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Sobre aplausos da concorrência
odas as vezes que de embalagem no Brasil. estimulando nosso empe-
T revistas concor-
rentes chegam às
nossas mãos, temos motivo
Se nos deixássemos envol-
ver pelas fumaças da sober-
ba, poderíamos cair na ten-
nho para corresponder ao
manifesto sentimento de
que a revista é hoje a prin-
para comemorar a aprova- tação de afirmar ser esta a cipal referência editorial da
ção ao nosso trabalho e à revista líder do setor, por cadeia de embalagem no
nossa criatividade. Obser- ser cada vez mais imitada. Brasil. Ante tais manifesta-
Wilson Palhares vamos que ações de EMBA- Mas, como se diz nas ruas, ções, um ano atrás criamos
LAGEMMARCA são sistema- é melhor ficarmos na nossa, uma campanha institucio-
ticamente seguidas por ou- esforçando-nos para entre- nal em que, todos os meses,
Convence-nos tras publicações. Nosso gar aos leitores um veículo um anunciante ou um re-
muito obrigado por essa informativo e ético. Con- presentante de empresa
de que estamos
forma de aplauso, que, con- vence-nos de que estamos usuária de embalagem dá
fazendo um bom
fesso, não conseguiremos fazendo um bom trabalho o seu testemunho sobre a im-
trabalho o fato
retribuir. Elas são mais uma fato de ver iniciativas nos- portância e a utilidade da
de ver iniciativas evidência de que desde a sas sendo adotadas pela revista. Por enquanto, essa
nossas sendo primeira edição da revista concorrência. Haverá me- iniciativa foi copiada por
adotadas pela estávamos no caminho cer- lhor homologação? duas publicações. Mais
concorrência. to ao inovar sempre, aliás Leitores e anunciantes sem- uma vez, obrigado. Conti-
Haverá melhor refletindo uma das princi- pre elogiaram EMBALAGEM- nuaremos a inovar.
homologação? pais características do setor MARCA de modo enfático, Até março.
nº 66 • fevereiro 2005 Diretor de Redação
Wilson Palhares
palhares@embalagemmarca.com.br
6 22
Entrevista: Mercado Reportagem
Clotilde Perez Bemis Company bate o martelo Flávio Palhares
Semioticista fala sobre pela brasileira Dixie Toga flavio@embalagemmarca.com.br
como o estudo dos Guilherme Kamio
24
guma@embalagemmarca.com.br
signos pode ajudar nos Flexíveis Leandro Haberli Silva
processos de criação Filme de polietileno acetinado leandro@embalagemmarca.com.br
e gerenciamento de cresce nos mercados de Ricardo Santhiago
marcas e embalagens roupas, calçados e alimentos redacao@embalagemmarca.com.br
14 28
Reportagem de capa Making Of Diretor de Arte
Embora o embate entre Carlos Gustavo Curado
Veja, o multiuso da Reckitt
o PET e o aço tenha arte@embalagemmarca.com.br
Benckiser, investe para se dife-
diminuído, mercado de renciar por meio da embalagem Assistente de Arte
óleos comestíveis José Hiroshi Taniguti
continua sendo símbolo
da disputa por partici- Administração
pação entre diferentes Marcos Palhares (Diretor de Marketing)
materiais de embalagem Eunice Fruet (Diretora Financeira)
Departamento Comercial
34
comercial@embalagemmarca.com.br
Alimentos Karin Trojan
Caixas de pizza são usadas Wagner Ferreira
como mídia por empresários de
Circulação e Assinaturas
São Paulo
Marcella de Freitas Monteiro
assinaturas@embalagemmarca.com.br
Assinatura anual: R$ 90,00
20
Alumínio
Público-Alvo
Independente da Alcan, EMBALAGEMMARCA é dirigida a profissionais que
Novelis anuncia investi- ocupam cargos técnicos, de direção, gerência
36
mentos e ampliação e supervisão em empresas fornecedoras, con-
Materiais
vertedoras e usuárias de embalagens para ali-
Em diferentes lances, indústria mentos, bebidas, cosméticos, medicamentos,
vidreira mostra fôlego no materiais de limpeza e home service, bem
mercado de embalagens como prestadores de serviços relacionados
com a cadeia de embalagem.
40 Processos
Vidraria Wheaton inaugura
sua própria sala limpa
Filiada ao
A capa desta edição foi impressa em Papelcartão Art Premium Novo 250g/m2,
da Ripasa, termolaminada com filme Prolam® aplicado pela Lamimax.
