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S I N D I C AT O
MAIO DE 2009
ANDES
NACIONAL
Publicação Mensal
Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES Fotos: ANA PAULA NOGUEIRA
ANDES critica
proposta do
governo de Jorge Freire, diretor do HUSM
Diretor do Hospital
Universitário da UFSM
alteração
defende financiamento
público à saúde
Com a palavra, págs. 08 e 09
da carreira
docente Movimento sindical
O governo Lula, através do Ministério do Planejamento,
está propondo uma alteração na carreira docente, em está anestesiado?
que se destaca a modificação na Dedicação Exclusiva Ponto & contraponto, págs. 04 e 05
S I N D I C AT O S I N D I C AT O
ANDES
NACIONAL
ANDES-SN: nosso único e legítimo representante ANDES
NACIONAL
02 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
a mais afetada?
O processo de Consulta à Comunidade da UFSM
No entendimento de Jorge Freire, a saída não passa pela
com vistas a escolher o próximo dirigente máximo
implantação das fundações estatais de direito privado. A da UFSM será concluído no dia 16 de junho. O
lógica de um hospital público não é de captar recursos na calendário foi acertado entre os representantes das
área privada e ser rentável, raciocina o diretor do HUSM. E entidades que organizam a Consulta. Na
é justamente nesse ponto que queremos lembrar a bandeira assembleia do dia 23 de abril, o professor Carlos
Pires (foto ao lado), que representa a SEDUFSM,
que, para alguns pode parecer surrada, mas que continua
junto com o professor Rondon de Castro e a
mais atual do que nunca. A saúde deve ser pública, gratuita e professora Leila Wolff, na Comissão de Consulta,
de qualidade. Infelizmente, o governo Lula, ao invés de informou o sobre o andamento dos trabalhos.
investir maciçamente na construção de hospitais públicos, Também destacou que o voto da consulta terá pesos
na contratação de profissionais para atender na saúde iguais entre os segmentos, ou seja, 1/3 para professores, 1/3 para estudantes e 1/3 para os técnico-
pública e, ao mesmo tempo, remunerar melhor o que é pago administrativos, sem distinção entre ativos e aposentados. Com isso, o atual processo se diferencia do
realizado em 2005, quando foi reservado um percentual de 10% para os aposentados. As entidades que
nos procedimentos hospitalares, prefere abrir caminho para representam os segmentos estão organizando debates com as chapas, respectivamente, de Paulo
uma “privatização branca”. Burmann e Martha Adaime e, Felipe Müller e Dalvan Reinert. A SEDUFSM promove um debate com os
Transformar os hospitais universitários em fundações candidatos à reitoria no dia 2 de junho.
não solucionará a carência do SUS. Afinal, quem
“financiará” a saúde sem ter uma forma de retorno em Fundações estatais
troca, ou seja, lucro? Transformar os HUs em fundações
significa, na prática, entregar os hospitais à sanha dos O projeto de lei complementar (PLP) 92/07, dirigentes sindicais, com a participação de
“tubarões” do setor privado. que cria as fundações estatais, deverá ser deputados, conseguiram retirar de pauta o
debatido com dirigentes sindicais e projeto que regulamenta uma espécie de
representantes da sociedade organizada antes terceirização em algumas áreas da Adminis-
de ser votado no plenário da Câmara dos tração Pública, especialmente a dos Hospitais
Deputados. Esta foi a decisão do presidente da Universitários. Em princípio, a decisão entre
EX PEDI EN T E Câmara, Michel Temer (PMDB/SP), em razão os dirigentes sindicais é que o projeto ficará
A diretoria da SEDUFSM é composta por : Presidente em exercício: Fabiane A.
da pressão sindical articulada por várias fora da pauta por 60 dias. A decisão pode não
Tonetto Costas (Dep. Fundamentos da Educação – CE); Vice-Presidente- Júlio entidades de servidores públicos de múltiplos ser respeitada pelo presidente da Casa, que
Ricardo Quevedo dos Santos (Dep. História – CCSH); Secretário-Geral: Rondon segmentos do funcionalismo. Em reuniões que vem tentado votar o projeto há algumas
Martin Souza de Castro (Dep. Ciências da Comunicação - CCSH); Primeiro ocorreram entre os dias 12 e 13 de maio, semanas.
