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SEDUFSM

S I N D I C AT O
MAIO DE 2009
ANDES
NACIONAL
Publicação Mensal

Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES Fotos: ANA PAULA NOGUEIRA

ANDES critica
proposta do
governo de Jorge Freire, diretor do HUSM

Diretor do Hospital
Universitário da UFSM

alteração
defende financiamento
público à saúde
Com a palavra, págs. 08 e 09

da carreira
docente Movimento sindical
O governo Lula, através do Ministério do Planejamento,
está propondo uma alteração na carreira docente, em está anestesiado?
que se destaca a modificação na Dedicação Exclusiva Ponto & contraponto, págs. 04 e 05

(DE). O ANDES-SN criticou a proposta e avalia que


ela é “enviezada” em relação às determinações do
Tribunal de Contas da União e “perversa” no que
se refere ao prejuízo que poderá causar às
carreiras na universidade. Acompanhe mais
detalhes à pág. 07.

Ainda nesta edição:


Começa a negociação
da campanha salarial Exibição de filme e logo após, um debate
Pág. 06
Métodos da ditadura
SEDUFSM na Feira militar debatidos durante
do Livro 2009 o Cultura na SEDUFSM
Extra-classe, pág. 11 Extra-classe, pág. 10

S I N D I C AT O S I N D I C AT O
ANDES
NACIONAL
ANDES-SN: nosso único e legítimo representante ANDES
NACIONAL
02 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

EDI TORI AL Clauber

O HUSM e a saúde pública


O Hospital Universitário da UFSM, uma referência
regional pública no atendimento à saúde, vive há bastante
tempo problemas de superlotação. O HUSM possui 300
leitos para uma clientela que pode variar de 500 mil a 1,5
milhão de habitantes, dependendo do tipo de procedimento
que é feito, ou seja, se é de média ou de alta complexidade. A
causa, sem dúvida alguma, como atesta o próprio diretor do
Hospital (acompanhe entrevista com Jorge Freire nas
páginas 08 e 09), é a carência de hospitais em Santa Maria e
na região que atendam às demandas do Sistema Único de
Saúde (SUS). Conforme o diretor, existem setores do
hospital que têm uma lotação de 126%, ou seja, com
capacidade além do limite, o que leva a que se tenha que
deixar pacientes nos corredores.
Segundo o diretor do HUSM, o grande problema hoje é a
questão do financiamento. Está sendo elaborada uma nova
matriz para o repasse de recursos aos hospitais
universitários, porém, nada garante que essa nova matriz
realmente vá solucionar o problema da insuficiência de
recursos para essas instituições. Todas essas questões
acabam por prejudicar uma das funções primordiais do
Hospital Universitário, que é proporcionar um espaço para PON TO A PON TO
que seja desenvolvido o ensino. Qual é a saída para esse
quadro em que a população que depende da saúde gratuita é Eleições a Reitor FRITZ NUNES

a mais afetada?
O processo de Consulta à Comunidade da UFSM
No entendimento de Jorge Freire, a saída não passa pela
com vistas a escolher o próximo dirigente máximo
implantação das fundações estatais de direito privado. A da UFSM será concluído no dia 16 de junho. O
lógica de um hospital público não é de captar recursos na calendário foi acertado entre os representantes das
área privada e ser rentável, raciocina o diretor do HUSM. E entidades que organizam a Consulta. Na
é justamente nesse ponto que queremos lembrar a bandeira assembleia do dia 23 de abril, o professor Carlos
Pires (foto ao lado), que representa a SEDUFSM,
que, para alguns pode parecer surrada, mas que continua
junto com o professor Rondon de Castro e a
mais atual do que nunca. A saúde deve ser pública, gratuita e professora Leila Wolff, na Comissão de Consulta,
de qualidade. Infelizmente, o governo Lula, ao invés de informou o sobre o andamento dos trabalhos.
investir maciçamente na construção de hospitais públicos, Também destacou que o voto da consulta terá pesos
na contratação de profissionais para atender na saúde iguais entre os segmentos, ou seja, 1/3 para professores, 1/3 para estudantes e 1/3 para os técnico-
pública e, ao mesmo tempo, remunerar melhor o que é pago administrativos, sem distinção entre ativos e aposentados. Com isso, o atual processo se diferencia do
realizado em 2005, quando foi reservado um percentual de 10% para os aposentados. As entidades que
nos procedimentos hospitalares, prefere abrir caminho para representam os segmentos estão organizando debates com as chapas, respectivamente, de Paulo
uma “privatização branca”. Burmann e Martha Adaime e, Felipe Müller e Dalvan Reinert. A SEDUFSM promove um debate com os
Transformar os hospitais universitários em fundações candidatos à reitoria no dia 2 de junho.
não solucionará a carência do SUS. Afinal, quem
“financiará” a saúde sem ter uma forma de retorno em Fundações estatais
troca, ou seja, lucro? Transformar os HUs em fundações
significa, na prática, entregar os hospitais à sanha dos O projeto de lei complementar (PLP) 92/07, dirigentes sindicais, com a participação de
“tubarões” do setor privado. que cria as fundações estatais, deverá ser deputados, conseguiram retirar de pauta o
debatido com dirigentes sindicais e projeto que regulamenta uma espécie de
representantes da sociedade organizada antes terceirização em algumas áreas da Adminis-
de ser votado no plenário da Câmara dos tração Pública, especialmente a dos Hospitais
Deputados. Esta foi a decisão do presidente da Universitários. Em princípio, a decisão entre
EX PEDI EN T E Câmara, Michel Temer (PMDB/SP), em razão os dirigentes sindicais é que o projeto ficará
A diretoria da SEDUFSM é composta por : Presidente em exercício: Fabiane A.
da pressão sindical articulada por várias fora da pauta por 60 dias. A decisão pode não
Tonetto Costas (Dep. Fundamentos da Educação – CE); Vice-Presidente- Júlio entidades de servidores públicos de múltiplos ser respeitada pelo presidente da Casa, que
Ricardo Quevedo dos Santos (Dep. História – CCSH); Secretário-Geral: Rondon segmentos do funcionalismo. Em reuniões que vem tentado votar o projeto há algumas
Martin Souza de Castro (Dep. Ciências da Comunicação - CCSH); Primeiro ocorreram entre os dias 12 e 13 de maio, semanas.
secretário - Maristela da Silva Souza (Dep. Desportos Individuais - CEFD);
Tesoureiro-geral – Hugo Blois (Dep. Arquitetura – CT); Primeiro tesoureiro-
Cícero Urbanetto Nogueira (Colégio Politécnico); Primeiro suplente: Hélio Neis
( Aposentado); Segundo suplente: Ricardo Rondinel ( Dep. Ciências Econômicas - I ndenização a servidor
CCSH)
Jornalista responsável: Fritz R. F. Nunes (MTb nº 8033) Decisão definitiva obtida por Wagner Advogados Associados garantiu a um docente a indenização em
Relações Públicas: Vilma Luciane Ochoa
Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda razão do não-pagamento da Função Gratificada (FG) durante o período em que foi coordenador de um
Ilustrações: Clauber Sousa e Reinaldo Pedroso Curso de Pós-Graduação. A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região foi unânime ao
Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS) Tiragem: 1.600 exemplares considerar que a universidade, que é ré no processo, deve reparar os prejuízos do professor, pois o tratou
Obs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem de forma diferenciada em relação aos demais coordenadores de pós-graduações. Isso porque, mesmo
as assina. Sugestões, críticas, opiniões podem ser enviadas via fone(fax)
(55)3222.5765 ou pelo e-mail sedufsm@terra.com.br
que a Administração tenha a liberdade de definir como serão distribuídas as FGs, não pode ignorar as
Informações também podem ser buscadas no site do sindicato: disposições constitucionais e legais que garantem a todos a igualdade. Na opinião dos julgadores, um
www.sedufsm.com.br tratamento distinto entre servidores que exerçam iguais funções apenas poderia ser coerente se
A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa houvesse uma situação de fato de fato que o justificasse, como, por exemplo, diferenças significativas
Maria(RS). entre cargas de trabalho.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 03

RADAR

SEDUFSM faz adequações em regimento FRITZ NUNES


No último dia 23 de abril, a diretoria da SEDUFSM
realizou assembleia, no campus da UFSM, tendo
como um dos pontos de pauta a alteração do
regimento interno do sindicato. O objetivo das
alterações é para adequar o regimento ao novo código
civil, conforme orientação do ANDES-SN e da
assessoria jurídica da seção sindical. Durante a
plenária, que teve a presença da assessora jurídica
Sandra Feltrin, do escritório Wagner Advogados
Associados, os professores puderam tirar dúvidas
sobre as alterações propostas. A assembléia foi
conduzida pela presidente, professora Fabiane
Costas, com o apoio dos professores-diretores,
Ricardo Rondinel e Hugo Blois Filho.
Entre as alterações no regimento, com vistas à
adequação ao código civil, destaque-se a inclusão de
um artigo, o 10º, que diz: “Os associados da
SEDUFSM estão sujeitos às seguintes penalidades –
advertência, suspensão e exclusão, devendo ser
respeitado, em qualquer dos casos, o direito à ampla
defesa e ao contraditório; Parágrafo primeiro- A
apuração dos fatos será efetuada por uma comissão
constituída para tal fim, a qual encaminhará relatório
ao Conselho de Representantes, que decidirá a
Professores discutiram e aprovaram alterações no regimento do sindicato
questão. Da decisão proferida, caberá recurso à
Assembléia Geral; Parágrafo segundo- No caso de que não há como alegar-se, por exemplo, uma assembleia geral. Nas alterações do regimento,
exclusão do Associado da SEDUFSM, a decisão perseguição política, no caso de uma proposta de os integrantes da plenária, que teve 10 professores e
ficará exclusivamente a cargo da Assembléia Geral”. exclusão de associado. Isso porque não bastaria a aconteceu no Auditório Loi Berneira, aprovaram a
Em relação a algumas dúvidas manifestadas sobre vontade de uma diretoria, mas uma avaliação e supressão do item que estabelecia quórum de 10%
esses itens por participantes da plenária, os diretores posição do Conselho de Representantes, que dos sindicalizados para que seja deflagrada uma
do sindicato, junto com a advogada, esclareceram posteriormente ainda seria referendada ou não por greve.

