Professional Documents
Culture Documents
1. Introdução
No cenário atual, existem vários contextos que mostram a importância e a necessidade,
cada vez mais crescente, de se aprender a negociar. As organizações inseridas no
ambiente econômico atual passam por importantes transformações. Para se sustentar
neste cenário, altamente competitivo e dinâmico, essas organizações precisam redefinir
suas estruturas e relações, buscando sempre novas parceiras e alianças, o que requer
grande habilidade para negociar. Com a nova estrutura organizacional e diminuição dos
níveis hierárquicos há uma forte tendência em se formar equipes de trabalho e forças-
tarefas delineando um ambiente onde as decisões passam a ser tomadas em grupo
substituindo as decisões hierárquicas, criando novos contextos onde a negociação passa
a ser uma atividade constante.
Além dos fatores econômicos e organizacionais, o avanço tecnológico, de forma
especial a Internet e o advento do comércio eletrônico, tem criado um número maior de
oportunidades para as organizações realizarem negócios. Segundo ZLATEV et al
(2003), o comércio eletrônico exige uma nova estrutura de negócios e certamente, a
negociação faz parte deste novo modelo.
A negociação é um processo de interação social, onde cada negociador pode ser
considerado um tomador de decisão independente. Entretanto, a negociação causa uma
interdependência entre os negociadores, pois o acordo não pode ser alcançado
unilateralmente, pois todos precisam aceitar a decisão tomada. O caráter pessoal das
negociações, a independência dos participantes na tomada de decisão e a
interdependência para alcançar os objetivos contribui para a sua complexidade.
E como todo processo de tomada de decisão, um aspecto importante da
negociação é a quantidade e a qualidade das informações obtidas acerca do processo que
podem facilitar a identificação dos potenciais benefícios que podem ser alcançados com
um acordo. Diariamente, dados sobre os mais variados aspectos do negócio são gerados
e armazenados, passando a fazer parte dos recursos de informação das organizações.
Com isto percebe-se um crescimento espantoso da quantidade de dados disponíveis, seja
de âmbito interno ou externo à organização.
Outro fator igualmente importante durante a negociação é a cultura dos
negociadores envolvidos no processo. Freqüentemente, o negociador necessita estar em
contato e interagir com pessoas pertencentes a culturas distintas, muitas vezes até
conflitantes, sendo de extrema importância encontrar um vocabulário comum e adquirir
um conhecimento sobre essas culturas ampliando sua forma de comportamento para que
o trabalho flua numa mesma direção e o acordo seja alcançado.
Além das informações associadas ao ambiente da negociação e os aspectos da
cultura organizacional que o profissional deverá se contextualizar, há outros fatores
determinantes que vão juntos para a mesa de negociação. Um deles é a própria
experiência do negociador, ou seja, os valores que o negociador aprendeu ao longo da
sua experiência pessoal e profissional. O conhecimento adquirido em outras
negociações pode servir como instrumento de apoio à tomada de decisão nas
negociações atuais. Sendo que, os negociadores também podem contar com
profissionais especialistas que podem atuar nas suas respectivas áreas.
Deste modo, a tecnologia pode assumir um papel importante na negociação,
podendo ser considerada um recurso para atender a necessidade de processamento e
gerenciamento dos dados, informações e conhecimento pertinentes a cada situação.
Sendo que, a aplicação correta da tecnologia permite um fluxo contínuo do
conhecimento adquirido, facilitando a tomada de decisão e a obtenção da eficiência nas
negociações, agregando valor a cada nova negociação realizada.
Neste contexto, surge a Gestão do Conhecimento que pode ser vista como uma
coleção de processos que governa a criação, a disseminação e utilização do
conhecimento para atingir plenamente os objetivos. Diversos autores têm estudado a
Gestão do Conhecimento e já desenvolveram modelos voltados para a criação e gestão
do conhecimento em vários contextos (Alavi, 1997, CommonKADS, Fayyad, 2000,
Microsoft Solutions, 2000, Oliveira, 2003, Ruggles, 1995, Stollenwerk, 2001). Contudo
os estudos estão direcionados para pontos específicos e isolados da teoria do
conhecimento, não tendo sido identificado, um modelo que combinasse todos esses
pontos e os direcionasse para a negociação.
