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Vaga-lumes -Ayrton Pelim

O vero estava estalando no Sitio. At o rio tava com sede. A gente colhendo amendoim. Apanhava as ramas, batia na beira do balaio e ele se enchia de frutas. De terra, tambm. Era pesado pra carregar. O Nonno ajudava. O Pai, tambm, Tio Chico ajudava um pouco, depois de fumar. O pai falou que tinha que terminar hoje a colheita. O suor coava com a terra o pescoo sujo de vida. Bateu cansao. At na natureza, parecia. Criana gosta de brincar e a coisa tava um pouco sria. A tarde ficou com pena da gente, acho, e resolveu dormir mais cedo. Os adultos corriam como adultos. Para terminar. O lusco-fusco chegou. O cansao desceu de vez. Deu vontade de chorar e de ir para casa beber uma grapette. A primeira estrela chegou. A roa acinzentou de vez. Ento, o primeiro vaga-lume chegou. E outro. E mais outro. E mil chegaram. E dezenas de mil. O cu desceu sobre a terra e incendiou a roa e a mata e o rio. O Nonno, meio cego, parou pra olhar. O tio Otvio, tambm. As tias, o Baixinho, a N. Todos pararam. Nos olhos de todo mundo piscavam vaga-lumes. O cansao sumiu. A dor sumiu. A vontade de ir embora sumiu. S o silencio e os nossos olhos comendo vaga-lumes. O Pai falou, com a voz do bisav Amanh a gente termina. Ayrton

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