um fio inextensível que ligasse os dois corpos.
São forças de atracção que mantêm a Terra e outros planetas a girar em torno do Sol.
ISAAC NEWTON , baseado nos trabalhos de KEPLER e GALILEU ao verificar que:
• todos os corpos interagem, exercendo forças entre si;
• quanto maior for a massa dos corpos, colocados a uma determinada distância um
do outro, maior será a força de atracção entre eles;
• quanto menor for a distância entre dois corpos maior será a força de atracção
entre eles.
formulou a Lei da Atracção Universal ou Lei da Gravitação Universal (dois corpos
exercem um sobre o outro uma força de atracção que é directamente proporcional às
suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa).
O seu valor é dado a partir da expressão:

M 1M 2
F =G
d2

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em que F é a força de atracção gravitacional (N), M1 a massa do corpo 1 (kg), M2 a


massa do corpo 2 (kg), d a distância entre os corpos 1 e 2 (m) e G a constante
gravitacional (N.m2.kg-2).
No final do século XVIII, Sir Henry Cavendish, físico inglês, determinou
experimentalmente o valor da constante gravitacional, como sendo

G = 6.672×10-11 N.m2.kg-2

A partir dos dados:


• massa da Terra é aproximadamente 6.0×1024 kg
• massa da Lua é aproximadamente 7.4×1022 kg
• distância entre o centro da Terra e centro da Lua é aproximadamente 4.0×108 m
tem-se que a força de atracção entre a Terra e a Lua é de 1.85×1020 N.

O que se pode concluir?


Se em qualquer momento esta força deixasse de actuar, a Lua passaria a ter um
movimento no espaço numa direcção rectilínea tangente à sua orbita. Lembre o
funcionamento de uma funda. De facto foi o que aconteceu quando Davi usou uma
funda para atingir Golias.
Já pensou porque a maça caiu aos pés de NEWTON?
A resposta a esta questão nasceu a Lei da Atracção Universal ou Lei da Gravitação
Universal.
Actualmente, os meios de investigação disponíveis (computadores, satélites, sondas,
telescópios, laboratórios espaciais, e outros) permitem um “acelerar” do conhecimento.
Para compreender o Universo, há algumas definições que interessa saber:
Estrelas são corpos luminosos (têm luz própria) devido à sua incandescência provocada
pelas elevadíssimas temperaturas a que se encontram.
Planetas são corpos iluminados (não têm luz própria) que são visíveis devido à luz que
reflectem, proveniente das estrelas.
O albedo para diferentes planetas é diferente e tem a ver com a fracção da radiação
solar que é reflectida, em determinadas condições, pela superfície desse planeta. O
albedo planetário para a Terra é assumido ser de 0.39. Por exemplo, para Vénus o seu

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valor é de 0.76. (Para compreender melhor saiba que o albedo para a superfície neve
recente é 0.80-085, enquanto que para o solo descoberto é 0.10-0.20). Agora percebe
porque deve ter certos cuidados acrescidos quando vai à Serra da Estrela (coberta de
neve).
O valor determinado e medido experimentalmente à superfície da Terra para a constante
solar S, é de 1353 W.m-2 (A energia recebida do Sol - predominante de forma de energia
radiante, de natureza electromagnética - é caracterizada pela radiação solar na unidade
de tempo e por unidade de área que incide na superfície exterior da atmosfera).
Constelações são grupos de estrelas.
Nebulosas são grandes “nuvens” de gases e poeiras, que constituem não apenas as
“maternidades”, mas também o “cemitério” das estrelas. Podem ser brilhantes ou
escuras.
Galáxia é um grande aglomerado de estrelas, planetas, poeiras, gases e nebulosas em
permanente movimento na enorme vastidão do espaço vazio. A nossa galáxia é
chamada de Via Láctea ou Estrada de Santiago. A existência de galáxias exteriores à
nossa só ficou bem esclarecida em 1926, por EDWIN HUBBLE (1889-1953). Muitos
biliões de estrelas constituem as mais de 100 000 milhões de galáxias do Universo.
A Via Láctea ou Estrada de Santiago é formada por cerca de
100 000 milhões de estrelas (1011) entre as quais se inclui o Sol. Tem um diâmetro de
cerca de 100 mil anos-luz (a.l.) e a sua maior espessura é próxima de 12 mil anos-luz.

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Leva cerca de 225 milhões de anos a dar uma volta completa sobre si própria, à
velocidade de 800 000 km.h-1.
A Terra gira em torno do Sol. É bom saber que o Sol, tal como todos os corpos celestes,
possui o seu próprio movimento. O Sol gira em torno do seu eixo e uma rotação
completa demora 25 dias.

O sistema solar é constituído pelo Sol, pelos planetas conhecidos e respectivos satélites
e ainda por muitos asteróides e detritos.

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1 UA (unidade astronómica) = 150 000 000 km = 1.5×1011 m.


1 ano-luz = 9.5×1015 m (distancia percorrida pela luz no espaço vazio (que se desloca à
velocidade de 300 000 km.s-1, durante um ano).
Mercúrio: dMe-S =0.58×1011 m; D = 4.88×106 m; Te = 442 K
Vénus: dV-S =1.08×1011 m; D = 12.1×106 m; Te = 242 K
Terra: dT-S =1.5×1011 m; D = 12.756×106 m; Te = 253 K (A atmosfera é rica em
oxigénio e azoto. Mais de 70% da superfície terrestre está coberta de água. A
temperatura à superfície varia entre os –90 ºC e os 60 ºC. A orbita em torno do Sol é
plana e elíptica, demora 365 dias e 6 horas e a sua rotação (volta completa sobre si
mesma) ocorre cerca de 24 horas. Tem um satélite a Lua. A Lua está à distância de
384400 km da Terra.
Marte: dMa-S =2.28×1011 m; D = 6.7×106 m; Te = 216 K
Júpiter: dJ-S =7.78×1011 m; D = 120×106 m; Te = 87 K
Saturno: dS-S =14.3×1011 m; D = 2.5×106 m; Te = 63 K
Urano: dU-S =28.7×1011 m; D = 51×106 m; Te = 33 K
Neptuno: dN-S =45×1011 m; D = 50×106 m; Te = 32 K
Plutão: dP-S =59×1011 m; D = 2.5×106 m; Te = 43 K

A Te (temperatura efectiva de um planeta (ou do Sol)) é definida como a temperatura


que ele deveria ter se, comportando-se como um corpo negro, irradiasse a mesma
quantidade de energia por unidade de tempo. Um corpo negro apresenta uma
absorvidade igual à unidade para todos os comprimentos de onda. As leis da radiação do
corpo negro têm sido estudadas, teórica e experimentalmente, e têm tido uma grande
importância no desenvolvimento da Física. Parece-nos oportuno, apenas enunciar a lei
de Stefan-Boltzmann que diz “a emitância radiante integral Eb é proporcional à quarta
potência da temperatura” ou seja Eb=σT4 em que σ = 5.6697×10-8 W.m-2.K-4.

O Sol é constituído quase exclusivamente por dois gases muito quentes (70% da sua
massa é constituída por hidrogénio e 28% por hélio) encontrando-se a sua superfície à
temperatura média de 5500 ºC e o seu núcleo à temperatura média de 15×106 ºC. A luz
que emite demora 8 minutos a chegar à Terra.

