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Palácio das Artes, 2008 
As Quatro Estações: Mimeses 

Públio Athayde & Will Oliveira 

Programa iconográfico apresentando


mimeses transversais entre leituras
contemporâneas de obras do século
XVIII e discutindo a invenção
baseada em emulações sobre As
Quatro Estações, de Antonio Vivaldi.
um conjunto pictórico capaz de
representar simultaneamente as
Quatro Estações como ciclo
temporal e metáfora das fases da
Proposta de exposição
apresentada ao Palácio das vida. A composição integra
Artes, para o ano de 2008, elementos formais da iconografia
segundo o Edital Artes
Visuais 2008 -Seleção para antiga a elementos da linguagem
ocupação das galerias da plástica contemporânea
Fundação Clóvis Salgado 
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1 Memorial descritivo

O Programa Iconográfico a ser exposto é um conjunto cuja arte, retórica e poética,


representará simultaneamente as Quatro Estações como ciclo temporal e metáfora das fases
da vida, juntando os elementos universais do mote à visão contemporânea sob o ponto de
vista dos autores. O núcleo da mostra será composto por 12 painéis a óleo de 122cm×197cm,
de Públio Athayde e por quatro painéis a óleo 96cm× 520mm, de Will Oliveira.
Essa pintura é, a um só tempo, produto da mimese de obras literárias e musicais e
expressão de análise visual das metáforas naquelas obras. A amplitude da proposta reside em
ela incluir, na construção do discurso iconográfico, aspectos transdisciplinares entre poesia,
música e pintura. A retórica do Programa é pautada pelos concertos grossos As Quatro
Estações, de Antônio Vivaldi, como eixo, subsidiado pelos quatro sonetos atribuídos a esse
mesmo autor e que teriam precedido e inspirado a composição musical, cada um como
referência para uma das Estações.
Subsidiariamente ainda, mas vistos como roteiro do subtexto, serão apresentados 12
sonetos de Públio Athayde, também intitulados As Quatro Estações, compostos há pouco
mais de uma década, assim como os referidos sonetos de Vivaldi. Cada soneto plotado em
dimensão áurea: 841mm×520mm.
Como a própria proposta de Vivaldi, a do Programa Iconográfico teve o propósito de
fazer Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione, mas desta vez com diferente carga
interpretativa e expressiva, o que não descarta o fato de que, em qualquer desempenho
estético contemporâneo ocorre o mesmo – apenas que a interpretação aqui se dá pela
expressão plástica estendida em um Programa Iconográfico dotado de discurso próprio, mas
completamente conectado às obras emuladas.
A questão que inquietou e motivou a criação deste Programa Iconográfico foi a
submeter a necessidade (re)interpretativa, pelo o domínio da técnica e dos recursos e
conhecimentos disponíveis, à capacidade para recriar uma obra de arte já tão explorada, tão
difundida. Fazer isso guardando simultaneamente a conexão com o discurso retórico, discreto,
e a linguagem poético-visual contemporânea.
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2 Projeto expográfico

2.1 Elementos a serem expostos

a) Doze painéis de 122cm×197cm, óleo sobre telas de diferentes fibras sobre


Eucatex, quatro trípticos representando as Quatro Estações - segundo os doze
movimentos de que se compôem os quatro concertos de Vivaldi. Emoldurados.
Autoria de Públio Athayde.
b) Quatro painéis de 96cm×122cm, óleo sobre tela de TNT sobre Eucatex,
representando as Quatros Estações - quadros de Jean von Blasenberghe - que
teriam sido expostos na primeira audição da respectiva obra de Vivaldi.
Emoldurados. Autoria de Will Oliveira.
c) Quinze estudos gráficos, em formato A4, sobre os retângulos áureos que
cosntituem a base da composiçãodo grupo de doze painéis acima. Emoldurados
entre vidros. Autoria de Públio Athayde.
d) Quatro sonetos intitulados Le Quattro Stagioni que teriam sido expostos na
primeira audição da respectiva obra de Vivaldi. Cada um plotado em dimensão
áurea: 841mm× 520mm. Autoria presumida de Antônio Vivaldi.
e) Doze sonetos representando as Quatro Estações (segundo os doze movimentos
de que se compôem os quatro concvertos de Vivaldi). Cada um plotado em
dimensão áurea: 841mm× 520mm. Autoria de Públio Athayde.
f) A exposição será feita acompanhada de performances dos concertos As Quatro
Estações, em audição instrumental ou eletrônica, segundo possibilidades
operacionais.