Esta revista foi impressa em Papelcartão
Art Premium Novo 250g/m2 (capa) e papel
Image Mate 90g/m2 (miolo), fabricados pela
Ripasa S/A Celulose e Papel, em
3 Editorial harmonia com o meio ambiente.
A essência da edição do mês, nas palavras do editor Impressão: Congraf Tel.: (11) 5563-3466
Laminação: Lamimax Tel.: (11) 3644-4128
36 Rotulagem Filme da laminação: Prolam Tel.: (11) 3611-3400
Materiais, equipamentos e processos de decoração, identificação e rastreabilidade
EMBALAGEMMARCA é uma publicação
32 Internacional mensal da Bloco de Comunicação Ltda.
Rua Arcílio Martins, 53 • Chácara Santo
Destaques e idéias de mercados estrangeiros Antonio - CEP 04718-040 • São Paulo, SP
FOTO DE CAPA: STUDIO AG – ANDRÉ GODOY
46 Panorama
Movimentação na indústria de embalagens e seus lançamentos www.embalagemmarca.com.br
48 Display
O conteúdo editorial de EMBALAGEMMARCA é
resguardado por direitos autorais. Não é permi-
Lançamentos e novidades – e seus sistemas de embalagens tida a reprodução de matérias editoriais publi-
cadas nesta revista sem autorização da Bloco
50 Almanaque de Comunicação Ltda. Opiniões expressas em
matérias assinadas não refletem necessaria-
Fatos e curiosidades do mundo das marcas e das embalagens mente a opinião da revista.
entrevista >>> Clotilde Perez
liando o que foi feito, e isso pode gerar animosidade. De- por isso, deve incorporar as tendências das épocas. Como
pende muito da agência: se as vaidades são predominan- harmonizar mudança e permanência?
tes, ela é vista com maus olhos; se é um pessoal com ca- Os grandes exemplos de sucesso são marcas que conse-
beça aberta, que produz em cima do que conhece, a semió- guiram incorporar sem perder identidade. Em muitos mo-
tica entra como um parceiro que pode ajudar. mentos, o McDonald´s faz isso: sustenta a identidade de
marca e incorpora valores não só de épocas, mas de loca-
O uso da semiótica pode ser expandido? lidades, como fez na Índia, na União Soviética, na França,
Sim, mas existe uma restrição: para não entrar em choque com
pessoal. Não existe faculdade de eles. O que chamo de “entropia” é
semiótica. A qualificação acadêmi- “Tudo comunica: a cor, justamente o contrário: quando a
ca nessa ciência resulta de um es- marca não consegue ter essa aber-
tudo pós-graduado e em Stricto a foto, a sonoridade. tura, essa visão sistêmica para in-
Sensu. Outra questão, ainda mais corporar questões de seu tempo e
grave, é que poucas pessoas que- seu espaço para manter a longevi-
rem trabalhar com empresas. Exis-
A semiótica ajuda a deter- dade, e sem perder a identidade.
tem pessoas extremamente acadê- Imagine se o McDonald´s tivesse,
micas que acham que ganhar di- minar a potência comuni- a cada hora, um tom de amarelo,
nheiro com conhecimento é um um M escrito de um jeito, um Ro-
tipo de prostituição. Dizem que o cativa que as marcas têm e nald diferente. Alguns índices de-
objeto de pesquisa jamais vai ser vem ser preservados, mas têm de
alguma coisa de mercado. Então, a entender se a comunica- se modernizar. De vez em quando,
tem essa restrição das pessoas da vêem-se empresas que moderni-
área acadêmica: quem tem forma- zam o tipo de letra, mas sem ruptu-
ção em semiótica nem sempre está
ção está adequada aos ra. A entropia é justamente o con-
disposto a isso. trário. É não fazer nada. A marca
objetivos pretendidos. entra em desgaste, e a alternativa é
Como a semiótica atua na questão entrar com atualização, informa-
das marcas? Ela decompõe para ção, pesquisa. É preciso estar o
A semiótica avalia e decompõe tempo todo entendendo o merca-
uma marca, consolidada ou não, entender e readequar” do, o comportamento dos consu-
para entender como ela produz midores e da sociedade para incor-
sentido e se o sentido que está pro- porar e garantir longevidade.
duzindo é o que a organização quer. Às vezes há dissonân-
cia, campanhas que produzem sentidos diferentes do que Por favor, dê um exemplo de como a comunicação se dá
se queria. Isso acontece porque tudo comunica: a cor, a através da embalagem?