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Trajectória aparente do Sol e declinação

A Terra está animada de movimento de rotação (sentido contrário ao do movimento


dos ponteiros do relógio) em torno de um eixo imaginário que passa pelo centro e pelos
pólos. Este movimento é responsável por não ter sempre a mesma metade virada para o
Sol. Este movimento explica a existência do dia e da noite. Também, em consequência
deste movimento, verifica-se uma variação da inclinação dos raios solares ao longo do
dia para um determinado local.
A Terra está animada de movimento de translação em torno do Sol. Durante este
movimento a Terra descreve uma trajectória elíptica (sentido contrário ao do
movimento dos ponteiros do relógio). Durante este movimento a Terra mantém o seu
eixo imaginário paralelo a si próprio, fazendo sempre um ângulo de cerca de 23º em
relação à vertical. Deste modo os raios solares alcançam um dado lugar na Terra
segundo ângulos diferentes ao longo do ano. Os pontos da orbita terrestre mais
afastados do Sol chamam-se solstícios e os mais próximos equinócios. Esta sequência
de posições determina a sucessão das estações do ano.

Portugal tem uma latitude aproximada de 40 º N e localiza-se a Norte do Trópico de


Câncer. Durante o Verão os dias são longos e faz calor, enquanto que no Inverno os dias
são curtos e faz frio.
A Primavera começa no equinócio da Primavera, 20/21 de Março (o dia é igual à
noite). A partir desta data o período de exposição ao Sol vai aumentando.
O Verão começa no solstício de Verão, 21/22 de Junho (raios solares incidem com
menor inclinação sobre o Hemisfério Norte, o dia é maior que a noite. O período de
aquecimento é maior).

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Movimento da Terra em volta do Sol

O Outono começa no equinócio de Outono, 22/23 de Setembro (o dia é igual à noite).


A partir desta data o período de exposição ao Sol vai diminuindo.
O Inverno começa no solstício de Inverno, 21/22 de Dezembro (raios solares incidem
com maior inclinação sobre o hemisfério Norte, dia mais pequeno do ano. A luz do Sol
não atinge o pólo Norte).

A Expansão do Universo
A Teoria do estado estacionário admite que, embora o Universo se encontre em
expansão, o espaço deixado vazio entre as galáxias que se afastam continuamente seria
preenchido por matéria que se formava na mesma região. Esta criação espontânea

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parecia contrariar um princípio da Física, segundo o qual nem a matéria nem a energia
podem ser criadas ou destruídas. No entanto, ALBERT EINSTEIN (1879-1955, em 1905,
estabeleceu uma relação entre a massa e a energia: “a uma determinada energia E
corresponde a massa m e reciprocamente, de acordo com a expressão E=mc2, sendo c a
velocidade de propagação da luz no vazio (300 000 km.s-1). A teoria de EINSTEIN
exigia apenas a constância do total de massa e da energia no Universo e por isso os
defensores da Teoria do estado estacionário viram nisso um argumento a favor da não
colisão das suas ideias com os princípios da Física.
A Teoria do Big Bang estabeleceu que a evolução e expansão do Universo começou
com uma violenta “explosão” inicial. Nessa explosão, toda a matéria e energia,
extremamente concentradas, libertaram uma energia colossal, inicialmente na forma de
raios X e raios de alta energia. Em 1965, foi detectada segundo autores, radiação da
explosão original na forma de microondas rádio, alongadas e enfraquecidas pela
expansão. Contudo, continua por esclarecer se o Universo continuará indefinidamente a
sua expansão ou se ocorrerá um abrandamento progressivo até à situação extrema de se
inverter o sentido do movimento, iniciando-se então uma lenta contracção, ao fim da
qual ocorreria novo Big Bang, recomeçando o processo. Daí resulta a designação de
Universo oscilatório.

Nascimento, vida e morte das estrelas


Como nascem as estrelas?
Em cada galáxia, as estrelas nascem de nuvens de gás, muitas das quais podem ser
observadas no céu.
Uma nuvem candidata a mãe de estrelas apresenta uma constituição em que predomina
o hidrogénio, mas pode existir maior ou menor percentagem de “poeiras” – elementos
sintetizados em estrelas de anteriores gerações que, já na fase final das vidas
respectivas, explodiram e lançaram no espaço grande parte do seu material. Cerca de
75% da massa dessas nuvens é constituída por hidrogénio e 23% de hélio,
correspondendo os restantes 2% a elementos mais pesados.
Uma observação não muito rigorosa permite reconhecer que as estrelas observáveis no
céu apresentam diferentes cores. Tendo em conta as temperaturas superficiais, as cores e
as riscas detectadas nos espectros é comum dividir as estrelas em 7 (sete) classes.
Durante o ciclo normal da sua vida, uma estrela passa por todas as classes (O, B, A, F,
G, K, M), o que corresponde ao período de vida calma. Actualmente sabe-se que a

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duração da vida de uma estrela assim como o modo como acabará essa vida, dependem
da sua massa inicial. Tomando com referência a massa solar, as luminosidades e tempos
de vida das diversas classes de estrelas podem atingir valores como os indicados:

Anãs brancas e buracos negros


Até poucas décadas era suposto que todas as estrelas, na fase final da sua evolução se
tornavam anãs brancas (estrelas com massas não muito diferentes da do Sol, mas
extremamente compactas, cujos diâmetros podem ser inferiores ao da Terra).
Sabe-se actualmente que, embora nascendo todas de uma nuvem protoestelar, a
maioria das estrelas terminam como anãs, quando todo o “combustível” nuclear se
consome, impedindo assim a produção de energia.
As estrelas nascidas de uma massa inicial inferior a 0.08 massas solares nunca chegam a
atingir uma fase de brilho intenso e estável, por insuficiência de massa. Vão-se
contrariando gradualmente, porque é escassa a radiação que emitem. Passam assim pela
fase de anãs castanhas, tornando-se posteriormente anãs negras (o combustível
nuclear é completamente consumido, restando uma bola de cinzas escura e morta).
Se a massa inicial for igual à do Sol, ter-se-á uma estrela como a do centro do sistema
solar.
Para massas superiores à do Sol, surgem estrelas gigantes e supergigantes. Uma estrela
gigante (ou supergigante) vermelha tem, em geral, uma temperatura superficial
relativamente baixa (entre 3000 e 5000K) mas o seu volume, corresponde a diâmetros
entre 10 e 500 vezes o do Sol.
Uma supernova é o resultado do colapso violento da matéria para o centro da estrela.
Origina-se assim uma estrela de neutrões na parte central, enquanto as camadas
exteriores são violentamente atiradas para o espaço, a velocidades que podem
ultrapassar 5000 km.s-1.
Admite-se que, em cada galáxia, ocorram, em média, duas supernovas por século.