ANDES e governo começam a discutir reivindicações


O ANDES-SN e o governo federal já deram início à O secretário-executivo afirmou que ainda precisaria Campanha salarial
discussão sobre a pauta de reivindicações do Setor das fazer uma análise mais aprofundada da pauta de A pauta de reivindicações da
Instituições Federais de Ensino Superior – IFES da reivindicações, embora reconhecesse que alguns Campanha 2009 foi protocolada em
Campanha 2009. No dia 7 de maio, a diretoria do aspectos nela identificados guardam relação com o diversos ministérios, na Andifes e nas
ANDES-SN se reuniu com o secretário-executivo de campo de atuação da Pasta. Entretanto, fez questão de duas casas do Congresso Nacional, no
Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e ressaltar que o governo Lula trabalha de forma dia 28 de abril. Seus eixos centrais são a
Tecnologia - MCT, Luis Antonio Rodrigues Elias, para unificada nos processos de negociação e que, por isso, defesa de uma educação de qualidade
discutir os pontos relativos à pasta. entendia que o espaço para a discussão das demandas para todos, o combate à sobrecarga e à
Na audiência, a diretoria do ANDES-SN expôs o ligadas às universidades deveria se o Ministério da precarização do trabalho docente, a luta
trabalho que, historicamente, a entidade desenvolve em Educação – MEC. pela carreira única e a construção de uma
relação à Ciência e Tecnologia. Os diretores CADERNO 2 - A diretoria do ANDES-SN explicou política salarial digna, com a incorpo-
esclareceram que a garantia do espaço de análise e crítica que também reconhecia o MEC como fórum adequado ração das gratificações ao vencimento
dessas políticas, assim como a criação de oportunidades para discutir sua pauta de reivindicações, mas que a
básico.
para que o Sindicato possa contribuir em seus processos apresentou também a todos os demais ministérios e
A pauta de reivindicações - aprovada
de formulação, são fundamentais para aproximar o fazer órgãos que guardam relação direta com os pleitos e
pelas assembleias docentes realizadas
da universidade dos interesses da sociedade, buscando, que, no entender do Sindicato, se deveriam fazer
em todo o país e referendada pelo Setor
também, viabilizar os meios para que o trabalho docente representar na mesa de negociação. A diretoria insistiu
das Federais, em reunião realizada de 24
de pesquisa se realize nas melhores condições possíveis. também na manutenção do canal de diálogo com o
a 26 de abril, em Brasília – tem em sua
Entre as questões apresentadas como preocupações Ministério.
pelo Sindicato Docente, destacam-se o financiamento da Ao secretário-executivo do MCT, os diretores do vertente salarial como mote a frase
pesquisa, a democratização dos mecanismos de apoio, as ANDES-SN entregaram cópia do Caderno 2, o “apenas um linha no contracheque”, que
condições para a capacitação e a garantia de infra- documento que apresenta a compilação das propostas representa o desejo da categoria de
estrutura. Os diretores criticaram o “produtivismo construídas pelo movimento para a universidade acabar com a política de remuneração
científico”, que acaba se refletindo no padrão de brasileira, e de outros textos produzidos pela entidade por gratificações, imposta pelo governo
qualidade da produção acadêmica e que vem crescendo que destacam o papel da Ciência e da Tecnologia. O FHC e ampliada no governo Lula, desde
na medida em que avança a implementação do secretário manifestou interesse em conhecer também a seu primeiro mandato, que tanto vem
paradigma da chamada administração gerencial nas produção do Grupo de Trabalho sobre Ciência e prejudicando os docentes, principal-
universidades. Tecnologia – GTCT do ANDES-SN. mente aposentados e pensionistas.
04 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

PON TO &

SIM O m ovim e nt o sindic a l foi

Procura-se: Sindicalismo!
Francisco Estigarribia de Freitas
Professor do departamento de Metodologia do Ensino do Centro de Educação da UFSM

Muito já foi escrito, debatido, proje- atitudes carregadas de negatividades tir das quais, poderiam emergir multi- manifestações ficaram por conta de
tado e feito em torno do Sindicalismo no interior dos coletivos que formam plicidades de singularizações. atos religiosos, sorteios de brindes e
no Brasil. Muito continuará a ser pro- as sociedades. Essa constatação não Entretanto, assim como as promessas algumas reflexões de intelectuais a
duzido e redimensionado sobre o tema é meramente discursiva. São atitudes iluministas de futuro melhor e de lamentar a dificuldade atual de até mes-
sindicalismo. Mas o que é que se quer que cotidianamente são registradas emancipação das pessoas a partir da mo, recuperar o sentido histórico da
quando se aborda esse tema? por lentes das máquinas fotográficas erazão, também os sindicatos com a palavra trabalhador.
Será que se quer analisar as práticas filmadoras e, principalmente, pelo sua racionalidade, cada vez maior, Com tanta obediência, tanta
sociais de um determinado espaço- olhar das pessoas atentas às ocorrên- criam outros dispositivos de aprisio- uniformidade e tanta morosidade, con-
temporal? Questionar as representa- cias de violências indistintas que, namento a um outro tipo de escravi- formistas ou não, licenciados ou não,
ções sociais? Produzir "verdades" a dis- invariavelmente, tem como dispara- dão: o mundo das leis, das normas, empregados investidos de cargos admi-
trair os trabalhadores da sua luta? Criar dores e, ao mesmo tempo como alvo, das resoluções... enfim, o sistema de nistrativos nos sindicatos preferem
epistemologias dependentes de teorias as próprias pessoas. ordenamento jurídico, aquele mesmo encontrar culpados para o movimento
a propagar dogmas? Nesse cenário em que o bem-estar que se apresenta para reformar, reor- sindical. Assim, a hipocrisia de alguns
Então, fico a pensar porque aceitei o social, político, cultural e econômico,
ganizar micro-poderes, a partir do ritu- "sindicalistas" anda de passo certo com
convite do setor de comunicação da assim como a busca das pessoas pela al da simples substituição de pessoas os governos, alterna discurso sindical
Seção Sindical dos Docentes da liberação da subserviência está a se que atuam em funções de Diretores, com base em modelitos já fora de
Universidade Federal de Santa Maria esvair, desde as promessas iluminis- Presidentes, Chefes entre outras deno- moda, com boas maneiras segundo os
(SEDUFSM) para escrever no jornal tas é que se movem trabalhadores, tra-minações desses cargos burocráticos. melhores manuais da pedagogia do cas-
sobre a questão: “Os sindicatos foram balhadoras e os sindicatos em busca A adoção dos dispositivos jurídicos tigo, ao institucionalizar a luta.
anestesiados pelo governo Lula?”. das invenções de linhas de fugas, a par-
como balizadores das práticas de Para completar, quem sabe esses mes-
Talvez porque eu esteja saturado de homens, mulheres, crianças, jovens e mos dirigentes sindicais, amanhã ou
tanta, tanta representação social, de tan- adolescentes acaba por atrofiar o pro- depois, não chamem uma campanha
ta organização social, de tanto marco cesso tanto de formação do operaria- nacional, parecida como a dos "cara-
teórico, de tanto paradigma, de tanta do, como a luta e da própria organiza- pintadas" (lembram?) para que todos os
repetição e reprodução de coisas secas, ção dos trabalhadores, na medida em trabalhadores se vistam de preto como
do comprometimento em não natura- que, abdicam de ler o embate das for- uma manifestação do sentimento de
lizar os já naturalizado modelitos ças, de descobrir o direcionamento da desagravo com a política sindical
de subjetividades produzidos sua luta e abrem mão da sua pró- adotada por um governo liderado por
pelas linhas de montagem do pria ordenação como um um presidente, originariamente, dos
capitalismo de um lado e, de coletivo exposto e sen- movimentos sindicais. Ou isso não tem
outro, os modelitos que se “A hipocrisia sível às variações do nenhuma relevância?
apresentam como alterna- capital, do ordena- Com tanto conservadorismo e
tivos e reformadores.
de alguns conformismo, só viúvas da representa-
mento jurídico e da
No cenário político- sindicalistas mobilidade do tividade não choram diante de tanta
sócio-cultural atual 1 , anda de passo poder. banalidade, tantas boas maneiras
vivenciamos mais uma sindicais a impedir os próprios traba-
certo com os A distorção é tan-
lhadores a descobrir ou quem sabe, pelo
crise significativa gera- to das ações de um
da em grande parte pelo governos” Sindicato que, no últi- menos, tentar descobrir os problemas
descompasso entre os mo dia primeiro de específicos que estão dados e maneiam
crescentes avanços da maio, comumente, os próprios trabalhadores. Dessa for-
ciência e tecnologia momento de enfatizar as lutas ma, até os trabalhadores defuntos são
em relação à afirma- dos trabalhadores através de manifes- capazes, de em uma hora destas, de se
ção da vida. Esse tações sociais com os trabalhadores assombrar com o desequilíbrio da vida.
desacordo tem colocando nas ruas suas lutas, sua Mas ainda há tempo para afirmar a
gerado indignação com a exploração, vida!
mas apesar disso, ou
1
para além O recorte que sugere a palavra
disso, atual é porque não há espaço para
demonstrar reportar-me aos outros presentes-
-passados nos quais igualmente
toda sua alegria em houve crises.
resistir a espoliação, as
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 05