secretário - Maristela da Silva Souza (Dep. Desportos Individuais - CEFD);
Tesoureiro-geral – Hugo Blois (Dep. Arquitetura – CT); Primeiro tesoureiro-
Cícero Urbanetto Nogueira (Colégio Politécnico); Primeiro suplente: Hélio Neis
( Aposentado); Segundo suplente: Ricardo Rondinel ( Dep. Ciências Econômicas - I ndenização a servidor
CCSH)
Jornalista responsável: Fritz R. F. Nunes (MTb nº 8033) Decisão definitiva obtida por Wagner Advogados Associados garantiu a um docente a indenização em
Relações Públicas: Vilma Luciane Ochoa
Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda razão do não-pagamento da Função Gratificada (FG) durante o período em que foi coordenador de um
Ilustrações: Clauber Sousa e Reinaldo Pedroso Curso de Pós-Graduação. A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região foi unânime ao
Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS) Tiragem: 1.600 exemplares considerar que a universidade, que é ré no processo, deve reparar os prejuízos do professor, pois o tratou
Obs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem de forma diferenciada em relação aos demais coordenadores de pós-graduações. Isso porque, mesmo
as assina. Sugestões, críticas, opiniões podem ser enviadas via fone(fax)
(55)3222.5765 ou pelo e-mail sedufsm@terra.com.br
que a Administração tenha a liberdade de definir como serão distribuídas as FGs, não pode ignorar as
Informações também podem ser buscadas no site do sindicato: disposições constitucionais e legais que garantem a todos a igualdade. Na opinião dos julgadores, um
www.sedufsm.com.br tratamento distinto entre servidores que exerçam iguais funções apenas poderia ser coerente se
A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa houvesse uma situação de fato de fato que o justificasse, como, por exemplo, diferenças significativas
Maria(RS). entre cargas de trabalho.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 03
RADAR
PON TO &
Procura-se: Sindicalismo!
Francisco Estigarribia de Freitas
Professor do departamento de Metodologia do Ensino do Centro de Educação da UFSM
Muito já foi escrito, debatido, proje- atitudes carregadas de negatividades tir das quais, poderiam emergir multi- manifestações ficaram por conta de
tado e feito em torno do Sindicalismo no interior dos coletivos que formam plicidades de singularizações. atos religiosos, sorteios de brindes e
no Brasil. Muito continuará a ser pro- as sociedades. Essa constatação não Entretanto, assim como as promessas algumas reflexões de intelectuais a
duzido e redimensionado sobre o tema é meramente discursiva. São atitudes iluministas de futuro melhor e de lamentar a dificuldade atual de até mes-
sindicalismo. Mas o que é que se quer que cotidianamente são registradas emancipação das pessoas a partir da mo, recuperar o sentido histórico da
quando se aborda esse tema? por lentes das máquinas fotográficas erazão, também os sindicatos com a palavra trabalhador.
Será que se quer analisar as práticas filmadoras e, principalmente, pelo sua racionalidade, cada vez maior, Com tanta obediência, tanta
sociais de um determinado espaço- olhar das pessoas atentas às ocorrên- criam outros dispositivos de aprisio- uniformidade e tanta morosidade, con-
temporal? Questionar as representa- cias de violências indistintas que, namento a um outro tipo de escravi- formistas ou não, licenciados ou não,
ções sociais? Produzir "verdades" a dis- invariavelmente, tem como dispara- dão: o mundo das leis, das normas, empregados investidos de cargos admi-
trair os trabalhadores da sua luta? Criar dores e, ao mesmo tempo como alvo, das resoluções... enfim, o sistema de nistrativos nos sindicatos preferem
epistemologias dependentes de teorias as próprias pessoas. ordenamento jurídico, aquele mesmo encontrar culpados para o movimento
a propagar dogmas? Nesse cenário em que o bem-estar que se apresenta para reformar, reor- sindical. Assim, a hipocrisia de alguns
Então, fico a pensar porque aceitei o social, político, cultural e econômico,
ganizar micro-poderes, a partir do ritu- "sindicalistas" anda de passo certo com
convite do setor de comunicação da assim como a busca das pessoas pela al da simples substituição de pessoas os governos, alterna discurso sindical
Seção Sindical dos Docentes da liberação da subserviência está a se que atuam em funções de Diretores, com base em modelitos já fora de
Universidade Federal de Santa Maria esvair, desde as promessas iluminis- Presidentes, Chefes entre outras deno- moda, com boas maneiras segundo os
(SEDUFSM) para escrever no jornal tas é que se movem trabalhadores, tra-minações desses cargos burocráticos. melhores manuais da pedagogia do cas-
sobre a questão: “Os sindicatos foram balhadoras e os sindicatos em busca A adoção dos dispositivos jurídicos tigo, ao institucionalizar a luta.