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Uma anã branca típica tem dimensões semelhantes à da Terra mas uma massa idêntica
à do Sol. Não pode ter uma massa superior a cerca de 1.4 massas solares.
Uma estrela de neutrões não pode possuir mais de duas a três vezes a massa do Sol.
Algumas estrelas possuem massas muito superiores. Na fase final da evolução de cada
um desses tipos de estrelas, o colapso gravitacional leva à sua contracção a ponto de
toda a matéria de uma estrela de neutrões se reduzir a uma esfera com 15 a 20 km de
diâmetro. Numa estrela de maior massa, a força gravitacional continua a comprimir
mais e mais o núcleo estelar, pelo que a sua densidade irá também aumentando. À
medida que decorre o colapso da estrela, o campo gravitacional na sua vizinhança
aumenta e a radiação luminosa por ela irradiada é progressivamente mais encurvada até
acabar por ser forçada a regressar à origem. Dessa forma, embora a estrela não tenha
terminado completamente a sua vida, ela deixará de ser visível, ficando no seu lugar
uma região escura, que não emite qualquer radiação e captura toda aquela que, vinda de
outras fontes, lhe passar próximo. Diz-se então que se originou um buraco negro
(quando o colapso gravitacional é atingido, nem a luz escapa pois, devido à relação de
EINSTEIN, sabe-se que toda a massa tem um equivalente em energia, relacionando-se
2
entre si através do quadrado da velocidade da luz, E = mc .
Teoricamente, todos os corpos se podem tornar buracos negros. A figura da página 12-a
ilustra o fenómeno.
A Terra tornar-se-ia um buraco negro ao ser reduzida a uma esfera de 9 milímetros de
diâmetro, enquanto o Sol precisaria de passar do diâmetro actual de 1 400 000 km para
3 km apenas.
Como se acendeu o Sol?
Devido ao processo nuclear. Actualmente, no Sol, em cada segundo, 4 milhões de
toneladas de hidrogénio são transformadas em hélio, produzindo luz equivalente à de 4
biliões de lâmpadas. No início o Sol tinha 75% de hidrogénio e 25% de hélio.
Actualmente o hidrogénio é cerca de 35%. Daqui por 5 ou 6 mil milhões de anos vai
dar-se a fusão do hélio para produzir carbono. A temperatura vai baixar para metade e o
Sol passará de anã vermelha, a gigante vermelha, vai dilatar, perder os gases para o
espaço, depois de engolir alguns planetas, e depois colapsar para, talvez, o tamanho da
Terra, tornando-se numa anã branca. Depois irá arrefecendo e, em vez de explodir,
numa supernova, como as estrelas de massa maior, irá transformar-se numa anã negra.

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Ciências Integradas da Natureza

A densidade do Sol é máxima no núcleo, onde atinge cerca de 200 vezes a densidade da
água. A temperatura é de cerca de 16 milhões de graus Celsius.

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Ciências Integradas da Natureza

As terras aquecem e arrefecem rapidamente, enquanto os mares são considerados


autênticos reservatórios de calor. E isto porquê? Porque embora os mares demorem
mais tempo a aquecer conservam por um período mais longo essa energia armazenada.
Os mares funcionam como reguladores da temperatura e as regiões que sofrem a sua
influência não têm temperaturas extremas.
A radiação solar não é recebida uniformemente em toda a Terra, nem tão pouco a perda
terrestre é uniformemente distribuída. Por exemplo, o equador recebe em média,
anualmente, mais energia solar do que os pólos. Há um excesso de energia nas latitudes
menores (< 30-35º) e um défice nas latitudes maiores (>30-35º). Porque então os
trópicos não ficam progressivamente mais quentes, nem as latitudes maiores mais
frias?

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Porque há um transporte meridional de energia (transferência de energia) do Equador


para os Pólos.

Transporte meridional de energia

Marés
O nível dos oceanos sobe e desce duas vezes por dia, em qualquer lugar da superfície
terrestre. Este fenómeno tem sido associado à Lua. Como biliões de toneladas de água
se movimentam nos limites de uma “linha de água”?
Por milhares de anos, o fluxo e refluxo diários do mar constituíam um mistério para o
homem. Alguns julgavam que era a respiração da Terra. Só no século XVII o fenómeno
foi explicado por NEWTON, que atribuiu, correctamente, as marés oceânicas à acção
gravitacional da Lua e do Sol. Para explicar as marés, é vantajoso raciocinar como se
um vasto e profundo oceano cobrisse completamente a superfície da Terra.
Lembre que a força gravitacional entre dois corpos diminui à medida que aumenta a
distância entre eles. Embora o Sol tenha pouca influência nas marés, existe ainda um
pequeno contributo para as suas amplitudes: quando a Lua, a Terra e o Sol se encontram
alinhados (fases de lua nova ou lua cheia) a influência solar adiciona-se à Lua
resultando disso uma maré de maior amplitude maré viva.
À medida que a lua se move, atrai a água junto com ela. A maré começa a refluir, ou
baixar, até que a lua se tenha movido um quarto da distância em torno da Terra. A maré
atingiu então sua baixa mar ou maré baixa. A maré baixa (maré vazia) geralmente
ocorre cerca de seis horas depois da maré alta (maré cheia).
Em termos simples pode-se afirmar que quanto mais perto o objecto estiver duma fonte
gravitacional, tanto mais fortemente será atraído. Quando a lua está criando a maré alta

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num lado da Terra, a água do outro lado correspondente está a cerca de 12 800 km de
distância e, assim, sente uma atracção muito menor.

No quarto crescente e no quarto minguante, quando a lua e o Sol exercem a sua atracção
num ângulo recto, a amplitude de maré não é tão grande e temos as marés de quadratura
ou marés de águas mortas.

Na lua nova e na lua cheia, cada mês, a Terra, a lua e o Sol ficam em linha recta, e o Sol
e a lua combinam sua gravitação para produzir marés extra altas e extra baixas
chamadas marés de águas vivas.

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Espectros
Observando o ar íris.

Foi ISAAC NEWTON que pela primeira vez encontrou uma explicação correcta para
este fenómeno. NEWTON, em 1666, constatou que um feixe de luz solar, luz branca, ao
atravessar um prisma óptico de vidro (meio transparente, limitado por duas faces planas
e oblíquas), se decompõe num feixe colorido (banda colorida com cores iguais e
ordenadas como o arco íris), a que chamou espectro solar. A banda colorida que se
obtém designa-se espectro da luz visível (composta pelas seguintes cores, que surgem
sempre pela mesma ordem; vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta).
A luz ao atravessar a superfície de separação entre o ar e o vidro vai sofrer uma
refracção. Ao sair do prisma sofre nova refracção. NEWTON concluiu que a luz branca
é uma luz composta, correspondendo a cada cor uma radiação com características
diferentes.
A luz propaga-se com diferentes velocidades conforme o meio óptico.
Faz o teu próprio arco-íris
Coloca um copo de água no peitoril da janela, à claridade da luz do Sol. Coloca um a
folha de papel no chão. O que se observa são as cores do arco-íris. E isto porquê?
Porque separaste as várias cores (o espectro) que constituem a luz branca. Quando a luz
inclinada passa, do ar para o copo de água, os raios mudam de direcção “são
refractados”. Cada cor inclina-se diferentemente: o violeta inclina-se mais e o vermelho
menos. Então quando a luz sai do copo de água, as diferentes cores viajam em direcções
ligeiramente diferentes e alcançam a folha de papel em lugares diferentes. Passa-se o
mesmo com o arco íris no céu. Ele é simplesmente um espectro curvado, feito quando
a luz do Sol brilha sobre gotas de água com um ângulo entre 40º e 42º com o horizonte.
As gotas de água curvam os raios do Sol.

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Ciências Integradas da Natureza

Porque é que as nuvens são brancas?