CON T RAPON TO

‘a ne st e sia do' no gove rno Lula ?

Autonomia dos
NÃO
Movimentos Sociais Antonio Lidio Zambon
Professor de História, integra a coordenação do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm)

Criatividade histórica, que não se esgota nunca em qualquer fase dada, (...) [que é] Hoje se retoma a questão da autono- cionária, de um movimento real com for-
incapaz de se encerrar apenas na reforma, mas produzindo igualmente as condições mia e o dilema dos movimentos e orga- te tendência à prática da solidariedade, da
de sua superação e a realização histórica – necessariamente precária, mas real. nizações que mantêm vínculos com cooperação e da reciprocidade, sentimen-
Todos querem democracia, ainda que as [democracias] realizadas sejam partidos que secundarizaram os com- tos cujo aperfeiçoamento o processo
caricaturas do projeto sonhado. Acalenta-se a esperança de uma sociedade justa,
promissos classistas, sindicais, popula- histórico pode viabilizar. Ideias pautadas
igual, solidária, muito embora as [sociedades] que existem apontem para uma
relatividade decepcionante. (...) Mas, se é sempre possível mostrar o lado fascinante res... A autogestão e a autonomia dos na ação prática direta das massas, na auto-
da utopia, porque [ela] representa o pulsar insaciável da esperança social. Ademais, movimentos sociais estão na ordem do gestão a partir da organização autônoma,
não faz mal sonhar. (...) Seria miséria excessiva termos de nos contentar com a dia. Não se tem dúvida que a promiscui- constituída de feixes de autonomias de
realidade que temos. dade e a prostituição destas instituições grupos se auto-administrando de forma
Pedro Demo são nefastas para os trabalhadores e a cooperada, não hierarquizada. A capaci-
sociedade civil organizada. tação dos trabalhadores para a autogestão
Em momentos de refluxo e de crise de e a auto-organização coloca-se como
referências dos movimentos organiza- alternativa de direção, em substituição
dos, de vínculos evidentes com o aos partidos e ao Estado burguês.
Estado, urge a necessidade de uma reva- Para Paulo Sérgio Tumolo, a ruptura e a
lorização, retomada do que parecia ser a superação da ordem capitalista, ou seja, a
fragilidade e sinônimo de isolamento: revolução social é fundamental. “[...] a
a autonomia dos movimentos revolução é uma necessidade, e que, por
e a volta das ações dire- pressupor um processo, guarda uma
“Os tas, intermitentes, relação em que ela é o objetivo estratégi-
movimentos mutáveis, ágeis e ins- co [fim] e a luta por reformas o meio. Não
sociais autônomos táveis. O Sinprosm, por
é a realização mesma das reformas que
constitui a tática, mas a luta por elas;
podem contribuir exemplo, mesmo mesmo porque sua realização depende do
para a quando alguns contexto histórico [...]. Por isso, não se
detratores e analistas pode pensar que a revolução seja o desdo-
transformação míopes tentam macu- bramento de um processo de reformas.
social” lá-lo, deturpando e dis- [...] A revolução só é necessária exata-
torcendo a realidade, his- mente porque o capitalismo não pode
toricamente tem mantido sua fazer reformas profundas, não pode eli-
autonomia, juntamente com outras orga- minar suas contradições internas.” Grifos
nizações que participaram da marcha a do autor.
Brasília, em 2007. Mas percebe-se um Qual o papel dos membros de um
estreito vínculo entre as novas centrais governo emancipador? Com certeza não
sindicais com partidos políticos. Esta é “em nome dos trabalhadores” sufocar a
reorganização do movimento sindical autonomia e a participação popular
A retomada dos movimentos sociais no repúdio à forma instituída da política, nestes patamares pode fazer ressurgir o efetiva. Em vez de valorizar, difundir,
final da década de 1970 e início dos anos encarada como manipulação. O sentido velho 'caciquismo'. Esta reorganização estimular a democracia direta consolida o
1980 se pautavam na autonomia, na de transformação social era latente, pau- pode ocorrer em novos patamares. processo de subordinação da democracia
diversidade, na ação direta, na vontade de tado em valores de justiça, solidarieda- Conforme Marshall Berman, “[...] direta a instâncias representativas.
serem sujeitos de sua própria história, de, dignidade e na ideia que só com a ansiar pela(s) mudança(s): [...] pes- A verdadeira participação é uma
algo que até então não era devidamente luta se conquistam direitos. soais e sociais, mas exigi-las positiva- conquista, num contexto de esforço
representado pelos partidos políticos. Como a história é dinâmica, estas mente, buscá-las ativamente e realizá- conscientizado das tendências históricas.
Neste período, fundava-se um partido de organizações envelheceram sem atingir las até o fim. Têm de aprender a não A participação tutelada pode levar a uma
cunho classista, socialista e uma Central os objetivos, as reivindicações dos dife- mais sonhar nostalgicamente com as participação crítica, democrática, ativa e
Sindical de cunho combativo, de radicali- rentes movimentos que lhe davam sus- 'relações fixas congeladas' do passado autônoma, propiciando o crescimento
dade classista, movimentista, anticapita- tentação. Muitos se tornaram defenso- real ou fantasioso, mas ter prazer na das pessoas ou das organizações cole-
lista, de caráter socialista e defensor da res de reformas conservadoras, do mobilidade, desenvolver-se na renova- tivas enquanto sujeitos. Os movimen-
autonomia do movimento sindical, que status quo, perdendo a perspectiva da ção [...].” tos sociais autônomos podem de fato
em grande medida responderam às transformação social. A promessa da Reatualizar a luta com as lições histó- contribuir e trabalhar para uma efetiva
demandas da época. Também prevalecia radical renovação política, no princípio ricas. Estimular a ideia de processo na participação rumo à transformação
a desconfiança na institucionalidade, frutificou, depois apodreceu. constituição de uma sociedade revolu- social.
06 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

