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Testemunhos sobre a Igreja Perseguida

coletados no site da Missão Portas Abertas


www.portasabertas.org.br

Testemunhos postados no site em 2007. Para ler mais


testemunhos e obter maiores informações, acesse o site.
Amados, informem-se, orem e contribuam para ajudar a Igreja
Perseguida. A sua ajuda é fundamental para os que sofrem.

Ana Graça: dedicação ao trabalho do Senhor

Ana Graça (em pé) ajuda outras sudanesas com o Projeto de Mulheres

SUDÃO (20º)* - Sob o escaldante sol africano, Ana Graça atravessou correndo o pátio da
casa de chá. Os convidados estavam chegando, e ela precisava providenciar para que tudo
estivesse em ordem. Enquanto ajeitava algumas pinturas e painéis, seus olhos pousaram em
um pedaço de cerâmica negra. Em grandes letras brancas, ela leu: “Pela graça de Deus, sou
o que sou”.

Ana Graça, melhor que ninguém, conhecia a verdade por trás dessas palavras. Elias fora
construtor profissional nos primeiros anos do casamento, mas Deus, com seu amor,
apossou-se dele, e ele tornou-se pastor no início dos anos 80. Agora ele era bispo,
supervisionando 30 pastores e 27 congregações na região.

*Nota: O número ao lado dos países indica a sua posição na classificação de países
por perseguição (lista reproduzida ao final deste e-book).
Em pouco tempo, os convidados chegaram. Silenciosamente, ela serviu-lhes o chá,
deixando a maior parte da conversação por conta de seu marido. Sua tarefa era informar os
visitantes sobre a situação atual no Sudão, o maior país da África.

Após umas poucas palavras, uma senhora dirigiu-se a Ana Graça e perguntou-lhe: “Você
poderia nos contar a respeito das dificuldades que encontrou em seu ministério junto às
mulheres?”.

Elegante, em seu vestido de algodão amarelo e marrom, com seus cabelos negros formando
tranças que se enrolavam harmoniosamente sobre sua cabeça, Ana Graça era o retrato da
dignidade africana. Até aquele momento, ela nada dissera, mas não precisou pensar muito
para responder. “Quando observo minha vida em retrospectiva, não vejo nada que tenha
vindo com facilidade”, disse ela aos visitantes. “Tudo o que fiz foi sempre em meio a
dificuldades.”

Infância em um país devastado pela guerra

A guerra civil no Sudão começara mais de dez anos antes do nascimento de Ana Graça. Seu
pai era professor e conseguiu assegurar o sustento de sua numerosa família.

Durante a juventude, as sementes da mensagem cristã do evangelho lançaram raízes em seu


coração. Ela começou a entender o que Jesus havia consumado na cruz do Calvário e
decidiu que, acontecesse o que acontecesse, queria seguir e servir o Senhor.

Então, sobreveio a tragédia. Seu pai beirava os 50 anos, mas caiu doente e teve de deixar
seu trabalho. A família, impotente, viu-o ficar cada vez mais fraco e, em pouco tempo,
completamente acamado. A despeito das orações de sua família e de todos os tipos de
tratamento, ele faleceu, aparentemente por colapso cardíaco.

Um casamento abençoado

Aos poucos, o sofrimento de Ana Graça pela morte do pai foi diminuindo. A igreja que sua
família freqüentava na Província Central de Equatória era cheia de vida e repleta de jovens.
Lá, ela encontrou o pastor Elias, o amistoso ministro dos jovens.

Foi uma agradável surpresa quando Elias apresentou-se à sua mãe e pediu Ana Graça em
casamento. Em virtude da guerra civil e da terrível situação econômica do Sudão,
passaram-se quatro longos anos antes que Elias e Ana Graça pudessem finalmente casar-se.

Ana Graça tinha boas razões para estar feliz. Diferentemente de outras mulheres de seu
país, ela sabia que seu marido a amava. “Você será minha para sempre”, disse-lhe Elias
enquanto, carinhosamente, levantava-lhe o rosto entre suas mãos. “Ninguém jamais a tirará
de mim!”.

A despeito das palavras otimistas de Elias, ambos, ele e Ana Graça, sabiam que em várias
áreas de seu imenso país, mulheres e crianças eram seqüestradas pelos invasores árabes, ou
por homens de tribos africanas, e levadas como escravas.

Pregando o evangelho

Elias ficava cada vez mais ocupado com seu ministério e trabalho na comunidade. Ana
Graça, sempre que podia, acompanhava-o em viagens, porém, usualmente, ficava sozinha
em casa. Agora, muitos de seus irmãos já se encontravam casados. Ao observar seus
sobrinhos pequenos, era difícil não sentir inveja. Crianças eram um símbolo de
prosperidade no Sudão, e Ana Graça perguntava-se por que Deus não respondera a suas
orações e ainda não lhe dera um filho.

Por volta de 1990, a guerra civil no Sudão intensificara-se dramaticamente. Certo dia, Elias
recebeu uma informação confidencial de que era iminente uma enorme batalha entre o
governo e o SPLA. Ele disse a Ana Graça: “Rápido, arrume algumas roupas e comida.
Precisamos sair da cidade”.

Por mais que quisesse protestar, Ana Graça sabia que seu marido estava certo. Certamente
era muito perigoso ficar. Muitos de seus vizinhos já haviam fugido para a mata, e Ana
Graça e Elias, caso não saíssem agora, talvez não tivessem nova oportunidade.

Eles saíram a pé, e Ana Graça, corajosamente, tentava acompanhar os passos apressados de
seu marido, caminhando por horas em meio aos arbustos espinhosos. Após horas de
caminhada, Elias cortou um pouco do capim que dava no local e arrumou no chão. Naquela
noite, essa seria a cama deles. Demasiado cansada para pensar ou lamentar, Ana Graça caiu
adormecida. Todavia, quando o sol alaranjado do amanhecer acordou-a no dia seguinte, ela
teve de encarar a dura realidade. Agora, Ana Graça e Elias podiam considerar-se parte dos
milhões de pessoas desalojadas, os refugiados sem moradia.