foto, a sonoridade. A semiótica ajuda e determinar a po- Quando o chocolate Milka foi lançado, tinha preço baixo
tência comunicativa que as marcas têm e a entender se a e uma embalagem muito sofisticada do ponto de vista
comunicação está adequada aos objetivos pretendidos. Ela imagético: uma vaca holandesa, os Alpes suíços. Isso não
decompõe para entender e readequar. era condizente com o tipo de produto nem com o preço. O
preço era baixo, o chocolate era simples e a embalagem,
Essa ciência contempla, além de análises, estratégias muito sofisticada. Não vendia para a classe mais baixa,
para gerar sentidos? que pela embalagem achava que era um chocolate caro, e
Sim. Quando crio um determinado produto a partir de um nem para a classe AB, por ter um conteúdo que não era
briefing, posso pensar nos signos que vão comunicar o adequado. O que foi feito? A embalagem foi simplificada
que quero: as cores e formas que devo usar, como devo fa- para ser condizente com o tipo de público que os fabrican-
zer minhas campanhas – para que tudo, de maneira inte- tes queriam: a vaca é muito mais simples, os Alpes não
grada, comunique efetivamente. Ela me ajuda desse outro são tão altos, o balde é outro.
lado, me dá os subsídios de que signos – tanto os verbais
quanto os não-verbais – vão comunicar o que quero. No caso de uma marca, como pode ser feita esta afina-
ção?
A senhora afirma em seu livro que a marca é um sistema O caso Kolynos/Sorriso é um excelente exemplo. Num
que sofre desgaste (entropia é o termo utilizado) e que, primeiro momento, a Colgate foi forçada a abrir mão da
marca Kolynos, por exigência do Cade. Com todo o in- signo na embalagem. A manuseabilidade é fundamental
vestimento publicitário feito na marca Sorriso, em dois para um xampu, porque o usuário o pega com a mão mo-
anos ela já estava nas primeiras posições na lembrança do lhada. No caso do sabão em pó, cada um pretende comu-
consumidor, segundo o Top of Mind do Datafolha. Atual- nicar um efeito de sentido: tecnologia, brancura, maciez,
mente, todos os signos – cores, formas, lettering, publici- sofisticação, praticidade. Assim eles vão se posicionando.
dade – que deram sentido à Kolynos são utilizados em Às vezes o designer acha que está comunicando tecnolo-
Sorriso, inclusive o bordão “Kolynos Ah!” como signo de gia e não está. Outro quer comunicar maciez e está cheio
refrescância, ambientado em pis- de índices de tecnologia: o super,
cinas ou mar, é hoje “Sorriso Ah!” ultra, plus, não-sei-o-que. Para dar
– uma refrescante sensação!. Com “A sofisticação e a idéia de maciez não é necessário
isso, a empresa consegue trazer à recorrer a uma linguagem tecnoló-
tona a memória visual e auditiva gica. Nisso a semiótica ajuda. Às
dos consumidores estabelecendo
diversificação dos vezes a pessoa está querendo gerar
assim uma ponte afetiva, além de um efeito de sentido e coloca sig-
também economizar em comuni- materiais ajudam. Elas nos que não propiciam esse efeito.
cação, não sendo necessário criar
outro posicionamento, ou seja, co- geram, reforçam e Qual a importância dos materiais
meçar do zero. É um caso interes- nas embalagens? Há adequação
santíssimo. potencializam efeitos entre eles e os produtos?
Em função do desenvolvimento
A senhora afirma que uma das de sentido. Os materiais tecnológico, hoje temos muitos
funções da embalagem é o “efeito materiais, que possibilitam uma
espelho”. De que se trata? personalização enorme. A sofisti-
O efeito espelho é o consumidor se
também comunicam, cação e a diversificação ajudam na
ver refletido na embalagem. Uma geração de efeitos de sentido. Se
pessoa natural, com uma emba- são mais um elemento quero trabalhar com rusticidade,
lagem que tenha signos mais eco- pego uma embalagem feita de es-
lógicos. Um consumidor que valo- no composto topa. Os materiais geram, refor-
riza a ecologia e produtos naturais çam e potencializam efeitos de
compra cadernos feitos de material de comunicação” sentido. Ter um fogão com tampa
reciclável para os filhos e usa de vidro verde é muito mais sofis-
xampu da linha Natura Ekos, por ticado do que ter um de tampa de
exemplo. Isso vale para embalagem, mas muito também acrílico, por exemplo. Os materiais também comunicam,
para o produto. Por que eu comprei uma bolsa? Ela está são mais um elemento no composto de comunicação.