OPI N I ÃO

Qual deve ser


a prioridade do
Ministério do Trabalho continua avaliando
próximo Reitor? questões do registro do ANDES-SN
ELIZÂNGELA ARAÚJO
Durante audiência realizada no
Fotos: ANA PAULA NOGUEIRA
Claudia de Melo Bertonchelli, dia 12 de maio, com representantes
do ANDES-SN, o secretário de
29 anos, professora substituta R e l a ç õ e s d e Tr a b a l h o d o
do departamento de Análises Ministério do Trabalho e Emprego
Clínicas e Toxicológicas do – MTE, Luiz Antônio Medeiros,
CCS. explicou que o órgão ainda analisa
as manifestações das entidades que
“A prioridade do próximo reitor
atenderam à convocação contida
é ter um olhar atento para as na Nota Técnica nº 32/2009 da
questões envolvendo os novos SRT, publicada no Diário Oficial
cursos da universidade, pois o da União de 22 de janeiro de 2009.
que já percebe é que, do jeito que “Somente depois de concluirmos
esse trabalho poderemos dar uma
está, haverá dificuldades como a falta de salas, e posição final”, disse o secretário a
também a carência de funcionários e de professores. respeito da solicitação do
Então, é preciso que haja melhorias, investimentos, Sindicato Nacional Docente de
para que os novos alunos que ingressarem encontrem revalidar o registro da entidade.
A Nota Técnica convoca as Luiz Antonio Medeiros e Ciro Correia tratam sobre o registro do ANDES
uma infraestrutura melhor do que a que se tem agora”. entidades que entendem haver
conflito de base de representação sindical com o além de um técnico do ministério.
ANDES-SN a se manifestarem. Durante a DECISÕES JUDICIAIS- O ANDES-SN saiu
Lauren Crossetti Vaucher, 48 audiência, o presidente do ANDES-SN, Ciro vitorioso em recentes decisões judiciais de
anos, professora do Correia, informou que há uma expectativa muito processos em trâmite no Distrito Federal, no Rio de
grande da base sobre o desfecho dessa negociação Janeiro e no Paraná. Os acórdãos proferidos, ainda
departamento de Farmácia com o MTE. Medeiros afirmou entender a situação que passiveis de recurso, demonstram o
Industrial do CCS. e disse que o Ministério está analisando as entendimento desses tribunais acerca da
“Acho que a prioridade do manifestações atentamente, para que qualquer legitimidade constitutiva e processual do Sindicato
próximo reitor é adequar os desfecho seja juridicamente sustentável. Nacional. Embora essas decisões não guardem
O registro sindical do ANDES-SN foi relação direta com o processo em curso no Tribunal
novos alunos, novos cursos que
arbitrariamente suspenso em dezembro de 2003. Superior do Trabalho – TST, onde se contesta o ato
estão surgindo na universidade, Em novembro do ano passado, o ministro do arbitrário da supensão do registro sindical da
com a infraestrutura atual. Isso Trabalho, Carlos Lupi, assumiu com o Sindicato entidade pelo Ministério do Trabalho e Emprego –
se refere tanto ao quadro de Nacional o compromisso de solucionar o impasse MTE em 2003, o que nelas foi julgado a favor do
pessoal, professores e funcionários, como também na criado pela pasta anteriormente. Além de Ciro Sindicato Nacional sem dúvida reforça a posição da
questão dos laboratórios, ou seja, infraestrutura em Correia, participaram da audiência a secretária- entidade sobre sua representação nacional dos
geral do ANDES-SN, Solange Bretas, e o advogado docentes das instituições de ensino superior
geral. Por enquanto, o que existe é pouco e deve ser Cláudio Santos, da assessoria jurídica do Sindicato, públicas e privadas. (Fonte: ANDES-SN)
ampliado”.

Luciana Ferrari Montemezzo,


Convênios sindicais restabelecidos
Pressionada, a Secretaria de Recursos Humanos S.Sind.) e do Paraná (APUFPR-S.Sind.). Aguarda
39 anos, professora do – SRH, do Ministério do Planejamento, Orçamento publicação no Diário Oficial da União o convênio
departamento de Letras e Gestão – MP, começa a restabelecer os convênios já assinado com a seção sindical da Universidade
Estrangeiras Modernas do com as seções sindicais do ANDES-SN para Federal Fluminense (ADUFF-S.Sind.) Também já
CAL. Também é coordenadora desconto das mensalidades sindicais diretamente foram finalizados os convênios com outras 17
na folha de pagamento. Nesses convênios, a seções seções sindicais.
do Curso de Letras. sindicais do ANDES-SN são classificadas Os convênios, celebrados entre represen-
“É difícil estabelecer uma única na categoria “sindicatos”, e não tantes das diretorias das seções
prioridade, num universo tão “associações”, como chegaram a “É uma sindicais e o secretário de Recursos
grande de problemas e desafios, propor os representantes do MP. Humanos do MP, Duvanier Paiva
“Essa é uma vitória para nós vitória para Ferreira, têm vigência de 12
mas creio que uma boa meta a
ser considerada se refere à relação da universidade com
porque representa mais uma forma que se reconheça meses, a contar da data de
de reconhecimento da legiti- a legitimidade publicação do seu extrato no
os demais setores da sociedade. Espero que o próximo midade do ANDES-SN como Diário Oficial da União, podendo
reitor continue sendo receptivo a iniciativas que representante sindical dos docen- do ANDES” ser prorrogado, por meio de termo
mobilizem a comunidade e contribuam para a formação tes do ensino superior, apesar do (Solange Bretas, secretária- aditivo, caso seja de interesse de
registro sindical da entidade ter sido geral do ANDES-SN) ambas as partes.
de indivíduos capazes de produzir saber, em lugar de suspenso arbitrariamente, em 2003, Os descontos das mensalidades
simplesmente reproduzi-los, a despeito da política por medida administrativa do Ministério sindicais em folha só ocorrem com o
neoliberal que incentiva a disputa interna por do Trabalho e Emprego”, afirma a secretária- consentimento expresso do servidor público,
financiamentos cada vez mais escassos. Seria muito geral do ANDES-SN, Solange Bretas. que pode ser ativo, aposentado e pensionista do
Já foram restabelecidos os convênios com as Poder Executivo Federal que receba remuneração
bom que a UFSM fosse reconhecida pela formação
seções sindicais das universidades federais do ou provento pelo Sistema Integrado de
crítica de seus alunos, pela qualificação docente e pela Espírito Santo (ADUFES-S. SIND), do Maranhão Administração de Recursos Humanos - SIAPE e
excelência dos serviços prestados à sociedade. Acredito (APRUMA – S.Sind.), de Campina Grande que esteja filiado à seção sindical em questão.
que estamos caminhando para isso.” (ADUFCG- S.Sind.), de Santa Maria (SEDUFSM- (Fonte: ANDES-SN)
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 07

Governo quer alterar carreira docente


A Secretaria de Recursos Humanos – SRH, do dados à questão das tabelas remuneratórias, objeto da Mateus de Souza Antonello, 22
Ministério do Planejamento apresentou a diretores do MP 431 e da Lei 11.784/98 dela decorrente. Segundo anos, aluno do curso de
ANDES-SN, na quarta, 13 de maio, uma proposta Duvanier, o Ministério entende que a formatação das Farmácia.
preliminar de reestruturação da carreira dos docentes propostas se faz urgente em razão do Acórdão
das universidades federais. Essa proposta teria sido 2731/2008 do Tribunal de Contas da União – TCU. O
“O novo reitor tem que colocar
elaborada em conjunto com a Advocacia Geral da acórdão determina, em especial aos ministérios da rédeas no processo de corrupção
União, Controladoria Geral da União e os ministérios Educação e de Ciência e Tecnologia, providências dentro da instituição. O reitor
de Ciência e Tecnologia e da Educação e já teria sido para reduzir as irregularidades e ilegalidades dos precisa ter maior controle sobre
apresentada à Associação Nacional dos Dirigentes de vínculos hoje existentes entre as instituições federais
Instituições Federais de Ensino Superior . Da reunião, de ensino superior – IFES e as fundações privadas o dinheiro que entra e sai dos
participaram os professores Ciro Correia, Solange “ditas” de apoio. Para Duvanier, as modificações nas departamentos, pois o que se vê
Bretas e José Vitório Zago, respectivamente carreiras das universidades federais seria uma maneira nos departamentos, é que falta
presidente, secretária-geral e 1º tesoureiro do ANDES- de cumprir o que estabelece o acórdão.
dinheiro para comprar certos materiais que são
SN. Nesse mesmo dia, em horários diferentes, a SRH O secretário afirmou que embora a SRH entenda que
recebeu o Sindicato Nacional dos Servidores Federais as tratativas sobre carreira deveriam restringir-se às necessários. Então, se por um lado falta recurso, por
da Educação Básica e Profissional – SINASEFE e o entidades que assinaram o acordo que resultou na MP outro, alguns são desviados. Por isso, a prioridade seria
Fórum de Professores das IFES – Proifes, para quem 431, em 2008, a metodologia de trabalho estava sendo evitar que haja desvios e que não falte verba para os
apresentou a proposta. alterada com a convocação do ANDES-SN. Após essa
O titular da Secretaria de Recursos Humanos, afirmação, Duvanier deixou a reunião por causa de
laboratórios, por exemplo.”
Duvanier Paiva Ferreira, abriu o encontro fazendo uma viagem previamente agendada. Antes da saída do
referência à preocupação de acelerar a formatação das secretário, Ciro Correia afirmou julgar positiva essa
propostas da Secretaria no que concerne aos elementos compreensão do Ministério quanto a discutir a Edinho Kunzler, 28 anos,
balizadores da carreira após os encaminhamentos proposta com todas as entidades.
aluno do curso de Mestrado em
Geografia.
Um resumo da proposta “O reitor tem que dar um caráter
social à universidade. A
Estruturação de remuneração com pagamento por Estruturação de remuneração por projeto para
instituição deve se pautar por
projeto para Docentes que estejam trabalhando Docentes e Técnicos que estejam trabalhando com
com projetos de pesquisa e extensão: projetos de pesquisa, extensão e consultoria: valores diferentes daqueles
- Mudança no conceito de “Dedicação Exclusiva” - Pagamento via SIAPE com receita própria de projetos, difundidos pelo mercado. Se a
- Criação de “Gratificação de Dedicação Exclusiva” consultorias, etc universidade pública se pautar
- Extinção da GEMAS, com incorporação ao - Deixa de receber a Gratificação de Dedicação por valores de mercado, teremos
Vencimento Básico Exclusiva ao receber remuneração por projetos com
- Regime de opção pela Gratificação de Dedicação receita própria. meio caminho andado para a completa decadência, não
Exclusiva semestral. Não optantes passam a ser - Estrutura de cálculo previdenciário mantendo somente do sistema de ensino como também da própria
Docentes em Regime Integral de 40 horas compatibilidade com remuneração de Professor em DE; sociedade. Atualmente, o que existe é um tratamento
- Equalização do valor final da remuneração dos - Cálculo de IRPF sobre o montante total pago pelo diferenciado dentro da UFSM. A própria estrutura
doutores, mestres e especialistas com a carreira de SIAPE
Ciência e Tecnologia - Corte de valores no Teto Constitucional (R$ 24,5 mil). física em cursos que têm maior retorno, maior
visibilidade, como as Engenharias, as Rurais, é mais
Criação de núcleos de apoio à pesquisa, extensão e consultoria favorável. Já em outros que possuem menor
- Criação de estrutura de gerenciamento de projetos de pesquisa e
visibilidade, como o de Geografia, os das licenciaturas,
extensão, nos moldes das Fundações de Apoio na estrutura das IFES;
- Criação do cargo de Gestor de Projetos a gente percebe nitidamente a diferença no
aparelhamento.”