A luz branca do Sol é na realidade uma mistura de todas as cores. Quando a luz do Sol
penetra numa gotícula de água, ela é partida em diferentes comprimentos de onda que
nós vemos como vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, azul-escuro e violeta. Parte
desta luz colorida é reflectida do lado mais afastado da gotícula de água e do seu
exterior.
A dispersão (para que a dispersão ocorra é necessário que o índice de refracção da
partícula seja diferente do meio envolvente) devida a partículas de dimensões inferiores
ao comprimento de onda da radiação incidente foi estudada por RAYLEIGH., que
demonstrou k ∝ λ−4 . É interessante comparar a relação entre o coeficiente de dispersão
da luz azul ( λ ≈ 0.47 µm) e da luz vermelha ( λ ≈ 0.64 µm) pelas moléculas do ar. O
4
k azul  0.64 
valor de =  ≅ 3.45 indica que a dispersão é mais efectiva para os
k vermelha  0.47 
pequenos comprimentos de onda que para os grandes. Esta é a razão da cor azul do céu
durante o dia.
A luz azul do céu resulta de como as pequenas poeiras e vapor no ar apanham os raios
da luz. Os raios de comprimento de onda mais pequenos (azuis e violetas) são mais
espalhados do que os de comprimento de onda grande (os vermelhos e amarelos).
Quando se forma uma nuvem, não existe muita diferença na recolha dos diferentes
comprimentos de onda da luz branca. Nós vemos a mistura de todas as cores do
espectro e as nuvens parecem-nos brancas.
O céu aparece vermelho ao pôr-do-sol e ao nascer do Sol, quando os comprimentos de
onda grandes (vermelhos e amarelos) são recolhidos com maior eficácia. Isto acontece,
porque o Sol está mais perto do horizonte e por isso a sua luz brilha com um ângulo
mais perto da superfície da Terra, através de mais atmosfera, poeiras e gotinhas de água.

O espectro solar não é exclusivamente constituído pelas radiações correspondentes


àquelas cores; estas são apenas o conjunto das radiações visíveis. O espectro solar
também é constituído por outras radiações invisíveis ao olho humano (os raios γ, os
raios Χ, os raios ultravioletas, as radiações infravermelhas, as microondas e as ondas de
rádio).

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Os nossos ouvidos podem captar sons com determinadas frequências (ondas sonoras
com uma frequência entre 16 Hz e 10 kHz). Do mesmo modo, os nossos olhos apenas
são sensíveis a uma muito pequena parte do conjunto de todas as radiações que formam
o espectro electromagnético.
Cada uma das radiações é caracterizada por duas grandezas físicas:
O comprimento de onda λ, (varia conforme o meio de propagação da onda e exprime-
se em m no SI) é a distância percorrida por uma onda até se completar uma oscilação;
A frequência f, (que se mantém constante para tipo de onda e exprime-se em s-1 ou Hz
(hertz) no SI) é o número de ondas que se produzem em cada segundo.
A frequência e o comprimento de onda são duas grandezas que se encontram
relacionadas pela expressão v = λf , em que v é a velocidade de propagação da luz no
meio de propagação (m.s-1). Quando a radiação se propaga no vazio, onde a velocidade
de propagação, c, de qualquer tipo de radiação electromagnética é 300000 km.s-1, a
λ
expressão transforma-se c = λf ou c = , em que T é o período.
T
• Raios cósmicos ( f > 10 23 Hz) provenientes do espaço e resultam principalmente da
explosão de estrelas;
• Radiação gama ( 3 × 10 20 < f < 3 × 10 23 Hz) emitida por substâncias radioactivas.
Muito penetrante na matéria. É perigosa para o ser humano;
• Raios X ( 3 × 1016 < f < 3 × 10 20 Hz) emitidos por estrelas e aparelhos apropriados.
Grande poder penetrante (são utilizados nas radiografias). São prejudiciais para o ser
humano;
• Radiações ultravioletas ( 8 × 1014 < f < 3 × 1016 Hz) são emitidas pelas estrelas. As
lâmpadas de mercúrio ou materiais aquecidos a temperaturas muito elevadas
também emitem radiações ultravioletas. São responsáveis pelo bronzeado da nossa

19
Ciências Integradas da Natureza

pele quando estamos expostos à luz solar (podem provocar o cancro da pele). Em
quantidades apropriadas ajudam a medicina;
• Luz visível ( 4 × 1014 < f < 8 × 1014 Hz) é apenas vista pelo olho humano nesta
pequeníssima faixa de radiação;
• Radiações infravermelhas ( 3 × 1011 < f < 4 × 1014 Hz) são emitidas pelas estrelas,
pela Terra, pelos seres humanos e por qualquer corpo aquecido. São utilizadas na
medicina e em algumas industrias (exemplo: secagem de pinturas). São responsáveis
pela manutenção da temperatura da atmosfera adequada à vida;
• Microondas ( 3 × 10 9 < f < 3 × 1011 Hz) existem no espaço e podem ser produzidas
por diversos aparelhos (fornos microondas);
• Ondas de rádio ( 3 × 10 4 < f < 3 × 10 9 Hz) são emitidas pelas estrelas, radares e
pelas estações de televisão e de rádio.

A Luz, como se propaga


No século XVII foram estabelecidas duas teorias com o propósito de explicar
cientificamente a natureza da luz.
Teoria corpuscular da luz: segundo NEWTON, a luz é constituída por pequenos
corpúsculos que se deslocam no espaço em linha recta e a uma elevadíssima velocidade.
Teoria ondulatória da luz: segundo CRISTIAAN HUYENS (1629-1695), matemático,
físico e astrónomo holandês, a luz apresenta natureza ondulatória, isto é, é constituída
por ondas.
Contribuições de diversos cientistas (destaca-se o físico ALBERT EINSTEIN)
contribuíram: “a luz é entendida como tendo um comportamento duplo; corpuscular,
ou seja constituída por fotões, quando se trata de interpretar fenómenos em que a luz
interfere com a matéria e ondulatório, sob a forma de onda electromagnética, quando
se trata de estudar o modo como a luz se propaga.
As ondas electromagnéticas propagam-se no vazio (não necessitam de qualquer suporte
material). As ondas sonoras necessitam de suporte material para a sua propagação.
A velocidade de propagação da luz (e de qualquer onda electromagnética) no vazio, tem
um valor finito de 300 000 km.s-1.
A energia associada à propagação da luz é a energia radiante (os nossos olhos têm a
capacidade de percepcionar).

20
Ciências Integradas da Natureza

Embora se fale com frequência de um raio luminoso (representação simbólica), o que


tem existência real é um feixe luminoso.

Reflexão da luz
Reflexão da luz: uma superfície polida e regular, permite a reprodução de uma imagem
do objecto. “É o fenómeno óptico que ocorre quando a luz incide numa superfície
polida e esta a desvia numa só direcção, mantendo-a no mesmo meio de propagação”.
Difusão da luz: uma superfície não polida e irregular, não permite a reprodução de uma
imagem do objecto. “É o fenómeno óptico que ocorre quando a luz incide numa
superfície não polida e esta a desvia em direcções diferentes, mantendo-a no mesmo
meio de propagação”.

Leis da Reflexão da Luz: (considere-se como superfície polida um espelho)


1. O raio incidente, a perpendicular à superfície no ponto de incidência e o raio
reflectido estão no mesmo plano.
2. O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.

O que acontece quando são usados espelhos curvos?


Os espelhos curvos podem ser cilíndricos, parabólicos ou esféricos, conforme a forma
da sua superfície (podendo ser côncavos ou convexos).
Espelhos côncavos são aqueles cuja superfície polida é a interior.
Espelhos convexos são aqueles cuja superfície polida é a exterior.
Características dos espelhos:
1. Centro de curvatura (C) é o centro da esfera de que o espelho faz parte.
2. Vértice (V) é o vértice do espelho.
3. Eixo principal é a linha recta que passa pelo centro de curvatura e pelo vértice.

21
Ciências Integradas da Natureza

4. Foco (F) é o ponto, real ou virtual, conforme resulta da intersecção dos raios
luminosos reflectidos (espelhos côncavos) ou dos prolongamentos dos raios
luminosos reflectidos (espelhos convexos).

Os espelhos esféricos convexos são úteis nos retrovisores dos automóveis (reduzem o
tamanho das imagens e aumentam o campo de visão) e nos cruzamentos de estradas.
Os espelhos esféricos côncavos são úteis nos faróis dos automóveis (como reflectores),
na astronomia (construção de telescópios), em algumas casas de banho (produzir
imagens maiores que os objectos).

