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INTRODUGAO A TEORIA DA RESPOSTA AO ITEM: conceitos e aplicacées DALTON FRANCISCO DE ANDRADE" RAQUEL DA CUNHA VALLE? 1. Introducdo Resultados obtidos em provas, expressos apenas por seus escores brutos ou padronizados, tém sido freqUentemente utilizados nos processos de avaliagéo ¢ selegio de individuos. No entanto, os resultados encontrados denendem do particular conjunto de itens que compdem 0 instrumento de medida, ou seja, as andlises e interpretacdes estio sempre associadas A prova como um todo, o que 6 @ Caracteristica principal da Teoria Classica das Medidas. Assim, a comparacgao entre individuos somente 6 possivel quando eles sao submetidos as mesmas provas ou, pelo menos, ao que se denomina de provas paralelas. O leitor encontraré maiores detalhes sobre esta metodologia, incluindo a sua fundamentacdo matematica, em Gulliksen (1950), Lord e Novick (1968) e Vianna (1987), entre outros. Atualmente, na drea educacional, vem crescendo o interesse pela aplicaco de técnicas derivadas da Teoria de Resposta 2o Item - TRI que propdem modelos de varidveis latentes para representar a relagéo entre a probabilidade de um aluno responder corretamente a um item e seus tragos latentes ou habilidades na area do conhecimento avaliada, os quais nao sao observados diretamente, Tendo como elemento central os itens e nao a prova como um todo, a TRI permite, por exemplo, a comparagdo entre populacdes distintas submetidas a provas diferentes mas com alguns itens comuns ou, ainda, a comparacao entre individuos da mesma populacio que tenham sido submetidos a diferentes provas, com ou sem itens comuns. 1 PhD. em Bicestatstica pola University of North Carolina at Chapel Hill, Professor Assistonte do Departarrento de Estatstca do Instituto de Materica e Estatistica da USP, Pesquisador Senior do Departamento de Pescuises Eéucacionais da Fundasao Carlos s. 2 Bacharel em Estatistica, Mestranda em Estatstica do Departamento de Estatistica do Instituto de Matematica « fstastica ca USP, Esatetico do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundagio Carlos Chags. 13 © objetivo principal deste trabalho é apresentar os conceitos bésicos envolvidos na TRI e suas principais aplicagées em avaliagbes educacionais brasileiras. Em Lord (1980) e Hambleton, Swaminathan e Rogers (1991) por exemplo, o leitor encontrard maiores detalhes sobre os fundamentos e aplicacdes desta teoria. Na seco 2 discutem-se os modelos matematicos com suas suposicoes bdsicas; na secao 3, 0 pracesso de estimagdo dos parmetros dos itens e das habilidades dos respondentes; na secao 4, é introduzido o conceito de equalizacao equating"), a partir do qual pode-se efetuar as comparagdes entre populagdes e individuos descritas acima e na secdo 5 discutem-se a Construgao e interpreiagdo de escalas de habilidades por meio desta teoria. Na seco 6, apresenta-se uma aplicac3o da TRI na andlise de parte dos dados obtidos pelo Sistema de Avaliagao do Rendimento Escolar do Estado de Sao Paulo - SARESP nos anos de 1996 e 1997 (ver Secretaria da Educacdo (1996,1997). Finalmente, apresentam-se conclusdes e sugestdes na secéio 7. 2. Modelos matematicos A TRI baseia-se em modelos que representam a probabilidade de um aluno responder corretamente a um item como fungao dos parametros do item e da(s) habilidade(s) do respondente. Os varios modelos propostos na literatura dependem fundamentalmente do tipo do item. Um dos mais utilizados 6 0 modelo logistico unidimensional de 3 parametros para itens de miultipla escolha dicotomicos ou dicotomizados (do tipo certo/errado), cuja formulagao para um determinado item | é dada por 1 PK, =110)= 6, #16) aay onde Xi € uma variavel dicotomica que assume os valores 1 (quando o individuo responde corretamente ao item) ou 0 (quando o individuo nao responde corretamente ao item), 8 representa a habilidade ou proficiéncia do individuo, P(Xi~1|8) 62 probabilidade de um individuo com habilidade igual a @ responder corretamente ao item, D 6 um fator de escala constante conhecido, igual a 1,7 quando se deseja que a fung3o logistica fornega resultados semelhantes ao da funcao ogiva normal, bi € o par&metro de dificuldade (ou de posigac) do item, medido na mesma escala da habilidade, @ €0 parametro de discriminagao (ou de inclinagao) do item, com valor proporcional & inclinacao da curva caracterfstica do item - CCI no ponto bi, e © 60 pardmetro de acerto ao acaso do item. Note que P(Xi=1|@) pode ser vista também como a proporcao de resposta correta ao item dentre todos os individuos da populagao com a mesma habilidade @. O gréfico a seguir exemplifica a relag3o existente entre P(Xi=1|6) € os parametros da madelo. Curva caracteristica do Item - CCI & 3 2 & prob. de resposta corata 2 2° 8 8 2 8 40-30 -20 40 00 10 20 30 40 | habitidade © modelo proposto baseia-se no fato de que individuos com maior habilidade possuem maior probabilidade de acertar ao item e que esta relagéo nao é linear. De fato, pode-se perceber a partir do grafico anterior que a CCI tem forma de "S" com inclinacéo e deslocamento na escala de habilidade definidos pelos parametros do item. Os gréficos abaixo apresentam curvas caracteristicas e também curvas de informacao (tragado pontilhado) de quatro itens com diferentes combinagées de valores dos pardmetros a e b.

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