refletindo o que eu gosto, o que eu valorizo. A questão da
sedução está muito ligada à atratividade, ao poder de per- Em que perspectiva – funcional, simbólica ou estética – as
suadir, de gerar o efeito de proximidade, de condução, se- embalagens precisam principalmente se desenvolver?
dução mesmo, que é totalmente afetivo. E a questão da in- Há um caminho em andamento. Sem deixar de lado a
formação é fundamental para a embalagem: em tipos questão funcional, geralmente a mais cuidada, ainda te-
como alimentos, mais do que tudo, a capacidade informa- mos muito que fazer no Brasil pela simbólica e pela esté-
tiva é fundamental. Além de tantas outras coisas, deve in- tica. Com a abertura de mercado nos últimos vinte anos, já
formar, deve ter a informação necessária, como forma de melhorou bastante. Tivemos uma invasão, do ponto de
usar, quantidade, composição. vista positivo, de produtos, marcas, embalagens, e isso
ajudou. Algumas áreas não inovam, mas outras caminham
O que uma embalagem deve comunicar de imediato? mais. A linha Perfumes do Brasil, de Natura Ekos, por
Toda embalagem deve passar pelos mesmos caminhos, exemplo, tem o perfume breu branco, cumaru, com uma
mas, em termos de detalhamento, depende do produto e da embalagem primária com design totalmente sofisticado
marca. Quando tem de comunicar praticidade, a abertura, em vidro branco transparente arredondado/achatado, en-
por exemplo, precisa ser fácil. Para consumos ritualísti- volvido por uma embalagem secundária de cerâmica
cos, se a abertura for difícil, melhor ainda. Não pode ser apoiada em fibras de coco. Externamente, possui ainda
muito fácil abrir uma garrafa de vinho ou de champanhe. uma embalagem em papel reciclável. É isso que deve ser
Temos de ver o nível de categoria – e transformar isso em feito: temos que desenvolver formas, texturas, cores.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Novo posicionamento
As fichas da Vida Alimentos e da Tetra Pak,
fornecedora da embalagem, foram direciona-
das ao baixo preço. Enquanto uma lata de
500ml custa em média 4,50 reais, a caixinha
vem sendo vendida a 1 real. “Também quere-
mos ampliar a distribuição, levando os óleos
Maria para além do Sudeste do país”, diz Ja-
naína Coutinho, gerente de desenvolvimento
de produto da Vida Alimentos. Podendo ser
levado à mesa, o óleo composto, em caixinha,
tem uma última função estratégica: reforçar o
novo posicionamento da marca Maria, que
tem mais de 60% de cena do aço já é dada como certa entre os
participação no merca- óleos de soja, commodity presente em mais de
do brasileiro. “Quere- 95% dos lares brasileiros, subcategorias como
mos que nossos produ- a de azeites de oliva e óleos compostos não
tos estejam cada vez cederam ao assédio das garrafas plásticas.
mais voltados para tem- Pelo contrário, têm demandado mais e mais
pero, e menos para co- latas no Brasil.
zinha”, resume a execu- Por isso soa plausível a avaliação da Abea-
tiva da Vida Alimentos. ço (Associação Brasileira de Embalagem de
Num outro sinal de Aço) de que a extinção do material no seg-
que as alternativas de mento de óleos comestíveis é algo distante no
embalagem se abrem no tempo. Mas é certo que entre os óleos de soja,
mercado de óleos comestíveis, o vidro tam- MARCO – Com o lança- canola e girassol, que formam a subcategoria
bém tem se beneficiado da diversificação do mento da linha Maria de óleos de cozinha, a participação das latas
Premium, vidro debutou
setor de óleos compostos. Muito associado não pára de cair. A estimativa da Abeaço e de
no crescente mercado de
aos azeites extravirgens, cujo consumo, aliás, óleos compostos profissionais do setor é de que hoje o aço res-
também vem crescendo no Brasil, o material ponda por apenas 50% do mercado de óleos
debutou entre os óleos de oliva misturados comestíveis. Uma medida de
com óleo de soja aproximadamente dois anos como as coisas têm caminhado
e meio atrás. Foi quando a linha Maria Pre- teoricamente aparece em pes-
mium passou a ser distribuída em sofisticadas quisa da Datamark, empresa
garrafas de 500ml da Owens-Illinois do especializada no mercado de
Brasil. A estratégia virou marco no setor vi- embalagens. Segundo o le-
dreiro. “Foi a primeira vez que garrafas de vi- vantamento, em 2003 as latas
dro foram usadas no mercado brasileiro de de aço tinham cerca de 70%
óleos compostos”, lembra Coutinho, da Vida de participação no setor.