2.2 Disposição dos elementos

Os doze paineis (item a) se disporão simetricamente, metade em cada uma das paredes

longitudinais da galeria, segundo melhor disposição posível, observadas as disposições

específicas que se seguirão. Entre eles se intercalarão os sonetos respetivos (itens d e e). Ao

fundo da galeria, em disposição compativel com o espaço, os quatro paineis restantes (item b).

A parede restante, a menor do espaço, fica reservada para os estudos gráficos (item c).
4

2.2.1 Os quatro trípticos

Os painéis dos trípticos As Quatro Estações delimitam planos, tanto quanto são

superfícies pictóricas, são planos que discursam em sua articulação plana. São planos que

significam pela razão (áurea) de sua dimensão, pela escala (amplitude – grandeza... aqui as

palavras se confundem, mas a referência é ao tamanho dos objetos), são ainda planos que têm

característica bidimensional à primeira vista, mas há aspectos que trazem o Programa para o

universo fronteiriço entre a escultura e a pintura em que se situa grande parte da poesia visual

até estes primórdios de século: um é o fato de que a terceira dimensão é antecedida de duas

dimensões, necessariamente (a bidimensionalidade é conteúdo da tridimensionalidade

continente); outro é que a disposição ideal do Programa seja em ambiente do qual o

espectador possa ver cada tríptico isoladamente e completar o périplo visual entre elas pelo

giro em torno de si, reforçando a noção cíclica do discurso proposto e criando a necessária

terceira dimensão espacial do distanciamento existente entre a obra e o expectador.

Nas imagens das telas em preparação – suportes montados e estratos de fundo

aplicados – a programação visual para a exposição dos trabalhos já está prevista, feita a

articulação entre as telas concernentes a cada Concerto, tal como devem ser apresentadas.

Os trípticos se alinharão na horizontal pela mediana dos painéis horizontais (linha

tracejada) e, entre si, segundo a sintaxe das imagens e dos campos áureos (linhas pontilhadas),

guardada a distância entre os quadros de cada tríptico entre 60cm e 120cm. Essa disposição é

essencial, pois ela possibilita a leitura entre as telas, para tanto que foram concebidas.
5

2.2.1.1 Prim
mavera

2.2.1.2 Verãão

2.2.1.3 Outoono

2.2.1.4 Inveerno
6

2.2.2 Os estudos gráficos

Na programação visual dos painéis trípticos foram adotados campos áureos em

composição que representa os andamentos dos concertos, sua dinâmica e seu afeto. O

grafismo na composição do Programa Iconográfico integra os quadros em discurso lógico,

simbólico e icônico; o planejamento de sua posição relativa, cada um em função dos demais,

em cada um dos trípticos, e deles entre si, funciona como rubrica da exposição quase tanto

quanto a própria seqüência das Estações (como música, poesia ou fases do ano) o faz

naturalmente. Todos esses elementos foram articulados com coerência retórica, apresentando-

se em conjugação alguns dos princípios mais clássicos e outros dos contemporâneos.

Os estudos gráficos foram compostos como estratégia de aproximação das formas e

relações entre os campos dos painéis, determinados pela progressão áurea, pelas espirais

logarítmicas e pelas respectivas diagonais. Eles se integram à mostra como elemento da

geometria sacra profanado pela leitura e expressão neoconcreta que assumiram nas torções de

suas projeções tridimensionais.


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2.2.3 Os sonetos de Vivaldi

2.2.3.1 La primavera 2.2.3.3 L'autunno


Giunt'é la Primavera e festosetti Celebra il Vilanel con balli e Canti
La Salutan gl'Augei con lieto canto, Del felice raccolto il bel piacere
E i fonti allo Spirar de'Zeffiretti E del liquor di Bacco accesi tanti
Con dolce mormorio Scorrono intanto: Finiscono col Sonno il lor godere.

Vengon' coprendo l'aer di nero amanto Fà ch'ogn'uno tralasci e balli canti


E Lampi, e tuoni ad annuntiarla eletti; L'aria che temperata dà piacere,
Indi tacendo questi, gl'Augelletti E la Staggion ch'invita tanti e tanti
Tornan' di nuovo al lor canoro incanto: D' un dolcissimo Sonno al bel godere.

