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Mayor (2002), antigo director‐geeral da UNESCO, no prefácio
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o livro de Edgar
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Moriin Os Sete Saberes paara a Educaação do Futturo, escrev ve que se qqueremos q que a
Terrra possa satisfazer as necessidaddes dos serres humanos que a habitam, en ntão a
socieedade hum
mana deverrá transformmar‐se e, nesta
n evolu
ução para aas modificaações
fund
damentais d dos nossos estilos de vvida e dos nossos com mportamen ntos, a Educcação
– no seu sentido mais amp plo – desemmpenha um m papel preponderantte.
No seu livrro, anteriormente cittado, Moriin (2002) refere que existem sete
sabeeres fundam mentais que a Educcação do futuro
f devveria tratar em quallquer
socieedade e em
m qualquer cultura, sem m excepçãoo nem rejeiição, segunndo os costu
umes
e as regras próp prias de caada sociedaade e de cad
da cultura, a saber:
I. O CON
NHECIMEN
NTO DOS CO
ONHECIME
ENTOS PAR
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MANENTESS DE ERRO E DE ILUSÃ
ÃO PELA LU
UCIDEZ.
II. OS MÉTODOS QQUE PERMIT
TEM APREEENDER ASS RELAÇÕES MÚTUAS E AS
UÊNCIAS RECÍPROCA
INFLU AS ENTRE
E PARTES E TODO NUM MU
UNDO
COMPPLEXO.
1 Instituto Politécnic
co de Castelo B
Branco. Escola Superior de Ed
ducação. lurde
es.cardoso@e
ese.ipcb.pt
CARDOSO, L. (2007) Educação e organização do conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade
& A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora
Contudo, o saber científico, no qual se apoia este texto, não é um tratado sobre o
conjunto de matérias a ensinar: ‐ pretende‐se única e essencialmente expor
problemas centrais que permanecem completamente ignorados ou esquecidos e
que são necessários para a Educação no século XXI, centrando‐se a nossa breve
análise apenas no segundo item sobre o conhecimento pertinente, onde as partes
são solidárias do todo.
Para Roldão (2005), na conferência Saber Educativo e Culturas Profissionais, a
discussão epistemológica que atravessa o campo da Educação, enquanto saber,
merece ser retomada, organizando‐se essencialmente em torno de duas questões
centrais que certamente irão continuar como eixos do debate futuro:
A ênfase na especificidade de saberes levanta um problema epistemológico, cuja
complexidade está desintegrada nos nossos sistemas de ensino, pelo que considero
que a ênfase na unidade (pluri e/ou transdisciplinar) deveria ser encontrada na
diversidade dos conhecimentos e dos seres humanos.
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CARDOSO, L. (2007) Educação e organização do conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade
& A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora
Não se trata de responder a uma pergunta mas sim de analisar esta
problematização, começando por subscrever a seguinte afirmação de Edgar Morin:
«Cada indivíduo contém de forma hologramática o todo do qual faz parte e que
ao mesmo tempo faz parte de si».
Enuncia Morin (2002) os objectivos de um conhecimento pertinente, onde as
partes são solidárias do todo. Assim, nos nossos sistemas de ensino é necessário:
1) promover um conhecimento capaz de apreender os problemas globais e
fundamentais para aí inscrever os conhecimentos parciais e locais;
2) dar lugar a um modo de conhecimento capaz de apreender os objectos
nos seus contextos, nas suas complexidades e nos seus conjuntos;
3) desenvolver a aptidão natural da inteligência humana para situar todas
as suas informações num contexto e num conjunto.
Assim a Educação deve promover um conhecimento pertinente através de uma
inteligência geral, de modo a referir‐se ao complexo, ao contexto, de forma multi‐
dimensional e numa concepção global.
Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os
problemas do mundo é necessário uma reforma de pensamento capaz de
apreender que:
o conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. Torna‐se
necessário situar as informações e os dados no seu contexto para que façam
sentido.
‐ Por exemplo, a palavra amor muda de sentido num contexto religioso e num
contexto profano, bem como uma declaração de amor não tem o mesmo sentido de
verdade se for enunciada por um sedutor e por um seduzido;
o global é o conjunto que contém partes diversas ligadas de forma inter‐
retroactiva ou organizacional.
- Por exemplo, a sociedade é um todo organizador do qual fazemos parte;
a sociedade enquanto todo está presente no interior de cada indivíduo na
sua linguagem, no seu saber, nas suas obrigações e nas suas normas;
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CARDOSO, L. (2007) Educação e organização do conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade
& A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora
- Por exemplo, o ser humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social,
afectivo, racional, e a sociedade contém as dimensões histórica,
económica, sociológica, religiosa, …
o conhecimento pertinente deve afrontar a complexidade que é a ligação entre a
unidade e a multiplicidade.
REFLEXÕES FINAIS
O excesso de especialização do saber científico, ao longo do século XX, acabou
por criar obstáculos que impossibilitam o exercício de um conhecimento
pertinente nos nossos sistemas de ensino, pois a separação em disciplinas
concentradas em si mesmas impedem ver tanto o global como o essencial.
Do ponto de vista epistemológico, a cada período histórico corresponde um
determinado ideal com as suas próprias limitações metodológicas, formais e
processuais. No entanto, neste período pós‐positivista e, como racionalista que me
considero, sendo a Ciência e a Filosofia as mais brilhantes representantes da
racionalidade, vemos que a Biologia (que começou por ser a minha formação de
base) e o seu campo de investigação molecular uniu saberes da Química, da Física,
da Matemática, …, levando‐nos a ser optimistas e a pensar que a construção de
uma síntese teorética unificadora dos saberes, tida como condição necessária de
progresso e de desenvolvimento global, poderá ser viável.
Em conclusão, dos bifaces/machados dos caçadores‐recolectores do Paleolítico
aos utensílios técnicos da actualidade, com possibilidade de recorrer à Inteligência
Artificial, a promoção de um conhecimento pertinente torna‐se necessário à
apreensão do que significa ser humano, um ser simultaneamente físico, psíquico,
histórico e antropo‐ético, capaz de reconhecer o vínculo indissolúvel entre a
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CARDOSO, L. (2007) Educação e organização do conhecimento. In, V. Trindade, N. Trindade
& A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. Évora: Universidade de Évora
unidade e a diversidade do género humano. Diz Edgar Morin que devemos
inscrever em nós:
Nesta breve apresentação pretendeu‐se contribuir para a discussão do tema da
conferência sobre A Unicidade do Conhecimento, partilhando a perspectiva da
unidade e da diversidade dos conhecimentos na complexidade de tudo o que é
humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Morin, E. (2002). Os Sete Saberes para a Educação do Futuro. Lisboa: Instituto
Piaget, col. Horizontes Pedagógicos, 87.
Roldão, M. C. (2005). Saber Educativo e Culturas Profissionais. VIII Congresso da
Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (SPCE): Cenários da
Educação/Formação – Novos Espaços, Culturas e Saberes. Castelo Branco:
Escola Superior de Educação, 7‐9 Abril 2005.
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