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1 – DELIMITAÇÃO DO TEMA
1.1. PROBLEMATIZAÇÃO
2. OBJETIVOS
3. JUSTIFICATIVA
O objetivo da Lei nº. 9.958, de 12 de janeiro de 2000, que implantou o Título VI-A
na Consolidação das Leis do Trabalho, que trata das Comissões de Conciliação Prévia, foi
o de viabilizar e sustentar o sistema de solução extrajudicial de conflitos individuais na
seara laboral como alternativa necessária à jurisdição trabalhista nacional em meio à
enxurrada de ações.
Em atendimento ao princípio da Celeridade Processual, tal instituto pretende
desenvolver a cultura negocial nas relações de trabalho, uma vez que possibilita a
conciliação dos conflitos individuais do trabalho sem necessidade de intervenção do Poder
Judiciário, o qual se resguarda aos casos mais complexos ou para os que não tenham sido
solucionados no âmbito daquelas Comissões.
Em verdade, estas comissões constituem organismos privados de conciliação, ou
seja, têm a finalidade de mediar e tentar conciliar, fora do processo judicial, os conflitos
individuais advindos das relações de trabalho, portanto, não possuem qualquer relação
administrativa ou de dependência com o Ministério do Trabalho e Emprego ou com a
Justiça do Trabalho, necessitando apenas do apoio e fomento por parte do Poder Público
em geral.
Como meio alternativo à solução dos constantes conflitos que brotam das relações
entre empregado e empregador, esta modalidade de conciliação proporciona um ambiente e
um clima adequados para o tratamento dos interesses presentes na controvérsia, já que nela
se trabalham possíveis alternativas para a convergência de interesses. Por outro lado, cabe
mencionar que há uma possibilidade de solução mais rápida dos conflitos trabalhistas; uma
ação pedagógica de estímulo à negociação entre as partes; uma menor despesa para os
envolvidos na demanda e também o “desafogamento” da Justiça do Trabalho.
Neste campo vale destacar, ainda, que para efeito das aludidas prerrogativas será
preciso preservar o conceito da conciliação extrajudicial, o que requer a depuração e o
afastamento daquelas experiências sociais que comprometam a credibilidade das
Comissões de Conciliação Prévia; posto que onde houver abuso de direito, finalidade
deturpada ou comportamento orientado pela fraude aos direitos do trabalhador brasileiro, a
intenção verdadeira do mencionado instituto jamais será alcançada.
Sob tal ótica, cabe asseverar que são nulos os atos praticados com o intuito de
fraudar, desvirtuar ou impedir a aplicação das normas trabalhistas de ordem pública, à luz
do art. 9º, da CLT, posto que, no direito do trabalho prevalece o Princípio da Proteção ao
Trabalhador, do qual decorrem vários outros princípios, tais como a Indisponibilidade e a
Irrenunciabilidade de direitos fundamentais, dentre diversos outros.
Com efeito, é preciso haver maior conscientização pela Justiça Trabalhista, pelos
Sindicatos de Classes ou mesmo pelo Governo Federal no tocante a esta possibilidade de
resolução de conflito, sem o ingresso no Judiciário. Assim, não se pode deixar de ressaltar
que as Delegacias do Trabalho devem manter constante fiscalização junto às CCPs para
evitar fraudes que venham a lesar qualquer uma das partes, lembrando que a boa-fé deve
nortear as Comissões para seu pleno êxito.
Com o intuito de proporcionar um melhor desempenho social da Lei nº.
9.958/2000, torna-se imperioso a efetiva disposição das empresas e dos sindicatos
patronais e profissionais, em suas negociações coletivas, de procurar implementar no bojo
de suas categorias, mecanismos efetivos para a constituição e funcionamento das
Comissões.
Logo, ao lado dos critérios legais, devem ser traçados outros que visem à efetiva
busca da conciliação, compondo-se o conflito individual de trabalho, com respeito à
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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É sabido que para a solução dos conflitos trabalhistas existem meios autônomos e
heterônomos de resolver as pendências entre o capital e o trabalho, os quais se constituem
em meios alternativos judiciais ou extrajudiciais e que, ademais são produto da
convergência de interesses, tanto da sociedade como do Estado, que têm como foco central
dirimir e desvendar o maior número possível de conflitos no campo laboral.
Nesse cenário, surge a negociação, como instrumento autônomo que é por
excelência, para solucionar esses conflitos; podendo ocorrer na pendência de um processo
judicial ou extrajudicialmente. Se a conciliação é extrajudicial, ou seja, direta entre os
interessados, e não se refere a nenhuma pendência em juízo, independe de homologação do
Judiciário.
A verdadeira razão de ser das Comissões é tentar conciliar os conflitos individuais
oriundos da relação do trabalho, reunindo empregados e empregadores, no prazo de dez
dias, para realizar a sessão de tentativa de conciliação a partir da data da provocação do
interessado, conforme regula a CLT em seu artigo 625-F.
Não obstante, incumbe frisar que em detrimento de uma série de fatores, sempre
houve o comprometimento do funcionamento normal da jurisdição trabalhista, quando
examinada sob o aspecto nacional, onde sempre se busca o ideal de um processo
trabalhista célere, informal e gratuito. Dentre os quais se realçam o volume das demandas;
o método de serviço e o resíduo de pendências. E, sobretudo, ainda, o reduzido número de
juízes e falta de meios processuais adequados que levam ao retardamento das lides
trabalhistas, provocado basicamente pelo estrangulamento verificado na tramitação dos
processos nesta Justiça Especializada, em especial nas fases de liquidação, de recursos e de
execução.