Espelho esférico côncavo, com o objecto para além do centro de curvatura

A imagem é real, invertida, menor que o objecto e forma-se entre o centro de curvatura
e o foco.

Espelho esférico côncavo, com o objecto entre o centro de curvatura e o foco

A imagem é real, invertida, maior que o objecto e forma-se para além do centro de
curvatura.

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Ciências Integradas da Natureza

Espelho esférico côncavo, com o objecto entre o foco e o vértice

A imagem é virtual, direita, maior que o objecto e forma-se atrás do espelho.

Espelho esférico convexo

A imagem é virtual, direita, menor que o objecto e forma-se atrás do espelho.

Refracção da luz
A luz propaga-se com diferentes velocidades conforme o meio óptico que está a
atravessar. A luz ao incidir na superfície de separação entre dois meios transparentes
atravessa-a, provocando uma mudança de direcção na propagação da luz. Este
fenómeno designa-se por refracção da luz (é o fenómeno óptico que ocorre sempre que
a luz atravessa a superfície de separação entre dois meios transparentes diferentes,
alterando a sua velocidade de propagação e, em geral, também a direcção da sua
propagação).

23
Ciências Integradas da Natureza

A velocidade de propagação da luz no vazio é máxima (300000 km.s-1). No ar é


praticamente igual à do vazio, mas é inferior quando o meio de propagação é a água e
ainda menor quando é o vidro.
O índice de refracção (n), que é uma grandeza adimensional define-se pelo quociente
entre a velocidade da luz no vazio (c) e a velocidade da luz no meio em estudo (v);
c
n=
v
Na prática, verificam-se as seguintes leis da refracção da luz:
• O raio incidente, a perpendicular à superfície de separação no ponto de incidência e
o raio refractado estão no mesmo plano;
• Quando um raio luminoso passa de um meio mais refrangente (quanto maior é a
velocidade de propagação da luz num meio, menos refrangente é esse meio) para um
meio menos refrangente, o raio refractado afasta-se da perpendicular;
• Quando um raio luminoso passa de um meio menos refrangente para um mais
refrangente, o raio refractado aproxima-se da perpendicular.

Um raio incidente ao atravessar duas superfícies de separação entre dois meios ópticos
diferentes, vai sofrer duas refracções. A primeira refracção ocorre quando o raio passa
do ar para o vidro (passa para um meio que é mais refrangente). O raio refractado
aproxima-se da perpendicular à superfície no ponto de incidência.

24
Ciências Integradas da Natureza

Agora este raio vai incidir sobre a segunda superfície de separação, entre o vidro e o ar,
passando para um meio menos refrangente. O novo raio refractado afasta-se da
perpendicular à superfície no respectivo ponto de incidência.
Constata-se por observação que o raio emergente (r) é paralelo ao raio incidente inicial
(i).
De acordo com a lei de Snell (resultado descoberto experimentalmente em 1621) ou lei
de refracção, quando a luz, ou qualquer outra onda, incide sobre uma fronteira que
separa dois meios, parte da energia é reflectida e parte é transmitida. O ângulo entre o
raio transmitido e a normal à superfície (denominado ângulo de refracção), está
relacionado com o ângulo de incidência por n1 sin θ i = n2 sin θ r em que os índices
indicam os meios.
n2 sin θ i sin θ i
Da igualdade, determina-se o valor do índice de refracção = ou n2,1 =
n1 sin θ r sin θ r

Será que há refracção da luz qualquer que seja o ângulo de incidência?


A resposta é negativa, pois para cada par de meios ópticos, existe um ângulo limite de
incidência (ângulo crítico), que será aquele ao qual corresponde um raio refractado
tangente à superfície de separação. Assim, o ângulo crítico é medido quando a situação
de luz parcialmente transmitida e reflectida passa para a situação de luz totalmente
reflectida. Sabendo o índice de refracção entre os dois meios, facilmente se determina o
1
ângulo crítico recorrendo a expressão n = . No seu trabalho prático como os meio
senθ c
são o ar e o vidro deverá encontrar um valor próximo de 42º.

25
Ciências Integradas da Natureza

O olho humano e os defeitos de visão

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Ciências Integradas da Natureza

Olho míope é demasiado convergente (os raios convergem num ponto à frente da
retina, forma imagens turvas). Corrigi-se com uma lente divergente.
Olho hipermetrope é pouco convergente (os raios convergem num ponto atrás da
retina, verificando-se dificuldade em ver ao perto). Corrigi-se com lente convergente.
Olho astigmático tem dificuldade em ver simultaneamente com nitidez num plano
horizontal e num plano vertical. Corrige-se com lentes cilíndricas (não pode ser
corrigido com lentes esféricas).

Uma lente é convergente, convexa ou de bordos delgados quando os raios emergentes


de um feixe paralelo incidente passam todos por um ponto, chamado foco, que é real,
visto que pode ser projectado num alvo.
Uma lente é divergente, côncava ou de bordos espessos quando os raios emergentes
de um feixe paralelo incidente passam todos pelo mesmo ponto, chamado foco, que é
virtual, por não poder ser projectado num alvo.
A posição do foco varia de lente para lente.

27
Ciências Integradas da Natureza

A distância focal é a distância do foco à lente.


Para se distinguir a distância focal de uma lente convergente da de uma lente
divergente, considera-se, por convenção, que as lentes convergentes tem uma
distância focal positiva e que as lentes divergentes tem uma distância focal negativa.
A dioptria (unidade de graduação dos óculos) é definida como sendo o inverso da
distância focal.

Para se determinar geometricamente as características das imagens que se obtém com os


dois tipos de lentes, deve-se ter em atenção:
• Numa lente convergente, um raio que incida paralelamente ao eixo principal,
refracta-se e o raio refractado passa pelo foco da lente;
• Numa lente convergente, um raio que incida passando pelo foco refracta-se e o raio
refractado é paralelo ao eixo principal;
• Numa lente divergente, um raio que incida paralelamente ao eixo principal refracta-
se e o raio refractado diverge, passando o seu prolongamento pelo foco;
• Numa lente divergente, um raio que incida de tal modo que o seu prolongamento
passe pelo foco refracta-se e o raio refractado é paralelo ao eixo principal;
• Quer numa lente convergente quer numa lente divergente, um raio incidente que
passe pelo centro óptico da lente não sofre refracção, atravessando a lente sem
qualquer desvio.

No caso de uma lente convergente.


• se o objecto se encontra a uma distância da lente superior ao dobro da distância
focal, a imagem obtida é real, invertida e menor do que o objecto (caso de uma
máquina fotográfica);

28
Ciências Integradas da Natureza

• se o objecto estiver entre o foco e a dupla distância focal, a imagem é real, invertida
e maior do que o objecto (caso de um projector de diapositivos);
• se o objecto estiver entre o foco e a lente, a imagem é virtual, direita e maior do que
o objecto (caso de uma lupa).

Numa lente divergente as imagens são virtuais, direitas e menores do que o objecto.