anestesiados pelo governo Lula?”. das invenções de linhas de fugas, a par-
como balizadores das práticas de Para completar, quem sabe esses mes-
Talvez porque eu esteja saturado de homens, mulheres, crianças, jovens e mos dirigentes sindicais, amanhã ou
tanta, tanta representação social, de tan- adolescentes acaba por atrofiar o pro- depois, não chamem uma campanha
ta organização social, de tanto marco cesso tanto de formação do operaria- nacional, parecida como a dos "cara-
teórico, de tanto paradigma, de tanta do, como a luta e da própria organiza- pintadas" (lembram?) para que todos os
repetição e reprodução de coisas secas, ção dos trabalhadores, na medida em trabalhadores se vistam de preto como
do comprometimento em não natura- que, abdicam de ler o embate das for- uma manifestação do sentimento de
lizar os já naturalizado modelitos ças, de descobrir o direcionamento da desagravo com a política sindical
de subjetividades produzidos sua luta e abrem mão da sua pró- adotada por um governo liderado por
pelas linhas de montagem do pria ordenação como um um presidente, originariamente, dos
capitalismo de um lado e, de coletivo exposto e sen- movimentos sindicais. Ou isso não tem
outro, os modelitos que se “A hipocrisia sível às variações do nenhuma relevância?
apresentam como alterna- capital, do ordena- Com tanto conservadorismo e
tivos e reformadores.
de alguns conformismo, só viúvas da representa-
mento jurídico e da
No cenário político- sindicalistas mobilidade do tividade não choram diante de tanta
sócio-cultural atual 1 , anda de passo poder. banalidade, tantas boas maneiras
vivenciamos mais uma sindicais a impedir os próprios traba-
certo com os A distorção é tan-
lhadores a descobrir ou quem sabe, pelo
crise significativa gera- to das ações de um
da em grande parte pelo governos” Sindicato que, no últi- menos, tentar descobrir os problemas
descompasso entre os mo dia primeiro de específicos que estão dados e maneiam
crescentes avanços da maio, comumente, os próprios trabalhadores. Dessa for-
ciência e tecnologia momento de enfatizar as lutas ma, até os trabalhadores defuntos são
em relação à afirma- dos trabalhadores através de manifes- capazes, de em uma hora destas, de se
ção da vida. Esse tações sociais com os trabalhadores assombrar com o desequilíbrio da vida.
desacordo tem colocando nas ruas suas lutas, sua Mas ainda há tempo para afirmar a
gerado indignação com a exploração, vida!
mas apesar disso, ou
1
para além O recorte que sugere a palavra
disso, atual é porque não há espaço para
demonstrar reportar-me aos outros presentes-
-passados nos quais igualmente
toda sua alegria em houve crises.