Após encontrarem um acampamento de refugiados, eles se deram conta de quantos novos


desafios enfrentaram. Eles nunca haviam vivido na mata. “Graças a Deus, Ele jamais nos
deu um filho”, pensava Ana Graça de vez em quando. “Ele sabia o que estava fazendo. Ele
podia ver o que estava adiante.”

Chamados a servir

Dando-se conta de que poderiam passar-se anos antes que pudessem retornar para casa, eles
mudaram-se para um povoado perto da divisa com o Congo, chamado Laso.
Certa tarde, os soldados chegaram a Laso. “Onde está o Pastor Elias?”, perguntou um deles.
Quando Elias chegou, eles foram logo ao ponto. Disseram: “Precisamos de sua esposa. Nós
vamos dar a ela treinamento militar. Ela retornará daqui a 21 dias”. Elias não teve
alternativa a não ser deixar Ana Graça ir.

Vinte e um dias passaram-se, mas Ana Graça não retornou para Elias. Ao contrário, o
exército levou-a para a linha de frente, próxima a Juba e Torit, onde ela foi submetida a
treinamento militar junto com os homens. Talvez o SPLA imaginasse que precisava
proteger as informações confidenciais que Ana Graça tinha absorvido, mantendo vigilância
sobre ela 24 horas por dia.

Ana Graça estava quase morta, emocional e fisicamente, mas seu espírito estava bem vivo.
Seu relacionamento com Deus a mantinha caminhando. “Jesus, ajude-me!”, pedia ela várias
vezes ao dia, determinada a manter seus olhos no Senhor e não nas circunstâncias que a
rodeavam.

Mesmo quando as tropas chegaram a seu destino, a vida de Ana Graça não foi facilitada.
Ana Graça era miúda e propensa a doenças, em nada talhada para ser um soldado, mas,
ainda assim, aprendeu a lutar junto com os homens. Ela odiava ser treinada para atirar em
outras pessoas e ficou agradecida por realmente nunca ter atirado em ninguém. Embora
diversos homens do exército fossem cristãos dedicados, a brutalidade de alguns dos outros
soldados a deixava horrorizada.

Certo dia, ela clamou: “Senhor, não posso mais fazer isto! Por favor, tire-me daqui!”, Não
fora certamente a primeira vez que fizera aquela oração. Contudo, após longa espera, ela
estava a ponto de ver a resposta de Deus.

Elias sentia terrivelmente a falta de sua esposa. Esperava havia muito ter sua mulher de
volta em casa, mas sabia que o SPLA não a deixaria sair facilmente – ela sabia demais e era
uma força importante para a causa deles. Então, teve uma idéia. Todos sabiam que os
soldados tinham escassez de óleo diesel para seus caminhões. Assim, com a ajuda do irmão
de Ana Graça e de seu tio, fizeram uma negociação. O tio contatou um dos líderes da SPLA
e fez uma oferta. Caso eles libertassem Ana Graça, ele lhes daria 20 barris de óleo diesel
para seus caminhões. E deu certo. Os líderes do exército aceitaram a oferta.

O início de um grande ministério

Após anos de espera, Elias e Ana Graça finalmente puderam voltar para casa. Em pouco
tempo, Elias foi designado bispo para sua região. Enquanto ele ficava fora, dando aulas ou
distribuindo Bíblias para congregações necessitadas, Ana Graça utilizava sua experiência
para organizar o ministério com as mulheres de sua igreja, e, com alegria, recebia as
mulheres e crianças que vinham a sua casa em busca de ajuda.

Enquanto esteve na mata, ela ouvira histórias de famílias que foram expulsas de suas terras
e casas. Ela encontrara mulheres que foram raptadas e estupradas. Esses trágicos
depoimentos se repetiam agora, quase que diariamente em sua casa. Um sem-número de
mulheres eram presas desse ciclo de desespero. Em seu desejo de ajudar, Ana Graça
convidou-as para momentos de oração e jejum.

Mais tarde, enquanto um grupo de mulheres orava, uma delas teve uma idéia. A igreja
possuía uma propriedade próxima do rio Yei, e o rio continha muita areia, um produto
muito necessário no Sudão. Ana Graça, desse modo, organizou um grupo de trabalho – ela
denominou-o Projeto das Mulheres. As participantes não contavam com carrinhos de mão
nem qualquer outro equipamento, mas elas, com ajuda de latas, pequenas caixas ou
qualquer outra coisa que pudessem encontrar, começaram a coletar areia às margens do rio.
Aos poucos, o monte de areia crescia cada vez mais. Um homem que trabalhava para uma
organização não-governamental (ONG) ficou tão impressionado com o árduo trabalho das
mulheres que se tornou seu primeiro cliente. Após sua primeira compra de areia, Ana Graça
pôde pagar as pessoas que trabalhavam para ela.

Uma vez que muitas pessoas de fora começavam a visitar a área, surgiu uma outra idéia
para um negócio rentável para as mulheres. Elas começaram a construir uma hospedaria.
Quanto mais hóspedes vinham, mais chalés puderam ser construídos. O Projeto das
Mulheres estava prosperando.

Ana Graça, nessa época, soube que amigos de seu marido haviam presenteado alguns
pastores mais pobres com um saco de sementes. O cultivo de hortas com vegetais ajudara
os pastores a alimentar as famílias de suas igrejas. Ana Graça pediu: “Por favor, será que eu
também poderia receber um saco de sementes? O cultivo de vegetais poderia gerar mais
recursos para o Projeto das Mulheres”.