Portanto, o objetivo deste trabalho é apresentar um modelo de gestão do
conhecimento na negociação que satisfaz e representa os requisitos fundamentais
básicos para a gerencia do conhecimento envolvido neste processo. Sendo que, o
modelo apresentado deverá ser utilizado como alicerce para elaboração de um ambiente
computacional que permita a gerencia de todo conhecimento envolvido na tomada de
decisão durante a negociação.
Este trabalho está organizado da seguinte maneira: a seção 2 apresenta alguns
aspectos teóricos da negociação. A seção 3 apresenta um estudo sobre a criação do
conhecimento na negociação, ponto inicial para elaboração deste modelo. Na seção 4, o
modelo de gestão do conhecimento na negociação é apresentado. A seção 5 apresenta as
conclusões obtidas com esse estudo e os trabalhos futuros. Finalmente, na seção 6, são
apresentadas as referencias bibliográficas usadas para elaboração deste trabalho.
Pré-Negociação Pré-Negociação
Condução da Negociação Condução da Negociação
Externalização Socialização
Tácito
Pré-Negociação Pré-Negociação
Condução da Negociação
Condução da Negociação
Pós-Negociação
Criação
Aplicação Identificação
Processos
de Gestão
Compartilhamento Captura
Atividades
Organização e
Seleção e
Armazenagem
Validação
Negociação
Etapas da
Negociador
Agentes
Sistemas Agentes Neutros
Especialista
Gerente do Conhecimento
Suporte
Ambiente Estratégia
Tecnologia
Organizacional Organizacional
Referencias
Alavi, M., 1997, "KM & KMS (Parte de uma apresentação para o ICIS´97)".Disponível em:
http://www.rhsmith.umd.edu/is/malavi/icis-97-KMS/sld011.htm. Acessado em 15/07/2004.
Aurélio, 1999, Novo Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI de Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, CR-ROM, Versão 3.0. Editora Nova Fronteira e Lexikon Informática.
Fayyad, 2000, "Process to Product: Creating Tools for Knowledge Management ". In:
Disponível em: http://www.brint.com/members/online/120205/jackson/secn3.htm. Acessado
em 15/07/2004.
Fisher, R., Ury, W., 1981, “Getting to Yes: Negotiating Agreement without Giving In”, New
York, USA: Penguin Books.
Huang, P. C. K., 2003, “A Primitive Study of Logrolling in e-Negotiation”. In: Proceedings of
the 36th Hawaii Conference on System Sciences (HICSS´03). Hawaii.
Kersten, G. E. and Noronha, S. J.., 1999,. “WWW-based Negotiation Support: Design,
Implementation, and Use”, Decision Support Systems, 25, 135-154.
Lomuscio, A.R, Wolldridge, M., Jennings, N.R., 2003. “A classification scheme for negotiation
in electronic commerce”, International Journal of Group Decision and Negotiation, 12 (1),
pp. 31-56
Microsoft Solutions, 2000, "Knowledge Management – Produtividade Organizacional", Brasil.
Oliveira, J., 2003, EPISTHEME: Um Ambiente de Gestão de Conhecimento Cientifico, Tese de
M. Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Raiffa, H., 1982, The Art and Science of Negotiation. Cambridge, MA, Harvard University
Press.
Ruggles, R. L., 1995, Knowledge Management Tools, Washington, Butterworth Heineman.
Stollenwerk, M. F. L., 2001, "Gestão do Conhecimento: Conceitos e Modelos". In: Tarapanoff,
K, Inteligência Organizacional e Competitiva, capitulo 5, Brasília, Editora UnB.
Zlatev, Z. and Eck, P. v., 2003, “An Investigation of the Negotiation Domain for Electronic
Commerce Information Systems”. In: Proceedings of the Fifth International Conference on
Enterprise Information Systems (ICEIS 2003), Volume 4, pp. 386-391. Angers, France,
April 23-26.