resistir a espoliação, as
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 05
CON T RAPON TO
Autonomia dos
NÃO
Movimentos Sociais Antonio Lidio Zambon
Professor de História, integra a coordenação do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm)
Criatividade histórica, que não se esgota nunca em qualquer fase dada, (...) [que é] Hoje se retoma a questão da autono- cionária, de um movimento real com for-
incapaz de se encerrar apenas na reforma, mas produzindo igualmente as condições mia e o dilema dos movimentos e orga- te tendência à prática da solidariedade, da
de sua superação e a realização histórica – necessariamente precária, mas real. nizações que mantêm vínculos com cooperação e da reciprocidade, sentimen-
Todos querem democracia, ainda que as [democracias] realizadas sejam partidos que secundarizaram os com- tos cujo aperfeiçoamento o processo
caricaturas do projeto sonhado. Acalenta-se a esperança de uma sociedade justa,
promissos classistas, sindicais, popula- histórico pode viabilizar. Ideias pautadas
igual, solidária, muito embora as [sociedades] que existem apontem para uma
relatividade decepcionante. (...) Mas, se é sempre possível mostrar o lado fascinante res... A autogestão e a autonomia dos na ação prática direta das massas, na auto-
da utopia, porque [ela] representa o pulsar insaciável da esperança social. Ademais, movimentos sociais estão na ordem do gestão a partir da organização autônoma,
não faz mal sonhar. (...) Seria miséria excessiva termos de nos contentar com a dia. Não se tem dúvida que a promiscui- constituída de feixes de autonomias de
realidade que temos. dade e a prostituição destas instituições grupos se auto-administrando de forma
Pedro Demo são nefastas para os trabalhadores e a cooperada, não hierarquizada. A capaci-
sociedade civil organizada. tação dos trabalhadores para a autogestão
Em momentos de refluxo e de crise de e a auto-organização coloca-se como
referências dos movimentos organiza- alternativa de direção, em substituição
dos, de vínculos evidentes com o aos partidos e ao Estado burguês.
Estado, urge a necessidade de uma reva- Para Paulo Sérgio Tumolo, a ruptura e a
lorização, retomada do que parecia ser a superação da ordem capitalista, ou seja, a
fragilidade e sinônimo de isolamento: revolução social é fundamental. “[...] a
a autonomia dos movimentos revolução é uma necessidade, e que, por
e a volta das ações dire- pressupor um processo, guarda uma
“Os tas, intermitentes, relação em que ela é o objetivo estratégi-
movimentos mutáveis, ágeis e ins- co [fim] e a luta por reformas o meio. Não
sociais autônomos táveis. O Sinprosm, por
é a realização mesma das reformas que
constitui a tática, mas a luta por elas;
podem contribuir exemplo, mesmo mesmo porque sua realização depende do
para a quando alguns contexto histórico [...]. Por isso, não se
detratores e analistas pode pensar que a revolução seja o desdo-
transformação míopes tentam macu- bramento de um processo de reformas.
social” lá-lo, deturpando e dis- [...] A revolução só é necessária exata-
torcendo a realidade, his- mente porque o capitalismo não pode
toricamente tem mantido sua fazer reformas profundas, não pode eli-
autonomia, juntamente com outras orga- minar suas contradições internas.” Grifos
nizações que participaram da marcha a do autor.
Brasília, em 2007. Mas percebe-se um Qual o papel dos membros de um
estreito vínculo entre as novas centrais governo emancipador? Com certeza não
sindicais com partidos políticos. Esta é “em nome dos trabalhadores” sufocar a
reorganização do movimento sindical autonomia e a participação popular
A retomada dos movimentos sociais no repúdio à forma instituída da política, nestes patamares pode fazer ressurgir o efetiva. Em vez de valorizar, difundir,
final da década de 1970 e início dos anos encarada como manipulação. O sentido velho 'caciquismo'. Esta reorganização estimular a democracia direta consolida o
1980 se pautavam na autonomia, na de transformação social era latente, pau- pode ocorrer em novos patamares. processo de subordinação da democracia
diversidade, na ação direta, na vontade de tado em valores de justiça, solidarieda- Conforme Marshall Berman, “[...] direta a instâncias representativas.
serem sujeitos de sua própria história, de, dignidade e na ideia que só com a ansiar pela(s) mudança(s): [...] pes- A verdadeira participação é uma
algo que até então não era devidamente luta se conquistam direitos. soais e sociais, mas exigi-las positiva- conquista, num contexto de esforço
representado pelos partidos políticos. Como a história é dinâmica, estas mente, buscá-las ativamente e realizá- conscientizado das tendências históricas.