Alimentos.
Trunfos das latas
PET x aço Indiferente aos números,
Já na outra ponta do mercado de óleos comes- em termos de processos e
tíveis, a das gorduras vegetais de alto giro uti- tecnologias produtivas a
lizadas pela maior parte de seus consumidores cadeia de folha-de-flan-
para cozinhar, a briga entre o PET e as latas dres enxerga diferentes
metálicas traz novidades. Se a retirada total de vantagens que pode-
riam garantir a desejá-
vel retomada de partici-
pação. Uma das espe- RESISTÊNCIA – No
ILHA DE ESPERANÇA – Perdendo
interior de São Paulo
participação no mercado de óleos ranças recai sobre a tec- e no Nordeste, partici-
de cozinha, aço amplia fatias entre
azeites de oliva. Abaixo, produto
nologia de latas expan- pação do aço continua
didas. Recém-adotada sendo significativa
da Arisco vendido como o primeiro
extravirgem em lata do Brasil pela Nestlé para leites
condensados, a embalagem de aço sem o tra-
dicional perfil homogeneamente cilíndrico já
teria condições de estrear nas gôndolas de
óleos comestíveis. “Em termos de inovação,
trata-se de uma tendência mundial em emba-
lagens de aço, que pode ser aplicada normal-
mente em óleos”, sublinha Andrea Broggio,
gerente-executiva da Abeaço.
Outro aspecto favorável ao aço vem do in-
terior de São Paulo e de outros Estados do
Brasil, principalmente do Nordeste, onde a
lata de óleo continua sendo muito representa-
14 >>> EmbalagemMarca >>> fevereiro 2005
tiva. Além de uma possível preferência por
embalagens metálicas fora dos grandes cen-
tros, o fenômeno é atribuído ao que a Abeaço
define como “condições de resistência e dura-
bilidade ideais para suportar as condições de
transporte nas estradas brasileiras”.
De fato, sucessivos laudos técnicos com-
provam que o conteúdo de uma embalagem de
aço amassada pode ser consumido normal-
mente, pois os vernizes hoje utilizados são
elásticos e acompanham a deformação da lata
sem contaminar o produto. Entretanto, afora MIGRAÇÃO TOTAL –
Bunge Alimentos, dona da
argumentos como esse, os produtores de marca Soya, prevê, em
embalagens de aço têm pouco a comemorar três anos, utilizar apenas
no mercado de óleos comestíveis. embalagens plásticas
Além dos avanços produtivos, não faltam
PET quer emagrecer comentários de que grandes fabricantes de
Como forma de combater as vantagens logís- óleos de soja, como a Cargill, dona da marca
ticas que as latas apresentariam, a cadeia do Liza, em breve abandonarão as poucas linhas
PET se esforça para fazer embalagens mais le- de latas ainda remanescentes. Para piorar, se
ves, que inegavelmente contribuem para dimi- ainda é possível avistar alguns óleos de soja
nuir os custos de transporte. “Sem dúvida uma em latas, os de canola e girassol, que possuem
tendência para os próximos anos é a redução menos gordura saturada e são cada vez mais
do peso das garrafas”, diz Ricardo Vaz, diretor procurados por consumidores preocupados
comercial da Amcor, empresa de origem ame- com a saúde, têm praticamente 100% da pro-
ricana que planeja conquistar em dois anos dução já vendida em PET no Brasil.
mais de 25% da demanda brasileira de emba- “No mercado de óleos de cozinha, a ten-
lagens PET para óleos comestíveis. Atualmen- dência de migração total para o PET deve ser
te a participação estimada pela própria Amcor concluída num período de três anos”, prevê
gira em torno de 12%. José Coletti, da área de marketing de óleos da
N reestruturações de empresas
atuantes na área de embalagem em
meses recentes, entrou em opera-
ção em janeiro último um novo nome na sea-
ra do alumínio – Novelis do Brasil, subsidiá-
ria da canadense Novelis Inc. Fruto do des-
membramento do negócio de laminados de
outra gigante do setor, a Alcan, a nova empre-
sa entra em cena com peso respeitável: é a
maior fornecedora de chapas, folhas, discos e
lâminas de alumínio do Brasil para os merca- herda qualidade e tecnologia de ponta da Al-
dos de latas para bebidas, embalagens, utensí- can e adiciona novos atributos ao negócio,
lios domésticos, construção civil, indústria como inovação, velocidade e precisão”.
automobilística e transportes. Aliás, o nome da empresa é formado de síla-
bas desses vocábulos (iNOvação, VELoci-
Expansão dade e precISão).
