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Amazônia na mira

No dia do meio ambiente, especialistas colocam a pecuária na


Amazônia em destaque nas questões a serem abordadas na
Conferência de Copenhagen
(05/06/2009) Texto: Bruna Ferreira

Quase o tamanho do
Paraná. Em apenas três
meses, uma área de 197
quilômetros quadrados de
florestas foi devastada na
Amazônia. E esse
número pode ser maior,
pois, segundo o Inpe -
Instituto Nacional de
Amazônia: desmatamento da floresta será um Pesquisas Espaciais, no
dos pontos mais importantes nas discussões em período analisado
Copenhagen (fevereiro a abril de 2009)
as nuvens impediram uma
análise completa. Nunca a
necessidade de
preservação da floresta
amazônica se tornou tão urgente, tão discutida e tão possível.

No mês de dezembro, acontecerá uma das mais aguardadas reuniões sobre


meio ambiente em Copenhagen, na Dinamarca. Entre os dias 7 e 18, os
maiores líderes mundiais estarão reunidos na 15ª Conferência do Clima
para fechar o acordo que substituirá, em 2012, o Protocolo de Kyoto - o
grande compromisso ambiental firmado entre 84 países-membros, do qual
os americanos se retiraram em 2001.

O maior motivo para as renovadas expectativas diz respeito ao jovem


senador que virou presidente dos Estados Unidos. 'Desde a eleição de
Barack Obama, houve uma mudança qualitativa enorme, já que o ex-
presidente George Bush chegava a dizer que os relatórios sobre meio
ambiente eram invenção para prejudicá-los', diz Sérgio Leitão, diretor de
campanhas do Greenpeace Brasil. Os EUA são o segundo maior poluidor
do mundo (só perdem para a China) e vêm tomando a frente nos debates
internacionais. 'Deixou de ser observador para se tornar protagonista',
afirma o coordenador da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo
Assad.

No entanto, todos os países estão se mobilizando. O Brasil terá duas


grandes contribuições para a conferência. A primeira diz respeito ao
etanol, como um dos maiores programas de substituição da queima de
combustíveis fósseis. Mas o mais polêmico dos tópicos será realmente o
desmatamento da Amazônia.

Há uma grande pressão interna e externa para o país zerar a devastação


da floresta, e o principal agente do problema é a pecuária da região. A
cadeia de produção pecuária na Amazônia está historicamente ligada à
ilegalidade e à grilagem, ainda que com exceções, e a queima de floresta
viva para transformação em pasto será um dos temas mais combatidos em
Copenhagen.

Segundo Carlos Nobre, climatologista do Inpe, os maiores interessados


nas decisões sobre o
desmatamento são justamente os
pecuaristas, ou melhor: os
pecuaristas sérios. 'É preciso
aumentar a produtividade, e não a
área ocupada por pastagens. E o
setor deve ser o mais interessado
em diminuir o desmatamento e
intensificar a agropecuária'.
Etanol de cana-de-açúcar brasileiro é
A última campanha do
visto como grande alternativa para
Greenpeace, 'A Farra do Boi na
reduzir queima de combustíveis fósseis
Amazônia', divulgou
recentemente um relatório que
aponta que 80% dos
desmatamentos na floresta (que
corresponderiam a 14% das derrubadas de matas em nível mundial) são
resultantes da pecuária na região. A CNA - Confederação da Agricultura e
Pecuária e a Abiec - Associação das Indústrias Exportadoras de Carne
decidiram iniciar uma ofensiva contra a ONG.

Ainda que os dados possam ser revistos, ao que tudo indica o pecuarista
não precisa ser prejudicado. Para Assad, tudo é uma questão de políticas
públicas: 'o ministério da Agricultura está atento ao projeto de
desmatamento zero na pecuária. E o criador ou o agricultor não vai ficar
na mão, pois já existem ações do ponto de vista tecnológico, mostrando
que o criador não necessita de métodos depredatórios para ter
produtividade', diz o coordenador da Embrapa.

Em meio a tantas opiniões, uma coisa é unânime: todos esperam que


alguma coisa mude. No final do ano, serão colocadas em Copenhagen
todas as dúvidas daqueles que assistiram à seca no Sul do Brasil e viram o
Norte e o Nordeste debaixo d'água. Resolver a questão sairá caro? Carlos
Nobre salienta que os custos valerão a pena. Mas nos últimos meses,
parece que todos os brasileiros já tomaram consciência disso.

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