Neste período, fundava-se um partido de organizações envelheceram sem atingir las até o fim. Têm de aprender a não A participação tutelada pode levar a uma
cunho classista, socialista e uma Central os objetivos, as reivindicações dos dife- mais sonhar nostalgicamente com as participação crítica, democrática, ativa e
Sindical de cunho combativo, de radicali- rentes movimentos que lhe davam sus- 'relações fixas congeladas' do passado autônoma, propiciando o crescimento
dade classista, movimentista, anticapita- tentação. Muitos se tornaram defenso- real ou fantasioso, mas ter prazer na das pessoas ou das organizações cole-
lista, de caráter socialista e defensor da res de reformas conservadoras, do mobilidade, desenvolver-se na renova- tivas enquanto sujeitos. Os movimen-
autonomia do movimento sindical, que status quo, perdendo a perspectiva da ção [...].” tos sociais autônomos podem de fato
em grande medida responderam às transformação social. A promessa da Reatualizar a luta com as lições histó- contribuir e trabalhar para uma efetiva
demandas da época. Também prevalecia radical renovação política, no princípio ricas. Estimular a ideia de processo na participação rumo à transformação
a desconfiança na institucionalidade, frutificou, depois apodreceu. constituição de uma sociedade revolu- social.
06 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
OPI N I ÃO
COM A PALAV RA
JORGE FREIRE
O que falta
Fotos: ANA PAULA NOGUEIRA
aos Hospitais
Universitários é
FINANCIAMENTO
O médico e diretor do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Jorge
Freire, continua defendendo que essas instituições permaneçam públicas e
financiadas pelo Estado. Ele é crítico do projeto encaminhado pelo governo
federal ao Congresso Nacional que transforma os hospitais universitários em
fundações públicas de direito privado. Para Jorge Freire, que é formado em
Medicina pela UFSM em 1982, só existe uma saída para a questão da
superlotação dos hospitais públicos, e especificamente do próprio HUSM: mais
financiamento por parte dos governos. E é a bandeira do financiamento que ele
tem levantado nas diversas reuniões das quais participa, seja em âmbito federal,
estadual ou municipal. Acompanhe a seguir a entrevista de Freire, que antes de
ser eleito para a direção geral do Hospital Universitário, em 2006, atuava como
cardiologista na CTI para Adultos.
EX T RA-CLASSE
tos anos, os governos militares procura- Schröder e Ricardo Jobim. Diorge Kon-
ram disseminar a idéia de que o jornalista rad destacou alguns pontos levantados
Vladimir Herzog, o Vlado, havia se pelo documentário e que merecem
suicidado na prisão do Departamento de reflexão. Um dos mais relevantes se
Operações e Informações (DOI-CODI), refere à tortura empregada contra os
órgão temido e vinculado ao II Exército, opositores ao regime ditatorial
em São Paulo. O Cultura na SEDUFSM brasileiro. Segundo o professor de
do dia 11 de maio, que exibiu o História, o método de torturar não foi
documentário Vlado, 30 anos depois, usado apenas pelos militares, mas
serviu como ponto de partida para um instituído desde a época do Brasil
debate sobre os métodos utilizados colônia. “A tortura é quase uma cultura
durante a ditadura militar que comandou em nosso país”, afirmou.