E quindi Sul fiorito ameno prato I cacciator alla nov'alba à caccia


Al caro mormorio di fronde e piante Con corni, Schioppi, e canni escono fuore
Dorme'l Caprar col fido can' à lato. Fugge la belua, e Seguono la traccia;

Di pastoral Zampogna al Suon festante Già Sbigottita, e lassa al gran rumore


Danzan Ninfe e Pastor nel tetto amato De'Schioppi e canni, ferita minaccia
Di primavera all'apparir brillante. Languida di fuggir, mà oppressa muore.

2.2.3.2 L'estate 2.2.3.4 L'inverno


Sotto dura Staggion dal Sole accesa Aggiacciato tremar trà nevi algenti
Langue L'huom, langue 'l gregge, ed arde il Pino; Al Severo Spirar d'orrido Vento,
Scioglie il Cucco la Voce, e tosto intesa Correr battendo i piedi ogni momento;
Canta la Tortorella e'l gardelino. E pel Soverchio gel batter i denti;

Zeffiro dolce Spira, mà contesa Passar al foco i di quieti e contenti


Muove Borea improviso al Suo vicino; Mentre la pioggio fuor bagna ben cento;
E piange il Pastorel, perche Sospesa Caminar Sopra'l giaccio, e à passo lento
Teme fiera borasca, e'l Suo destino; Per timor di cader gersene intenti;

Toglie alle membra lasse il Suo riposo Gir forte Sdruzziolar, cader à terra,
Il timore de'Lampi, e tuoni fieri Di nuovo ir Sopra 'l giaccio e correr forte
E de mosche, e mossoni il Stuol furioso! Sin ch'il giaccio Si rompe, e Si disserra;

Ah che pur troppo I Suoi timor Son veri Sentir uscir dalle ferrate porte
Tuona e fulmina il ciel e grandinoso Sirocco, Borea, e tutti i Venti in guerra
Tronca il capo alle Spiche e a'grani alteri. Quest'è 'l verno, mà tal, che gioja apporte
2.2..4 Sonetoos de minh
ha autoriia

Estes sonetos, precedentes


p ao Program
ma Iconogrráfico, foram
m compostos, cada

um
m deles insppirado em um
u dos movvimentos do
os concertoss do ciclo A
As Quatro Estações
E

dee Vivaldi, como


c foi mencionado,
m , guardando
o com eles relação de proporção métrica

coorrespondennte aos respeectivos anddamentos.

Assim
m, aos alleegros, correespondem versos octoossílabos, aos largos, versos

doodecassílaboos (alexanddrinos, em
m alguns caasos); aos adágios vversos decaassílabos

(hheróicos); os
o prestos, versos
v hexaassílabos; o allegro noon molto fooi representtado por

veerso eneassíílabo.

Quadro Sinótico– Quatro


Q Estaçõ
ões: movimen
ntos e métricaa.

Ilustrações: François BOUCHER, 1775.

Primavera Verão
o Outono Inve
erno
•Allegro:  •Alleg
gro:  •Presto:  •Alleegro non 
octossílabos. octasssílabos. exassílabos. moolto: 
•Largo:  •Adaggio:  •Alegro:  eneeassílabo.
dodecassílaboss. decasssílabos. octossílabos.. •Larrgo: 
•Alegro:  •Prestto:  •Adagio:  doddecassílabo.
octossílabos hexasssílabos. decassílabos. •Alleegro: 
octtossílabo.
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2.2.4.1 Soneto I/XII 2.2.4.3 Soneto III/XII


Primavera: Allegro Primavera: Allegro

Que lúdico existir sem prova Só sabe o futuro que tem


Cantar estes versos e amores, Quem conhece dia de amanhã.
Proveito de vida em cores, Que problema e dúvida insã:
Delícia de gozo na trova. A sina não informa ninguém.

Feliz de viver pela vida, A dúvida o tédio destrói,


Tão simples e leve cantiga E que drama de amor tecer
Seduz, que se espera prossiga, É possível que venha a ser
Em versos de rima incontida. A roda que o destino mói.