Aquele saco de sementes resultou em uma colheita maravilhosa de cebola, tomate, alho e
repolho – e mais sementes. No momento, as mulheres estão verdadeiramente
entusiasmadas. Mulheres de outras igrejas juntaram-se à força de trabalho. Informações a
respeito de outras possibilidades surgiram, e o Projeto de Fortalecimento das Mulheres
Cristãs (CWEP) tornou-se uma forma de compartilhamento do amor de Jesus junto àqueles
que não conhecem ao Senhor.

A glória pertence a Deus

Até o momento, o islamismo falhou em vencer a guerra com armas, mas todos sabiam que
os muçulmanos jamais desistiriam. O dinheiro, de todo o mundo islâmico, já estava sendo
disponibilizado para escolas e serviços de saúde. Ana Graça e Elias precisavam alcançar as
comunidades com o evangelho cristão antes que os muçulmanos as alcançassem com o
Alcorão.

Não obstante, ela sorria ao observar as expressões radiantes que a cercavam. Ana Graça
sabia que, sem sombra de dúvidas, a igreja em seu país estava maior e mais forte do que há
vinte anos, quando ela se casou com Elias. A batalha não estava terminada, porém suas
mãos “haviam sido treinadas para a guerra”, graças às dificuldades que enfrentara. As
dificuldades que teve de encarar a tornaram uma pessoa criativa. O sofrimento que
enfrentou a ensinou a dar conforto aos outros. Ana Graça não desperdiçou seus muitos
sofrimentos, pois, por intermédio de suas angústias, ela aprendera a confiar em Jesus.

Tradução: Maria Helena Aranha


"Deus ouviu minhas orações e cuida de nós por meio de
vocês"

Waty com o marido Abe e a filha Rinda

INDONÉSIA (41º) - É fácil amar Waty. A jovem senhora de 37 anos de idade é calorosa e
tem um toque de vulnerabilidade.

Kristiowaty, seu nome completo, é esposa de Abraham “Abe” Bentar, o evangelista


condenado a quatro anos e meio de detenção na prisão de Tasikmalaya. Ele foi falsamente
acusado de difamar o islamismo. A equipe da Portas Abertas encontrou Kristiowaty umas
poucas vezes até hoje, geralmente por ocasião de suas visitas à prisão.

Nascida na cidade de Magelang, na província da Java Central, Waty era a caçula de oito
irmãos. Com 1 ano de idade, foi adotada por outra família e transferida para Java Ocidental.
“Naquela época, minha mãe ficou viúva. E, após a morte de meu pai, a família não
conseguiria prover para minhas necessidades. Portanto, fui dada para uma outra família”,
explicou. Essa família educou-a como uma muçulmana devota.

Somente aos 17 anos conheceu sua verdadeira família. Ela continuou: “Após o falecimento
de minha mãe adotiva, descobri de onde era minha família verdadeira. Voltei para
Magelang à procura de meus familiares. Foi muito difícil, mas finalmente encontrei minha
mãe biológica”.

O primeiro encontro

Sua história de amor teve início quando Waty estava com 19 anos. Em 1989, essa jovem
encontrou Abe. O primeiro encontro foi durante uma aula de ginástica. Ela contou-nos:
“Meu marido adora dança e ginástica. Naquela ocasião, ele era nosso instrutor de
ginástica”. O amor floresceu entre os dois.

Ela, timidamente, relatou: “Ele era bonito. Muito diferente de agora. Ele era alto e forte.
Agora, por causa de sua doença, ele é pele e osso”. Abe sofreu alguns derrames cerebrais e
lutava contra a diabete, mesmo antes de ser preso. Ela prosseguiu: “Ele também é
inteligente; naquela época, ele era advogado”.
O namoro durou apenas cinco meses; eles queriam evitar intrigas por parte dos vizinhos.
Ela nos contou: “Abe era viúvo. Sua esposa falecera e deixara-lhe uma criança (educada
pela mãe de Abe). Ele é também muito mais velho que eu. Temos uma diferença de 19
anos! Por causa disso, as pessoas começaram a questionar a respeito de sua sinceridade
quanto a nosso relacionamento. Quando, finalmente, pediu-me em casamento, as pessoas
tranqüilizaram-se, especialmente minha família”.

Em 1992 nasceu Rinda Garuda Rahman, sua primeira e única filha.

Uma família transformada por Deus

Durante os primeiros 10 anos de casamento, eles eram conhecidos como uma família
muçulmana. Depois, no final da década de 90, a doença de Abe foi curada depois que um
pastor orou por ele. Ele decidiu seguir Jesus Cristo e tornou-se um evangelista em tempo
integral. Deixou muitas coisas para trás, até mesmo sua carreira de advogado.

Waty, porém, não seguiu seus passos... pelo menos não imediatamente. Ela nos disse: “Eu
ainda estava presa ao islamismo. Abe conduzia um grupo de estudos bíblicos uma vez por
semana. Eu ainda conduzia as orações do Alcorão, às sextas-feiras, com amigos. Os
vizinhos, freqüentemente, ficavam confusos quando nos viam assim divididos quanto à fé”.

Waty, certo dia, decidiu estudar a Bíblia passo a passo. A ressurreição de Jesus convenceu-
a de que Ele era Deus. Um ano depois da conversão de Abe, ela aceitou Jesus Cristo como
seu Senhor e Salvador pessoal.

Ela admitiu: “Cristo nos transformou. Eu era teimosa e tinha ‘pavio curto’. Agora aprendi a
ser mais obediente e paciente. O Senhor também transformou meu marido”.

Waty descreveu o velho Abe como um homem “muito rígido e temperamental, procurando
sempre controlar sua esposa”. Seu gênio criou muitas dificuldades em seu casamento.