o Brasil de 1964 a 1985. O filme, que foi Um outro aspecto tocado pelo filme,
assistido por uma plateia de 60 pessoas, segundo Diorge, se refere à censura aos
narra a trajetória de vida e morte de meios de comunicação. Para o profes-
Herzog. Na obra cinematográfica, sor, “a censura é algo historicamente
depoimentos de colegas de trabalho colocado, desde que nasce a imprensa
consolidam o que realmente se passou à no país, não foi apenas no regime
época da prisão, em 1975: Vlado foi militar”. Ele acrescenta ainda que,
brutalmente espancado, recebeu choques mesmo após finda a ditadura, nos dias Cerca de 60 pessoas prestigiaram exibição do filme e o debate
elétricos e acabou assassinado. atuais ainda se observa a autocensura, outro mais brando, Diorge Konrad uma revisão da lei da Anistia. Para o
Debateram após o filme, o professor de que seria promovida pela direção das observa como um dos méritos da professor da UFSM, não se pode tratar de
História da UFSM, Diorge Alceno Kon- empresas de comunicação em função película o fato de abordar aspectos que forma igualitária aqueles que torturaram
rad, o professor do curso de Jornalismo de interesses políticos e comerciais. reforçam a necessidade de abertura dos usando o aparato estatal, e aqueles que,
da UFSM, Rondon de Castro, e o Mesmo discordando de uma das teses arquivos referentes ao período. Na não tendo outra opção, decidiram lutar
advogado e professor aposentado, Walter levantadas pelo filme, de que haveria condição de pesquisador sobre o tema, contra um regime que promovia
Jobim Neto. Rondon e Walter Jobim um setor mais duro na ditadura militar e Diorge é defensor da necessidade de “terrorismo de estado”.
EX T RA-CLASSE
Um resumo da obra
A publicação de “Reflexões docentes”, que teve seu início em 2004, está
em sua terceira edição. Ela é feita a cada dois anos e distribuída sem custos
aos associados. Para aqueles que ainda não possuem exemplar do livro,
resumimos aqui um pouco do que é contido nela. O volume III de “Reflexões
Docentes” traz um conjunto de artigos que abrange o período 2006-2008.
No livro, uma variedade de ideias e pensamentos em cada um dos artigos,
porém, todos compõem o todo de momentos vivenciados na conjuntura
sindical. Se houvesse condições de se fazer uma síntese das ideias principais
que nortearam o período e, consequentemente, o livro, se diria que foi um Luiz Carlos da Rosa autografa ...assim como a professora
tempo em que o sindicato consolidou projetos como o Cultura na a obra coletiva... Luciana Montemezzo
SEDUFSM.
Os momentos de turbulência na universidade, no país e no estado, também REINALDO PEDROSO
se refletiram nos artigos que os professores e colaboradores do sindicato
publicaram nas páginas de opinião dos jornais locais. Que todos aqueles que -No mínimo, que não seja tímido,
gostam de uma boa leitura, aguardem para 2010 a reunião dos artigos acromático, opaco, tépido, burocrático...
publicados entre junho de 2008 e junho de 2010 no “Reflexões docentes”,
volume 4. A memória do sindicato agradece.
Pedagogia
Um dos 38 autores que tem artigos publicados no “Reflexões docentes”,
volume III, é o professor do departamento de Fundamentos da Educação da
UFSM, Luiz Carlos Nascimento da Rosa. Dentre os artigos relacionados no
livro: “A pedagogia da política”, “Coisas de gênero”, entre outros. Quem também
compareceu à sessão de autógrafos na praça Saldanha Marinho foi a professora
do departamento de Letras Estrangeiras e Modernas da UFSM, Luciana Ferrari
Montemezzo. Ela assinou o artigo “Federico García Lorca, 70 anos depois”.
Estiveram ainda no momento de autógrafos os diretores da SEDUFSM que
possuíam artigos na publicação: Fabiane Costas, Julio Quevedo, Maristela Souza
e Rondon de Castro, e mesmo quem não tinha artigo, mas prestigiou, como foi o
caso do professor Hugo Blois Filho. Também articulistas e ex-presidentes da
SEDUFSM, os professores Diorge Konrad e Carlos Pires.
12 MAIO DE 2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
ART I GO DI CA CU LT U RAL
LI V RO
O Arco-Íris (des)coberto
Autor:
Guilherme Rodrigues Passamani
Quem leu?