Aberrações
Quando todos os raios de um objecto pontual não estão focados num único ponto
imagem, a imagem não é nítida e o efeito tem o nome de aberração.
A falta de nitidez da imagem de um ponto objecto sobre o eixo e que se deve aos raios
que atingem um espelho ou uma lente em pontos afastados do eixo é denominada a
aberração de esfericidade (aberração esférica).
Algumas das aberrações podem ser eliminadas, ou parcialmente corrigidas, mediante
superfícies não esféricas para os espelhos ou lentes, mas é usualmente difícil e caro
construir estas superfícies em comparação com as superfícies esféricas. Um exemplo de
superfície reflectora deste tipo é o espelho parabólico. Os raios paralelos que incidem
sobre a superfície parabólica são reflectidos e focados num ponto comum, qualquer que
seja a distância ao eixo. As superfícies parabólicas reflectoras são importantes nos
telescópios astronómicos grandes, nos quais se precisa de uma superfície reflectora
grande a fim de ter imagens com intensidade tão grande quanto possível.
Uma aberração importante das lentes, que não se encontra nos espelhos, é a aberração
cromática devida à variação do índice de refracção com o comprimento de onda.

Dispersão da luz
NEWTON em 1666 realizou a seguinte experiência. Fez com que um pequeno feixe de
luz solar, luz branca, atravessasse um prima óptico de vidro (meio transparente,
limitado por duas faces planas e oblíquas) e observou que, ao receber sobre um alvo a
luz que saía do prima, surgia uma banda colorida com cores iguais e ordenadas como o
arco íris. Posteriormente, colocou um segundo prisma invertido em frente daquela
banda colorida e voltou a obter um feixe de luz branca. Este fenómeno chama-se
decomposição ou dispersão da luz branca. A banda colorida que se obtém designa-se
por espectro da luz visível e é constituída pelas seguintes cores, vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul e violeta.

29
Ciências Integradas da Natureza

Assim se comprova que a luz branca não é uma luz simples, mas sim uma luz
policromática.

Observação: um feixe de luz branca incide sobre um prisma de vidro e é disperso nas
suas cores componentes. O índice de refracção diminui à medida que o comprimento de
onda aumenta (conforme a figura mostra) de modo que os comprimentos de onda
grandes (vermelho) são menos desviados que os pequenos comprimentos de onda
(violeta).

Temperatura e calor
Na linguagem corrente diz-se:
• Faz frio nas altas montanhas, porque a temperatura é baixa.
• Está quente nas zonas desérticas, porque a temperatura é alta.
O que é a temperatura?
A temperatura é uma propriedade dos corpos que está relacionada com a agitação dos
corpúsculos (átomos, moléculas ou iões) que os constituem. Quando os cientistas falam
da temperatura de um corpo, referem-se a uma medida da energia cinética dos
corpúsculos constituintes desse corpo. Assim:
• Quando a temperatura de um sistema aumenta, o valor médio da energia
cinética dos corpúsculos aumenta:
• Quando a temperatura de um sistema diminui, o valor médio da energia cinética
dos corpúsculos diminui.

A medição directa da temperatura não é possível, porque a energia cinética dos


corpúsculos constituintes do corpo não se pode medir directamente.

30
Ciências Integradas da Natureza

Algumas expressões da vida quotidiana, sugerem que a temperatura se pode medir. Já


ouviste as expressões “empresta-me o teu casaco que tenho frio” e “fecha a porta que
entra frio”.

A medição da temperatura é efectuada indirectamente por meio de aparelhos chamados


termómetros (devem estar calibrados para indicarem correctamente o valor da
temperatura. São usadas escalas termométricas (uma delas deve-se a CELSIUS;
temperatura de ebulição da água (100) e temperatura de congelação da água (0).
Existem outras escalas, por exemplo a de FAHRENHEIT e a de KELVIN (ou absoluta)).

A distinção entre quente e frio corresponde a valores de temperatura.


Na vida real, é usada a palavra calor!
Muitas vezes, ouve-se as expressões: “faz calor” ou “faz frio”. Não ouves “a
temperatura está alta” ou “a temperatura está baixa”. Porque isto acontece?
Porque quente e frio são palavras que correspondem a sensações das pessoas.
Um corpo não tem calor. Um corpo tem energia interna (é a soma das energias
cinéticas e potenciais de todos os corpúsculos que constituem o corpo).
O calor apenas existe quando esse corpo transfere energia para outro a temperatura
mais baixa.
Haverá calor enquanto se mantiver a diferença de temperatura entre corpos.
Atingido o equilíbrio térmico (quando se põem em contacto dois corpos a temperaturas
diferentes, há transferência de energia do corpo a temperatura mais alta para o que está a
temperatura mais baixa. Esta transferência de energia termina quando a temperatura dos
dois corpos se iguala) já não se pode falar em calor, mas apenas se considera a energia
interna de cada corpo.
Chama-se calor à energia transferida espontaneamente de um corpo a temperatura mais
alta para outro a temperatura mais baixa.
Calor é energia em trânsito.

O calor não se transmite com a mesma facilidade em todos os corpos. Há bons e maus
condutores térmicos.
Por exemplo, o cobre, o alumínio, o mercúrio, o latão, o chumbo são bons condutores
de calor;

31
Ciências Integradas da Natureza

Por exemplo, a madeira, o vidro, o feltro, os polietilenos são maus condutores de


calor.

Quais são os factores que influem na condução térmica?


Quando se mergulha objectos de materiais diferentes em água quente, observa-se que a
rapidez de propagação do calor depende da natureza do material, da área mergulhada e
da elevação de temperatura.
Para se distinguir materiais bons e maus condutores térmicos é necessário recorrer a
valores de coeficiente de condutividade térmica (símbolo U), que são característicos
da natureza do material. Chama-se coeficiente de condutividade térmica à quantidade
de energia sob a forma de calor que passa, num segundo, através de 1 m2 de superfície
(por exemplo uma parede), quando a diferença de temperatura entre o interior e o
exterior é de 1 ºC. A unidade de U é o watt por metro quadrado vezes grau Celsius
(W.m-2.ºC-1).
Alguns valores:
Material U (W.m-2.ºC-1)
Tijolo simples 1.6
Madeira 1.8
Vidro simples 4.2
Vidro duplo com caixa de ar 3.1

Um material considera-se um bom isolante térmico (mau condutor térmico) quando


tem um baixo valor de U (resiste mais ao fluxo de calor).
Há muitas perdas de energia nas habitações (implica gastar dinheiro).
Como podem ser calculadas as perdas de energia, sob a forma de calor, numa
habitação?
É necessário recorrer à expressão matemática que permite o cálculo da energia
transferida por segundo (potência), através de bons e de maus condutores térmicos.

P = UA∆θ

em que P representa a potência dissipada (energia perdida por segundo) (W), U o


coeficiente de condutividade térmica (W.m-2.ºC-1), A a área (m2) e ∆θ a diferença de
temperatura entre o interior e o exterior da habitação (ºC).

32
Ciências Integradas da Natureza

Por exemplo, se estivéssemos a considerar uma porta de madeira de 3 m2 de área, e se a


diferença de temperatura entre o interior e o exterior fosse de 15 ºC, o valor da potência
dissipada devida a este componente da habitação seria:
Porta: P = 1.8 × 3 × 15 . A perda de energia, por segundo, sob a forma de calor na porta é
de 81 W.

Factores de que depende a energia transferida como calor


A energia transferida, por aquecimento, para uma certa quantidade de material
depende da sua massa, da sua elevação de temperatura e da sua natureza.

Examinemos cada uma delas em particular:


• Influência da massa da substância
Quanto maior for a massa de substância, maior é a quantidade de energia
transferida para se obter a mesma elevação de temperatura. À medida que o tempo
decorre, mais energia se transfere para a substância. Se a substância for água, para uma
mesma elevação de temperatura, verifica-se experimentalmente para massa diferentes
(uma de 100 g e outra de 200 g, por exemplo) tempos diferentes de aquecimento (menor
para a massa de 100 g e maior para 200 g).