Entre as metas anunciadas após o desmem-
bramento, a Novelis do Brasil ampliará a ca- Raio X de um gigante
pacidade produtiva das unidades de chapas, Hoje com um quadro de 2 100 funcionários
situada em Pindamonhangaba, e de folhas, (dos 14 000 que tem nos doze países em que
em Santo André, ambas no Estado de São a empresa global atua), a Novelis local tem
Paulo. Além disso, vai transformar a fábrica capacidade de produção de 300 000 tonela-
de Aratu (BA) em centro de excelência para das de chapas, 22 000 toneladas de folhas,
a produção de placas e modernizar a unida- 110 000 toneladas de alumínio primário,
de de alumínio primário, localizada em Ouro 150 000 toneladas de alumina e 35 000 tone-
Preto (MG). No total, informa a empresa, a ladas de pasta Soderberg (material utilizado
médio prazo serão investidos no país 26 mi- em fornos de redução, que elimina gases for-
Novelis
lhões de dólares. Segundo Tadeu Nardocci, (11) 5503-0722 mados na produção do alumínio), além de
presidente da Novelis, “a nova companhia www.novelis.com.br um centro de reciclagem em Pindamonhan-
gaba (SP), com capacidade de 80 000 tone-
ladas/ano. Para abastecer suas fábricas, a
empresa possui nove usinas hidrelétricas. Os
ativos da subsidiária no país chegam a 1,6
bilhão de reais, com faturamento pro-forma
previsto de 620 milhões de dólares em 2004.
O conjunto desmembrado representava
90% do faturamento da Alcan no Brasil, que
foi de 1,8 bilhão de reais em 2003, sem in-
cluir a Pechiney do Brasil, comprada em
2004, e que por sua vez controlava a TPI
FOTO: ARQUIVO
Apetite de gigante
Americana Bemis amplia estratégia de expansão e compra a Dixie Toga
inda que tivesse desde 1998 uma
U de embalagens flexíveis
com toque e visual distin-
tos da maioria das alterna-
tivas disponíveis hoje. Assim pode
impressão flexográfica em até oito cores
conquistam cada vez mais confecções
com cordão para calçados. Neste
caso, grandes fabricantes de material
esportivo, como Rainha, Topper e
Umbro, já usam o PE Acetinado para
ser definido o PE Acetinado, filme de acondicionar seus tênis e chuteiras.
polietileno em etapa de introdução no Além de extrusar o filme, a Can-
mercado brasileiro de embalagens. guru possui laminadoras, rebobina-
Podendo substituir cartonados, deiras e máquinas de corte e solda,
papelão ondulado e outros materiais, entregando as embalagens já prontas.
o produto vem ganhando cada vez Na parte da impressão, o sistema usa-
mais espaço nos segmentos de saco- do é a flexografia, em até oito cores.
las para lojas e confecções e de sacos Em alimentos, o PE acetinado foi
com cordão para calçados e roupas. VERSATILIDADE – Na versão com cordão, adotado pela Pinduca, tradicional
Como o nome indica, esse filme PE acetinado foi adotado por grandes fabri- marca paranaense de farinha. “Nesse
de polietileno tem aparência que lem- cantes de material esportivo, como a Topper caso o material substitui com vanta-
bra cetim, tecido conhecido por ser gens de proteção e aparência os sacos
lustroso e ter toque macio. É normal- de papel muito comuns no segmento
mente produzido com um dos lados de farinhas”, diz Everton Nesi, da
com acabamento fosco e, embora es- área de vendas e marketing da Can-
teja mais disseminado no setor de guru Embalagens.
vestuário, pode acondicionar produ- Para ele, ao lado da maior resis-
tos tão variados quanto sabonetes, tência em relação às embalagens ce-
papéis higiênicos e alimentos. lulósicas, uma das grandes vantagens
Uma das empresas confiantes no do produto é a versatilidade. “Além
potencial de crescimento do PE Ace- de fabricantes de calçados, produtos
tinado no Brasil é a catarinense Can- têxteis e alimentos, o PE acetinado
guru Embalagens, que já fornece sa- pode ser utilizado por indústrias de
Canguru Embalagens
colas feitas do material para diversas www.canguru.com.br fraldas, absorventes, sabão em pó,
confecções e grifes. Outro mercado (48) 461-9000 pet food e muitas outras.”