ANDES rechaça as proposições


Após a apresentação, os diretores do ANDES-SN expressaram com clareza seus desacordos e preocupações
com o que estaria sendo gestado. Ciro Correia afirmou que a proposta parece ir justamente no sentido contrário
das preocupações do TCU de corrigir os problemas apontados no seu levantamento e as determinações do ELES DI SSERAM
Acórdão 2731/2008. “O que precisa ser preservado e valorizado é justamente o conceito atual de Dedicação
Exclusiva – DE, enquanto regime prioritário de trabalho nas universidades públicas, ao contrário de reduzi-lo à “Se lutar pela educação é ter esclerose, nós temos
condição precarizante de mais uma mera gratificação, como se não bastassem as já existentes!”, disse Ciro. Ele esclerose múltipla. Além de sermos sindicalizados,
continuou: “na verdade, transformar a DE numa complementação paga como gratificação semestral apenas irá
incentivar os professores a se submeterem aos projetos hoje administrados e do interesse de fundações privadas somos professores e temos o maior respeito por essa
na busca por superar o valor desta gratificação”. doença”. (Bruno Pippi, coordenador do CPERS em Santa Maria, em A
O presidente do ANDES-SN ainda destacou, entre outros problemas, que os supostos itens que visam garantir a Razão de 19.05.2009, respondendo à secretária estadual de Educação,
transparência dos contratos firmados pela universidade – como realizar pagamentos pelo sistema SIAPE, que acusara o sindicato, no dia anterior, de estar esclerosado).
determinar teto para as complementações e recolher Imposto de Renda sobre os montantes pagos – se têm alguma
relação com aumento do controle, escamoteiam a questão central da coerência dos objetos dos projetos com os “A simples articulação da ideia do terceiro mandato,
propósitos da universidade, que não devem e nem podem se confundir com os de prestação de serviços que não
ainda que envolva apenas parlamentares do baixo
tenham qualquer caráter acadêmico.
Para Ciro, a lógica que permeia a proposta “é enviesada em relação às determinações do TCU e perversa no clero, tem caráter golpista.” (Roberto Freire, presidente nacional
sentido de fazer aumentar os problemas hoje já existentes nas carreiras das universidades quanto à precarização e do PPS, na Zero Hora de 19.05.2009, sobre especulações de um terceiro
inseguranças remuneratórias e previdenciárias”. Como se isso não bastasse, avalia o presidente do Sindicato mandato para o presidente Lula).
Nacional, causa perplexidade que nenhum tópico sequer toque na questão central dos problemas levantados pelo
TCU: o fato absolutamente irregular de dirigentes das IFES ocuparem simultaneamente cargos de direção nas “À medida em que se abre a questão da ditadura, em que
administrações das fundações privadas “ditas” de apoio, com as quais estabelecem contratos. se discute mais e em que o governo abre seus arquivos,
O Acórdão 2731/2008 dá um prazo de 180 dias para que os ministérios cumpram suas determinações (até o final
deste mês). O representante do MEC, presente na reunião, esclareceu que a proposta não se confunde com as as famílias passam a se manifestar, a procurar as
sugestões normativas que o Ministério deve apresentar neste prazo. Ele entregou ao presidente do ANDES-SN, reparações. Por isso, o número conhecido de vítimas
por solicitação da Secretária Maria Paula Dallari Bucci, da Secretaria de Ensino Superior – SESU/MEC, uma cresceu”. (Criméia Almeida, ex-guerrilheira, membro da Comissão de
minuta da portaria que está sendo elaborada a esse propósito. A secretária-geral do ANDES-SN avalia que a
Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Folha de São Paulo,
alteração no regime de dedicação exclusiva já estava sendo construída mesmo antes do Acórdão do TCU, pois a
18.05.2009)
Lei nº. 11.784/08 revogou o Art. 17 da Lei nº. 8460/1992, que definia o percentual de dedicação exclusiva. A
Secretaria do Sindicato já enviou a proposta apresentada pela SRH para os grupos de trabalho da entidade.
08 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

COM A PALAV RA

JORGE FREIRE
O que falta
Fotos: ANA PAULA NOGUEIRA

aos Hospitais
Universitários é
FINANCIAMENTO
O médico e diretor do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Jorge
Freire, continua defendendo que essas instituições permaneçam públicas e
financiadas pelo Estado. Ele é crítico do projeto encaminhado pelo governo
federal ao Congresso Nacional que transforma os hospitais universitários em
fundações públicas de direito privado. Para Jorge Freire, que é formado em
Medicina pela UFSM em 1982, só existe uma saída para a questão da
superlotação dos hospitais públicos, e especificamente do próprio HUSM: mais
financiamento por parte dos governos. E é a bandeira do financiamento que ele
tem levantado nas diversas reuniões das quais participa, seja em âmbito federal,
estadual ou municipal. Acompanhe a seguir a entrevista de Freire, que antes de
ser eleito para a direção geral do Hospital Universitário, em 2006, atuava como
cardiologista na CTI para Adultos.

PERGU N TAS &RESPOSTAS


Pergunta- Em entrevista recente à gente fez uma estatística há pouco para o HUSM), a política era de centralização do que foram os que ficaram. De que forma
imprensa santa-mariense, o sr. falou que a REUF (Reestruturação dos Hospitais atendimento, com os pacientes de outros funciona? Por exemplo, nesses locais não
superlotação do Hospital Universitário Universitários da Federação). Através municípios, tanto de baixa, como de havia traumatologista. Então, a gente leva o
estava ocorrendo em todos os setores. Eu disso, está sendo feito um mapeamento média e alta complexidade vindo para cá. traumatologista, que faz a cirurgia, mas na
lhe pergunto se isso tem sido fato comum dos hospitais, que pega desde a questão da E a gente sobrevive somente com cidade existe um médico responsável pelo
ou é algo mais recente? capacidade, o número de funcionários e financiamento. Na média e baixa pós-operatório. Os valores pagos, tudo o
Resposta- A nossa rotina tem sido a professores, a capacidade instalada de complexidade, é um pacote fechado com mais, foi pactuado com o governo estadual
superlotação. Para entender porque isso cada hospital. E nessa estatística que nós a secretaria estadual de Saúde, o que a e funcionou maravilhosamente bem. No
acontece é preciso dizer que o Hospital fizemos mostra que existem lugares que gente chama de “contratualização”. Os ano passado, foram mais de 2 mil cirurgias
Universitário é referência para a 4ª estão com 126% de ocupação, ou seja, um técnicos do governo do estado fazem as nessa rede. Teve doenças como de vesícula,
Coordenadoria Regional de Saúde, que tem percentual acima da lotação, o que metas e a gente tem que cumprir, o que hérnia, varizes, que zeraram a fila. Foi uma
34 municípios, abrangendo mais ou menos significa que tem gente no corredor. E tem corresponde a R$ 1,6 milhão. Não coisa boa, mas que, ao mesmo tempo, gerou
500 mil habitantes. Somos a única somente um serviço que deu 70% da importa o quanto eu atenda, o valor é uma mudança de perfil do paciente do
referência para a média complexidade e capacidade, que é o da ginecologia, o que fechado. E na alta complexidade, o ganho HUSM. Só tem pacientes mais graves
para a alta complexidade, que é a forma é um número aceitável, porque não tem é pela produção, o que na prática é bem agora, que não podem estar nos outros
como o Sistema Único de Saúde (SUS) faz muitos pacientes mesmo. A conclusão é melhor. Mas, o fato é que a gente está lugares e que vêm para cá, e ficam um
a divisão, ou seja, em três níveis: baixa de que o Hospital realmente está fazendo, no caso da baixa e da média, tempo de permanência bem maior. E tem
(coisas mais simples, como atendimento superlotado em todos os setores. O que sempre muito a mais do que o pacientes de CTI em todo o hospital. Só tem
ambulatorial, que é responsabilidade do contribui ainda mais para essa contratualizado. Então, quando a gente 10 leitos de CTI, mas como eles têm que
município); a média complexidade, que é superlotação é que na alta complexidade, chegou em 2006, pensamos que ficar aqui, têm pacientes com ventilação
responsabilidade do estado e, a alta nós somos referência para a 10ª deveríamos fortalecer os hospitais da mecânica no PA (Pronto Atendimento), no
complexidade (cirurgias como a de Coordenadoria de Saúde e também para a região que queriam fazer uma rede quarto andar, quinto andar... mas, isso é a
transplantes, por exemplo), que é de 8ª Coordenadoria. Isso eleva nosso integrada dos hospitais com o HUSM. nossa referência, nosso papel, no caso de
responsabilidade federal. E nós somos público para 1,5 milhão de pessoas e, com Assim, montamos essa rede, que no início hospital assistencial, não esquecendo do
referência para a Coordenadoria Regional esses 300 leitos, fica quase que eram 11 hospitais, depois passaram para papel de ensino, que para nós é o mais
para a média e alta complexidade. Mas, a impossível trabalhar com essa lógica. E sete e agora são cinco. E esses hospitais importante.
verdade é que a gente também faz a baixa. sempre vai ter superlotação. Se a gente são para fazer a baixa e a média
Então, nós somos referência para essas 500 colocar mais 100 leitos, vai lotar igual. complexidade, para termos espaço para P- E o Hospital Regional, assim como ele
mil pessoas da região, para tudo, e temos Então, não adianta centralizar aqui, teria fazer a alta. Dessa forma, se a gente foi prometido, ajudaria a estancar essa
300 leitos. Dessa forma, tudo é superlotado. que abrir leitos em outros lugares. tirasse daqui a baixa e a média demanda de pacientes do SUS?
Por exemplo, no Centro de Tratamento complexidade, a gente teria espaço para R- Sem dúvida que ajudaria. Só que é uma
Intensivo (CTI) adulto, a gente tem 10 P- O fechamento de leitos em municípios fazer a alta. Nessa rede, que foi criada coisa muito a médio e longo prazo. Só para
leitos para 500 mil habitantes. Ou seja, está da região também colabora para a após reuniões e seminários, os mais que se tenha uma ideia, para abrir 300
sempre superlotado. Então, todos os nossos superlotação? efetivos são Faxinal do Soturno, leitos, é necessário ter entre 1.500 e 2.000
serviços estão sempre superlotados. A R- Quando assumimos (a direção do Santiago, São Sepé e São Pedro do Sul, funcionários. Quem é que vai arcar com
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 09