Devagar, porém com firmeza, Deus o transformou paulatinamente. Waty declarou: “Abe
mudou muito. Hoje, ele é mais paciente e amoroso”.

Os dias sem Abe

Desde sua prisão, em março de 2006, Waty tem de fazer a viagem de ônibus, durante a
noite, para Java Ocidental, uma província vizinha, para poder visitá-lo. Por causa da
distância, ela somente consegue visitá-lo a cada dois meses, se tanto.

“No começo, eu ficava muito estressada e estava despreparada para enfrentar a realidade.
Entretanto, com o passar do tempo, Deus me deu forças. Eu não teria conseguido se
estivesse sozinha, sem o Senhor”, disse ela, e começou a chorar. “Freqüentemente, acordo
durante a noite e oro em meio às lágrimas”.

Waty ainda se emociona a cada vez que conversa a respeito de seu marido. Ela declarou:
“Sinto muita falta dele. Ele é o chefe da família, quem toma as decisões e nos dá
orientação. Converso com ele a respeito de tudo”.

Waty é grata pelas lições aprendidas no sofrimento. Disse ela: “Dei-me conta de que Deus
está aprimorando nossa família. Ele está moldando Abe para que seja seu servo,
preparando-o para ser melhor em seu ministério. Quanto a mim, aprendi a ser mais
independente, a não contar tanto com meu marido, como fazia antes. Agora tenho de
sustentar minha família sozinha”.

Na ausência do provedor da família, Waty conduz um negócio de venda de comida caseira.


Portas Abertas dá à família de Abe um apoio financeiro mensal, além de arcar com o
aluguel de sua casa pelos próximos dois anos.

“Aprendi muito com esta situação. Deus definitivamente nos ama. Ele nos está
transformando a todos para sermos melhores servos para Ele”. Ela deu um profundo suspiro
e, novamente em lágrimas, continuou: “Eu não sei como, mas Deus ouviu minhas orações e
cuida de nós por intermédio de vocês, da Portas Abertas. Muito obrigada”.

Waty e Rinda ficaram particularmente felizes com as cartas de encorajamento que vêm
recebendo. Disse Waty: “Embora sejam apenas um pedaço de papel, elas me confortaram e
me fortaleceram. Muito obrigada”.

Pedidos de oração:

Por Abe – Ore para que tenha sabedoria para compartilhar as boas novas na prisão. Ore
também por sua saúde e por suas condições psicológicas.

Por sua família – Ore por Waty e Rinda, uma vez que ainda se ajustam a uma vida sem
Abe. Ore também por sua perseverança em buscar ao Senhor e servi-lo.

Clique aqui para conhecer mais sobre a história de Abe e participar de uma campanha de
cartas de encorajamento.

Tradução: Maria Helena Aranha


"Há muita coisa acontecendo na Coréia do Norte"

Os guardas da fronteira norte-coreana ajudam a assegurar o isolamento do país

CORÉIA DO NORTE (1º) - As reflexões a seguir foram escritas por um viajante depois
de visitar a Coréia do Norte em 2006. Leia suas impressões:

Agora que tento examinar e interpretar, em retrospectiva, a viagem à Coréia do Norte, não
sei por onde começar. Uma visita à Coréia do Norte é como um filme surrealista. Vi muita
coisa, mas o que realmente vi? Isso não acrescenta muito, mas como descrever de forma
compreensível aos que não estiveram lá?

Algo está muito claro: inegavelmente, há muita coisa acontecendo na Coréia do Norte. Em
uma tentativa de reunir minhas observações e minha análise, diria que a Coréia do Norte é
fechada, todavia a fechadura da porta começa a falhar e, algumas vezes, deixam a porta
entreaberta.

Movimentação restrita

“Fechada” é um termo moderado para descrever a realidade que continua temível e


totalitária. De forma objetiva e tangível, o país está fisicamente fechado. Como visitante,
você percebe isso na chegada: é difícil conseguir visto, atravessar a fronteira demora muito
e há muitos trâmites burocráticos. É quase impossível se movimentar livremente pelo país;
a supervisão, que se disfarça com a presença de um guia, é constante.

Contudo, essas restrições físicas são muito mais dramáticas para os habitantes, e apenas a
elite viaja pelo próprio país. Pyongyang, como capital da elite, é uma fortaleza
inexpugnável para os norte-coreanos da área rural. Os “animais sem cauda” (os prisioneiros
de campos de concentração) sofrem o confinamento físico mais terrível, e, em geral, não se
fala sobre a existência disso no país. No entanto, sabemos disso, por exemplo, por meio de
relatos de Soon Ok Lee. Estes são os proscritos do sistema norte-coreano.

Bloqueio econômico

A economia também é bloqueada. Vemos isso no estado deplorável das rodovias e estradas
de ferro, nos monumentos públicos, nos ônibus, trens e bondes, na total falta de
manutenção dos edifícios e no método arcaico de agricultura. E isso é algo doloroso em um
país que tem um potencial de riqueza tão grande e uma população com um espírito muito
competitivo, além de ser cultural e historicamente muito talentosa.

A Coréia do Norte não é um país pobre apenas no sentido literal. É um país que sofre de
total má administração e ineficiência desconcertante. Isso significa que a Coréia do Norte
está fisicamente fechada, presa em uma ideologia totalitária destrutiva.

Confinamento psicológico

O confinamento psicológico é menos objetivo, mas não menos real. A forma “juche” de
pensar que, em síntese, personifica a superioridade e a autonomia absolutas da nação
coreana e a absoluta adoração do homem e suas realizações são catalisadas na liderança
absolutista, em um sentido intelectual, prático e moral, do amado “eterno” presidente Kim
Il Sung, e o líder atual, seu filho Kim Jong Il. Com a influência do pensamento “juche”, o
pai morto e o filho mantêm a Coréia do Norte com garras paralisantes.