• Influência da elevação de temperatura


A variação de temperaturas será tanto maior quanto maior for a energia transferida
para a mesma massa de substância. O tempo de aquecimento relaciona-se com a
quantidade de energia transferida. Se aquecermos a mesma quantidade de água,
verifica-se experimentalmente que para tempos diferentes (um de 30 s e outro de 90 s,
por exemplo) provoca-se diferentes elevações de temperatura (menor para o tempo de
30 s e maior para 90 s).

• Influência da natureza do material


A quantidade de energia fornecida a materiais diferentes, de modo a provocar-lhes a
mesma elevação de temperatura, depende da natureza desses materiais. Por exemplo,
para se provocar a mesma elevação de temperatura em massas iguais de água e de
azeite, é necessário um tempo de aquecimento diferente. Porque isto acontece? Para se
entender, é necessário caracterizar cada matéria por meio de uma grandeza,

33
Ciências Integradas da Natureza

designada por capacidade térmica mássica (c). É expressa em cal.g-1.ºC-1 (se a energia
for expressa em calorias e a massa em gramas), ou kcal.kg-1.ºC-1 (se a energia for
expressa em quilocalorias e a massa em quilogramas) e J.kg-1.ºC-1 (se a energia for
expressa em joules e a massa em quilogramas). A capacidade térmica mássica é a
quantidade de energia que é necessário fornecer a 1 kg de qualquer material de modo
que a sua temperatura se eleve de um grau Celsius. É necessário recorrer à expressão
matemática que permite o cálculo da quantidade de energia necessária para provocar
uma variação de temperatura de uma substância.

E = cm∆θ

em que E é a energia transferida, c a capacidade térmica mássica, m a massa da


substância e ∆θ a variação de temperatura.

São a seguir mostrados valores das capacidades térmicas mássicas de alguns materiais:
Material Capacidade térmica mássica Capacidade térmica mássica
-1 -1
(J.kg .ºC ) (cal.g-1.ºC-1)
Água 4.19×103 1.00
3
Ferro 0.46×10 0.11
Vidro 0.80×103 0.20

Forças e movimentos
Em qualquer meio de transporte é importante ter conhecimentos básicos de Física, tais
como por exemplo movimento dos corpos, velocidade, aceleração, força, atrito e
inércia.
Vamos dar algumas noções: Considera um automóvel que se move da posição inicial
(A) para a posição final (B)
• As sucessivas posições ocupadas pelo automóvel, à medida que o tempo
decorre, constituem a trajectória.
• O comprimento da trajectória compreendido entre a posição inicial e final
corresponde à distância percorrida pelo automóvel.
• O segmento de recta orientado que se inicia em A (posição inicial) e termina em
B (posição final) chama-se deslocamento.

34
Ciências Integradas da Natureza

Distância e deslocamento são grandezas físicas diferentes. A distância é uma


grandeza escalar (fica completamente definida através de um valor numérico e unidade
de medida). O deslocamento é uma grandeza vectorial (O vector deslocamento tem: a
direcção da recta que passa por A e B; o sentido de A para B e o valor que é o
comprimento do segmento de recta compreendido entre A e B).
A distância percorrida pelo automóvel quando se desloca de A para B depende da
trajectória descrita. O deslocamento depende, apenas, das posições A e B.

Um automóvel numa trajectória rectilínea desloca-se com movimento uniforme


quando a sua velocidade se mantiver constante em valor, direcção e sentido.
Um automóvel está animado de movimento rectilíneo e uniforme quando percorre
distâncias iguais em tempos iguais. A distância percorrida e o tempo gasto a percorrê-la
são directamente proporcionais. Isto é, a velocidade mantém-se constante.
Há situações no dia a dia nas quais se pode aumentar a velocidade do automóvel e
noutras é necessário reduzi-la. À variação da velocidade, por unidade de tempo, chama-
se aceleração média.

Como se obtém o valor da aceleração média?


A aceleração média calcula-se através do quociente entre a variação de velocidade e o
intervalo de tempo correspondente. A unidade SI para a aceleração é m.s-2. Por
exemplo, se o valor da aceleração média fosse 1.2 m.s-2, este valor positivo significa
que, em cada segundo, o valor da velocidade do automóvel aumenta
-1
1.2 m.s (diz-se que o automóvel está a acelerar, o movimento do automóvel diz-se
acelerado). Se o valor da aceleração média fosse -1.2 m.s-2, este valor negativo
significa que, em cada segundo, o valor da velocidade do automóvel diminui 1.2 m.s-1
(diz-se que o automóvel está a desacelerar, o movimento do automóvel diz-se
retardado).
Se o automóvel descrever uma trajectória curvilínea, mantendo o valor da velocidade,
a direcção do vector velocidade varia.

Forças
Os físicos dizem: “define-se força como a variação do momento linear de uma partícula
(onde essa força actua) por unidade de tempo (devida à interacção com outra ou outras
partículas)”.

35
Ciências Integradas da Natureza

Os físicos dizem: “o momento linear (ou quantidade de movimento de translação)


de uma partícula material de massa m que se move com uma velocidade v é o produto
da massa pela velocidade”.
As forças detectam-se pelos seus efeitos. Pode surgir uma deformação (se exerceres
uma força vertical dirigida de cima para baixo sobre uma bola – a bola muda a forma e
fica achatada); uma modificação do repouso e do movimento do corpo (se exerces
uma força horizontal dirigida num determinado sentido – quando chutas uma bola,
quando travas uma bola no seu percurso (a bola pára), quando alteras a direcção do
movimento da bola) e uma variação da velocidade do movimento do corpo - quando
aplicas uma força no mesmo sentido em que a bola já se encontrava a rolar (neste caso a
velocidade da bola aumenta).

Sistema de forças
Um corpo pode estar sujeito, ao mesmo tempo, à acção de duas ou mais forças. Neste
caso diz-se que existe um sistema de forças que actua nesse corpo. Na prática, muitas
vezes, é útil determinar uma única força, cujos efeitos sejam exactamente equivalentes
aos das forças aplicadas. A única força capaz de substituir todas as forças do sistema
que actuam no corpo chama-se força resultante ou apenas resultante. Cada força é
uma componente do sistema.

Como determinar a resultante de duas forças que actuam no mesmo corpo?


• Duas forças com a mesma direcção e o mesmo sentido
A resultante é uma força com a mesma direcção e o mesmo sentido das componentes.
A intensidade da resultante é igual à soma das intensidades das componentes.

• Duas forças com a mesma direcção, sentidos opostos e a mesma intensidade


As duas forças são simétricas. A intensidade da resultante é nula (vector nulo).

Inércia
Há muitos exemplos na nossa vida diária que apenas acontecem devido à inércia.
Um corpo parado assim permanecerá devido à inércia até que uma força o faça mover.
Se um corpo estiver em movimento contínua sempre em movimento por causa da
inércia até que uma força o faça parar. Por exemplo, os superpetroleiros e as naves
espaciais deslocam-se devido à inércia quando desligam os motores.

36
Ciências Integradas da Natureza

É necessário que actuem forças para que um corpo possa iniciar o seu movimento ou
parar.
Por si próprio, qualquer corpo não é capaz de alterar o seu estado de repouso ou de
movimento rectilíneo e uniforme.