isso? É o município? função disso. Em 2007, esse recurso


interministerial era de R$ 50 milhões para
P- Mas não seria o governo estadual que cada pasta. Em 2008, esse valor, por parte
arcaria? do MEC para os hospitais universitários
R- Mas ele tem cacife para isso? Eu espero subiu para R$ 65 milhões e, recente-
que funcione, mas eu acho difícil de manter, mente, para R$ 140 milhões. Então, o que
construir é a parte mais fácil. Apenas um o MEC está chiando é que a pasta
exemplo: para manter os funcionários, nós aumentou os recursos e o Ministério da
arcamos com uma folha de pagamento que Saúde não aumentou nada.
custa R$ 45 milhões anualmente.
P- E sobre a questão do papel de hos-
P- E o HUSM tem quantos funcionários? pital-escola. Com toda essa sobrecarga
R- Tem mais de 1.300 funcionários efetivos de trabalho, será que o Hospital Univer-
e, além disso, mais 360 que são tercei- sitário consegue cumprir essa missão
rizados, que são cargos que não existem para a qual foi criado?
mais na federação, como cozinheiro, R- O nosso hospital é maravilhoso quanto
copeiro, vigilante, não tem mais servidor as suas possibilidades. Ele está de portas
público nesta área. E mais cerca de 120 abertas para todo e qualquer lugar ou para
contratados via FATEC (Fundação de toda e qualquer pessoa. Tem um nível
Apoio). muito alto de profissionais, professores
ou não. Porque a gente acaba exercendo
P- O que foi tratado numa audiência essa função de professor, pois está cada
recente envolvendo a direção do HUSM, a vez menor o número de professores no
reitoria da UFSM, o prefeito Cezar hospital.
Schirmer e o governo gaúcho?
R- Um dos problemas que nós temos é o de P- E por que essa redução?
financiamento. Nós conseguimos sobrevi- R- Aposentadorias, principalmente. Mas,
ver com o que nós produzimos. O SUS, também tem aquela história de que ‘eu
historicamente, cobre 60% do custo e os não tenho que produzir, tenho que dar
outros 40% têm que ser financiado de outra aula apenas’.
maneira. Mas, nós conseguimos sobreviver
com o SUS. Contudo, fica faltando o P- O sr. acha que está havendo uma R- O meu medo maior é com o ensino. Se do coração são as que mais matam. E não é
recurso para a parte de pessoal. Então, esses tu colocares que a meta é produção, fica
desvinculação entre o ensino em sala de simples de montar um serviço assim. E,
terceirizados, que são cerca de 360 e mais aula e a parte prática, que seria no complicado ensinar. Porque se tu obser- para estruturar esse serviço, nós tivemos
os 120 (da Fatec). São gastos mais de 500 hospital? vares, um profissional atende 10 pacien- que contratar 10 cardiologistas, e foi via
mil reais com os terceirizados e mais 300 e tes em uma hora. Mas, um aluno, vai
R- Eu acho que o que existe é uma falta de fundação, não tinha outra maneira.
poucos mil com os servidores contratados profissionais mesmo. Departamentos queatender dois doentes em uma hora.
via Fatec. Isso dá cerca de 800 mil reais em antes tinham 10 professores, hoje têm Portanto, qual a relação que nós vamos ter P- Não foi em relação a essas contratações
média por mês, de negativo, em se tratando dois, três. Ou seja, é pela diminuiçãoque estabelecer para conjugar ensino e de pessoal via fundação que houve um
de pessoal. Portanto, o que a gente queria numérica de docentes. E, como os produção? Fica prejudicada a questão do questionamento do Ministério Público?
negociar com o secretário estadual de médicos contratados pelo hospital têm ensino. Talvez para um hospital público R- Isso. Quando a gente chegou aqui (na
Saúde, Osmar Terra, era que houvesse um federal possa funcionar, mas para um
qualificação, são mestres, doutores, eles direção do hospital, em 2006), era tudo
aumento nessa “contratualização” do aten- acabam fazendo a parte que seria do hospital-escola, acredito que não. Claro, meio... complicado. Aí a gente fez um
dimento de baixa e média complexidade. professor. Então, não houve nenhuma sei que nosso regime tem amarras buro- dossiê, principalmente de pessoal, de como
Atualmente, o valor contratualizado é de descontinuidade na parte de cráticas. Mas, acho que pode ser estava sendo feito, e levamos ao Ministério
R$ 1,6 milhão, que poderia aumentar, por ensino. melhorado sem uma radi- Público, dizendo “olha, nós pegamos o
exemplo, para R$ 2,4 milhões. Se isso calização. E eu insisto que o hospital assim”. E, um dos procuradores se
ocorresse, ajudaria, pois ficaria zero a zero. P- Está tramitando na “Eu acho problema principal dos interessou por nós e fez um grande estudo
Isso que a gente está tentando, aumentar o
valor dessa contratualização, e por isso, a
Câmara Federal um pro-
jeto do governo que tem
que os Hospitais HUs é a questão do
financiamento.
da questão. E esse estudo resultou numa
ação cível pública contra o governo federal
importância do prefeito (Cezar) Schirmer, por objetivo transformar Universitários têm (MEC, Ministério da Saúde e Ministério do
pois o Hospital Universitário é funda- os Hospitais Universi- que ser 100% P- E esse projeto de Planejamento). E nós ganhamos cento e
mental para Santa Maria, tendo em vista tários em fundações pú- transformação dos poucas vagas porque havia banco de
que 60% dos pacientes do HUSM são do blicas de direito privado. SUS” Hospitais Universitários concursados.
nosso município. O movimento sindical em fundações não garante
ligado às universidades tem a questão do financiamento, P- Aí os ministérios foram obrigados a
P- Qual o orçamento total do HUSM? se manifestado contra essa apenas abre brechas legais para chamar os concursados?
R- Cerca de R$ 36 milhões vindos do SUS e proposta. Qual a sua avaliação sobre que se possa captar recursos, mas nem R- Sim, foram obrigados a nos dar a vaga.
mais a folha de pagamento que chega a R$ esse projeto? diz aonde captá-los, correto? Mas, isso não era suficiente, pois em
45 milhões, que é o MEC que paga. R- Sinceramente, se não tiver finan- R- Exatamente. E eu ainda acho que os algumas carreiras, como a de médico, não
ciamento, não interessa o modo de hospitais universitários federais têm que havia banco de concursados. Tinha que
P- Mas esses R$ 36 milhões não é para funcionamento. O mais importante é o ser 100% SUS, têm que ser gratuitos e abrir concurso, mas não podia abrir, porque
pagar pessoal? financiamento. E eu não tenho claro se financiados pelo Estado. era ilegal. Tem que ter vaga do MEC. A
R- Não, mas nós estamos pagando. Não era essa transformação vai melhorar em partir disso, nós fizemos um TAC (Termo
para ser, mas está sendo. Esse recurso, na alguma coisa. Para o ensino público, não P- E o sr. não acha que esses escândalos de Ajustamento de Conduta) com o
verdade, provém da nossa produção em é a solução. envolvendo as fundações de apoio Ministério Público e a juíza, emergen-
relação aos atendimentos pelo SUS. enfraquecem também essa tese de cialmente, para esses serviços que não
P- Uma das argumentações para o transformar os HUs em fundações? podem parar. Além da cardiologia, tem
P- Então, esse recurso é do Ministério da projeto é de que ser uma fundação aju- R- Sinceramente, eu acho que a nossa profissionais contratados por esse sistema
Saúde? daria a retirar algumas amarras buro- fundação (Fatec) tem ajudado enor- também no Pronto Atendimento, no setor
R- Sim, do Ministério da Saúde. cráticas, possibilitando que os hospitais memente, em função das próprias falhas de Onco-hemato, etc. Então, nós assinamos
possam fazer convênios, etc.. Mas, ao da nossa legislação. Na questão de esse TAC, que venceu agora em maio e foi
P- E o MEC também tem recursos desti- conceder essa liberalização não poderia pessoal, por exemplo, se não fosse a renovado. Essa renovação do TAC vale por
nados, além daqueles para cobrir a folha estar por trás também uma espécie de fundação, como é que a gente iria fazer? mais um ano, ou seja, até maio de 2010. E, o
de pessoal? privatização desses serviços? Um Teríamos que fechar leitos. Um outro que se espera é que, a partir de 2010,
R- Tem recursos do MEC, que eles chamam exemplo: seria possível a partir desse exemplo é, quando nós assumimos a conforme acordo entre os Ministérios da
de interministerial. Inclusive, estão projeto trazer um hospital privado para direção, não havia atendimento cardioló- Saúde e da Educação, essas pendências
reclamando do Ministério da Saúde em fazer parceria com o HUSM. gico, sendo que hoje em dia, as doenças estejam resolvidas.
10 MAIO/2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