O pensamento “juche”não é apenas um conjunto de fatos que são considerados verdades,


mas também, e principalmente, uma forma de pensar totalitária, uma doutrina. As crianças
são criadas nesse sistema, e os adultos doutrinados com informações que são apresentadas
como verdades, e estas são reiteradas ao longo da vida. Percebemos isso constantemente
nos comentários dos guias de monumentos e de museus.

As informações estatísticas são apresentadas de forma impecável: tamanhos, pesos, datas,


citações do líder. No entanto, qualquer reflexão, análise e síntese são formas de pensamento
não praticadas pelo povo da Coréia do Norte. O resultado é que a forma de pensar
ocidental, ou o modo de se iniciar uma conversa (“O que você pensa sobre...?”, ou algo até
mais pessoal: “Como você se sente sobre...?”), causa problemas de comunicação
intransponíveis. Dessa forma, a Coréia do Norte está psicologicamente aprisionada e, de
forma geral, é incapaz de reavaliar os antigos pontos de vista com base em novas
informações para chegar a novas conclusões.

O isolamento em relação à informação que existe há mais de meio século (a mídia é


totalmente controlada) põe os norte-coreanos em um tipo de quarentena involuntária,
inconsciente. Soa bastante estranho quando os guias apresentam de forma objetiva
informações incorretas.

Isso torna vulnerável a interação livre com os norte-coreanos; afinal, quem somos nós para
confrontá-los com a ignorância de que estão inconscientes e pô-los em uma posição difícil?
Sob o aspecto humano, isso também torna a aceitação do evangelho algo extremamente
difícil. No entanto, sabemos e acreditamos que o Espírito de Deus transcende os limites e as
fronteiras impostos pelos homens!

Espiritualmente fechados

O país não é fechado apenas física e psicologicamente. O mais angustiante é que os norte-
coreanos não são livres para crer no que querem. O principal e mais assustador é que o país
também é fechado espiritualmente. Revela-se a extensão do sistema totalitário pela prisão e
pela condenação à morte de muitos cristãos no país. Encorajam as crianças, em obediência
ao “Grande Líder”, a relatar quando vêem seus pais lendo um certo livro preto (a Bíblia)
em casa e/ou orando. Encontros de fiéis são proibidos, além de serem fatalmente perigosos.
O mesmo se aplica ao fato de possuir uma Bíblia ou de escutar um rádio que não esteja na
estação controlada pelo Estado.

Na Coréia do Norte, há cristãos que não se ajoelharam para Baal. O antigo e reverente
epíteto para Pyongyang, a “Jerusalém do Oriente”, ainda não está totalmente desvanecido, e
acreditamos firmemente que ganhará força de novo. A extensão da batalha espiritual no
Reino celestial revela-se pelo crescimento tênue da presença da igreja, a presença e
penetração de colaboradores da seita Moon (muito ativa a partir da Coréia do Sul) e a
crescente influência da, assim chamada, religião tradicional, o budismo. Revela-se no fato
de que o nome de Jesus — que nos é dado como a Verdade (absoluta), o Caminho e a Vida
— é o único nome na Coréia do Norte que leva à execução imediata ou à detenção em um
campo de concentração. E embora objetivamente pareça que haja espaço na doutrina para
outras heresias, [isso é] uma prova indireta da integridade do evangelho, pois Deus está
presente em sua Palavra.

As fechaduras rangem

A Coréia do Norte, ou como os guias preferem se referir ao país, o DPRK, República


Democrática Popular da Coréia (“somos um povo, uma nação”) é uma prisão. O país está
fechado física, psicológica e espiritualmente. Contudo, há sinais de esperança. As
fechaduras rangem e já deixam a porta entreaberta.

Em nossa chegada ao país, os guias não pronunciaram um tributo a Kim, ao “juche” ou ao


país nem nos deram as instruções comuns que deveríamos seguir durante nossa visita
(embora não permitissem que tirássemos fotografias que retratassem a pobreza). Ao
contrário, os guias eram bem relaxados, faziam brincadeiras e deram bastante espaço para
contato com o povo. Está diminuindo a presença dominante de retratos do pai e do filho,
Kim, nas ruas e nos prédios. Em muitos lugares, os retratos foram até removidos.

Ao passo que há poucos anos, na rua, as pessoas não levantavam os olhos e não reagiam a
cumprimentos ou acenos, agora elas, freqüentemente, respondem e parecem relaxadas. É
evidente que as pessoas temem se expressar e fazer contato.

Cresce a agressividade das polícias de fronteira norte-coreana e chinesa, um sinal óbvio e


patente de aumento de tensão no mundo espiritual.

Pela primeira vez, o regime pediu auxílio externo por causa da terrível inundação que
houve em meados de julho. Embora os guias relatem que houve poucos milhares de
vítimas, algumas organizações afirmam que houve centenas de milhares de vítimas fatais.
Todos os jogos de massa desse ano foram cancelados.

Vale a pena visitar a Coréia do Norte. Se alguém pode trazer libertação para esse país
fechado é o Senhor Deus. É bastante surpreendente que ele nos use, pessoas de carne e
osso, sem valor e tão vulneráveis quanto os iludidos norte-coreanos, para ficar na brecha
por eles, para orar e para testificar.

Os cristãos que visitam a Coréia do Norte, ao ver e ao ouvir os cristãos de lá louvar e orar,
comprovam a fidelidade e o amor de Deus por todos. E desde a queda de Jericó, sabemos
que as orações, o andar e os vivas do povo fiel precederam o colapso dos muros da cidade.
Que Deus, ajudado por nossa obediência e fidelidade, conceda que os muros da prisão da
Coréia do Norte também caiam logo.