24 >>> EmbalagemMarca >>> fevereiro 2005
resinas >>> investimentos
Auto-suficiente
ntre os aspectos negativos do crescente consumo
26
CONGRAF
27
making of >>> veja
Revista e aperfeiçoada
Limpador Veja estréia embalagem com formato avançado e novo rótulo
epois de mais de 35 anos
FOTOS: DIVULGAÇÃO
cado de home care no país seu lança-
mento. A entrada do então “limpador
instantâneo” no mercado, em 1969,
não só inaugurou a categoria hoje de-
FAMÍLIA – Novos frascos de Veja mantêm formato “caixa d’água”. Rótulo foi reformulado
nominada multiuso como estabele-
ceu, com seu frasco de polietileno de sumidos três anos de trabalho, com sugestões, de modo que a cada sessão
alta densidade (PEAD), do tipo “cai- investimentos em pesquisas, testes e ficava mais próximo o objetivo de se
xa d’água”, um padrão de embala- muita tecnologia”, conta Maria Lúcia chegar a um frasco efetivamente di-
gem que seria adotado por pratica- Toro, gerente de categoria de limpa- ferente de todos os que disputavam
mente todos os produtos similares dores da Reckitt Benckiser. espaço no varejo. Para conseguir ge-
vindos em sua esteira e também por Fernando Simas, diretor da DIL rar modelos, imagens e animações
outras categorias, como álcool, aro- Brands, agência de design que desen- com realismo, “foi fundamental o
matizantes e bactericidas. volveu o projeto da nova estrutura do uso da mais avançada tecnologia de
Em certo momento a Reckitt frasco, define como “parceria muito design disponível”, diz Simas, refe-
Benkiser concluiu ser preciso mudar produtiva” a alentada bateria de reu- rindo-se aos sofisticados softwares
essa situação, criando por meio da niões feitas ao longo desses três anos Alias Studio, Alias Maya e PTC Pro
embalagem um diferencial que deci- com as áreas industrial e de marke- Engineer. O primeiro destina-se à
didamente distinguisse Veja no seg- ting da Reckitt Benckiser para definir execução de idéias e conceitos, o
mento de limpadores. “Da intenção conceitos. Descontado o fato de que Maya cria movimento em três dimen-
inicial à conclusão do projeto e à re- no período ocorreram algumas mu- sões e o último faz o detalhamento
cém-iniciada comercialização do danças na gerência de marketing do técnico do modelo. Esses programas,
produto com a nova cara foram con- cliente, resultando na necessidade de segundo o diretor da DIL, são muito
novamente per- utilizados na Europa e nos Estados
correr etapas já Unidos, mas ainda são incomuns no
passadas, ele en- Brasil. Para se ter idéia de seu refina-
tende que, dada mento, basta lembrar a presença do
sua complexida- Alias Maya por trás da trilogia “O
de, o projeto foi Senhor dos Anéis” e do filme
concluído em “Shrek”.
tempo “quase re- Embora tivesse sob sua responsa-
PROGRESSO – À
direita, a evolução corde”. bilidade apenas o desenvolvimento
do frasco de Veja no Na verdade, do projeto estrutural, a DIL Brands
Brasil desde 1969. foi atravessado trabalhou em sintonia com a agência
Acima, os itens
similares lançados um longo trajeto encarregada do projeto visual, a Usi-
na esteira do suces- de apresentações, na Escritório de Desenho, sob a coor-
so do limpador da análises, julga- denação da Reckitt Benckiser. Du-
Reckitt Benckiser
mentos e novas rante os trabalhos foram sugeridas,
DIL Brands
(11) 4191-9711
www.dilbrands.com
Logoplaste
(11) 2132-0400
www.logoplaste.com
Usina
(11) 5571-6788
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a constante corrida entre os mate- latas de aço o milho verde e as ervilhas em re-
ração. “De nada adiantaria esterilizar Nas salas limpas, instaladas pela tradicio-
os frascos se a área de decoração não nal fornecedora do setor farmacêutico Divisa,
fosse fechada, pois eles seriam conta- a pressão é positiva, de modo que não há pos-
sibilidade de entrada de partículas no ambien-
te, explica o diretor industrial da empresa,
Edison José Toporcov. Para garantir que os
produtos sejam despachados com assepsia to-
tal, os funcionários que trabalham no local
vestem toucas, pantufas e aventais esteriliza-
dos e descartáveis.