Porque quando pára bruscamente um autocarro, os passageiros são impelidos para a


frente?
Os passageiros estavam em movimento e, devido à inércia, assim deveriam continuar -
“percebemos agora a razão do cinto de segurança nos automóveis, o cinto de segurança
contraria a inércia”.
Então, podemos afirmar que a aversão dos corpos à mudança do seu estado de
repouso ou de movimento chama-se inércia.
A massa representa uma medida da inércia de um corpo (quanto maior for a inércia
de um corpo, maior será a sua massa).
Se a resultante das forças que actuam num corpo for nula, esse corpo mantém-se em
repouso ou em movimento rectilíneo e uniforme.
O peso de um corpo resulta da força gravitacional que a Terra (ou outro planeta) exerce
sobre o corpo. Na Terra, a relação matemática entre a massa de um corpo e o seu peso é
P = mg .

Referenciais inerciais
É bom saber que a classificação do movimento quer da trajectória de uma partícula,
dependem do referencial escolhido. Designa-se por referencial inercial todo o corpo
em repouso ou movimento rectilíneo e uniforme. Um referencial inércia é um
referencial sem aceleração.
Sendo a maioria dos fenómenos da vida corrente, ligados à Terra, há tendência para
considerar a Terra um referencial de inércia. No entanto, sabemos que a Terra tem
acelerações nos seus movimentos de rotação e de translação. NEWTON solucionou o
problema do seguinte modo: “em movimentos de curta duração o efeito das acelerações
da Terra (muito pequenas) é desprezável. Pode-se, por isso, na maioria das situações
que estudamos, considerar a Terra um referencial de inércia.
Um corpo encontra-se em movimento em relação a um referencial quando as posições
ocupadas pelo corpo, nesse referencial, variam no decurso do tempo.

37
Ciências Integradas da Natureza

Um referencial pode ser tridimensional, bidimensional e unidimensional (depende


do movimento que se pretende descrever). Um corpo em movimento descreve uma dada
trajectória (é uma linha imaginária que nos indica as sucessivas posições ocupadas
pelo corpo no decorrer do tempo). A trajectória pode se rectilínea se for uma linha
recta, e curvilínea se for uma linha curva (neste pode ser circular, parabólica ou
elíptica)

Atrito
É fácil detectares na tua vida situações em que há atrito ou fricção.
Considera uma bola a deslocar-se sobre uma superfície.
O que se observa?
A bola acaba por parar. De facto, quando a bola se desloca, entre outras, actuam duas
forças que se opõem ao movimento: a força de atrito (ou simplesmente atrito), que é a
fricção entre a superfície da bola e aquela sobre a qual se desloca. Origina uma certa
resistência ao movimento; a força devida à resistência do ar que também retarda o
movimento da bola, fazendo-a parar.
O atrito é uma força por vezes bastante útil (a fricção do arco nas cordas do violino
produz música; um pára quedas funciona porque há atrito entre o ar e a sua superfície;
as correntes colocadas nos pneus aumentam o atrito permitindo que o carro se desloque
na neve).
O atrito pode ser uma força indesejável. Pode ser eliminada ou reduzida recorrendo por
exemplo a lubrificantes e rolamentos.
O peso de um corpo é uma das variáveis que influenciam as forças de atrito. Quanto
mais pesado for um corpo, maior é a intensidade da força de atrito exercida pela
superfície na qual se desloca
A rugosidade das superfícies em contacto também influi no atrito. A existência de
atrito depende da textura das superfícies em contacto. Quanto maior for a rugosidade
entre essas superfícies, mais intensa é a força de atrito. Isto mostra a necessidade das
estradas serem de textura áspera (maior rugosidade) e a superfície exterior dos pneus
(no piso) apresentarem sulcos profundos.

Forças e movimento
São as forças aplicadas nos automóveis que os fazem mover. Se aplicarmos forças com
igual intensidade, nas mesmas condições, num carrinho de criança e num automóvel,

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Ciências Integradas da Natureza

estes movem-se com acelerações diferentes. O que se observa é que , no mesmo


intervalo de tempo, o carrinho de criança varia mais a sua velocidade do que o
automóvel. Nesse intervalo de tempo a aceleração é maior pois a sua massa é inferior à
do automóvel.
Há uma relação entre a resultante das forças exercidas num corpo, a sua massa e a
aceleração do seu movimento.
Se quiseres um automóvel com maior aceleração, deves escolher um com maior
potência do motor ou, então, com menor massa.

Centro de gravidade e equilíbrio de corpos


Há muitos acidentes rodoviários causados pela falta de estabilidade da carga
transportada pelos veículos. Isto acontece porque existe um ponto característico no qual
se considera aplicado o peso de um corpo, chamado centro de gravidade. O peso de um
corpo na Terra resulta da força gravitacional terrestre. Nos corpos regulares e
homogéneos o centro de gravidade está no centro geométrico do corpo.
Quando um corpo está em equilíbrio, a resultante das forças que sobre ele actuam é
nula. A estabilidade de um corpo é tanto maior quanto maior for a área da base de
sustentação desse corpo; a estabilidade de um corpo é tanto maior quanto mais baixo
estiver o seu centro de gravidade. Note este exemplo: um motociclista ao colocar uma
carga pesada atras de si (nas costas), desloca o centro de gravidade do sistema para
cima. O conhecido boneco “sempre em pé” mantém-se nesta posição porque o centro de
gravidade está o mais baixo possível.

Leis de Newton
• 1ª lei de Newton (lei da inércia): Se a resultante das forças que actuam sobre a partícula
for nula, ela continua em repouso ou em movimento rectilíneo e uniforme;
• 2ª lei de Newton: A aceleração adquirida por um corpo (considerado partícula material) é
directamente proporcional à intensidade da resultante das forças que actuam sobre o corpo
(partícula material), tem a direcção e sentido dessa força resultante e é inversamente
proporcional à sua massa.

• 3ª lei de Newton (lei de acção e reacção): Quando um corpo A exerce uma força noutro
corpo B, este exerce em A uma força que tem a mesma linha de acção, a mesma intensidade
mas sentido oposto ao da primeira força.

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Ciências Integradas da Natureza

Correntes de convecção
Durante o dia, o ar ao ser aquecido por estar em contacto com a superfície terrestre,
dilata (aumenta de volume), torna-se, por isso, menos denso e sobe. No entanto, à
medida que o ar aquecido vai subindo, vai entrando em contacto com ar mais frio e vai
arrefecendo, o que provoca uma contracção do volume desse ar, que, por isso, se torna
mais denso e desce. Como consequência deste processo o ar circulando sob a forma de
correntes de convecção. Estas correntes de convecção estão sempre a ocorrer, quer em
grandes áreas da superfície terrestre (como nos desertos), quer em pequenas áreas
(campo lavrado).
A figura ilustra o que acabamos de referir.

Brisas
Há ventos periódicos, como por exemplo as brisas das regiões litorais, que alternam
regularmente de sentido. Estes ventos surgem devido à desigual capacidade de
aquecimento entre a terra e o mar (a terra aquece e arrefece mais rapidamente do que o
mar).
A água é a substância que apresenta maior valor de capacidade térmica mássica (4.18
J.g-1.ºC-1), o que significa que é a substância que necessita receber ou perder maior
quantidade de energia, para que a temperatura de 1 g de água varie de 1 ºC, de modo
que demora mais tempo a aquecer, e também demora mais tempo a arrefecer.
Durante o dia, como a terra aquece mais depressa, o ar que está sobre ela dilata e sobe
(cria um centro de baixa pressão); então, o ar frio que está sobre o mar desloca-se para a
terra, constituindo o que se chama a brisa marítima.
Durante a noite, o processo é inverso. O mar demora mais tempo a arrefecer, sobre ele
encontra-se ar mais quente do que sobre a terra. Este ar quente ao subir faz com que o ar
frio se desloque para o mar e temos a brisa terrestre.

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