Tradução: Maria Helena Aranha


Pastor Rey, um homem de coragem

VIETNÃ (8º) - Rey é pastor de uma área e supervisiona as igrejas domésticas nas
províncias do planalto central do Vietnã. Ele executa seu trabalho principalmente para três
grupos tribais da área. Atualmente, cerca de 40 cooperadores ajudam-no em regime de
tempo integral.

Ele iniciou seu trabalho em 1992, tendo somente sua família como membros da igreja. Em
14 anos, realizou a implantação de 32 igrejas, com um total de 700 membros. “Embora
enfrentemos muitas perseguições, Deus fez a igreja crescer”, disse ele.

Em 1992, o Pastor Rey inscreveu-se no Programa de Treinamento Pastoral da ICI (Instituto


de Correspondência Internacional). Por intermédio da ICI, ele se tornou mais efetivo em
seu trabalho da igreja e viu crescer sua fé e seu conhecimento da Bíblia.

O pastor Rey terminou seu treinamento somente em 2001. “Fui preso enquanto estava
estudando na ICI e retornei aos estudos somente em 1997, após minha libertação,” disse
ele.

Entretanto, seu atrito com as autoridades continuou, e, recentemente, sua casa foi
confiscada, e sua família, banida do povoado. “Não conto com um local de reuniões onde
meus cooperadores possam ter comunhão entre si e receber treinamento. Por favor, orem
para que em breve tenhamos uma casa.” Ele está hospedado com um bom amigo que
também é membro de sua igreja.

O pastor Rey mantém o destemor em meio à perseguição. “Por vezes, tenho medo da
perseguição, mas depois me recordo das palavras de Jesus, em João 16. Ele venceu o
mundo e, portanto, não devo temer nem me preocupar.”

Para aqueles que constantemente oram pela igreja vietnamita, o pastor Rey diz: “Obrigado.
A igreja se mantém graças às orações e às intercessões de muitas pessoas ao redor do
mundo”.

Pedidos de oração:

• Pelo Pastor Rey – Para que ele seja ungido e abençoado por Deus, à medida que dá início
a seu trabalho de evangelização em dois novos grupos tribais.

• Por um novo local para encontros – Por favor, ore para que ele e sua família tenham,
brevemente, uma casa que também sirva de local de encontro para os cultos de adoração,
para comunhão dos irmãos e para formação dos cooperadores.

• Pelo ministério do pastor Rey – Ore por proteção, sustento e saúde para ele e sua família
enquanto desempenham suas funções ministeriais.
Cura de uma filha leva família à salvação
ÍNDIA (29º) - Deepak e Pratima tinham perdido toda esperança de que sua filha se
recuperasse de uma misteriosa doença. Manju sofria de uma dor de estômago tão intensa
que a impedia de freqüentar a escola regularmente. Ela perdia peso progressivamente e era
angustiante para os pais assistir a isso tudo.

Parecia que Deepak e Pratima tinham tentado tudo. Eles fizeram sacrifícios para seus
deuses, buscara ajuda médica, e submeteram a filha enfraquecida a um longo tratamento
médico.

O médico indicou uma cirurgia, mas Deepak e Pratima já tinham gasto a maior parte de
seus recursos em tratamentos anteriores e em sacrifícios de animais para seus deuses e
deusas. Eles mal tinham dinheiro para comer. Definitivamente não havia dinheiro suficiente
para pagar pela cara cirurgia. Eles estavam tão desesperados por ver o sofrimento da filha
que pensavam em acabar com a própria vida.

Então Pratima encontrou Narander, um missionário da agência Gospel for Asia, que atua na
região. Ela contou ao missionário as lutas da família e ele testemunhou e orou por sua filha.
Narander continuou a visitar a família, encorajando-os a confiar em Jesus. Os cristãos da
igreja de Narander oraram e jejuaram pela cura de Manju e o Senhor respondeu,
restaurando a saúde da jovem.

Cheia de gratidão a Jesus, a família inteira recebeu Jesus como Salvador. Hoje Manju
freqüenta a escola e passa bem. No vilarejo em que mora, sua cura é um vibrante
testemunho do poder e da glória de Jesus.

Tradução: Cristina Ignácio


Professores de escola dominical ensinam alunos a
perseverar

Crianças cristãs oram

CHINA (12º) - A irmã Wang é professora de escola dominical e coordenadora da região


central da China que supervisiona mais de quatrocentos professores em vinte distritos
ligados a sua rede de igrejas não registradas. Ela compartilha o testemunho de crianças das
escolas públicas que se recusaram a negar Cristo apesar do ultimato que receberam.

O lenço vermelho

Uma vez que se descubra que o aluno da escola pública freqüenta a escola dominical, em
geral, eles sofrem pressão dos professores, baseada nos regulamentos escolares, e decidem
largar a escola dominical.

Quando a professora da escola de Xiao Mei* descobriu que ela freqüentava a escola
dominical, ameaçou a menina: “Se continuar a freqüentar a escola dominical, você terá de
deixar de usar o lenço vermelho!”. Na China, as crianças que freqüentam escola pública
usam um lenço vermelho que significa que são membros dos Jovens Pioneiros, a
organização do Partido Comunista chinês para crianças.

Xiao Mei enfrentava um dilema – o que era mais importante: continuar freqüentando a
escola dominical ou continuar a usar o lenço vermelho? Todos os outros alunos da classe
dela usavam o lenço vermelho. Ela queria ser como seus colegas. Ela foi para casa com o
coração em tumulto e chorou. Depois, telefonou para sua professora da escola dominical
em busca de conselho. A professora encorajou-a e disse-lhe para orar pedindo que Deus a
orientasse na decisão.

No dia seguinte, quando a professora da escola de Xiao Mei abordou-a depois da aula, ela
estava pronta, e falou com audácia para a professora: “Se não posso usar o lenço vermelho,
acreditarei em Jesus!”.