Além dessas medidas, antes de serem pa-
letizados com filmes termoencolhidos os fras-
cos passam por máquinas de sopro, a fim de
garantir que em seu interior não haja partícu-
las de espécie alguma, dispensando essa ope-
ração por parte dos clientes. Os recipientes,
inclusive os de cosméticos, chegam às linhas
FOTOS: ANDRÉ GODOY
A força da cosmecêutica
Na verdade, considerando-se vários lança-
mentos de grande impacto registrados em me-
ses recentes, tem-se a impressão de que o
setor, no Brasil, está de certa forma à frente
de muitos países na tendência da cosmética PRÉ-SOPRO – Antes de serem acondicionados com filmes termoencolhidos, os
frascos passam por sopradoras, chegando às linhas de enchimento prontos para uso
de afirmar-se como ciência, inclinação que
gerou até um neologismo. É a cosmecêutica, cionamento desses produtos em recipientes
onde produtos com penetração no organismo assépticos complementa o atendimento dessa
ou com atividade biológica são diferenciados necessidade. Ademais, a qualidade do vidro
de simples cremes ou loções. precisa ser indiscutível e equiparar-se ao que
Para a indústria brasileira, há uma agra- há de melhor no mercado mundial – “o que já
vante: mais que as grifes mundiais, as marcas foi conseguido”, segundo o diretor da Whea-
nacionais precisam demonstrar alto padrão de ton. “Dada a imagem não muito boa que con-
excelência para ganhar os consumidores ca- solidou no passado, o Brasil precisa se provar
pazes de pagar por produtos de maior valor sempre”, ele constata.
agregado. De olho também no cobiçado mer- Divisa Engenharia Na opinião de Massara, isso vem sendo
cado externo, elas necessitam oferecer produ- (11) 4714-2521 atingido “até além do esperado”. Ele recorda
www.divisa.eng.br
tos com apelos além daquele dos poderes cu- que o primeiro passo para atender a exigência
rativos e preventivos à ação do tempo conti- de produção em salas limpas foi dado há uns
Wheaton
dos nas matérias-primas extraídas da incom- (11) 4355-1800 dez anos, com o uso de filmes stretch para
parável biodiversidade brasileira. O acondi- www.wheatonbrasil.com.br acondicionar os lotes de frascos de medica-
mentos, em lugar de caixas de papelão. As sa-
las limpas passaram a ser instaladas num se-
gundo momento, e hoje constituem um dife-
rencial de agregação de valor também em in-
dústrias de alimentos.
No caso específico da Wheaton, que após
o Plano Cruzado “teve de se puxar pelos pró-
prios cabelos para sair do buraco em que caiu
ante a concorrência dos importados a baixo
preço”, o atual momento é de comemoração,
e os investimentos, “fruto de um bom ano”.
Tanto que a instalação das salas limpas, pro-
gramada para ser concluída em dois anos, fi-
cou pronta em seis meses. Por “bom ano”
leia-se um faturamento 36% maior em 2004
em comparação com 2003 na área de embala-
gem e de 29% no conjunto, ao qual se soma a
CICLO COMPLETO – As linhas de decoração também são fechadas, o que é incomum divisão de objetos de mesa.
Beleza pura
Crown põe todas divisões na web
A britânica Rexam inaugurou no início Atuando nos mercados de pré-for- um parque industrial moderno e com
de dezembro, em Jundiaí (SP), sua nova mas e garrafas PET, latas de alumí- grande capacidade de inovação”, diz
fábrica de embalagens para o setor de nio para bebidas e tampas plásticas, Adriana Scanavaca, que atua na
cosméticos da unidade Rexam Beauty o grupo Crown lançou um novo área de desenvolvimento de merca-
Packaging. Com a nova fábrica, que website brasileiro. A página reúne as do e negócios da empresa.
custou R$ 8 milhões, a empresa irá duas divisões da empresa (produtos (11) 5054-4000
aumentar em 60% a capacidade de pro- metálicos e plásticos), trazendo refe- www.crowncork.com.br
dução até o fim do primeiro trimestre rências da Petropar Embalagens,
de 2005, passando a processar 160 que atua na injeção e sopro de pré-
toneladas de resinas por mês.
formas, e a Crown Tampas, compa-
nhia ligada ao grupo conhecida por
Braskem investe em PVC
fornecer sistemas de fechamento
A Braskem irá investir cerca de R$ 90
milhões em 2005 na sua unidade de para embalagens, como flip-top,
PVC de Marechal Deodoro (AL). Ela child resistance e tamper evidence.
poderá fabricar até 250 000 toneladas “A criação do novo site faz parte de
anuais da resina, 50 000 a mais que sua nossos investimentos em pesquisa e
atual capacidade. tecnologia, com os quais buscamos