Que vaga de prazer, cantei-a, O fado que concerne a mim,


Com graça de amores ferazes, Não importa que sorte se leu,
Desperto, entre o sonhar das frases, É ver que o lucro seja meu.

Na dúvida que hora permeia, Não espero pela hora do fim:


Mas bem certo de ser indene, Seja lá o destino o que diz,
Pois não ouvirei quem me condene. O que interessa é ser feliz.

Belo Horizonte, 3 de agosto de 1996. Belo Horizonte, 5 de agosto de 1996.

2.2.4.2 Soneto II/XII 2.2.4.4 Soneto IV/XII


Primavera: Largo Verão: Allegro

Horizonte aberto para ilusão que inunda, Separa-se o certo do errado,


Um mar de desejo muito tempo frustrado Não tem motivo que confunda
Encara o destino qual sempre foi mostrado: Quem neste quesito se funda,
Vaga de esperança pela paixão profunda. Cria juízo e se torna honrado.

Saberes ocultos descobertos em breve, A enseada da ciência é segura,


Quando tais amores alcançarem a carne, Quando diz que sim é bem certo,
Poderão decerto acalmar o duro farne Quando não, nem passa por perto,
Que tanto tormenta quem inda não atreve. Saber e erro não se mistura.

Meu sonho de musas que me fazem cativo Eu, para mim, tudo que almejo
Deste amor platônico somente cantado, É segurança e a luz que existe,
O grande suplício por eu ser recatado. Clareia trevas e vida triste.

Já fico contente sem ter bem um motivo, Sei bem quem sou, sei meu desejo,
Pois será logo em breve que tal desidério, Que desta vida terei tudo
Deixará para mim de ser grande mistério. Estou tranqüilo, não me iludo.

Belo Horizonte, 4 de agosto de 1996. Belo Horizonte, 5 de agosto de 1996.


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2.2.4.5 Soneto V/XII 2.2.4.7 Soneto VII/XII


Verão: Adagio Outono: Allegro

Fogo de indústria dos deuses roubado Triste encanto assola o coração,


É nova ciência para as mesmas artes; Toda alma a querer, só desejo,
Dobre-se engenho todo de outras partes, Mas nenhum sentimento ou pejo,
Que se fará aqui mais que foi cantado. Nada excita o ser, amor não.

De saber novo nem sempre se alcança Vale a carne pelo seu gosto,
Toda beleza que, é certo, se espera, Supre a vontade de ter sexo,
Conta-se então com o que o tempo opera: Não mais se suspira em amplexo,
Perfeição plena ao conhecer que avança. Põe-se a gemer, e mostra o rosto.

Torno-me ativo sujeito e trabalho, Neste tempo, só penso em mim,


Com esperança em cada novidade; Descri de outro afeto que existe,
Aprendo e faço da maior qualidade. Que só na renúncia consiste.

Aí, dou-me conta de tudo que valho, Eis-me, que agora agindo assim,
Cobro da vida por meu desempenho, Quase me completo sozinho,
Que sorte minha, boa paga que eu tenho. Mesmo acompanhado no ninho.

Belo Horizonte, 4 de agosto de 1996. Belo Horizonte, 2 de agosto de 1996.

2.2.4.6 Soneto VI/XII 2.2.4.8 Soneto VIII/XII


Verão: Presto Outono: Adagio

Febril amor, que cálido, Fogo de indústria dos deuses roubado


Chamando o corpo estúrdio, É mesma ciência para as outras partes;
Deseja, estapafúrdio, Pobre de engenho, todo de mesmas artes,
Gozar que seja válido. Nunca fará aqui mais que foi cantado.

Mas é prazer sintético, De saber velho tem sempre quem cansa,


Assume tom hilário, Nula beleza que nada mais gera,
Anula-se contrário Nem se conte com o que o tempo opera:
Ao motivo dianético. Conhecer pleno nunca que se alcança.

Não quero ser enérgico Fico passivo, sujeito, e trabalho


Com toda minha glória Sem esperança em cada novidade;
Na fricação corpórea, Faço que aprendo, não tem qualidade.

Serei apenas sinérgico Aí, tomam conta de tudo que valho,


Neste instante magnífico, Cobram da vida por meu desempenho.
Dubiamente letífico. Tenho que paga Deus teve no Lenho.