Em uma escola, as autoridades ameaçaram as crianças da escola dominical com a expulsão


dos Jovens Pioneiros e com a vergonhosa remoção do lenço vermelho, a menos que
parassem de ir à escola dominical.

Os professores cristãos ensinaram as crianças a responder a tais ameaças de maneira a não


comprometer a fé. Uma criança, quando pressionada, respondeu desta maneira ao seu
professor: “E daí se você me expulsar dos Jovens Pioneiros?!”. Isso soa um pouco
desrespeitoso, mas a recusa deixa o professor atônito! As lições provaram-se benéficas para
ajudar as crianças a permanecerem firmes.

Tradução: Maria Helena Aranha


Entregas preciosas

Bíblia chinesa

CHINA (12º) - O relato abaixo foi escrito por Pedro (pseudônimo), líder de uma rede de
igrejas chinesas que participou durante muitos anos do programa de distribuição de
Bíblias da Portas Abertas. Nele, Pedro fala da importância que os cristãos da Igreja
chinesa dão à Bíblia.

“Há 26 anos, quando não tínhamos uma Bíblia, a Portas Abertas correu o risco de nos trazer
o primeiro exemplar. Eu sei o que significam essas Bíblias e fico com o coração contrito
quando, nos dias de hoje, vejo alguém na igreja que não vê a Bíblia como um bem
extremamente precioso. Recentemente estive na província de Henan, vi Bíblias sujas e
desorganizadas. Fiquei muito triste.

Na primeira vez que fui a Wuhan, região central da China, conheci Ana, uma distribuidora
da Portas Abertas e a vi carregando dois pacotes pesados, um em cada mão. Essa pequena
mulher cristã carregava mais do que eu mesmo podia levar, sendo homem. Ana foi um
canal de bênçãos para nossas vidas e uma grande auxiliadora da Igreja.

Bíblia manuscrita

Uma velha senhora cristã correu o risco de ser morta durante a Revolução Cultural por
esconder uma Bíblia em casa. Quando nós descobrimos que ela tinha uma Bíblia,
ajoelhamos e pedimos que ela nos emprestasse para copiá-la, mas ela se negou. O marido
dela ficou furioso. Depois de muita insistência, ela finalmente se dispôs a nos emprestar sua
Bíblia por 20 dias.

Nós nos organizamos em turnos, dois copiavam e dois corrigiam, dia e noite. Ao final da
última noite, concluímos o trabalho e fomos devolver a Bíblia. Como estávamos exaustos,
adormecemos no caminho. Pela manhã nos apressamos a encontrar a senhora de idade e
nos desculpamos pelo atraso.
A partir desse dia, começamos a ler nossa cópia feita a mão. Naquele momento nós
tínhamos 10 igrejas e usávamos a Bíblia durante nossos encontros. Esta cópia ia passando
de igreja em igreja.

A primeira Bíblia impressa da Igreja

Quando soubemos que uma mulher que ajudava em nossos encontros tinha uma Bíblia,
pedimos que a doasse para a Igreja, mas ela disse: “Não!”.
Os membros da congregação se juntaram ao redor dela, ajoelharam e imploraram: “Irmã
Ping, por favor nos dê a Bíblia! Essa Bíblia é como nossas próprias vidas!”

Oramos até ficarmos sem voz e Deus não nos respondeu. Nem nos importamos se tinha
gente andando por perto. Decidimos instigar a Irmã Ping para que ela nos entregasse a
Bíblia. Começamos a segui-la por diferentes lugares, encontros e até chegamos a viajar
com ela algumas vezes, percorrendo uma distância de cerca de 100 quilômetros. Até que
um dia ela finalmente nos deu a Bíblia!

Distribuição

Em junho de 1981, a Portas Abertas distribuiu um milhão de Bíblias pela China em apenas
uma noite. Eu não estava entre os contatados para recebê-las. Mas, havia algumas Bíblias
do Projeto Pérola, que estavam com alguns pescadores. Alguns irmãos e irmãs compravam
dos pescadores e as doavam para a rede de contatos da Igreja. Essa Bíblia foi muito
preciosa para nós. Nós a escondíamos em um buraco cavado no lugar em que fazíamos os
cultos e cobríamos o esconderijo com uma pedra. Assim foi durante dez anos, até ser
descoberta e confiscada.

Depois disso, veio um milagre. Josué (outro distribuidor da Portas Abertas) nos deu uma
sacola com Bíblias. Nunca tínhamos visto tantas delas! Nossos horizontes se ampliaram.
Ficamos muito felizes em receber aquelas Bíblias para as igrejas! Foi uma experiência
preciosa, sem preço. Entregamos uma Bíblia para cada igreja. Na época, os irmãos e irmãs
oravam e choravam continuamente, dizendo: “Nos preparamos para sermos presos por
causa dessa Bíblia”.

60 caixas com Bíblias

Lembro de uma vez em que estávamos com poucas Bíblias e livros cristãos. Então
recebemos de Ana uma caixa com 60 Bíblias. Depois de orarmos, distribuímos as Bíblias
entre diferentes igrejas durante todo o dia e noite, sem dormir. Não sabemos quem nos deu
as 60 caixas, mas sempre oramos por essas pessoas. O avivamento da Igreja Chinesa
aconteceu de porta em porta com esses colaboradores do exterior e Deus sabe o quanto
somos gratos!

Prisão

O Senhor Deus me disciplinou usando o tempo em que passei na prisão para meu
crescimento espiritual. Em 1981, Deus me disse claramente que no dia seguinte eu teria
minhas mãos atadas. Esse acontecimento me fez querer fugir. Eu corri para pegar um
ônibus. Fiquei esperando, esperando, esperei a noite toda e quando o ônibus finalmente
passou, não parou para mim.

