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Goiânia, 8 de janeiro de 2009

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ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Usufruto das cidades
EDITORIAS José Carlos Xavier
Capa
Opinião
Cidades O crescimento urbano desordenado, a motorização crescente e o declínio
Política dos transportes públicos estão comprometendo a sustentabilidade da
Economia mobilidade urbana e, por consequência, a qualidade de vida e a eficiência da
Mundo
Esporte economia, ou seja, a própria sustentabilidade das maiores cidades
Magazine brasileiras. Em apenas 380 delas, das 5.461 existentes, produz-se mais de
dois terços da riqueza nacional.
COLUNAS
Giro Na ausência de políticas públicas efetivas, o desejável crescimento
Direito e Justiça
Coluna social
econômico redundará em maiores níveis de congestionamento, devido ao
Memorandum aumento da frota e da circulação de veículos. Pesquisas realizadas pelo
Crônicas e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já no fim da década
outras histórias
passada, indicavam que em apenas dez capitais brasileiras perdiam-se mais
de 240 milhões de horas em congestionamentos urbanos. A maior tragédia
SERVIÇOS do modelo de mobilidade vigente, no entanto, aparece nos números absurdos
E-mail
Cartas dos leitores de vítimas do trânsito: são 30 mil mortos e 300 mil feridos, ao ano, no Brasil,
Assinatura segundo estatísticas oficiais.
Acontece
Na telinha
Cinema Ao mesmo tempo a população, quando não privada do acesso ao transporte
Horóscopo público, devido ao seu custo e à precariedade da oferta para as áreas
Guia do Assinante periféricas, encontra-se confinada em viagens cada vez mais demoradas,
Central do Assinante
Efetuar Logout pois na ausência de corredores exclusivos para o transporte coletivo, os
ônibus sempre perdem a disputa por espaço para os carros. Tal privação
CHARGE compromete os deslocamentos para o trabalho, o acesso aos serviços
básicos e ao lazer e às oportunidades de emprego - os bônus que justificam
a opção de se viver nas cidades. Assim, as condições de transporte
ESPECIAIS convertem-se em uma barreira à inclusão social e ao direito à cidade.
Goiânia 75 anos
Retrospectiva 2008
Porém, alguma política de mobilidade vem sendo implementada, haja vista os
gastos orçamentários efetuados em seu nome. Esta política é focada na
SITES fluidez dos automóveis em detrimento da mobilidade das pessoas e é
Vrum
retroalimentada pelo estonteante aumento da frota de automóveis e
Lugar Certo
motocicletas. Os governantes colocam-se na armadilha de prometer - e
OJC
Jornal do Tocantins nunca entregar - uma fluidez que sempre estará um pouco mais adiante da
Tv Anhanguera conclusão da próxima intervenção viária, sempre de vulto e custos
Goiasnet crescentes.
Fundação J. Câmara
Rede Anhanguera
Executiva FM Esta é a característica mais perversa do modelo: a parcela dependente do
transporte coletivo financia - por meio dos impostos - a miragem da fluidez
CONTATOS dos automóveis nos quais não anda, e sustenta - com as tarifas - o transporte
coletivo em que sofre.
ASSINATURAS:
3250-5353 Ao perseverar nesta política, traduzida por viadutos cada vez mais
CLASSIFICADOS:
complexos, pela pavimentação clássica mesmo em locais em que a posse de
3250-5323
COMERCIAL DE automóveis é ínfima, pelo sacrifício de calçadas e áreas verdes, pelo
INTERNET: atendimento à demanda por estacionamentos, os governantes repassam à
3250-1323
população sinais que só reforçam o modelo vigente. Induzem à sensação de
ATENDIMENTO AO
ASSINANTE: que cada um poderá usar seu automóvel da forma que lhe convier, como se
3250-1220 os espaços viários fossem inesgotáveis.

EXPEDIENTE Uma política de mobilidade urbana, que proponha mudar paradigmas, não
pode ter como horizonte o curto prazo que caracteriza as atuais medidas.
Tem de ter no centro das atenções o deslocamento das pessoas e ser
norteada por três diretrizes gerais:

1- Vinculação do planejamento da cidade ao sistema de transportes, que será


garantida com a elaboração, institucionalização e implementação de um
Plano de Mobilidade, que contenha a proposição da infra-estrutura viária e de
transporte coletivo capaz de atender ao crescimento das cidades.

2- Priorização do transporte público coletivo e dos meios não-motorizados,


em detrimento do privado e individual, traduzida por corredores exclusivos
para os ônibus, investimentos em modos de alta capacidade - trens e metrôs
-, redes cicloviárias, calçadas desimpedidas, faixas de pedestres sinalizadas
e fiscalizadas, terminais agradáveis, sistemas eficazes de comunicação e
informação aos usuários e acessibilidade universal aos veículos e
equipamentos.

3- Estímulo ao uso racional do automóvel, diretriz imprescindível para garantir


sustentabilidade à política de mobilidade urbana, pelo fato de o uso
indiscriminado do automóvel não permitir que sejam reduzidas as
deseconomias verificadas com acidentes, congestionamentos e poluição, ou
que sejam drenados recursos ao transporte público.

Assim proposta, a política de mobilidade urbana proporciona, além de tudo, a


conquista da equidade no usufruto das cidades, atributo essencial à
democracia.

José Carlos Xavier é coordenador de Goiás do projeto Pensar o Brasil, do Confea

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