Belo Horizonte, 3 de agosto de 1996. Belo Horizonte, 4 de agosto de 1996.


11

2.2.4.9 Soneto IX/XII 2.2.4.11 Soneto XI/XII


Outono: Allegro Inverno: Largo

No pleito de dúvida faz-se Vê-se a morte, encontra-se este último prazer,


Verso e mote para a cantiga, Alegria final de quem vive no que aprende,
Vem com a sorte, velha amiga, E encontra o nada, que da salvação depende,
E cada rima é assim que nasce. Onde, em geral, a esperança tende a jazer.

Glosa o destino num soneto Nada mais resta, para esta vida malsã,
Com uma quadra benfazeja, Que morte inglória daquele que tudo sabe,
Outra muito dura que seja, Mesmo que não há Deus, e nenhum apelo cabe,
Mas puro azar cada terceto. Morre feliz, na alegre certeza pagã.

No universo tão deplorado, Porque parei de aprender, eu morro feliz,


De meu trabalho e minha sina, E porque fui o mesmo por quase dois segundos.
Não tem poesia, caí na rotina. É sem receio que cruzo a ponte entre tais mundos:

Cansado de ser explorado, Qual de certeza, tédio este que eu nunca quis,
Volto cedo a vida privada, Tal de dúvida, último prazer sempre incerto,
Impeço à musa que ela evada. Esta alegria, novidade que está mais perto.

Belo Horizonte, 5 de agosto de 1996. Belo Horizonte, 2 de agosto de 1996.

2.2.4.10 Soneto X/XII 2.2.4.12 Soneto XII/XII


Inverno: Allegro Non Molto Inverno: Allegro

Os prazeres se esvaindo diluem, Acabou tudo, tudo mesmo.


Num correr ondas de baixa-mar, Nem o alívio, nada mais resta.
O que restou de aprender e amar: Havendo algo, luz, uma fresta,
São sonhos e quimeras que ruem. Não é morrer, porém viver a esmo.

Cada delícia de outrora é má, Não há qualquer sinal, sensação,


E polui a saudade sem perdão, Nenhuma ciência existe mais,
Consome a memória de emoção, Nem enseada, nem outro cais;
Pois pouca novidade agora há. Caos de querer, de sim, de não.

Engodo de certezas que sou eu, Ainda bem! Era o meu desejo.
Clama pela dúvida qualquer O desejo também morreu,
Que minore o sofrer se puder. E não sei nem se sou mesmo eu.

Da mesma forma que a alma morreu, Ainda bem! Aproveito o ensejo,


Encontra-se este meu corpo vil Não questiono agora mais nada:
Sem as forças que eram mais de mil. Não há questão certa, nem errada.

Belo Horizonte, 3 de agosto de 1996. Ouro Preto, 6 de agosto de 1995.


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2.2.5 Os Concertos As Quatro Estações

As Quatro Estações foram publicadas em Amsterdã, em 1725, com mais oito

concertos em volume denominado Opera Ottava (Opus 8). Esse conjunto concertístico

foi denominado Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione; um testamento artístico, tal

o teor de técnica intelectual e fantasia inventiva de Vivaldi. As Quatro Estações são,

acima de tudo, a celebração da rica impressão individual das mudanças de estações,

inspirando a evocação do universo inteiro de emoções associadas a elas. Vivaldi

esforçou-se para completar a experiência de seu público exibindo pinturas e sonetos

para os músicos e para a platéia. O tema das Quatro Estações é simples, popular, dado

que se refere à nossa Terra e a todos os habitantes, mas ao mesmo tempo, amplia-se

simbolicamente de maneira rica e complexa, pois que está ligado a tudo que se refere ao

número 4, às quimeras, às visões bíblicas, aos elementos, aos evangelhos, às fases da

lua, ao Tarô. O significado elementar desse símbolo é: refere-se às quatro fases de

qualquer ciclo. E o ciclo das estações é exemplo cheio de sentidos. A popularidade

destes concertos grossos de Vivaldi fizeram deles uma das obras de música erudita mais

gravadas: 475 registros, contra 275 da Quinta Sinfonia de Beethoven, por exemplo.