Voltei para o lugar do encontro com os irmãos. E só quando eu subi ao púlpito para pregar
é que a polícia veio e me arrastou para fora. Eles também pegaram alguns outros irmãos e
irmãs e os forçaram a ajoelhar.

Eles me amarraram com as mãos para trás atadas à Bíblia. Eu agradeço a Deus por essa
oportunidade de ter sido amarrado com a Palavra de Deus. O tempo passou, a dor começou
a ficar intensa e eu orei. Fiquei de mãos atadas por seis horas.

A polícia colocou os cristãos capturados na minha frente e perguntou se me conheciam.


Eles disseram que não. A polícia perguntou de novo, usando a força para perguntar “se eles
não conheciam o seu líder”, mas eles mantiveram a negativa: “Nós não o conhecemos! Nós
não o conhecemos!”.

Quando a polícia virou-se para mim, eu não conseguia mais sentir as minhas mãos. Fui
espancado até que os bastões usados pelos policiais se quebraram. Eles ficaram assustados,
mas por dentro eu estava feliz.

O Senhor me disse: “Filho estarei com você nesse momento de sofrimento e você reinará
comigo”. Comecei a rir. Sim, eu não estava chorando, estava sorrindo! Eles acharam que
um nervo havia sido atingido por causa dos açoites e ficaram com receio de bater mais.
Pensaram que eu tinha enlouquecido.

Estive na prisão por quatro vezes. Deus me protegeu e permitiu que eu orasse e lesse a
Bíblia sem ser incomodado. Na prisão eu podia me conectar a Deus e pude pregar a Palavra
na cadeia. Mais de 20 pessoas vieram para Cristo com o meu testemunho na cela.

Lição

Na prisão, aprendi a importante lição sobre a perseverança. Antes eu não conseguia tolerar
meus colaboradores.

Na prisão, perdi minha liberdade e me senti espiritualmente só, o que é pior do que a
solidão física.

Na última vez em que saí da prisão pedi a Deus que não me deixasse mais ir para a cadeia.
Hoje estou escondido e sou perseguido. O mundo me vê como um fugitivo. Não posso
voltar para casa, mas isso não é motivo suficiente para parar de servir a Deus.

Ainda há muitas tarefas a cumprir. Nós temos novos crentes em regiões montanhosas
pobres. Temos milhares de Bíblias anualmente. Se o Senhor nos deu tudo isso, temos mais
é que ter livros para orientar e pastorear nossos líderes.
Tradução: Tsuli Narimatsu
Classificação de países por perseguição*
Os países em que há mais perseguição aos cristãos

Classificação publicada em 6.3.2006 Perseguição severa


Classificação de países por perseguição Opressão
1º semestre 2006
Limitações severas
Janeiro País Nota Incerteza
2006 Algumas limitações
1 Coréia do Norte 82,0 7,0 Alguns problemas
2 Arábia Saudita 68,5 0,0
Saiba como a Classificação é
3 Irã 67,5 0,0
formada
4 Somália 62,0 2,0

5 Maldivas 60,5 0,0 Portas Abertas criou esta Classificação


para acompanhar o grau de intolerância
6 Butão 59,0 0,0 para com os cristãos ao redor do
mundo.
7 Vietnã 58,0 0,0
Ela é muito útil para manter você
8 Iêmen 58,0 0,0 sempre alerta em relação aos países
mais fechados ao Evangelho e
9 Laos 56,0 0,0 acompanhar aqueles em que a
10 China 56,0 0,0
perseguição está se tornando mais
intensa.
11 Afeganistão 53,0 5,5

12 Uzbequistão 52,5 0,0 As colunas da Classificação

13 Turcomenistão 52,0 2,0


• A 1ª coluna apresenta a posição do
14 Eritréia 50,5 3,0 país na lista. O país em primeiro lugar é
aquele cuja situação é pior em termos
15 Comoros 47,5 2,0 de perseguição religiosa.
• A 2ª apresenta o nome do país ou
16 Paquistão 47,0 0,0
região.
17 Egito 46,0 0,0 • A 3ª traz a nota final obtida no
questionário mais recente.
18 Mianmar(Burma) 45,0 0,0 • A coluna 'Incerteza' mostra o grau de
19 Azerbaidjão 41,5 0,0
falta de informação precisa sobre o
lugar. Se uma questão é respondida
20 Marrocos 41,5 1,5 pela opção "Não se sabe/Nenhuma
informação disponível", o número
21 Brunei 41,5 1,5
máximo de pontos possíveis é atribuído
22 Líbia 41,0 7,5 a tal pergunta. Quanto mais pontos,
menor a certeza. Isso também significa
23 Iraque 39,5 0,0 que a nota somada aos pontos de
incerteza é o pior cenário possível para
24 Cuba 39,0 0,0
tal país.
25 Djibuti 36,5 8,0
Veja a lista anterior, de 2005
26 Índia 36,0 0,0

27 Sudão 35,0 0,0

28 Nigéria (Norte) 34,5 0,0

29 Tadjiquistão 34,0 0,0

30 Sri Lanka 33,5 0,0

31 Repúblicas Muçulmanas 33,0 3,0


da Federeção Russa:
Tchetchênia, Daguestão e
Kabardino Balcária Líbia

32 Tunísia 32,5 5,0

33 Catar 32,0 3,0

34 Nepal 31,0 0,0

35 Indonésia 31,0 3,5

36 Turquia 30,5 0,0

37 Argélia 30,0 4,5

38 Etiópia 28,5 5,0

39 Bangladesh 28,5 0,0

40 Mauritânia 27,5 12,5

41 Kuweit 27,5 2,0

42 Emirados Árabes Unidos 27,5 0,0


*Nota: Esta é a lista de 2006, embora a lista de 2007 já tenha sido publicada. É que ela
ainda não está disponível no site, mas pode ser solicitada por e-mail. E a pouco tempo
foi publicada no Letras Santas.

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