EX T RA-CLASSE

Exibição de “Vlado” proporciona


debate sobre métodos da ditadura
Suicídio ou assassinato? Durante mui- substituíram os convidados Celso
Fotos: ANA PAULA NOGUEIRA

tos anos, os governos militares procura- Schröder e Ricardo Jobim. Diorge Kon-
ram disseminar a idéia de que o jornalista rad destacou alguns pontos levantados
Vladimir Herzog, o Vlado, havia se pelo documentário e que merecem
suicidado na prisão do Departamento de reflexão. Um dos mais relevantes se
Operações e Informações (DOI-CODI), refere à tortura empregada contra os
órgão temido e vinculado ao II Exército, opositores ao regime ditatorial
em São Paulo. O Cultura na SEDUFSM brasileiro. Segundo o professor de
do dia 11 de maio, que exibiu o História, o método de torturar não foi
documentário Vlado, 30 anos depois, usado apenas pelos militares, mas
serviu como ponto de partida para um instituído desde a época do Brasil
debate sobre os métodos utilizados colônia. “A tortura é quase uma cultura
durante a ditadura militar que comandou em nosso país”, afirmou.
o Brasil de 1964 a 1985. O filme, que foi Um outro aspecto tocado pelo filme,
assistido por uma plateia de 60 pessoas, segundo Diorge, se refere à censura aos
narra a trajetória de vida e morte de meios de comunicação. Para o profes-
Herzog. Na obra cinematográfica, sor, “a censura é algo historicamente
depoimentos de colegas de trabalho colocado, desde que nasce a imprensa
consolidam o que realmente se passou à no país, não foi apenas no regime
época da prisão, em 1975: Vlado foi militar”. Ele acrescenta ainda que,
brutalmente espancado, recebeu choques mesmo após finda a ditadura, nos dias Cerca de 60 pessoas prestigiaram exibição do filme e o debate
elétricos e acabou assassinado. atuais ainda se observa a autocensura, outro mais brando, Diorge Konrad uma revisão da lei da Anistia. Para o
Debateram após o filme, o professor de que seria promovida pela direção das observa como um dos méritos da professor da UFSM, não se pode tratar de
História da UFSM, Diorge Alceno Kon- empresas de comunicação em função película o fato de abordar aspectos que forma igualitária aqueles que torturaram
rad, o professor do curso de Jornalismo de interesses políticos e comerciais. reforçam a necessidade de abertura dos usando o aparato estatal, e aqueles que,
da UFSM, Rondon de Castro, e o Mesmo discordando de uma das teses arquivos referentes ao período. Na não tendo outra opção, decidiram lutar
advogado e professor aposentado, Walter levantadas pelo filme, de que haveria condição de pesquisador sobre o tema, contra um regime que promovia
Jobim Neto. Rondon e Walter Jobim um setor mais duro na ditadura militar e Diorge é defensor da necessidade de “terrorismo de estado”.

O medo e a tortura “sistematizada” Vladimir Herzog


Na avaliação do professor do curso de ideológicas. Para ele, tem sido praxe na
Jornalismo da UFSM, Rondon de Castro, história da humanidade que, o ser humano, Como o próprio cineasta João Batista de Andrade dei-
o documentário sobre a vida e morte de ao exercer o poder, sempre acaba usando a xa claro na introdução de Vlado – 30 Anos Depois, é
Vladimir Herzog, remete à sua infância, força sobre seus opositores. Exemplificou um filme extremamente pessoal. O documentário con-
em São Paulo (década de 1970). “O medo com fatos como no tempo do Império ta a trajetória do jornalista Vladimir Herzog, de quem o
era constante de quem morava em bairros Romano, em que aqueles que contestavam diretor foi muito ami-
operários, com os cartazes de 'procurados' eram pregados na cruz, que depois se go e colega de traba-
Jobim Neto: tortura pregado aos postes”, afirma Rondon. Ele transformou em simbologia dos cristãos. lho. Conforme João
vem desde os tempos reforça a tese do documentário de que o Citou ainda a Igreja Católica que, durante Batista diz, essa é uma
da Igreja dívida, 'um filme que
uso da tortura era “sistematizado” e que o a chamada “Santa Inquisição”, notabili-
objetivo era “quebrar” a nação. Para o jor- zou a tortura como instrumento válido deveria ter feito há
nalista, Vlado foi preso e morto porque era para combater os hereges, e, que, inclusi- muito tempo'. Longe
um intelectual, que fazia opinião, e por ve, era considerada como elemento válido de ser panfletário, o
isso era importante para o regime calá-lo. para reunir provas em processos judiciais. cineasta faz um regis- Filme narra vida e morte de Vlado
Rondon manifesta preocupação com o Em relação a temas como o da anistia tro emocionado de um
fato de que os métodos fascistas utilizados concedida no Brasil, em 1979, o advogado homem que representou muito não só para a imprensa
pelas ditaduras, seja no Brasil e em outros destacou que ela foi bilateral, ou seja, con- brasileira (foi diretor de jornalismo de TV Cultura, edi-
países, continuam vivos e sendo referenci- cedida para ambos os lados – para aqueles tor de cultura da revista Visão, entre outros trabalhos),
ados por grupos de extrema-direita. Por que contestaram o regime militar, inclusi- como também para acabar com a ditadura militar no
outro lado, argumenta o professor, é preo- ve pegando em armas, e aqueles que pren- Brasil.
Rondon: torturar
opositores era para cupante que os jovens dos dias de hoje, os deram, torturaram e mataram os oposito- Embora existam algumas imagens de arquivo ilus-
"quebrar" a nação estudantes de Jornalismo, não se posicio- res. No caso de uma revisão da lei da anis- trando à época e os acontecimentos, Vlado – 30 Anos
nem sobre temas políticos. Segundo ele, a tia, segundo Walter Jobim neto, ela teria Depois encontra a sua força no depoimento de diversas
profissão de jornalista está envolta na buro- que ser revisada tanto para os militares personalidades que foram amigas do jornalista, além
cratização das redações. “Antigamente, quanto para aqueles que atuaram politica- de sua viúva Clarice Herzog. São sempre depoimentos
você não encontrava jornalista sem posi- mente contra o regime. Para Jobim, que emocionados de pessoas que sentiram na pele os horro-
ção política. Hoje em dia, muitos se orgu- atuou durante 32 anos como defensor res de lutar por um país livre da ditadura. Momentos de
lham de dizer que não se envolvem com público na Justiça Militar, os regimes de tensão e dor vêm à tona com depoimentos de jornalistas
política”, enfatizou Rondon de Castro. exceção, sejam ideologicamente de direita como Paulo Markun, Alberto Dines, Mino Carta,
SER HUMANO- O advogado e ex- ou de esquerda, nunca gostaram da demo- Fernando Morais e Sérgio Gomes. Todos se lembram
professor da UFSM, Walter Jobim Neto, cracia. E, sobre a relação da imprensa e o dos horrores da repressão vigente depois do AI-5. O
destacou em sua exposição que prefere poder, ele diz que, historicamente, se documentário, que possui 86 min de duração, foi pro-
Diorge: método da olhar as coisas com a “visão da realidade”, demonstra que os meios de comunicação duzido no ano de 2005. (Fonte: http://www.cineweb.
tortura é quase uma ou seja, sem se deixar levar por posições gostam é dos “poderosos”. com.br/index_filme.php?id_filme=1567)
"cultura" no Brasil
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES MAIO/2009 11