Os conflitos de interesse são inevitáveis em todas as sociedades, mas o que se busca
é uma alternativa de como solucioná-los num menor espaço de tempo, dado o caráter
alimentar do direito postulado pelo empregado, que é hipossuficiente, evitando que ele
espere por seis ou sete anos para receber seus direitos.
A solução extrajudicial dos conflitos individuais trabalhistas, por intermédio de
Comissões de Conciliação Prévia, portanto, é, em tese, uma alternativa válida para
pacificar as questões entre empregados e empregadores, não só após a extinção da relação
laboral, mas também durante o vínculo empregatício.
Em que pese a aceitabilidade desse sistema de solução dos conflitos trabalhistas
instituído pela Lei 9.958/2000, há de sopesar que o mesmo é alvo de variadas críticas por
parte dos operadores do direito do trabalho, em especial os advogados que militam nessa
área; inclusive encontram-se tramitando no Supremo Tribunal Federal, Ações de
Declaração de Inconstitucionalidade sobre questões relativas à obrigatoriedade de
submeter a demanda à Comissão e sobre a eficácia liberatória do acordo formalizado
perante ela.
Mas, é interessante asseverar que não se jogue “jogado por terra” esse instrumento,
que além de representar uma importante conquista social, é também uma alternativa já
consagrada mundialmente e, portanto, necessária porque é forte ferramenta para desafogar
urgentemente o Judiciário brasileiro.
Mesmo assim há notáveis vozes que garantem e postulam pela constitucionalidade
do instituto em tela, como coerentemente explica o ilustre professor Ada Pellegrini
Grinover quando escreveu um artigo defendo a constitucionalidade do instituto, ainda em
sua fase de projeto, no ano de 1993, sob o seguinte argumento, entre outros: "É certo que a
Constituição assegura a inafastabilidade do controle jurisdicional no inc. XXXV do art. 5º,
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mas é igualmente certo que o exercício do direito de ação não é absoluto, sujeitando-se a
condições (as condições da ação), a serem estabelecidas pelo legislador”. (p. 17-19,
1993).
O fato a ser considerado é que, na prática, a lei está sendo violada por parte de
algumas Comissões já instituídas no país, constituindo um meio de fraude contra os
direitos trabalhistas, por meio da cobrança ilegal de percentuais dos trabalhadores em razão
das conciliações realizadas; coação para forçar o empregado a conciliar e conseqüente
violação ao princípio da Irrenunciabilidade de direitos.
Neste particular aspecto, não basta a simples previsão legal para instituição desse
meio extrajudicial de solução dos conflitos no campo trabalhista. Faz-se necessário o
desenvolvimento de uma cultura motivada a conduzir as partes aos mecanismos
alternativos de pacificação das questões entre empregado e empregador, o que não se
consegue sem que os interessados, sobretudo os trabalhadores, tenham a necessária
confiança na atuação desses órgãos.
Por isso, a primeira condição, para que a idéia possa ser concretizada, é dotar esses
instrumentos alternativos de pessoas competentes e lhes proporcionar as estruturas
adequadas para exercerem o seu papel de modo equilibrado, com experiência na
composição dos conflitos trabalhistas e conhecimento técnico da matéria, além de
imparcialidade, independência, diligência, discrição, eficiência, lisura, informalidade,
transparência, segurança e, sobretudo, celeridade.
Em face disto, convém aludir que o Ministério do Trabalho e Emprego tem o forte
compromisso de estimular a criação de Comissões de Conciliação Prévia, haja vista que a
idéia da solução autônoma dos conflitos trabalhistas está coerentemente associada com a
cultura negociadora no país e com a construção de um sistema moderno de relações sociais
de trabalho.
Portanto, esse órgão deve fomentar o diálogo entre os atores sociais, gerar
informações que subsidiem a elaboração e implantação de políticas públicas, que tornem
mais transparentes as análises relativas à evolução da conciliação extrajudicial e que, por
fim, enriqueçam o debate sobre as formas mais adequadas de alcançar e sustentar a
autocomposição dos conflitos e corrigir eventuais desvios observados no âmbito das
Comissões de Conciliação Prévia.
Considerando as razões ora comentadas, deve-se comemorar, desde logo, as ações
desenvolvidas pelo MTE quando através da Portaria de número 329 de 14 de agosto de
2002, publicada no Diário oficial da União de 15 de agosto de 2002, fixou critérios de
estruturação e funcionamento para as referidas Comissões, com vistas a se aproximar do
verdadeiro espírito contido na lei e os princípios universais da ética, da moral e do bem
comum para, no mesmo sentido, tentar coibir a atuação inadequada e isolada de algumas
Comissões, de forma a não contaminar e comprometer a confiança e a seriedade dos
demais órgãos conciliadores.
Versa o seu artigo 3º o seguinte:
“A instalação da sessão de conciliação pressupõe a existência de conflito
trabalhista, não se admitindo a utilização da Comissão de Conciliação
Prévia como órgão de assistência e homologação de rescisão
contratual.” (grifo nosso).
O artigo supramencionado impõe como condição a existência do conflito trabalhista
para que se recorra à Comissão de Conciliação, resguardando o papel dos sindicatos na
homologação das rescisões contratuais.
Estão assegurados, por conseguinte, no artigo 10, parágrafos 1º e 2º da referida
Portaria os princípios da Razoabilidade e da Gratuidade ao trabalhador; pelo exposto, não
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5. METODOLOGIA
6. CRONOGRAMA
7. REFERÊNCIAS
Lei nº. 9.958/00 de 12 de janeiro de 2000. Diário Oficial da União, 13/01/2000. Brasil.
MARTINS, Sérgio Pinto . Direito do trabalho. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
Portaria MTE n.º 230, de 21-5-2004.. Carta Forense, São Paulo, v. 2, n. 15, p. 6, 2004.