2.2.6 Croquis da Galeria Genesco Murta


de Will Oliveira
Quatro painéis

Os trípticos e sonetos

Estudos gráficos
13

3 Curricula

3.1 Públio Athayde

Públio Athayde, residente à rua Venezuela, 634, Sion; telefones (31)3244-1245 e


(31)9191-5091, email publio.athayde@gmail.com ;  foi professor universitário nas áreas
de História, Sociologia, Política e Educação. Graduou-se em História em 1987, pela
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, onde depois lecionou. Ainda em Ouro
Preto, onde nasceu, participou de Festivais de Inverno, cursos e eventos nas áreas de
Museologia, Arquivística, História de Minas Gerais e da Arte - conhecendo bastante de
perto os acervos históricos documentais e artísticos da região de Ouro Preto e Mariana.

Atualmente exerce a atividade de revisor acadêmico e literário em paralelo à


pintura. Tem formação em Ciência Política pela UFMG e em Cultura e Arte Barroca
pela UFOP. É poeta, autor de diversos livros e artigos amplamente publicados. O
projeto das Quatro Estações, em desenvolvimento, nasceu de trabalho de pós-graduação
e está prestes a ser concluído. Expôs na Galeria de Arte da FAOP (hoje Nello Nuno),
quando aluno daquela instituição; mais recentemente teve trabalhos expostos na Galeria
Bar`Rabás e no Restaurante Cozinha de Minas, ambos em Ouro Preto. A proposta atual
é enveredar pela seara das poéticas visuais, este báratro de polissemias.

3.2 Will Oliveira

Wilerson Jorge de Oliveira, residente à rua Alvarenga, 550, Ouro Preto, telefone
(31)9272-9110, email wilerson86@yahoo.com.br . Nascido em Mariana e criado em
Ouro Preto, desde sempre gostou de arte; estudou desenho, pintura e teatro, mas a opção
pelas tintas e pinceis tem se manifestado.

Convidado a participar do Projeto As Quatro Estações, abraçou com entusiasmo


a idéia, dedicando-se a recriar obras perdidas no tempo das efemérides. Deste projeto,
passou a partilhar com Públio Athayde o espaço do atelier que recebeu o nome do
trabalho coletivo e no qual se propõe também a ensinar pintura para crianças, além de
dar continuidade aos projetos plásticos.
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4 Fotos das obras desta proposta

ATHAYDE, Públio. Primavera I – Allegro. 2007. Óleo sobre tela de algodão sobre Eucatex, 122cm X194cm.(Inacabada)
15

ATHAYDE, Públio. Primavera II – Largo. 2007. Óleo sobre tela de algodão sobre Eucatex, 122cm X194cm.(Inacabada)
16

ATHAYDE, Públio. Primavera III – Alegro. 2007. Óleo sobre tela de algodão sobre Eucatex, 122cm X194cm.(Inacabada)
17

ATH
HAYDE, Públio. Primavera
P I e II.. 2007. Óleo sobrre tela de algodão
o sobre Eucatex, 122cm X194cm cada.(Perspetiva do
d tríptoco
inaccabado).
18

ATHAYDE, Públio. Verão I, II e III. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex, 122cm X194cm cada.(Perspetiva do
tríptoco inacabado).
19

ATHAYDE, Públio. Verão II, Adagio. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex . (Detalhe : vista da Ponte da Barra à jusante).
20

ATHAYDE, Públio. Verão I, Allegro. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex . (Detalhe : vista da Ponte do Pilar).
21

ATHAYDE, Públio. Verão II, Adagio. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex . (Detalhe : vista da Ponte dos
Contosr).
22

ATHAYDE, Públio. Verão II - Adaagiol. 2007. Óleo sobre tela de linh


hagem sobre Euccatex, 122cm X1994cm cada.(Inacaabada).
23

OLIVEIRA, Will. As Quatro Estações: O Verão. 2007. Óleo sobre tela sobre Eucatex, 96cm X 123cm..(Inacabada).
24

OLIV
VEIRA, Will. As Quatro Estações: A Primavera. 20
007. Óleo sobre teela sobre Eucatexx, 96cm X 123cm
m..(Esboço).
25

5 Outros trabalhos dos mesmos autores

ATHAYDE, Públio. Torre do Rosário. 2007. Óleo sobre tela sobre Eucatex, 96cm X123cm
26

OLIVEIIRA, Will. Natureeza morta. 2006.. Óleo Sobre tela,, 40cmX50cm

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