EX T RA-CLASSE

“Reflexões docentes” na Feira do Livro


Fotos: FRITZ NUNES
cada ano, aproveitando a passagem
do aniversário da cidade, que em 2009
completou 151 anos no dia 17.
A SEDUFSM promoveu uma
sessão de autógrafos na Feira do
Livro, momento em que cerca de 60
exemplares da obra “Reflexões
Docentes”, volume III, foram
autografadas pelos autores de artigos
publicados. O livro tem se tornado
uma tradicional publicação da seção
sindical desde o ano de 2004. A obra
reúne os artigos publicados nos
jornais de Santa Maria a cada dois
anos. No caso do volume III, a
publicação corresponde ao período de
junho de 2006 a junho de 2008. Os
livros autografados tiveram Fabiane Costas entrega exemplar
distribuição gratuita. distribuido gratuitamente
Cerca de 60 livros autografados na praça, durante a Feira do Livro

Em meio a vários lançamentos de mento de uma das atividades culturais


livro, a Seção Sindical dos Docentes da mais importantes de Santa Maria, que
UFSM (SEDUFSM), no dia 6 de maio, é a Feira do Livro. O evento ocorre
também contribuiu para o fortaleci- tradicionalmente no mês de maio de

Um resumo da obra
A publicação de “Reflexões docentes”, que teve seu início em 2004, está
em sua terceira edição. Ela é feita a cada dois anos e distribuída sem custos
aos associados. Para aqueles que ainda não possuem exemplar do livro,
resumimos aqui um pouco do que é contido nela. O volume III de “Reflexões
Docentes” traz um conjunto de artigos que abrange o período 2006-2008.
No livro, uma variedade de ideias e pensamentos em cada um dos artigos,
porém, todos compõem o todo de momentos vivenciados na conjuntura
sindical. Se houvesse condições de se fazer uma síntese das ideias principais
que nortearam o período e, consequentemente, o livro, se diria que foi um Luiz Carlos da Rosa autografa ...assim como a professora
tempo em que o sindicato consolidou projetos como o Cultura na a obra coletiva... Luciana Montemezzo
SEDUFSM.
Os momentos de turbulência na universidade, no país e no estado, também REINALDO PEDROSO
se refletiram nos artigos que os professores e colaboradores do sindicato
publicaram nas páginas de opinião dos jornais locais. Que todos aqueles que -No mínimo, que não seja tímido,
gostam de uma boa leitura, aguardem para 2010 a reunião dos artigos acromático, opaco, tépido, burocrático...
publicados entre junho de 2008 e junho de 2010 no “Reflexões docentes”,
volume 4. A memória do sindicato agradece.

Pedagogia
Um dos 38 autores que tem artigos publicados no “Reflexões docentes”,
volume III, é o professor do departamento de Fundamentos da Educação da
UFSM, Luiz Carlos Nascimento da Rosa. Dentre os artigos relacionados no
livro: “A pedagogia da política”, “Coisas de gênero”, entre outros. Quem também
compareceu à sessão de autógrafos na praça Saldanha Marinho foi a professora
do departamento de Letras Estrangeiras e Modernas da UFSM, Luciana Ferrari
Montemezzo. Ela assinou o artigo “Federico García Lorca, 70 anos depois”.
Estiveram ainda no momento de autógrafos os diretores da SEDUFSM que
possuíam artigos na publicação: Fabiane Costas, Julio Quevedo, Maristela Souza
e Rondon de Castro, e mesmo quem não tinha artigo, mas prestigiou, como foi o
caso do professor Hugo Blois Filho. Também articulistas e ex-presidentes da
SEDUFSM, os professores Diorge Konrad e Carlos Pires.
12 MAIO DE 2009 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

ART I GO DI CA CU LT U RAL

LI V RO

O Arco-Íris (des)coberto
Autor:
Guilherme Rodrigues Passamani
Quem leu?
Julio Ricardo Quevedo dos Santos*
Editora: UFSM, 223 páginas

A comunidade e a Em meio aos eventos atribulados do


processo histórico contemporâneo em
andamento, o professor substituto da
UFSM, Guilherme Passamani nos opor-

escolha do Reitor
tuniza profundas reflexões sobre as
homossexualidades masculinas em
Porto Alegre e Buenos Aires, nas suas
relações com os movimentos sociais e
as identidades regionais, em “O Arco-
Íris (Des)Coberto”, da editora da
Santa Maria e, em especial, a sua universidade federal, participação dos alunos da UFSM da modalidade Ensino a UFSM. O título reflete a importância do
vive um período de excepcionalidade. Muitas discussões, Distância. A conseqüência é que estes temas tiveram que seu conteúdo, visto que vivemos
muitas articulações e muita expectativa em relação à nova ser discutidos em uma Comissão de Consulta, formada pela momentos decisivos de avanços nas
direção da instituição. A composição da lista tríplice que representação da Sedufsm, Assufsm e DCE, cuja função reivindicações pelos direitos sociais,
deve ser enviada ao Ministério da Educação para escolha seria apenas de executar as tarefas necessárias para humanos e civis, os quais estão no bojo
do novo reitor da universidade dar-se-á numa reunião do realização do processo de consulta. das lutas sociais dos movimentos
LGBT, os quais seduziram o autor – e
Colégio Eleitoral que é formado pelos três conselhos Entre as decisões tomadas pela Comissão de Consulta
nos seduzirão como agentes desta leitu-
superiores da Instituição: Conselho Universitário, uma é, no mínimo, discutível. Trata-se da abertura
ra – convicções que tão nobremente sou-
Conselho de Ensino e Pesquisa e Conselho de de uma urna na Reitoria da UFSM para que ali
Curadores. Este Colégio Eleitoral tem “Alunos possam votar todos os alunos da UFSM, da
be defendê-las perante uma banca no
Mestrado em Integração Latino-
composição que obedece a proporcionalidade do EAD têm modalidade ensino a distância (EAD) de todo Americana. No desenrolar dos fatos, a
de 70% de docentes e 30% para representantes Brasil. A representação da Sedufsm na
dos outros segmentos (15% de estudantes e direito de Comissão de Consulta defende que os alunos
dissertação foi transformada em livro,
garantindo visibilidade ao conteúdo e a
15% de servidores técnico-administrativos). participar da da UFSM das modalidades presencial ou EAD consagração – demonstrando que a obra
Em 2005, o então reitor, professor Paulo têm direito de participar do processo e a promete – deu os seus primeiros indíci-
Sarkis, propôs ao Conselho Universitário que
consulta” organização da consulta precisa oferecer os no expressivo público no dia do lan-
fosse feita uma consulta à comunidade da UFSM, condições para que esta participação aconteça. Foi çamento, o qual reconhece a seriedade
atribuindo aos votos dos segmentos os seguintes pesos: proposto um conjunto de alternativas, tais como: do tema abordado. A narrativa do livro é
30% para o voto dos docentes; 30% para o voto dos - Criar sistema de votação pela internet; usar sistemas já envolvente, instigadora, clara, objetiva
servidores; 30% para o voto dos alunos e os 10% restantes utilizados por outras instituições para votação em nível e sem mácula, desvelando os diversos
para o que foi chamado na época de representantes da nacional; usar votos de papel nos polos de EAD. Nenhuma “arco-íris” ainda encobertos. Assim,
comunidade (5% para professores aposentados e 5% para das alternativas foi aceita. A representação da Sedufsm Guilherme se transforma no porta-voz
servidores técnico-administrativos aposentados). Na registrou a discordância da entidade com o acadêmico destas pluralidades, destes
mesma proposta incluiu o convite para organização da encaminhamento desta questão porque a entidade defende silêncios que adquirem voz ao longo de
consulta às entidades representativas dos três segmentos da a ampla participação de todos no processo de escolha de suas 223 páginas. Creio que ao final o
universidade (Sedufsm, Assufsm e DCE). dirigentes e porque reconhecemos a fragilidade deste leitor ficará convencido que quem sabe
No atual processo de consulta estas definições não foram processo. Neste sentido, uma decisão que não contemple a faz a hora de lutar por dignidade, liber-
dade e igualdade, não esperando que
contempladas em discussão interna do Conselho participação de uma parte significativa de um dos
aconteçam os atos intempestivos de
Universitário. Também não houve discussão da segmentos pode inviabilizar todo o processo de consulta.
violência homofóbica, preconceitos e
discriminações. (*Professor de
Carlos Alberto da Fonseca Pires História da UFSM, diretor da
Prof. do departamento de Geociências da UFSM, ex-presidente da SEDUFSM SEDUFSM)

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