Julio Ricardo Quevedo dos Santos*
Editora: UFSM, 223 páginas
escolha do Reitor
tuniza profundas reflexões sobre as
homossexualidades masculinas em
Porto Alegre e Buenos Aires, nas suas
relações com os movimentos sociais e
as identidades regionais, em “O Arco-
Íris (Des)Coberto”, da editora da
Santa Maria e, em especial, a sua universidade federal, participação dos alunos da UFSM da modalidade Ensino a UFSM. O título reflete a importância do
vive um período de excepcionalidade. Muitas discussões, Distância. A conseqüência é que estes temas tiveram que seu conteúdo, visto que vivemos
muitas articulações e muita expectativa em relação à nova ser discutidos em uma Comissão de Consulta, formada pela momentos decisivos de avanços nas
direção da instituição. A composição da lista tríplice que representação da Sedufsm, Assufsm e DCE, cuja função reivindicações pelos direitos sociais,
deve ser enviada ao Ministério da Educação para escolha seria apenas de executar as tarefas necessárias para humanos e civis, os quais estão no bojo
do novo reitor da universidade dar-se-á numa reunião do realização do processo de consulta. das lutas sociais dos movimentos
LGBT, os quais seduziram o autor – e
Colégio Eleitoral que é formado pelos três conselhos Entre as decisões tomadas pela Comissão de Consulta
nos seduzirão como agentes desta leitu-
superiores da Instituição: Conselho Universitário, uma é, no mínimo, discutível. Trata-se da abertura
ra – convicções que tão nobremente sou-
Conselho de Ensino e Pesquisa e Conselho de de uma urna na Reitoria da UFSM para que ali
Curadores. Este Colégio Eleitoral tem “Alunos possam votar todos os alunos da UFSM, da
be defendê-las perante uma banca no
Mestrado em Integração Latino-
composição que obedece a proporcionalidade do EAD têm modalidade ensino a distância (EAD) de todo Americana. No desenrolar dos fatos, a
de 70% de docentes e 30% para representantes Brasil. A representação da Sedufsm na
dos outros segmentos (15% de estudantes e direito de Comissão de Consulta defende que os alunos
dissertação foi transformada em livro,
garantindo visibilidade ao conteúdo e a
15% de servidores técnico-administrativos). participar da da UFSM das modalidades presencial ou EAD consagração – demonstrando que a obra
Em 2005, o então reitor, professor Paulo têm direito de participar do processo e a promete – deu os seus primeiros indíci-
Sarkis, propôs ao Conselho Universitário que
consulta” organização da consulta precisa oferecer os no expressivo público no dia do lan-
fosse feita uma consulta à comunidade da UFSM, condições para que esta participação aconteça. Foi çamento, o qual reconhece a seriedade
atribuindo aos votos dos segmentos os seguintes pesos: proposto um conjunto de alternativas, tais como: do tema abordado. A narrativa do livro é
30% para o voto dos docentes; 30% para o voto dos - Criar sistema de votação pela internet; usar sistemas já envolvente, instigadora, clara, objetiva
servidores; 30% para o voto dos alunos e os 10% restantes utilizados por outras instituições para votação em nível e sem mácula, desvelando os diversos
para o que foi chamado na época de representantes da nacional; usar votos de papel nos polos de EAD. Nenhuma “arco-íris” ainda encobertos. Assim,
comunidade (5% para professores aposentados e 5% para das alternativas foi aceita. A representação da Sedufsm Guilherme se transforma no porta-voz
servidores técnico-administrativos aposentados). Na registrou a discordância da entidade com o acadêmico destas pluralidades, destes
mesma proposta incluiu o convite para organização da encaminhamento desta questão porque a entidade defende silêncios que adquirem voz ao longo de
consulta às entidades representativas dos três segmentos da a ampla participação de todos no processo de escolha de suas 223 páginas. Creio que ao final o
universidade (Sedufsm, Assufsm e DCE). dirigentes e porque reconhecemos a fragilidade deste leitor ficará convencido que quem sabe
No atual processo de consulta estas definições não foram processo. Neste sentido, uma decisão que não contemple a faz a hora de lutar por dignidade, liber-
dade e igualdade, não esperando que
contempladas em discussão interna do Conselho participação de uma parte significativa de um dos
aconteçam os atos intempestivos de
Universitário. Também não houve discussão da segmentos pode inviabilizar todo o processo de consulta.
violência homofóbica, preconceitos e
discriminações. (*Professor de
Carlos Alberto da Fonseca Pires História da UFSM, diretor da
Prof. do departamento de Geociências da UFSM, ex-presidente da SEDUFSM SEDUFSM)